AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE INVESTIMENTO



Documentos relacionados
PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES SOBRE VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

TIPOS DE INVESTIMENTOS IMPORTANTES NA ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA- PARTE l

TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES

COMPRAR VERSUS ALUGAR (qual a melhor opção)

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O INDICADOR : RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

PROCEDIMENTOS PARA ANALISAR PROJETOS EXCLUDENTES COM VIDAS ESTIMADAS DIFERENTES

Projeção do Fluxo de Caixa Caso Prático

COMO QUALIFICAR O PREÇO DE VENDA DE SEUS PRODUTOS (UTILIZANDO AS TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS FORMAÇÃO DE PREÇOS)

COMO SELECIONAR PROJETOS QUANDO EXISTE RESTRIÇÃO DE CAPITAL

PAYBACK - CALCULANDO O TEMPO NECESSÁRIO PARA RECUPERAR O INVESTIMENTO

ANÁLISE DE UM NOVO INVESTIMENTO - A IMPORTÂNCIA DO INTERVALO DE PERÍODO NA ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

QUE TAL ANALISAR O MVPL Valor Presente Líquido Modificado

A ESTRUTURA DE CAPITAL NA ANÁLISE DE NOVOS INVESTIMENTOS

Como Analisar Projetos Independentes E Excludentes

COMO TRATAR O VALOR RESIDUAL NA ANÁLISE DE UM NOVO INVESTIMENTO

UM GLOSSÁRIO PARA O DIA A DIA DO EXECUTIVO

COMO DETERMINAR O PREÇO DE LANÇAMENTO DE UMA AÇÃO NA ADMISSÃO DE NOVOS SÓCIOS

COMO PREPARAR UM RELATÓRIO QUE APRESENTE OS RESULTADOS DA EMPRESA POR UNIDADE DE NEGÓCIO

UTILIZANDO A TIR PARA ANÁLISE DE DOIS PROJETOS EXCLUDENTE

Outros Tópicos Importantes na Elaboração do Fluxo de Caixa

COMO ELABORAR UMA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS POR UNIDADE DE NEGÓCIO

PROJEÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

COMO TRATAR A INFLAÇÃO NA ANÁLISE DE UM NOVO INVESTIMENTO

Tratamento das Receitas e Despesas Financeiras

Como Elaborar um Fluxo de Caixa com Base em Demonstrações Encerradas (Parte I)

Como Elaborar um Fluxo de Caixa com Base em Demonstrações Encerradas (Parte II)

PARA CRIAR VALOR PARA O ACIONISTA NÃO BASTA TER EVAs POSITIVOS - É PRECISO QUE SEJAM "CRESCENTES"

COMO CALCULAR E ANALISAR A CAPACIDADE DE

COMO FAZER O ACOMPANHAMENTO FINANCEIRO DE UM PROJETO (Pós-Auditoria) Conceitos e Procedimentos Para Serem Colocados em Prática Imediatamente

RESENHA TRIBUTÁRIA ATUALIZADA

QUAL A DIFERENÇA ENTRE O VPL DA OPERAÇÃO E O VPL DO ACIONISTA?

UP-TO-DATE. ANO I. NÚMERO 15

COMO TRATAR A TAXA DE JUROS NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

COMO CRIAR UM PLANO DE AMORTIZAÇÃO

COMO ANALISAR ECONOMICAMENTE DUAS PROMOÇÕES

COMO CALCULAR O PRINCIPAL INDICADOR PARA MEDIR A EFICIÊNCIA FINANCEIRA DE UMA

O NOME DO JOGO É: O MÁXIMO DE RETORNO SOBRE INVESTIMENTO COM O MÍNIMO DE CUSTO DE CAPITAL

! Revisão de conceitos importantes! Fluxo com VRG diluído! Fluxo com VRG no final do contrato! Comparação com outras alternativas de financiamento

Importância dos Fluxos de Caixa na Avaliação Econômica

DETALHES RELEVANTES NA APRESENTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ELABORADO COM BASE NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

MERCADO DE OPÇÕES - O QUE É E COMO FUNCIONA

EXEMPLO COMPLETO DO CÁLCULO DO FLUXO DE CAIXA COM BASE EM DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS

Avaliação pelo Método do Fluxo de Caixa Descontado

O QUE TODOS DEVEM DAVER SOBRE PERPETUIDADE

JOGO DOS 4 ERROS - ANALISANDO UM NOVO INVESTIMENTO: ONDE ESTÃO OS 4 ERROS?

