Edson Luís Piroli 1 Vanessa Ramos dos Santos 1.

Documentos relacionados
FERRAMENTAS DE GEOPROCESSAMENTO APLICADAS À ANÁLISE TEMPORAL DA VARIAÇÃO DO TAMANHO DAS ILHAS DO RIO PARANÁ, NA RAIA DIVISÓRIA SP, MS, PR.

Resumo. Resumen. Introdução

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO RIO PARAGUAI SUPERIOR USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO RIO PARAGUAI SUPERIOR. GROSSA

II Semana de Geografia UNESP / Ourinhos 29 de Maio a 02 de Junho de 2006

Avaliação de larga escala temporal da concentração de sedimentos em suspensão do Alto Rio Paraná via sensoriamento remoto

Anais 1º Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, Campo Grande, Brasil, novembro 2006, Embrapa Informática Agropecuária/INPE, p

USO DO SOLO E MAPEAMENTO DE ÁREAS DE EROSÃO ACELERADA

DEGRADAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA BACIA HIDRÁULICA DO AÇUDE DE BODOCONGÓ

Geoprocessamento e sensoriamento remoto como ferramentas para o estudo da cobertura vegetal. Iêdo Bezerra Sá

Análise Temporal De Uso/Cobertura Do Solo Na Bacia Da Represa Do Rio Salinas, Minas Gerais

¹ Estudante de Geografia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estagiária na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP).

Mapeamento espaço-temporal da ocupação das áreas de manguezais no município de Aracaju-SE

Sandro Barbosa Figueira 1 Marcos Ferreira de Mendonça 1 Hernande Pereira da Silva 1 Walter Lucena Arcoverde Júnoir 1 Claudio José Dias Silva 1

HIDROGRÁFICA DO MAUAZINHO, MANAUS-AM.

Uso de SIG para confecção de um mapa de uso e ocupação do solo do município de Bambuí-MG

MUDANÇAS DE COBERTURA VEGETAL E USO AGRÍCOLA DO SOLO NA BACIA DO CÓRREGO SUJO, TERESÓPOLIS (RJ).

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE ENSINO

verificar a progressão da voçoroca. Nessa ocasião percebe-se um avanço de 30 centímetros da

Sensoriamento Remoto e Qualidade da Água

EVOLUÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E SEUS IMPACTOS SOBRE AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA MICROBACIA URBANA DO CÓRREGO DA VEADA OURINHOS SP 1

Área verde por habitante na cidade de Santa Cruz do Sul, RS

USO DE IMAGENS LANDSAT TM PARA CÁLCULO DE ÁREA DO CANAL DO RIO PARANÁ SANTOS, G. B. 1 ;SOUZA FILHO, E. E 2.

Estudo do efeito borda em fragmentos da vegetação nativa na bacia hidrográfica do Córrego do Jacu Queimado (SP)

ANÁLISE MULTITEMPORAL DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA DO CÓRREGO SEM NOME EM ILHA SOLTEIRA/SP.

USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA- MG ATRAVÉS DAS TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO

Laboratório 2. Disciplina. Introdução ao Geoprocessamento SER 300. Prof. Dr. Antonio Miguel Vieira Monteiro

ESTIMATIVA DO ALBEDO E TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE UTILIZANDO IMAGENS ORBITAIS PARA O MUNICÍPIO DE BARRA BONITA SP

BATIMETRIA FLUVIAL ESTIMADA COM EQUIPAMENTO DE SONDAGEM: UM ESTUDO DE CASO NO RIO SOLIMÕES, NO CONTORNO DA ILHA DA MARCHANTARIA IRANDUBA/AM

Geoprocessamento na delimitação de áreas de conflito em áreas de preservação permanente da sub-bacia do Córrego Pinheirinho

Sensoriamento Remoto: exemplos de aplicações. Patricia M. P. Trindade; Douglas S. Facco; Waterloo Pereira Filho.

SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS: UMA ANÁLISE DO USO DA TERRA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ARROIO BARÃO, RS

SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO APLICADOS AO USO DA TERRA EM MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS, BOTUCATU - SP

USO DE IMAGENS TM LANDSAT 5 PARA ANÁLISE DO ALBEDO E SALDO DE RADIAÇÃO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO CAMARAGIBE: DESTAQUE PARA SÃO LUIZ DO QUITUNDE-AL

1.1 - Aspectos geológicos e geomorfológicos

SÍNTESE. AUTORES: MSc. Clibson Alves dos Santos, Dr. Frederico Garcia Sobreira, Shirlei de Paula Silva.

LINHA DE PESQUISA: DINÂMICAS DA NATUREZA

Geoprocessamento na delimitação de áreas de conflito em áreas de preservação permanente da sub-bacia do Córrego Pinheirinho

IMPACTOS AMBIENTAIS AOS -CANALIZAÇÕES E RETIFICAÇÕES-

VARIAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL DA LARGURA DO CANAL DO RIBEIRÃO PINHALZINHO II, UMUARAMA, PR

CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA UTILIZANDO O SPRING VISANDO A AVALIAÇÃO TEMPORAL DO USO DO SOLO NO ESTADO DE PERNAMBUCO

Grupo Multidisciplinar de Estudos Ambientais - GEA CEP Marechal Cândido Rondon PR, Brasil

Dinâmica da paisagem e seus impactos em uma Floresta Urbana no Nordeste do Brasil

ANÁLISE DO USO DO SOLO NAS APP S DO RIO SAGRADO (MORRETES/PR) E DE SUA INFLUÊNCIA SOBRE OS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE FEIÇÕES FLUVIAIS DE DEPÓSITO

044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

Efeito do Padrão de Distribuição dos Pontos na Interpolação do NDBI. Rúbia Gomes Morato Fernando Shinji Kawakubo Marcos Roberto Martines

O USO DO SPRING NA ANÁLISE DE USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NA MICROBACIA DO CORREGO DO CAVALO/MS (2005 e 2010)

VARIABILIDADE SAZONAL DA PRECIPITAÇÃO NA REGIÃO SUL DO BRASIL

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - MONITORAMENTO AMBIENTAL

ÁREAS DE RISCO AO USO/OCUPAÇÃO DO SOLO NA SUB-BACIA DO CÓRREGO DO SEMINÁRIO, MUNICÍPIO DE MARIANA MG. COSTA, R. F. 1 PAULO J. R. 2

10º ENTEC Encontro de Tecnologia: 28 de novembro a 3 de dezembro de 2016

Uso de imagens no planejamento, execução e monitoramento de empreendimentos e minimização das intervenções no meio ambiente

Técnicas de geoprocessamento aplicadas na análise da evolução da terra no município de Rosana, SP, entre os anos de 1984 e 2007

PROCESSAMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE IMAGENS DE SATÉLITE PARA CARACTERIZAÇÃO DE USOS DO SOLO

DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO DO ASSOREAMENTO NO RIO SÃO FRANCISCO ENTRE PETROLINA-PE E JUAZEIRO-BA.

Variação espaço-temporal do transporte de sedimentos do Rio Santo Anastácio, Oeste Paulista

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

CARTOGRAFIA E SENSORIAMENTO REMOTO NA AVALIAÇÃO DE DADOS COM ABORDAGEM ESPAÇO E TEMPO

ANÁLISE DE IMAGENS COMO SUBISÍDIO A GESTÃO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO DA BACIA DO RIO JUNDIAÍ-MIRIM

Vinícius Emmel Martins 2, Dieison Morozoli Da Silva 3, Sidnei Luís Bohn Gass 4

PCH PANDEIROS: UMA COMPLEXA INTERFACE COM A GESTÃO AMBIENTAL REGIONAL

FORMAÇÃO DE CANAIS POR COALESCÊNCIA DE LAGOAS: UMA HIPÓTESE PARA A REDE DE DRENAGEM DA REGIÃO DE QUERÊNCIA DO NORTE, PR

ANALISE ESPAÇO-TEMPORAL DE USO DA TERÁ EM UM TRECHO ENTRE A FOZ DO CÓRREGO CHAFARIZ E A FOZ DO RIO CACHOEIRINHA- MT

Alterações no padrão de cobertura da terra na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro/RJ nos anos de 1985 e DOMINIQUE PIRES SILVA

ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO MÉDIO-BAIXO CURSO DO RIO ARAGUARI

PREVISÃO DE PRODUÇÃO E TRANSPORTE DE SEDIMENTOS NA BACIA DO RIO CLARO

as margens do reservatório, resíduos de lixo como garrafas plásticas, socos plásticos, papéis. Em relação á ocupação humana no interior da sub-bacia

A Abrangência das Cheias na Planície do Rio Paraná, no Complexo Baia-Curutuba-Ivinheima

SIMULAÇÃO DE BANDAS DO SENSOR MSI/SENTINEL-2 EM LAGOS DA AMAZÔNIA E RIO GRANDE DO SUL

APLICAÇÃO DO SENSORIAMENTO REMOTO NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM: PRIMEIROS RESULTADOS EXPERIMENTAIS

VARIAÇÃO DE ÁREA DOS ANOS DE 2008 E 2010, ATRAVÉS DAS IMAGENS DO SATÉLITE CBERS2B / SENSOR CCD

MAPEAMENTO DO USO DA TERRA E DA EXPANSÃO URBANA EM ALFENAS, SUL DE MINAS GERAIS

AVALIAÇÃO AMBIENTAL A PARTIR DO USO DO SOLO NOS BAIRROS ROQUE E MATO GROSSO EM PORTO VELHO RO

MUDANÇAS NA FORMA DE DELIMITAR A ÁREA DE PROTEÇÃO PERMANENTES (APP) DOS RIOS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA OS RIOS SEMIÁRIDOS.

INFLUÊNCIA DA RETIRADA DA VEGETAÇÃO NAS VAZÕES MÁXIMAS E MÍNIMAS DO RIO MADEIRA, PORTO VELHO, RO

Maria Gonçalves da Silva Barbalho 1 André Luiz Monteiro da Silva 1 Mariana Almeida de Araújo 1 Rafael Antônio França Ferreira 1

Eixo Temático ET Recursos Hídricos

EXPANSÃO AGROPECUÁRIA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AREIAS, TOCANTINS.

Ecologia de Paisagem Conceitos e métodos de pesquisa 2012

MAPEAMENTO DO USO E COBERTURA DO SOLO DE DOIS VIZINHOS-PR NOS ANOS DE 1984 E 2011 ATRAVÉS DE IMAGENS ORBITAIS TM/LANDSAT 5

Morfologia Fluvial. Josué Souza de Gois

ASSOREAMENTO DA REPRESA DO SILVESTRE, ANAPOLIS (GO) Patrícia Martins de Oliveira 1 ; Homero Lacerda 2

TGD - THREE GORGES DAM

ANÁLISE MULTI-TEMPORAL DO USO DA TERRA E DA COBERTURA VEGETAL NO SUL DE MINAS GERAIS UTILIZANDO IMAGENS LANDSAT-5 TM E CBERS-2B

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E IMPACTOS AMBIENTAIS NA MICROBACIA DO CÓRREGO MATRIZ-GO, BRASIL

Livro Interactivo 3D Permite Fazer Anotações e Imprimir. Dúvidas Mais Comuns GEO 11. Flipping Book.

Anais III Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Aracaju/SE, 25 a 27 de outubro de 2006

UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE MORFOMÉTRICA COMO INSTRUMENTO PARA AVALIAR A VULNERABILIDADE AMBIENTAL EM SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS NO MUNICÍPIO DE RIO POMBA/MG

Figura 07: Arenito Fluvial na baixa vertente formando lajeado Fonte: Corrêa, L. da S. L. trabalho de campo dia

AVALIAÇÃO DE CENÁRIOS AMBIENTAIS NA REGIÃO DO MÉDIO CURSO DO RIO ARAGUARI.

COMUNICAÇÃO TÉCNICA Nº Erosão e assoreamento; duas faces da mesma moeda. Filipe Antonio Marques.

José Alberto Quintanilha Mariana Giannotti

Universidade Federal de Pelotas Centro de Engenharias. Disciplina de Drenagem Urbana. Professora: Andréa Souza Castro.

