Nº16 Dezembro de 2016 Revista Online propriedade da ACADO (5 tiragens anuais) Associação de Colecionadores e Atiradores do Oeste

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ESTADO-MAIOR-GENERAL DAS FORÇAS ARMADAS

NOTA DE APRECIAÇÃO DO DOCUMENTO ESPANHOL

Transcrição:

16 Comandos Aprontamento para a Missão da ONU na Republica Centro Africana Nº16 Dezembro de 2016 Revista Online propriedade da ACADO (5 tiragens anuais) Associação de Colecionadores e Atiradores do Oeste

Minusca United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central African Republic Os Comandos Portugueses irão participar na operação que as Nações Unidas mantêm na Republica Centro Africana (RCA) desde 2014 (resolução 2149 de 10 de Abril de 2014). A missão ONU MINUSCA, neste momento, está mandatada para proteger os civis e apoiar os processos de transição na República Centro- Africano até 31 de Julho de 2017 (resolução 2281 de 26 de Abril de 2016) e possuí no País 12 870 pessoal uniformizado, o que inclui 10 750 militares e 2120 polícias. Esta operação surgiu devido à preocupação que a comunidade internacional teve com a grave crise política e humanitária que surgiu na RCA, esta punha em causa a segurança e os direitos humanos das populações e colocava sérias 2 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016

3 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016 implicações regionais. É uma operação de manutenção da paz multidimensional das Nações Unidas, que tem como prioridade máxima a proteção da população civil. Também providencia apoio ao processo de transição; facilita o acesso à assistência humanitária; promove os direitos humanos; apoia a justiça e o Estado de direito; e intervém nos processos de desarmamento, desmobilização, reintegração e repatriamento. 3- Os Comandos Portugueses treinaram intensamente combate em áreas edificadas.

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Ponto de Situação na RCA A RCA não se encontra de modo algum numa situação estável. Segundo os últimos relatos tem havido graves confrontos entre grupos rivais (ex-seleka) na cidade de Bria (capital administrativa), a cerca 400Km da Capital, Bangui. Na última semana de Novembro de 2016, e baseado em rivalidades étnicas, 85 civis foram mortos e 76 ficaram feridos na sequência das ações destes grupos armados, o que obrigou mais de 11 000 pessoas a abandonarem as suas casas em busca de refúgio. 5 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016

Antero Lopes, LDa all@all.com.pt +351.213.468.639 Rua Portas de Santo Antão, nº27 1150 Lisboa Portugal

Aprontamento para a Missão A nossa revista teve a oportunidade de seguir alguns dos Exercícios que os Comandos desenvolveram com vista à sua preparação para esta futura missão. Nesta 1ª força Nacional destacada, vai ser empregue a 2ª Companhia de Comandos, e embora as suas funções na RCA estejam designadas como Força de Reação Rápida (QRF Quick Reaction Force), devido ao panorama atual e às capacidades da unidade, estas vão ser por certo, mais vastas que isso. 7 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016

train for the worse, train with the best.

A variedade de cenários empregues nos Exercícios foi extensa de modo a providenciar a estes militares uma amplitude de capacidades que lhes permita resolver qualquer missão para o qual sejam chamados neste novo teatro de operações. Podemos destacar que foi dado uma especial relevância ao apoio a organizações humanitárias, onde se desenvolveram exercícios muitos dinâmicos. 9 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016

10 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016 Entre exercícios conversamos um pouco com o Comandante do 1FND/ MINUSCA Maj Inf "Cmd" Musa Paulino, que teve a amabilidade de nos responder às seguintes perguntas: TWOW (The Way Of the Warriors): Depois das missões no Afeganistão e Iraque, este novo teatro de operações (TO) na Republica Centro Africana (RCA), será mais uma importante missão para os Comandos. Qual será a área de operações Portuguesa, por quanto tempo está previsto a presença dos Comandos na RCA, e em que consiste exatamente essa missão? MP (Musa Paulino): Portugal assumiu o compromisso de participar na United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central African Republic (MINUSCA), por um período inicial de um ano, com uma unidade militar terrestre de escalão companhia, com capacidade de intervenção em todo o território da RCA. Neste enquadramento a 1FND/MINUSCA 2CCmds vai constituir-se como Quick Reaction Force (QRF) da componente militar da MINUSCA e, às ordens do seu Comandante (actualmente o Lieutenant General Balla Keïta, do Senegal), vai executar missões em qualquer região da área de operações, a fim de contribuir para a estabilização da segurança e controlo do território da RCA por parte da Autoridade do Estado, tendo como tarefa prioritária a proteção de civis contra a violência física.

