Controle da Murcha Bacteriana em Tomateiro com Incorporação de Raspa de Mandioca ao Solo.

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Transcrição:

Controle da Murcha Bacteriana em Tomateiro com Incorporação de Raspa de Mandioca ao Solo. Francisco Nóbrega dos Santos 1 ; Alexsandra Sousa Nascimento 1 ; José Magno Martins Bringel 1 ; Nadson de Carvalho Pontes 1 ; Alexandro Cardoso Costa 1 1 Universidade Estadual do Maranhão - Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade CCA//UEMA - Cidade Universitária Paulo VI - S/N- Tirirical - 65.055-098 - São Luís-MA. alexsandra@progae.uema.br. RESUMO A murcha bacteriana tem sido de grande importância econômica para o cultivo de tomates no Maranhão, devido aos grandes prejuízos que esta tem provocado nas lavouras. Pesquisas apontam a adubação orgânica como alternativa no controle da doença. O seguinte experimento teve como objetivo avaliar os efeitos da incorporação de raspa de mandioca ao solo, nas concentrações 0, 20, 40, 60, 80 e 100 g/l, em cinco épocas diferentes de incorporação (0, 15, 30, 45 e 60 dias). Utilizou-se mudas de tomateiro (Santa Cruz), inoculadas através do método do corte e imersão do sistema radicular em suspensão bacteriana (10 8 ufc/ml). As avaliações foram realizadas do 5º ao 10º dia após a inoculação em função do número de plântulas sadias, murchas e mortas. Os resultados demonstraram a eficiência da incorporação do resíduo ao solo, aos 30 dias na dosagem de 20 g/kg, e aos 45 e 60 dias em todas as dosagens. As análises estatísticas demonstraram uma maior eficiência do resíduo quando submetido a uma época maior de incorporação, não havendo diferença significativa entre os tratamentos, quando consideradas as dosagens aplicadas. Palavras-chave: Lycopersicum esculentum Mill; controle biológico; Ralstonia solanacearum. ABSTRACT Control of the wilt bacterial in tomato plant wife incorporation of the Scrapes of cassava. The bacterial wilt has been of great economic importance for the culture of tomatoes in the Maranhão, which had to the great damages that this has provoked in the farmings. Research points the organic fertilization as alternative in the control of the illness. The following experiment had as objective to evaluate the effect of the scrap incorporation of cassava to the ground, in concentrations 0, 20, 40, 60, 80 and 100 g/l, at five different times of incorporation (0, 15, 30, 45 and 60 days). It was used tomato seedlings (Santa Cruz), inoculated through the method of the cut and immersion of the system to radicular in bacterial suspension (10 8

ufc/ml). The evaluations had been carried through of 5º to 10º day after the inoculation in function of the number of plants healthy, wilt and deceased. The results had demonstrated the efficiency of the incorporation of the residue to the soil, to the 30 days in the dosage of 20 g/kg, and to the 45 and 60 days in all the dosages. The statistical analyses had demonstrated a bigger efficiency of the residue when submitted to a bigger time of incorporation, not having significant difference between the treatments, when considered the applied dosages. Keywords: Lycopersicum esculentum Mill; biocontrol; Ralstonia solanacearum O cultivo do tomate (Lycopersicum esculentum Mill.) sempre foi prejudicado pela ocorrência de doenças, pré e pós-colheita, dentre as quais destacam-se aquelas causadas por vírus, fungos, bactérias e nematóides (LOPES; SANTOS, 1994). No Maranhão, estado que apresenta condições edafoclimáticas favoráveis à sobrevivência de R. solanacearum, a prática desta cultura tornou-se prejudicada e, em alguns casos, completamente inviável. Bringel et al. (2002), destacam que as perdas na produção causadas pelo ataque da bactéria variam de 10 a 100%. Tais índices se devem a ampla gama de hospedeiros suscetíveis à doença e a carência de métodos eficazes para o seu controle. O uso de matéria orgânica pode se constituir em uma alternativa viável e prática ao controle da murcha bacteriana. Sua simples incorporação ao solo poderá reduzir a população de R. solanacearum por atributos como: efeito tóxico de substâncias liberadas na decomposição, modificações na estrutura química e física do solo, e desenvolvimento de populações antagônicas, como tem sido observado no controle de outros fitopatógenos (CAFÉ FILHO; LOBO JÚNIOR, 2000; OSTERROHT, 2000). Em experimento realizado na Universidade Estadual do Maranhão, visou-se avaliar a influência da adubação orgânica, utilizando-se a raspa da mandioca (Manihoti esculenta Crantz) incorporada ao solo, no controle da murcha bacteriana. MATERIAL E MÉTODOS Raspa de mandioca nas dosagens: 0, 20, 40, 60, 80 e 100g/kg, foi incorporada ao solo, e em cinco épocas diferentes: 0, 15, 30, 45 e 60 dias. Os ensaios foram realizadas no Laboratório de Fitopatologia e em casa de vegetação do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade da Universidade Estadual do Maranhão UEMA. O isolado UEMA-1, biovar 3 de R. solanacearum foi utilizado por apresentar os melhores resultados quanto à avaliação da agressividade (MORGADO et al., 1994). O substrato usado foi a mistura de solo autoclavado