COMO SE GANHA DINHEIRO GIRANDO MAIS O NEGÓCIO

CUSTO DE REPOSIÇÃO NA FORMAÇÃO DE PREÇOS

PATRIMÔNIO LÍQUIDO CONTÁBIL versus VALOR DE MERCADO Cálculo do patrimônio líquido pelo valor de mercado

COMO CALCULAR O PONTO DE EQUILÍBRIO NA PRÁTICA

COMO INTERPRETAR A RELAÇÃO VENDAS / ATIVOS ( GIRO )

COMO CONVERTER DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS BRASILEIRAS PARA A MOEDA AMERICANA (FAS 52)

COMO SALVAR UM PRODUTO DE UMA BAIXA IRREVERSÍVEL (?) NO PREÇO DE VENDA (investindo em diferenciais competitivos)

DURATION - AVALIANDO O RISCO DE MUDANÇA NAS TAXAS DE JUROS PARTE l

MS 777 Projeto Supervisionado Professor: Laércio Luis Vendite Ieda Maria Antunes dos Santos RA:

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE: IR DIFERIDO

ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTO

O FORMATO NOTA 10 PARA APRESENTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (com base em demonstrações financeiras encerradas)

OS IMPACTOS DA MUDANÇA PARA MAIS OU PARA MENOS NA TAXA DE JUROS SOBRE O PREÇO DE VENDA

O QUE É CFROI CASH FLOW RETURN ON

Como calcular o Índice de Lucratividade (IL)

Autor: Francisco Cavalcante UP-TO-DATE. ANO I. NÚMERO 25. Circular para: CAVALCANTE ASSOCIADOS

INVESTIMENTO A LONGO PRAZO 1. Princípios de Fluxo de Caixa para Orçamento de Capital

COMO CALCULAR UM FLUXO DE CAIXA COM BASE EM DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ENCERRADAS. Autor: Francisco Cavalcante UP-TO-DATE. ANO I.

CONSTRUINDO E ANALISANDO O EBITDA NA PRÁTICA

Vantagens e Cuidados na utilização do Valor Econômico Agregado - EVA

RECUPERAÇÃO DE IMPOSTOS E O CUSTO REAL DA COMPRA DE MATÉRIA-PRIMA

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DAS

CAP. 4b INFLUÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA

Viabilidade Financeira: Calculo da TIR e VPL

A Projeção de Investimento em Capital de Giro na Estimação do Fluxo de Caixa

O QUE É ATIVO INTANGÍVEL?

Quais as aplicações do custo de capital?

COMO CONVERTER DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS BRASILEIRAS PARA A MOEDA AMERICANA (FAS 52) - EXEMPLO PRÁTICO

Aula Nº 9 Depreciação Conceitos e Métodos

COMO CALCULAR A PERFORMANCE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTOS - PARTE II

QUAL O CRITÉRIO IDEAL PARA REAJUSTAR O PREÇO DE UM SERVIÇO

ASPECTOS AVANÇADOS NA ANÁLISE

COMO REDUZIR CUSTOS NA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS

Roteiro para elaboração de laudo de avaliação de empresa

TÓPICOS ESPECIAIS DE CONTABILIDADE: JUROS SOBRE CAPITAL

PROPOSTA PARA TRATAMENTO DA RECEITA FINANCEIRA NA ANÁLISE DOS RESULTADOS

COMO ANALISAR E TOMAR DECISÕES ESTRATÉGICAS COM BASE NA ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL DAS EMPRESAS

INSTRUMENTO DE APOIO GERENCIAL

COMO ESTABELECER METAS DE DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO PERFEITAMENTE ALINHADAS (ou Definição de uma Taxa de Crescimento Sustentável)

ENTENDENDO OS CONCEITOS DE RISCO E RETORNO - (Parte III)

ENTENDENDO OS DIVERSOS CONCEITOS DE LUCRO

04/08/2013. Custo. são os gastos com a obtenção de bens e serviços aplicados na produção ou na comercialização. Despesa

GASTOS VARIÁVEIS, FIXOS E SEMI-VARIÁVEIS (alguns conhecimentos indispensáveis para quem trabalha com análises econômicas e financeiras) ASSOCIADOS

AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O LUCRO LÍQUIDO E O FLUXO DE CAIXA

O QUE É UMA PROJEÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS - PARTE II

Luciano Silva Rosa Contabilidade 03

Unidade: Aspectos contábeis na determinação dos fluxos de caixa. Unidade I:

Módulo Gestão Financeira e Controladoria 6 e 20 de Fevereiro de 2010 Jonas Lucio Maia

Prof. Cleber Oliveira Gestão Financeira

UTILIZAÇÃO DE RECURSOS AVANÇADOS DO EXCEL EM FINANÇAS (PARTE II): ATINGIR META E SOLVER

COMO CALCULAR E PROJETAR A DEPRECIAÇÃO PELO MÉTODO DA LINHA RETA COM O AUXÍLIO DO EXCEL

O VALOR DO CONTROLE PARTE 2

INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1.1

Unidade I FINANÇAS EM PROJETOS DE TI. Prof. Fernando Rodrigues

RESOLUÇÃO CFC Nº /09. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

Transcrição:

AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE Quais são? Quais são os principais cuidados e lembretes de cada etapa? Francisco Cavalcante (francisco@fcavalcante.com.br) Sócio-Diretor da Cavalcante Associados, empresa especializada na elaboração de sistemas financeiros nas áreas de projeções financeiras, preços, fluxo de caixa e avaliação de projetos. A Cavalcante Associados também elabora projetos de capitalização de empresas, assessora na obtenção de recursos estáveis, além de compra e venda de participações acionárias. Administrador de Empresas graduado pela EAESP/FGV. Desenvolveu mais de 100 projetos de consultoria, principalmente nas áreas de planejamento financeiro, formação do preço de venda, avaliação de empresas e consultoria financeira em geral. UP-TO-DATE - Nº 377 AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE 1

ÍNDICE 1- INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO... 3 UP-TO-DATE - Nº 377 AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE 2

1- INTRODUÇÃO e APRESENTAÇÃO Apresentamos as 7 etapas para realizar uma boa análise de investimento: Para cada etapa, identificamos os cuidados e lembretes que consideramos os mais essenciais. Muitos cuidados e lembretes apresentados não exigirão um conhecimento prévio sobre o assunto. Outros exigirão um conhecimento básico de análise de novas oportunidades de investimento, os quais poderão ser obtidos em inúmeros Up-To-Dates anteriores. Este Up-To-Date funcionará como um guia para aqueles que respondem pela análise de novas oportunidades de investimento. Vamos começar (re)lembrando que a missão da análise de um novo investimento é, na essência, estimar o quanto o novo investimento criará ou não de valor para o acionista. Isto nada mais representa do que a análise da relação custo-benefício. O custo é o investimento demandado pelo novo projeto. O benefício de um novo investimento geralmente consiste num aumento de lucros ou redução de custos. Exemplo: Investimento estimado em um novo projeto: $10.000 Aumento de lucros estimado ao longo de 10 anos (por exemplo): $25.000 Valor criado para o acionista pelo novo projeto: $15.000 ($25.000 - $10.000). É o quanto o novo investimento deixará os acionistas mais ricos. Aprovaremos projetos que criem valor para o acionista e reprovaremos os projetos que destruam valor. Vamos ás 7 etapas: Etapa 1 - Definição da extensão do fluxo de caixa estimado Consiste na definição do ciclo de vida do investimento, geralmente expresso em intervalos de período anuais. UP-TO-DATE - Nº 377 AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE 3