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO SECRETARIA DOS ÓRGÃOS COLEGIADOS

ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO PORECATU NO MUNICÍPIO DE MANDAGUAÇU-PR

GEOTECNOLOGIAS APLICADAS PARA FINS DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL: ANÁLISE MULTITEMPORAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO BRIOSO - MS BRASIL

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO ORAL - GEOPROCESSAMENTO

CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO SAPÊ A PARTIR DE ÍNDICES MORFOMÉTRICOS: SUBSÍDIOS GEOMORFOLÓGICOS PARA COMPREENDER A OCORRÊNCIA DE ENCHENTES.

MAPEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA MICROBACIA DO CÓRREGO DO KARAMACY - ITAPEVA/SP.

OS INCÊNDIOS DE 2010 NOS PARQUES NACIONAIS DO CERRADO

Transcrição:

Ferramentas de geoprocessamento aplicadas na análise temporal da variação do tamanho das ilhas do Rio Paraná, no município de Rosana, São Paulo, Brasil. Edson Luís Piroli 1 Vanessa Ramos dos Santos 1. 1 Universidade Estadual Paulista UNESP/Campus Experimental de Rosana Rua dos Alojamentos, Esquina com Av. dos Barrageiros, SN, Primavera, Rosana, SP, Brasil. 19274000. elp@rosana.unesp.br; van_nessaramos@yahoo.com.br Abstract. This work had the objective to evaluate the occured changes of size in the islands of Paraná river, in Rosana, state of São Paulo, Brazil, enters the years of 1984 and 2001 using images of the satellite Thematic mapper of the 1984 year and Thematic Mapper Enhannced of the year of 2001. These images were analyzed in the geographical information system Idrisi for Windows 32, where they were georeferenced and processed. Each island had its contour vectorized and the size determinated. It was still observed in this phase, if had the disappearance or the sprouting of islands between the two analyzed periods. All the islands had been visited and evaluated in three distinct periods, of dry, rain and the normal of the river. The results had allowed to observe that most of the evaluated islands presented important variations of size or format, verifying themselves that the islands next to the barrage had the biggest modifications, mainly size reduction. It could be verified in the field works that the depth of the Paraná river has diminished considerably in function of the intense silting up that it comes suffering. In such a way, taking measures of containment the erosive processes in headboards of the islands is necessarily, as well as its edges, a time that increase and reduction of the waters volum caused by the opening and the closing of the floodgates of the hydroelectric Sergio Motta is the main responsible for this situation. Palavras-chave: remote sensing, geographical information system, geoprocessing, Paraná river, sensoriamento remoto, sistema de informações geográficas, rio Paraná. 1. Introdução Desde que as imagens de satélite se tornaram acessíveis aos usuários civis, as mesmas têm sido utilizadas nos mais diversos estudos, sobretudo em análises ambientais. A possibilidade de análises temporais fez com que as mesmas se tornassem hoje uma das principais fontes de dados na avaliação dos impactos das mais diversas atividades antrópicas. Neste estudo, as imagens do satélite Landsat 5 (TM) e 7 (ETM) foram usadas para avaliar a presença de ilhas no Rio Paraná, ao longo do município de Rosana, no estado de São Paulo, e as modificações que as mesmas sofreram entre os anos de 1984 e 2001. SOUZA FILHO et al. (2001) afirmaram que após a conclusão da barragem de Porto Primavera e a formação do seu reservatório no final de 1998, houve significativas alterações na dinâmica do alto curso do rio Paraná. HAYAKAWA (2007) afirma que atualmente a carga de sedimentos em suspensão na porção de água corrente do rio Paraná área analisada nesta pesquisa - é pouco significante. Porém salienta que ainda há a movimentação de sedimentos do próprio leito do rio, o que tem causado alterações na localização dos bancos de areia no leito do rio. Para a análise destas questões BRITES et al. (1998) recomendam o uso do geoprocessamento, pois o mesmo vem se tornando uma ferramenta importante para a execução de projetos relacionados à área de meio ambiente. Isto porque as vastas áreas normalmente abrangidas por estes projetos, bem como o grande número de variáveis 4255