com a raspa de mandioca seca, triturada e moída. O método de inoculação consistiu no corte do sistema radicular com tesoura e na imersão das raízes em suspensão bacteriana na concentração 10 8 ufc/ml. As avaliações foram feitas, do quinto ao décimo dia após a inoculação, considerando-se o número de plântulas sadias, murchas e mortas, segundo uma escala de notas desenvolvida por Nielson e Haynes (1960). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados com seis repetições, sendo a parcela experimental constituída de seis vasos, com uma planta por vaso. Na análise dos dados, utilizou-se o programa estatístico ESTAT. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos na avaliação do material orgânico sobre R. solanacearum estão contidos na Tabela 1. Tabela 1. Efeito da incorporação de raspa de mandioca (Manihoti esculenta Crantz.) ao solo, aos 0, 15, 30, 45 e 60 dias, sobre R. solanacearum. DOSAGENS DIAS DE INCORPORAÇÃO (g/kg de solo) 0 15 30 45 60 0 - controle 1,0 A 1,0 A 1,0 A 1,0 A 1,0 A 20 4,8 A 4,6 B 1,5 A 1,0 A 1,0 A 40 5,0 C 5,0 C 5,0 B 1,0 A 1,0 A 60 5,0 C 5,0 C 5,0 B 1,6 A 1,0 A 80 5,0 C 5,0 C 5,0 B 3,0 A 1,0 A 100 5,0 C 5,0 C 5,0 B 1,8 A 1,2 A Letras distintas nas colunas indicam diferença entre os tratamentos para o teste de Tukey a 5%. Não foram observadas plantas mortas nos tratamentos de 45 e 60 dias de incorporação, em todas as dosagens estudadas. Em todas as épocas, a dosagem que apresentou o melhor resultado foi a de 20 g/l. Atribui-se, a estes resultados, a liberação de metabólitos tóxicos do resíduo, que, conforme Viana et al., (2000) pode suprimir a população de microorganismos, bem como ao incremento das densidades populacionais de antagonistas, sobretudo de actinomicetos (MOURA et al.,1996), prováveis inimigos naturais da bactéria. O alto índice de plantas mortas aos 0 e 15 dias, pode ser atribuído ao fato de, nesta fase, o resíduo de mandioca está em intenso processo de fermentação. Nesta situação a liberação de

subprodutos do processo poderá comprometer o desenvolvimento da plântulas, ou por efeito fitotóxico ou por comprometimento da respiração radicular (TAIZ; ZEIGER, 2004). Há que se comentar que a incorporação de raspa de mandioca alterou a estrutura do solo estudado. Assim, em dosagens menores (20 e 40 g), o substrato apresentou uma estrutura mais próxima do que se deseja para um bom desenvolvimento das plântulas. Em dosagens maiores (60, 80 e 100 g/l) o substrato apresentou-se, quando seco, excessivamente endurecido e, quando irrigado, excessivamente encharcado. Cabe lembrar, que tal situação compromete a penetração mecânica das raízes e pode contribuir para a formação de aberturas naturais ao patógeno (CAFÉ FILHO; LOBO JÚNIOR, 2000). Contudo, para maior certificação dos resultados apresentados neste trabalho, sugere-se o desenvolvimento de novas pesquisas com a utilização de um maior número de resíduos vegetais e em outras dosagens. Tal comprovação poderá ser realizada gradativamente, em diferentes épocas e regiões, lembrando-se ainda, da necessidade de obtenção de dados sob condições de campo, efetuadas preferencialmente em solos naturalmente infestados, haja vista que, sob estas condições, a manifestação da doença dependerá de fatores tais como: tipo e composição microbiana do solo, regime de chuvas, e outros (BRINGEL et al., 2001). LITERATURA CITADA BRINGEL, J. M. M.; TAKATSU, A.; UESUGI, C. Colonização radicular de plantas cultivadas por Ralstonia solanacearum biovares 1, 2 e 3. Scientia Agrícola. v. 58, n. 3, p. 497-500, jul./set. 2001. CAFÉ FILHO, A. C; LOBO JÚNIOR, M., 2000. Manejo de fatores físicos e culturais para o controle de patógenos de solo. Revisão Anual de Patologia de Plantas. v.8, 267-301p., 2000. MOURA, A. B et al. Testagem em casa-de-vegetação, em infectário e em campo, da eficiência de actinomicetes pré-selecionados como agentes de biocontrole da murcha bacteriana do tomateiro. Fitopatologia Brasileira, v. 21, n. 337, 1996. MORGADO, H. S.; LOPES, C. A.; TAKATSU, A. Métodos para avaliação de resistência à murcha bacteriana em berinjela. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.29, n.2, p.237-245, 1994. NIELSON, L. W.; HAYNES, F. L. Resistance in Solanum tuberosum to Pseudomonas solanacearum. American Potato Journal, v.37, p.260-267, 1960. OSTERROHT, M. V. Alguns aspectos de dinâmica da matéria orgânica em solos tropicais. Revista Agroecologia. n. 17, 04-07p, 2000.

VIANA, F. M. P., KOBORY, R. F., BETTIOL, W., SOBRINHO, C. A. Controle do tombamento de plântulas de feijoeiro causado por Sclerotinia sclerotiorum com a incorporação de matérias orgânica ao substrato. Summa Phytopathologica, Jaboticabal, v. 26, n. 1, janeiro / março, 94-97p., 2000. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 324-333; 224-225p. 2004.