Se o ciclo de vida do investimento for estimado em 5 anos, por exemplo, é como se no final do quinto ano o projeto deixasse de existir. É dentro deste ciclo de vida estimado de 5 anos, por exemplo, que todo o capital investido deverá ser recuperado (3,5 anos por exemplo). É preferível utilizar um critério objetivo para definir o ciclo de vida de um novo investimento. Exemplo: para analisar uma concessão de estrada, será considerado o período da concessão definido pelo poder concedente. Para analisar a troca de um equipamento, será considerado o ciclo de vida econômico (não contábil) do novo equipamento. Todavia, muitos empresário definem o ciclo de vida de um novo investimento de maneira impositiva. Exemplo: a empresa somente realiza projetos que recuperem o investimento em, no máximo, 3 anos. Então, o fluxo de caixa de qualquer novo investimento é estimado para 3 anos, independente da sua natureza. Em algumas oportunidades, a estimativa do ciclo de vida de um novo investimento definida de maneira objetiva esbarra no limite máximo de tempo tolerado pelo acionistas para retorno do investimento. Exemplo: uma nova fábrica de biscoitos tem um ciclo de vida estimado em muitas décadas. Reinvestimentos permitirão que a fábrica possa operar por 30 ou 40 anos, quem sabe. Todavia, estima-se um fluxo de caixa para 8 anos, que representa o período estimado para o primeiro ciclo de investimentos em máquinas e equipamentos. O projeto será analisado como se a fábrica fosse operar apenas 8 anos, embora na prática ele deva operar por muito mais tempo. A elaboração de um fluxo de caixa com intervalos de período menores que o ano (mês, por exemplo), aprimora o resultado da TIR ou do VPL estimados. Exemplo: o fluxo de caixa para um novo investimento projetado em bases anuais mostra um VPL positivo de $1.000. Se o mesmo fluxo de caixa fosse elaborado em bases mensais, o VPL estimado seria maior do que $1.000, portanto um valor mais próximo da realidade. Existe um calendário associado a cada fluxo de caixa projetado (31-12- 2005, 31-12-2006, 31-12-2007, etc.). Ao serem calculados a TIR e VPL, por exemplo, as entradas e saídas de caixa são tratadas como se acontecessem exatamente em cada data do fluxo de caixa. Etapa 2 - Estimativa dos investimentos Investimento é tudo aquilo que precisará ser gasto para colher o benefício esperado. UP-TO-DATE - Nº 377 AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE 4

São 4 os tipos de investimento demandados: fixos, pré-operacionais, capital de giro líquido e gastos operacionais comuns. Os investimentos fixos mais comuns são: terreno, edificações, instalações, máquinas, equipamentos, móveis, utensílios, ferramental, veículos, software e hardware. À exceção do terreno, todos os demais investimentos exigirão a estimativa da depreciação. Os investimentos pré-operacionais representam todos os demais gastos não fixos incorridos durante a fase de investimento e diretamente vinculados à execução do novo investimento. Gastos com pessoal, pesquisas, treinamentos, viagens, alimentação, locomoção, consultorias, elaboração de protótipos, produção-piloto, etc. São gastos que na contabilidade serão lançados como diferido, e posteriormente transferidos para resultado através do mecanismo da amortização. O capital de giro líquido representa a diferença entre os investimentos em Contas e Receber mais Estoques em geral, principais itens do ativo, menos Fornecedores, Impostos a Pagar e Outras Contas a Pagar do passivo vinculadas à operação do projeto. Um crescimento das vendas ao longo dos primeiros anos do projeto trará a reboque um incremento no investimento em capital de giro líquido. Em resumo: haverá um investimento em capital de giro maior no momento zero, e investimentos incrementais menores enquanto acontecer crescimento nas vendas. Existem alguns novos projetos que não demandam nenhum dos 3 tipos de investimentos citados. Exemplo: investimentos na promoção das vendas do Dia das Mães. Investe-se numa propaganda dirigida e mais intensa na expectativa de vender mais do que seria vendido caso somente a propaganda convencional fosse feita. Este gasto a mais em propaganda será tratado na contabilidade será tratado como uma despesa. Todavia, na análise da decisão de investir ou não num campanha promocional para o Dia da Mães, este gasto será tratado como investimento. Importante: se este gasto com propaganda for de $1.000, por exemplo, não esquecer de considerar a economia de IR/CSLL que ele gera, por ser dedutível imediatamente da base de cálculo destes impostos. Etapa 3 - Estimativa das entradas e saídas operacionais do projeto Estamos tratando dos benefícios esperados do novo investimento, geralmente associados a um aumento dos lucros ou a uma redução dos custos. Não esquecer que a depreciação tratada como custo visa aprimorar o cálculo do Imposto de Renda e da CSLL. Todavia, ela é somada ao UP-TO-DATE - Nº 377 AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE 5