contempladas por eles, fazem do uso do geoprocessamento o principal recurso para o manuseio das grandes bases de dados envolvidas neles, sejam elas de natureza espacial ou não. Conforme NOVO (1992) os dados de sensoriamento remoto têm ampla aplicação na descrição quantitativa de bacias hidrográficas e redes de drenagem. Assim, uma série de estudos morfométricos, antes realizados a partir de dados extraídos de cartas topográficas, passaram a ser feitos com base em dados de sensoriamento remoto, ou seja, nas imagens coletadas por sensores remotos. De acordo com PINTO (1991) a utilização de imagens orbitais obtidas através do Landsat, tem se intensificado na medida em que suas potencialidades em diferentes aplicações temáticas têm sido demonstradas e resultados concretos foram alcançados. Os melhores resultados tem sido encontrados na discriminação de alvos que ocorrem na superfície, para mapeamentos e monitoramento ambiental, destacando-se as imagens orbitais pelas suas características espectrais e pela sua repetitividade. Este trabalho foi desenvolvido buscando quantificar o impacto das alterações nas ilhas do rio Paraná, entre os anos de 1984 e 2001, sobretudo sobre suas formas e tamanhos. Buscou ainda identificar e localizar novas ilhas que estão se formando em áreas de assoreamento intenso. 2. Metodologia de Trabalho Os materiais utilizados no desenvolvimento do trabalho foram uma imagem do satélite Landsat 5 Thematic Mapper de 29 de setembro de 1984; uma imagem do satélite Landsat 7 Enhanced Thematic Mapper de 19 de agosto de 2001, um aparelho de GPS de navegação, um barco equipado com motor, equipamentos de informática e materiais de escritório e de campo. O trabalho consistiu da georreferência das imagens de satélite dos anos de 1984 e de 2001 no aplicativo Idrisi for Windows. Em seguida, as imagens georreferenciadas foram analisadas e comparadas, buscando-se a identificação das alterações ocorridas nas ilhas no período compreendido entre a obtenção das duas imagens. Na mesma época, buscou-se a documentação histórica referente ao processo de ocupação regional para tentativa de compreensão dos fatores geradores da situação atual. Cada ilha da área de estudo foi visitada em pelo menos três épocas distintas, buscando-se analisar as possíveis variações decorrentes dos períodos de enchente, de seca e de vazão normal do rio. Importante frisar que as duas imagens, tanto a de 1984 quanto a de 2001 foram obtidas em período de seca na região estudada. Nas expedições para o estudo das ilhas, anotaram-se informações referentes aos processos de erosão, de assoreamento, características da água, do solo, da vegetação, da fauna e demais modificações antrópicas. 3. Resultados e Discussão Análise temporal das imagens de satélite Na imagem de satélite de 1984 (Figura 1) pode-se observar o início do processo de construção da barragem do reservatório Porto Primavera. Nela já se podem notar algumas modificações no leito do rio e no fluxo natural da água. O primeiro aspecto que chama a atenção é a diminuição da água nas várzeas do Mato Grosso do Sul, na região conhecida como Pantanalzinho, que teve modificações ambientais importantes no seu grau de umidade e inundação. Pode-se observar também que à montante da represa, ainda são visíveis as ilhas existentes na área. 4256

Se observarmos as ilhas à jusante da barragem, verificamos que as mesmas já apresentavam na época, importantes modificações relacionadas à sua cobertura vegetal, decorrentes da ocupação, já naquele período, com atividades de agropecuária e em menor escala, com moradias e com casas de veraneio (denominadas regionalmente de ranchos). Deve-se destacar ainda que no Rio Paranapanema, ao Sul da imagem, havia a construção de outra barragem, a represa de Rosana. A Figura 1 mostra a composição 5,4,3 da imagem do satélite Landsat 5 TM do ano de 1984 da área de estudo. Nela podem ser observados os rios Paraná (de águas azuis escuras), ao Norte e Oeste e o Rio Paranapanema no Centro Sul, com águas em tonalidades de azul mais claro. Podemos observar na imagem, o na época distrito de Rosana (atual sede do município de mesmo nome) e o núcleo habitacional de Primavera, na época em construção pela CESP. Figura 1. Composição falsa cor 5,4,3 da imagem do satélite Landsat 5 TM da área de estudo no ano de 1984, destacando os rios Paraná e Paranapanema e as áreas urbanas de Rosana e Primavera. A Figura 2 mostra a área de estudo em 2001. Pode-se verificar que as duas represas já se encontravam concluídas, com seus reservatórios cheios. Nesta figura, ao observarmos as ilhas existentes no leito do rio Paraná a jusante da represa, verificamos que ocorre uma variação bastante intensa em suas formas, tamanhos e ocupação. 4257

