A PRODUÇÃO ARQUITETÓNICA E URBANÍSTICA DE PROMOÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE DURANTE O ESTADO NOVO PORTUGUÊS: ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL ( /5)

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Transcrição:

Página 1 de 11 A PRODUÇÃO ARQUITETÓNICA E URBANÍSTICA DE PROMOÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE DURANTE O ESTADO NOVO PORTUGUÊS: ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL (1933-1974/5) PEDRO MIGUEL SERRA GODINHO Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa pedrogodin@gmail.com Resumo O estudo da arquitetura e urbanismo de origem portuguesa produzidos ao longo do século XX no antigo espaço ultramarino português, particularmente os de promoção pública estatal, deverá ser contextualizado no âmbito das estruturas administrativas que os promoveram e regulamentaram. A política colonialista do Estado Novo, iniciada a partir da década de 1930, definiu um modelo organizativo padrão aplicável a todo o «império colonial português», de complexidade variável de território para território, onde seriam tratados todos os ramos de administração pública. Enquanto colónia de governo-geral Moçambique beneficia, para o setor das obras públicas, onde naturalmente se insere, pela sua natureza, a produção arquitetónica e urbanística, da criação na sua estrutura organizativa de uma Repartição Técnica dos Serviços de Obras Públicas. Esta Repartição evolui, no início da década seguinte, para Direção dos Serviços de Obras Públicas, tornando-se estruturalmente mais complexa. Na sua estrutura é criada a Repartição de Edifícios e Monumentos, constituída como a sua 1.ª Repartição, centralizando os assuntos relativos ao estudo, construção, conservação e cadastro de edifícios e monumentos, e melhoramentos urbanos. Através de uma extensa teia de serviços composta por direções provinciais e secções distritais de obras públicas cobrindo todo o território da colónia, a Direção dos Serviços de Obras Públicas, através da sua Repartição de Edifícios e Monumentos vai controlar toda a produção arquitetónica e urbanística de promoção pública na colónia. Esta repartição é posteriormente reorganizada e doravante designada Repartição de Edifícios e Urbanização, beneficiando, inclusive, da criação, já na década de 1950, de uma Secção de Urbanização, que embora na sua dependência administrativa, vai depender, do ponto de vista técnico, do Gabinete de Urbanização Colonial. A década seguinte é marcada por uma especialização cada vez maior dos serviços no âmbito da administração ultramarina. É reorganizada a estrutura orgânica da agora designada Direção Provincial dos Serviços de Obras Públicas e Transportes, na qual os assuntos relativos a arquitetura e urbanismo são definitivamente separados com a criação de repartições distintas para ambos os domínios: a Repartição de Edifícios e Monumentos (2.ª Repartição) e a Repartição de Urbanismo (3.ª Repartição). Apesar de uma nova reorganização de serviços no início da década de 1970, esta será a última estrutura conhecida dos organismos que tutelaram os assuntos relativos a arquitetura e urbanismo em Moçambique, até à cessação das estruturas administrativas portuguesas por via da independência do território em 1974/75. Palavras-chave: Moçambique, arquitetura colonial, urbanismo colonial, História institucional e administrativa * A presente comunicação pretende enquadrar, do ponto de vista institucional, a produção arquitetónica e urbanística de promoção pública em Moçambique, constituindo um contributo para o conhecimento aprofundado das estruturas administrativas que durante o período do Estado Novo regeram o setor das obras públicas, e em particular os domínios da arquitetura e urbanismo, no antigo espaço ultramarino português 1. 1 Para o caso de Moçambique este estudo encontra-se realizado sob a forma de sinopse. Cf. GODINHO, Pedro, Quadro sinóptico evolutivo dos serviços provinciais de obras públicas de Moçambique nos domínios de arquitetura e