TWOW: Quais os meios humanos (nº de homens) e materiais (viaturas e logística) que vão estar envolvidos no TO? MP: A força tem um efetivo de 160 militares, distribuídos por um comando e estado-maior, grupos de combate (equivalente em termos de efetivos, ao pelotões de atiradores), um Forward Air Controller (FAC) da Força Aérea Portuguesa (FAP) e um Destacamento de Apoio com valências nas áreas dos serviços, das comunicações, do apoio sanitário, da manutenção, das operações de terminal e do EOD. Ao nível dos materiais podemos destacar que, para efeitos de operações, a Força tem à sua disposição duas plataformas de combate: as viaturas táticas ligeiras CAV (Commando Assault Vehicle) e as viaturas táticas pesadas HMMWV (High Mobility Multipurpose Wheeled Vehicle). No âmbito logístico, os materiais vão desde as muito conhecidas viaturas de transporte geral UNIMOG 1750 Mercedes, até às várias tipologias de atrelados de apoio de serviços (banhos, latrinas, lavandarias, cozinhas e panificação). 11 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016

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13 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016 TWOW: Comparando com o Afeganistão e Iraque, quais serão as semelhanças e diferenças na tipologia de operações? E a nível de ameaça para a força, o que será diferente? MP: Ao nível dos TO apresentados apenas podemos efetuar semelhanças com o Afeganistão, pois foi onde as unidades de comandos foram empregues como QRF do Comandante da International Security Assistance Force (ISAF), visto que no Iraque a missão foi no âmbito da formação e treino. No entanto, embora existam semelhanças ao nível do emprego da força, não podemos ignorar que o cenário e o enquadramento são totalmente diferentes. No Afeganistão estávamos perante uma coligação liderada pela OTAN, no médio oriente.

14 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016 Na RCA integraremos uma missão das NU, no centro de África. Só estas diferenças são mais que suficientes para influenciarem o emprego operacional das unidades no terreno. No entanto, e não fugindo à questão, podemos encontrar semelhanças no tipo de operações a executar, nomeadamente: patrulhas de segurança, vigilância e reconhecimento de área; proteção de infraestruturas ou áreas sensíveis; proteção de entidades ou forças; escolta de colunas de viaturas; e operações de cerco e busca. Ao nível da ameaça para a Força podemos considerar duas dimensões: os grupos armados e as condições inóspitas do TO. Ao nível dos grupos armados temos que equacionar todo o tipo de ações que coloquem em risco os nossos militares e as nossas capacidades operacionais, nomeadamente, as emboscadas, as flagelações, os tumultos, a espionagem, entre outros. Ao nível das condições do país, temos que relembrar que estamos perante fatores como as condições climáticas, de salubridade e a proliferação de doenças.

TWOW: Que elementos novos ao nível da técnica e tática tiveram que ser introduzidos no treino da força, para que a força tenha uma resposta proficiente a essa ameaça? MP: As técnicas, táticas e procedimentos, as conhecidas TTP, tiveram que ser aprimoradas, tendo em conta as lições identificadas nos TO anteriores, e adaptadas à missão, à ameaça, ao terreno e aos meios disponíveis. Atendendo a que estamos perante uma missão de manutenção de paz, cujo propósito principal é a proteção de civis, qualquer operação exige uma adaptação às circunstâncias. A ameaça é diversificada, como foi detalhado na resposta anterior, sendo a imparcialidade uma preocupação constante da força. O terreno traz um enorme desafio à execução das operações, pois estamos perante áreas de operações que podem englobar desde a savana até à selva tropical, sempre com condições meteorológicas adversas que incrementam dificuldades às operações, sejam elas na estação das chuvas ou na estação seca. E os meios disponíveis, pois a Força pode utilizar meios terrestres ou aéreos, o que altera todo o processo de planeamento das operações. 15 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016

16 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016 TWOW: Que dificuldades e limitações tiveram no planeamento e processo de aprontamento da força, no que diz respeito ao pessoal, logística e ao nível das informações da futura área de operações? MP: Ao nível do pessoal, do processo do aprontamento da força e no acesso a informações do TO não tivemos qualquer tipo de dificuldade. Ao nível logístico os constrangimentos devem-se essencialmente ao tempo necessário para adaptar/preparar equipamentos e materiais para uma missão das NU (não podemos esquecer que existe todo um número de requisitos específicos para este tipo de missão, onde só a mudança de cor de viaturas de verde para branco, com introdução de logotipos, consome tempo e recursos).

Extreme situations demand for extreme equipment www. corpdefense.eu Edificio Notas D. Pedro I, Piso Finais 3, Quinta da Fonte 2770-071 Paço de Arcos Portugal contact@corpdefense.eu +351.214.402.210

TWOW: Há muito tempo que se fala na aquisição de novo material para as forças armadas: equipamento de proteção individual, armamento, equipamento de combate noturno, novas viaturas blindadas 4x4, entre outros. Que novos equipamentos vão ser utilizados nesta missão? Qual é a importância dos mesmos? MP: Sem colocar em causa o dever de reserva na divulgação de informação classificada, posso adiantar que esta força está equipada com o que de melhor e mais moderno existe no Exército Português, nomeadamente ao nível de equipamentos individuais, sejam eles de proteção 18 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016

19 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016 nomeadamente capacetes e coletes balísticos, fardamentos ou acessórios. Ao nível das viaturas não existem novidades na utilização das mesmas, apenas no emprego em FND, como é o caso das CAV, que pela primeira vez vão ser utilizadas fora do TN. A importância dos novos equipamentos individuais permite dar mais conforto, mobilidade e proteção aos militares, o que se vai traduzir num aumento de rendimento do combatente e por conseguinte no cumprimento da missão. Ao nível de equipamentos de comunicações e de visão noturna, vai aumentar a capacidade de combate em condições de visibilidade reduzida, tão importantes como necessárias para unidades de Tropas Especiais como são os comandos.