lucro do projeto para determinação do fluxo de caixa. A depreciação não é um gasto desembolsável. O desembolso aconteceu no momento do investimento. O mesmo comentário vale para a amortização do investimento diferido. A depreciação não precisa ser estimada se a empresa pagar IR/CSLL com base no Lucro Presumido ou no Simples. Nestes casos, o lucro tributável será estimado com base num percentual sobre as vendas, independentemente da parcela existente de depreciação. Se o benefício do projeto for uma redução de custos, não esquecer de considerar o IR/CSLL que se pagará a mais. Exemplo: se, de um lado, um novo investimento economizar $100.000 por ano de energia e pessoal, significa que o lucro aumentará em $100.000 por ano e que a empresa deverá pagar entre 24% a 34% de IR/CSLL sobre este lucro incremental. Recomenda-se que as projeções sejam feitas em moeda constante (não embutir estimativa de inflação). Portanto, se um preço de venda ou elemento de custo varia 2% para mais, assume-se que este 2% representa um crescimento real. Chamamos de Fluxo de Caixa do Projeto o fluxo de caixa estimado dos benefícios do projeto analisado. Este fluxo de caixa não deve contemplar qualquer serviço da dívida contratada para financiar o novo investimento. Por serviço da dívida entenda-se pagamentos dos juros e do principal. Etapa 4 - Valor residual O Valor Residual é um valor considerado na data de encerramento do fluxo de caixa projetado. Um exemplo de valor residual é dado pelo valor de mercado para liquidação dos bens do ativo fixo. Assume-se que no encerramento do projeto todos ativos fixos serão liquidados. O valor de mercado deverá ser deduzido do valor contábil líquido da depreciação. Se houver estimativa de lucro nesta operação, deverá ser considerado o pagamento de IR/CSS. Se houver uma estimativa de prejuízo, deverá ser considerada a economia fiscal quês este prejuízo gera. Outro componente do valor residual será a liberação do capital de giro líquido existente na data de encerramento do projeto. Não existe impacto fiscal na liberação do capital de giro. UP-TO-DATE - Nº 377 AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE 6

Se o ciclo de vida do investimento for curto ou mediano, o valor residual será importante. Se o ciclo de vida estimado for longo, o valor residual será irrelevante. Como estamos recomendando a estimativa de um fluxo de caixa finito na análise de um novo investimento, descartamos a estimativa de valor residual dada por uma perpetuidade. Etapa 5 - Definição do custo do capital Se um novo projeto demanda $100.000 de investimento, obviamente também demanda $100.000 de capital. Estes $100.000 de capital serão financiados por recursos de bancos e assemelhados (debêntures, etc.) e capital do acionista (dinheiro novo que os acionistas aportarão na empresa, ou dinheiro que já está no caixa da empresa e que ela deixará de pagar dividendos aos acionistas para colocar este dinheiro no novo projeto). Para calcular o custo deste capital de $100.000, deverá ser levado em consideração: o A participação do capital de bancos e do capital do acionista no capital de $100.000. Exemplo: vamos assumir um capital de bancos de $50.000 e um capital do acionista de outros $50.000. o O custo do capital de bancos (juros) líquido da economia fiscal que ele gera. Exemplo: vamos assumir um custo do capital de bancos já líquido do benefício fiscal de 10% ao ano. o O custo do capital do acionista. Exemplo: vamos assumir um custo do capital do acionista de 20% ao ano. o O cálculo do custo do capital é dado pela média aritmética ponderada como segue: o Custo do capital = ($50.000/$100.000)x0,10 + ($50.000/$100.000)x0,20 = 0,15 (ou 15% ao ano). Em muitas empresas, principalmente nas de grande porte, o custo de capital já e fornecido pela Tesouraria. Exemplo: a Tesouraria define um estrutura de capital padrão e também custos de capital de bancos e acionistas padrão. É feita uma média ponderada conforme já demonstramos. Este custo de capital de 15% ao ano, por exemplo, é definido como referência para análise de todos os projetos. Em resumo: é um custo de capital que será perseguido em todos os investimentos em novos projetos. Pode ser que um projeto seja executado diferentemente dos custo de capital ideal. Todavia, o custo de capital de 15% é uma meta a ser perseguida. UP-TO-DATE - Nº 377 AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE 7