Figura 2. Composição falsa cor 5,4,3 da imagem do satélite Landsat 7 ETM da área de estudo no ano de 2001, destacando os rios Paraná e Paranapanema e as áreas urbanas de Rosana e Primavera. Iniciaremos agora a análise mais apurada de cada trecho do rio, com o objetivo de facilitar a compreensão das modificações ocorridas nas ilhas. 1 2 4 3 a b 1 5 4 7 6 c 5 7 6 Figura 3. Área próxima à barragem em 1984 (à esquerda) e em 2001 (à direita). 4258

Note-se na Figura 3 o detalhe da construção da barragem na imagem de 1984, e a mesma já pronta em 2001. As ilhas foram enumeradas para facilitar a análise. As ilhas surgidas depois de 1984, presentes apenas na imagem da direita, de 2001, são identificadas com letras. Pode-se observar que a ilha 1 teve um importante aumento de tamanho principalmente à jusante, fruto do acúmulo de sedimentos levados pela correnteza do rio, sobretudo durante o período de construção da represa. Este aumento foi da ordem de 12,8 hectares (ha) em 1984 para 35 ha em 2001. Na sua seqüência à jusante, estão se formando mais duas ilhas (a e b), com área total em 2001 de 9,8 ha. Deve-se atentar para o canal do rio desviado nessa direção na imagem de 1984, durante a construção da barragem. Já as ilhas 2 (24,7 ha) e 3 (7,9 ha) desapareceram. Muito provavelmente devido à erosão causada pelo grande volume de água direcionado a elas ao longo das quase duas décadas que durou a obra. Considere-se que antes da construção das barragens, a ocorrência de enchentes no período do verão era normal. No entanto, durante o período de construção da obra, o volume de água aumentado nas épocas de cheias e concentrado no canal foi, provavelmente, o fator determinante para o desaparecimento destas ilhas. A ilha 4, por estar também no caminho das águas, teve uma diminuição significativa. Seu tamanho que em 1984 era de 17,3 ha reduziu-se para 7,12 ha em 2001. A ilha 5 manteve-se praticamente inalterada, pois entre a mesma e a margem do rio, passa o canal da eclusa do reservatório. No entanto, em sua jusante, pode-se observar que houve a formação de uma nova ilha (c) com área em 2001 de 45,7 ha. Já a ilha 6, na seqüência da 5, teve alteração de forma e tamanho no período compreendido entre a tomada das duas imagens. A ilha 7 perdeu parte de seu terreno a sudeste e teve um acúmulo de sedimentos a sudoeste, tendo desta forma, sofrido alteração na sua forma e tamanho. A Figura 4 apresenta a seqüência das ilhas à jusante. 11 a 11 12 13 14 7 d 8 7 8 e 11 a 9 9 f 10 10 11 12 13 14 Figura 4. Seqüência da análise das ilhas a jusante do Rio Paraná. À montante da ilha 8 em 1984 havia uma pequena ilha com área de 2,94 ha que não é mais visível em 2001. Além disso, também a montante desta ilha, houve um intenso processo de corrosão, presente até os dias de hoje, o que tem feito a ilha diminuir de tamanho. Em 1984 a área da ilha era de 147,8 ha e em 2001 a mesma havia sido reduzida para 136 ha. 4259