Página 2 de 11 A política colonialista do Estado Novo, iniciada a partir da década de 1930, e materializada na promulgação do Ato Colonial 2, da Carta Orgânica do Império Colonial Português 3 e da Reforma Administrativa Ultramarina 4, definiu um modelo organizativo padrão aplicável a todo o «império colonial português», de complexidade variável de território para território, onde seriam tratados todos os ramos de administração pública. Enquanto colónia de governo-geral Moçambique beneficia, para o setor das obras públicas, onde naturalmente se insere, pela sua natureza, a produção arquitetónica e urbanística, da criação na sua estrutura organizativa de uma Repartição Técnica dos Serviços de Obras Públicas, organizada de acordo com o Regulamento Geral das Direções e Inspeções de Obras Públicas das Colónias 5, com atribuições genéricas no estudo, construção e conservação de edifícios e monumentos, e melhoramentos urbanos. Simultaneamente é reorganizada a própria divisão administrativa da colónia 6 e ao longo do resto da década de 1930 são os serviços da Repartição Técnica reestruturados no sentido de se adaptarem o mais possível a esta nova divisão administrativa 7 e de darem resposta aos problemas colocados pelas políticas de fomento delineadas para os territórios ultramarinos em geral, e para Moçambique em particular. Esta reestruturação culmina, no início da década seguinte, na criação da Direção dos Serviços de Obras Públicas 8, organizada em serviços centrais, serviços provinciais e organismos anexos. Nos serviços centrais é criada a Repartição de Edifícios e Monumentos, funcionando como a 1.ª Repartição, onde são centralizados, na sua generalidade, os assuntos relativos ao estudo, construção, conservação e cadastro de edifícios e monumentos públicos, e estudos de urbanização, incluindo abastecimento de águas e saneamento 9. Os serviços provinciais 10, constituídos por urbanismo, 1933-1974/5. In: Tratamento Arquivístico de Documentação da Direção-Geral de Obras Públicas do extinto Ministério do Ultramar, 2011. 2 Cf. DECRETO N.º 18 570. Diário do Governo. I Série. 156 (1930-07-08) 1891-1915. Aprova o Ato Colonial, em substituição do título V da Constituição Política da República Portuguesa. 3 Cf. DECRETO-LEI N.º 23 228. Diário do Governo. I Série. 261 (1933-11-15) 1891-1915. Promulga a Carta Orgânica do Império Colonial Português. 4 Cf. DECRETO-LEI N.º 23 229. Diário do Governo. I Série. 261 (1933-11-15) 1915-1995. Aprova a Reforma Administrativa Ultramarina. 5 Cf. DECRETO DE 11 DE NOVEMBRO DE 1911. Diário do Governo. 274 (1911-11-23) 4603-4610. Aprova o regulamento geral das direções e inspeções de obras públicas das colónias. 6 Cf. DECRETO N.º 24 621. Diário do Governo. I Série. 256 (1934-10-31) 1942-1943. Estabelece a divisão administrativa da colónia de Moçambique e o quadro dos respetivos funcionários. 7 Cf. PORTARIA N.º 2 381. Boletim Oficial da Colónia de Moçambique. I Série. 51 (1934-12-19) 699. Providencia no sentido de os diversos serviços se adaptarem o mais possível à nova divisão administrativa da colónia, enquanto esses serviços não forem definitivamente reorganizados, nos termos do art.º 11.º da Reforma Administrativa Ultramarina. 8 Cf. DECRETO N.º 30 917. Diário do Governo. I Série. 274 (1940-11-25) 1364. Determina que a superintendência nas obras públicas da colónia de Moçambique fique pertencendo a uma direção de serviços, que atua por intermédio de duas repartições Amplia o quadro do pessoal dos mesmos serviços Revoga o decreto n.º 30 699. 9 Atribuições definidas pela Portaria n.º 4 301 de 1941. Cf. PORTARIA N.º 4 301. Boletim Oficial da Colónia de Moçambique. I Série. 8 (1941-02-19) 36-37. Regulamenta a execução do Decreto n.º 30 917, de 25 de novembro de 1940, que determina que a superintendência nas Obras Públicas da Colónia de Moçambique fique pertencendo a uma direção de serviços, que atua por intermédio de duas repartições.

Página 3 de 11 direções provinciais e secções distritais, vão executar localmente, entre outras, as competências atribuídas à Repartição de Edifícios e Monumentos: Direção Provincial de Obras Públicas do Sul do Save Sede em Lourenço Marques, abrangendo os distritos de Lourenço Marques e Inhambane, e composta pelas seguintes secções: Secção de Obras Públicas de Lourenço Marques Sede em Lourenço Marques Secção de Obras Públicas de Vila João Belo Sede em Vila João Belo Secção de Obras Públicas de Inhambane Sede em Inhambane Direção Provincial de Obras Públicas da Zambézia Sede em Quelimane, abrangendo os distritos de Quelimane e Tete, e composta pelas seguintes secções: Secção de Obras Públicas de Quelimane Sede em Quelimane Secção de Obras Públicas de Tete Sede em Tete Direção Provincial de Obras Públicas do Niassa Sede em Nampula, abrangendo os distritos de Moçambique e Porto Amélia, e composta pelas seguintes secções: Secção de Obras Públicas de Moçambique Sede em Nampula Secção de Obras Públicas de Porto Amélia Sede em Porto Amélia Através desta extensa teia de serviços centrais, provinciais e distritais de obras públicas cobrindo todo o território, a Repartição de Edifícios e Monumentos vai controlar toda a produção arquitetónica e urbanística de promoção pública na colónia. Junto da Direção dos Serviços de Obras Públicas funciona ainda, com caráter consultivo, o Conselho Técnico de Obras Públicas 11, podendo funcionar em secções especializadas, 10 Organizados de acordo com os já referidos Decreto n.º 24 621 e Portaria n.º 2 381, ambas de 1934, e ainda a Portaria n.º 4 301 de 1941. De acordo com este último diploma, aos serviços centrais de obras públicas pertencem especialmente os trabalhos de estudo, fiscalização e coordenação, cabendo aos serviços provinciais a sua execução. 11 Cf. Portaria n.º 4 301 de 1941.