Etapa 6 - Aplicação dos métodos de avaliação do investimento e Parecer Os principais métodos para avaliação de um novo investimento são: TIR (Taxa Interna de Retorno), MTIR (Taxa Interna de Retorno Modificada), VPL (Valor Presente Líquido) e Payback. A TIR é sempre apresentada em termos percentuais. Mostra o retorno sobre o investimento (ou retorno sobre o capital empregado). O projeto deve ser aprovado sempre que a TIR for maior que o custo do capital empregado. Exemplo: o projeto é aprovado porque a TIR de 25% ao ano é superior ao custo do capital de 15% ao ano. A limitação da TIR reside no pressuposto de que os fluxos de caixa intermediários são reaplicados à própria taxa da TIR. A taxa da TIR necessariamente não está alinhada com as taxa de mercado. A MTIR corrige a limitação da TIR. A MTIR permite que um fluxo de caixa intermediário negativo seja considerado como contratado pelo custo de capital do projeto, o que é mais razoável. Também permite que os fluxos de caixa intermediários positivos sejam reinvestidos pelo taxa de aplicação do dinheiro no mercado ou pelo custo de capital, o que significa devolver estes recursos para os financiadores do projeto. Também serão aprovados projetos com MTIR superior ao custo do capital. Se a linguagem da TIR é o percentual, a linguagem do VPL é valor, ou mais precisamente, dinheiro. O VPL mostra a diferença entre todo o fluxo de caixa de entradas de dinheiro do projeto, menos todo o fluxo de caixa de saídas do projeto. Esta conta é feita com todos os valores do projeto sendo trazidos a valor presente, que é a primeira data do fluxo. A taxa para trazer todo o fluxo de caixa a valor presente é o custo de capital do projeto. Serão aprovados os projetos com VPL positivo, que indicam que as entradas de dinheiro superam as saídas. Serão rejeitados os projetos com VPL negativos, que indicam que as entradas de dinheiro são inferiores às saídas. O VPL presume que os fluxos de caixa intermediários são contratados ou reinvestidos ao custo do capital. A linguagem do Payback é o numero de períodos, geralmente anos, necessários para recuperar o investimento (ou capital empregado). Para determinar o Payback, todo o fluxo de caixa deverá estar calculado a valor presente, como se fossemos calcular o VPL. Aprovaremos todos os projetos em que o Payback for inferior ao ciclo de vida do novo investimento (período de estimativa do fluxo de caixa). O inverso também é verdadeiro. Importante: Todos os indicadores apontarão sempre na mesma direção. Quando a TIR for superior ao custo do capital, o VPL UP-TO-DATE - Nº 377 AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE 8

também será positivo e o Payback será inferior ao ciclo de vida do investimento. O inverso também é verdadeiro. Recomendamos que sempre sejam calculados estes 4 indicadores. Tem usuários que preferem a TIR, outros o VPL e outros o Payback. Desta maneira, todos os gostos serão atendidos. Para cálculo da TIR (não MTIR) e do VPL poderão ser elaborados fluxos de caixa combinado intervalor mensais, trimestrais e anuais. Para tanto, podemos utilizar os recursos do Excel denominados e XTIR e XVPL. Se os intervalos de período forem uniformes, utilizaremos os recursos chamados de TIR e VPL. A MTIR também poderá ser calculado diretamente no Excel, todavia os intervalos de período deverão ser iguais. O cálculo do Payback deverá ser construído na planilha. Não existe função específica no Excel. Etapa 7 Acompanhamento do investimento Devemos acompanhar o fluxo de caixa do projeto aprovado, desde a sua fazer de investimento até, pelos menos, os primeiros anos de benefício do novo investimento. Estamos querendo dizer o seguinte: comparar o orçado com o realizado. A importância do cumprimento desta etapa é diretamente proporcional ao tamanho do investimento realizado. Este acompanhamento, também chamado de pós-auditoria, tem 3 finalidades: o Apurar o grandes desvios, para mais ou para menos. o Analisar estes desvios e analisar seus motivos. Este esforço ajudará a melhorar a estimativa do fluxo de caixa dos novos investimentos. Nesta etapa, procuraremos distinguir as razões que formam provocadas por uma falha de planejamento que poderia ter sido evitada, das razões provocadas pela influência das variáveis que ficaram fora do controle da empresa. o Encontrar uma maneira, se possível, de corrigir os rumos projeto notadamente na apuração dos desvios desfavoráveis (investindo mais do que se esperava e ganhando menos do que se imaginava). UP-TO-DATE - Nº 377 AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE 9