A ilha 9 em 1984 tinha uma área de 27,9 ha. Em 2001 a mesma havia sido reduzida para 12,8 ha, o que ratifica a intensa corrosão verificada nos trabalhos de campo e observada na imagem de satélite. A ilha 10 apresentava área de 9,4 ha em 1984 e atualmente apresenta 3,1 ha. Ou seja, a mesma teve uma redução de quase 70% de sua área. A ilha 11 manteve exatamente a mesma área nas duas épocas. A manutenção da cobertura vegetal original pode explicar porque a mesma não teve redução de área: devido à proteção contra a erosão dada pelas raízes da vegetação. Já a ilha 11a apresentou uma pequena redução de área. A ilha 12 teve importante modificação em sua forma e também em seu tamanho, passando de 26 ha em 1984 para 12,7 ha em 2001. Note-se que na imagem do ano de 2001 verifica-se à montante desta ilha uma retirada intensa do material superficial, mas ainda se identifica sua presença abaixo da linha d água pela reflectância do solo coberto por pequena lâmina de água. As ilhas 13 e 14 na imagem de 1984 são interligadas, somando uma área total de 18,7 ha. Em 2001 a mesma havia sido dividida, restando 14,5 ha, separados em duas ilhas. Deve-se destacar na Figura 4, a presença de 3 novas ilhas em formação (letras d, e, f), o que está ocorrendo provavelmente pelo acúmulo de sedimentos em pontos onde a água diminui de velocidade e volume em determinados períodos. A Figura 5 apresenta a seqüência da análise das ilhas. 15 15 16 19 16 17 19 18 18 17 g 21 20 21 h 20 Figura 5. Seqüência da análise das ilhas. Conforme pode ser observado na Figura 5, a ilha 15 manteve-se praticamente com o mesmo tamanho e formato, tendo perdido uma pequena área entre as duas datas de tomada das imagens. A exemplo da ilha 11a esta também está localizada na margem do Mato Grosso do Sul, em um ponto onde a correnteza é menos intensa. A ilha 16 manteve-se com área superior a 420 ha nas duas imagens, o que demonstra, juntamente com as outras ilhas de maior porte que o tamanho determina um menor risco de perda de solo com a correnteza. Este fato pode ser explicado também pela presença de vegetação de maior porte nestas áreas, o que confere maior resistência do solo, suportado pelas raízes, à ação da água. 4260

A ilha 17 apesar de ter sofrido a abertura de um canal na sua porção a montante manteve aproximadamente a mesma área. O que pode explicar este fato é o acúmulo de sedimentos na cabeceira da ilha, trazidos de outros pontos do rio e sobretudo de outras ilhas. A ilha 18 teve uma diminuição de 1,4 ha em sua superfície. Já a ilha 19 manteve sua área. No entanto, pode-se observar que houve alteração em sua forma, o que indica que o material foi retirado de alguns pontos e depositado em outros, na mesma ilha. A ilha 20 apresentou redução de área de 1984 até 2001 de (32,6 ha para 26,8 ha). A ilha 21 manteve a mesma área. Na análise desta figura deve-se destacar que a exemplo da figura 5, pode-se observar o processo de formação de novas ilhas (letras g e h), o que indica um intenso processo de assoreamento nas regiões onde a velocidade da água diminui. A Figura 6 apresenta a porção final do rio Paraná no Estado de São Paulo. 22 23 23 24 24 25 25 26 26 27 Figura 6. Análise das ilhas na porção final do Rio Paraná no Estado de São Paulo. Na análise das ilhas da porção final do Rio Paraná no Estado de São Paulo, devemos observar o processo de assoreamento presente ao redor da ilha maior (número 23), denominada regionalmente de óleo cru. Além disso, deve-se destacar que a ilha 24 tinha uma área de 16,31 ha em 1984 e atualmente foi reduzida para 13,31 ha. Importante salientar que em sua montante, pode-se observar a total ausência de materiais acumulados na imagem de 1984. No entanto, em 2001, já podia-se identificar grande área assoreada. Este aspecto também é visível nas ilhas 25 e 26 Na análise individual das ilhas verificamos que a maior parte delas teve modificações importantes de forma e tamanho. Verificamos que aquelas localizadas nas áreas de maior correnteza do rio, estão sofrendo intensos processos de erosão. Nestes casos, a vegetação presente no barranco está invariavelmente sendo derrubada e arrastada para o leito do rio. O solo da maioria das ilhas é arenoso e por isso com baixa capacidade de suporte às investidas da água, principalmente, considerando-se a oscilação de nível que encharca-o por um período (quando da abertura das comportas) e posteriormente o resseca (quando do fechamento das comportas), enfraquecendo-o ainda mais. Já aquelas ilhas posicionadas em áreas de menor fluxo ou em remansos estão tendo acúmulo de sedimentos trazidos pela água. Além disso, está ocorrendo o processo de surgimento de novas ilhas e um intenso assoreamento do fundo do rio em diversos locais. 27 4261