TWOW: Sabemos que, por exemplo, o TACP da Força Aérea irá reforçar a missão dos Comandos. Existem outras unidades das forças armadas portuguesas que também o farão? Qual a importância desse reforço? MP: Para esta Força apenas está prevista a integração, aliás já feita, de uma equipa FAC da FAP, aumentando as capacidades da unidade e o número de tarefas que poderá cumprir, nomeadamente em ações de apoio aéreo próximo e com helicópteros de ataque. No que concerne aos elementos exteriores ao RCmds temos a referir o Destacamento de Apoio que conta com a presença de militares de diversas unidades do Exército, em função da sua especialização para as tarefas específicas que irão desempenhar. 20 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016

TWOW: Que outras limitações gostariam de ver solucionadas e como? E que capacidades já existentes gostariam os Comandos de ver exponenciadas? MP: Os projetos estruturantes de reequipamento para o Exército estão em curso, mas encontram-se numa fase em que ainda não é possível a sua contribuição direta para esta primeira FND. O desenvolvimento e futura conclusão destes projetos garantirão ao Exército uma melhor capacidade para responder às determinações da tutela e garantir com maior propriedade a sua posição como elemento de Ação Externa do Estado. 21 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016

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TWOW: Com a vasta experiência de Portugal de operações militares em África na guerra do ultramar, como acham que isso ainda pode influenciar esta missão? MP: As lições aprendidas nos TO de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, assim como nos TO de Timor-Leste, Afeganistão e Iraque, já estão incorporados na formação e treino dos atuais comandos. É algo contínuo e dinâmico. No caso específico dos países africanos onde tivemos uma presença militar, os comandos mantêm um vínculo muito forte, como o demonstram as ações de cooperação técnicomilitar, nomeadamente em Angola e Moçambique. 23 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016

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TWOW: Qual será o maior desafio para o Comandante destes Homens? MP: Sabendo que a força que comando constitui a unidade de primeira intervenção do Exército, vocacionada para abertura de TO, fruto do seu elevado estado de prontidão e das suas características credibilidade, agilidade, flexibilidade e letalidade, a expetativa da nossa intervenção é elevada e acarreta grande responsabilidade. O assumir desta nobre missão ao serviço das NU incorpora em todos nós, militares Comandos e não Comandos, um sentimento de grande responsabilidade e comprometimento para com os valores da paz e da dignidade dos povos. O que posso afiançar é que tudo farei, de acordo com a lei e os compromissos assumidos por Portugal, para contribuir para a estabilização da segurança e manutenção da paz no território da República Centro Africana e a boa imagem de Portugal e dos Portugueses nesta região francófona. 25 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016

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27 The Way of the Warrior(s) Dezembro 2016 Notas Finais A RCA não se encontra de modo algum pacificada, o futuro deste País está envolto num enorme manto de incerteza, fruto da instabilidade étnica, religiosa e geopolítica da região. Sendo praticamente impossível prever, com exatidão, quais os desafios que se iram apresentar ao contingente Português, esta irá ser uma missão de extrema importância para a ONU e para Portugal. Os Comandos, e qualquer força Portuguesa que posteriormente os substitua, irão, por certo, realizar esta missão com extremo brio, profissionalismo e a coragem que caracteriza o Militar Português. Boa sorte a todos os militares e o desejo de uma excelente missão.

Ficha Técnica: The way of the Warrior(s) Nº16 Dezembro de 2016 Propriedade de ACADO - Associação de Colecionadores e Atiradores do Oeste NIPC - 509017240 Diretor: Bryan Henriques Ferreira Diretora Adjunta: Leonor Santos Editor: ACADO Edição e Redação: Rua 16 de Março, nº8. 2500-115 Caldas da Rainha. Portugal Registo ERC nº 126370 Aviso Legal: A Associação de Colecionadores e Atiradores do Oeste não poderá ser responsabilizada pelas opiniões expostas pelos seus redatores e colaboradores. A reprodução total ou parcial desta revista está proibida por qualquer meio, incluindo formato informático, sem a autorização expressa da direção. Colaboradores: Leonor Santos João Cortesão Jorge Aires Paulo Verdade Fotos cedidas por: Bryan Ferreira, The Way of the Warrior(s) online Tactical Magazine, Regimento de Comandos e UN/MINUSCA/Nektarios Markogiannis