Este processo de acordo com CRISPIM (2001) ocorre devido à alterações significativas ocorridas na velocidade da água e do deslocamento das formas de leito ao longo do tempo. Esta diminuição da profundidade em alguns locais traz uma série de problemas principalmente para a navegação, pois o rio Paraná é considerado uma importante hidrovia, que no entanto na região é pouco utilizada para o transporte de cargas. Além disso, diversas espécies de peixes, como o jaú por exemplo, que necessitam de habitats espaçosos e profundos, passam a ter problemas para se adaptarem a estas novas condições, apresentando já na atualidade populações muito reduzidas e correndo o risco da extinção na região. 4. Conclusões Com as análises de campo e dos dados avaliados, pôde-se verificar que a maior parte das ilhas da única porção com água lótica do rio Paraná no Estado de São Paulo tem sofrido impactos consideráveis da constante variação do seu nível de água. No entanto, este fator não é exclusivo para a ocorrência do problema. A devastação florestal a que foi submetida toda bacia do rio Paraná, principalmente no Estado de São Paulo, é outro fator determinante para esta situação, uma vez que o solo, que na maior parte da bacia é pouco estruturado e pouco resistente à erosão, sem a sua cobertura natural não consegue resistir e acaba arrastado para o leito dos rios e córregos da região e termina por ser carregado até o rio Paraná. Desta forma, urge a tomada de consciência de que o gerenciamento integrado da bacia hidrográfica pode ser uma solução para reversão deste quadro. Recomenda-se que as ilhas localizadas nos locais de maior velocidade das águas do rio Paraná, na área estudada, sejam protegidas através de sistemas de gabiões e ou da revegetação de suas margens, sobretudo de suas cabeceiras. Observou-se ainda que a utilização das ferramentas de geoprocessamento possibilitaram, em conjunto com os trabalhos de campo, as análises adequadas e o alcance do objetivo proposto no trabalho, permitindo a manipulação de grande volume de dados e a análise sinóptica da área de estudo. Referências Bibliográficas BRITES, R. S., SOARES, V. P., COSTA, T. C. C., NETO, A. S. Geoprocessamento e Meio Ambiente. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 27, 1998, Poços de Caldas/MG. Cartografia, Sensoriamento e Geoprocessamento. Poços de Caldas, Anais... Poços de Caldas. UFLA/SBEA, 1998. p. 141-163. CRISPIM, J. de Q. Alterações na hidrologia do canal após a construção do reservatório Engenheiro Sérgio Motta (represa de Porto Primavera) Rio Paraná. 2001, 121p. Dissertação (Mestrado em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais), Universidade Estadual de Maringá, UEM. Maringá. HAYAKAWA, E.H. Análise da variabilidade espacial e temporal dos sedimentos suspensos do alto rio Paraná via imagens orbitais: região de Porto São José PR. 2007. 78p. Dissertação (Mestrado em Geografia) Universidade Estadual de Maringá, UEM. Maringá. NOVO, E.M.L. Sensoriamento Remoto, princípios e aplicações. 2ª. Ed. São Paulo: Blucher, 1992. 308p. PINTO, S.A.F., Sensoriamento remoto e integração de dados aplicados no estudo da erosão dos solos: contribuição metodológica. São José dos Campos, 1991, 134p. Tese (Doutorado INPE), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 1991. SOUZA FILHO, E.E., ROCHA, P.C., CORREA, G.T., COMUNELLO, E. O ajuste fluvial e a erosão das margens do Rio Paraná em Porto Rico(Brasil). In: V REQUI/ICQPLI, 2001, Lisboa. Anais do V REQUI/ ICQPLI. Lisboa, 2001. v. 0, p. 01-05. 4262