Página 4 de 11 com a competência de informar sobre os assuntos da sua especialidade, incluindo naturalmente os domínios de arquitetura e urbanismo 12. Fruto da reintegração, na administração direta do Estado, do território de Manica e Sofala, que se encontrava sob administração da Companhia de Moçambique desde 1891, e da alteração da divisão administrativa da colónia daí decorrente 13, bem como a necessidade de alargar os quadros dos serviços públicos da colónia 14, particularmente os de obras públicas, é reorganizada em 1945 a estrutura da Direção dos Serviços de Obras Públicas, particularmente a nível dos seus serviços provinciais 15, mantendo, no seu todo, as competências anteriormente atribuídas 16 : Direção Provincial de Obras Públicas do Sul do Save Sede em Lourenço Marques, abrangendo os distritos de Lourenço Marques e Inhambane, e composta pelas seguintes secções: Secção de Obras Públicas de Lourenço Marques Sede em Lourenço Marques Secção de Obras Públicas de Vila João Belo Sede em Vila João Belo Secção de Obras Públicas de Inhambane Sede em Inhambane Direção Provincial de Obras Públicas de Manica e Sofala Sede na Beira, abrangendo os distritos da Beira e Tete, e composta pelas seguintes secções: Secção de Obras Públicas da Beira Sede na Beira Secção de Obras Públicas de Tete Sede em Tete Direção Provincial de Obras Públicas da Zambézia Sede em Quelimane, abrangendo o distrito de Quelimane, e composta pela seguinte secção: 12 A organização e funcionamento do Conselho Técnico de Obras Públicas estão consagrados no Regulamento Geral das Direções e Inspeções de Obras Públicas de 1911. 13 Cf. DECRETO-LEI N.º 31896. Diário do Governo. I Série. 47 (1942-02-27) 193-196. Insere várias disposições atinentes à passagem para a administração direta do Estado do território de Manica e Sofala, que, por delegação do mesmo Estado, tem sido administrado pela Companhia de Moçambique. 14 Cf. PORTARIA N.º 19. Boletim Oficial da Colónia de Moçambique. I Série. 39 Supl. (1942-10-07) 311-314. Alarga, a partir de 1 de janeiro de 1943, os quadros dos Serviços Públicos da Colónia, por motivo da reintegração, na administração direta do Estado, do território de Manica e Sofala. 15 Organizados de acordo com o Decreto-Lei n.º 31896 de 1942 e a Portaria n.º 6216 de 1945. 16 Cf. PORTARIA N.º 6 216. Boletim Oficial da Colónia de Moçambique. I Série. 49. (1945-12-08) 846-847. Dá nova organização aos Serviços de Obras Públicas.

Página 5 de 11 Secção de Obras Públicas de Quelimane Sede em Quelimane Direção Provincial de Obras Públicas do Niassa Sede em Nampula, abrangendo os distritos de Nampula e Porto Amélia, e composta pelas seguintes secções: Secção de Obras Públicas de Nampula Sede em Nampula Secção de Obras Públicas de Vila Cabral Sede em Vila Cabral Secção de Obras Públicas de Porto Amélia Sede em Porto Amélia A criação do lugar de Secretário-Geral da colónia 17 e a reorganização administrativa da mesma em 1946 18, conduz a uma nova reestruturação dos vários ramos de serviço público da colónia, incluindo os de obras públicas 19. Na Direção dos Serviços de Obras Públicas, designada Direção Provincial dos Serviços de Obras Públicas e Transportes a partir de meados da década de 1950 20, é reformulada, embora mantendo as mesmas atribuições e competências, a 1.ª Repartição, agora designada Repartição de Edifícios e Urbanização. Nesta Repartição é criada, já nos inícios da década de 1950, uma Secção de Urbanização 21, que embora na sua dependência administrativa, fica sob dependência e orientação técnicas do Gabinete de Urbanização do Ultramar 22. São reformulados os serviços provinciais 23, que passam a ter a seguinte constituição: Direção Provincial de Obras Públicas do Sul do Save 17 Cf. LEI N.º 2 016. Diário do Governo. I Série. 117 (1946-05-29) 437-443. Introduz alterações na Carta Orgânica do Império Colonial Português. 18 Cf. DECRETO N.º 35 733. Diário do Governo. I Série. 147 (1946-07-04) 617-618. Estabelece a divisão administrativa das colónias de Angola e Moçambique. 19 Cf. PORTARIA N.º 6 918. Boletim Oficial da Colónia de Moçambique. I Série. 21 - Supl. (1947-05-27) 204-205. Dá nova organização aos Serviços de Obras Públicas, de acordo com a divisão administrativa estabelecida pelo Decreto n.º 35 733, de 4 de julho de 1946. 20 Cf. DECRETO N.º 40 226. Diário do Governo. I Série. 147 (1955-07-05) 546-552. Promulga o Estatuto da Província de Moçambique. 21 Cf. DECRETO N.º 38 980. Diário do Governo. I Série. 251 (1952-11-08) 1121-1127. Insere disposições de caráter legislativo aplicáveis a várias províncias ultramarinas. 22 Organismo criado em finais de 1944 na estrutura orgânica do Ministério das Colónias, com atribuições no estudo dos problemas de urbanização dos aglomerados populacionais coloniais. Cf. DECRETO N.º 34 173. Diário do Governo. I Série. 269 Supl. (1944-12-06) 1167-1168. Cria, com sede em Lisboa, o Gabinete de Urbanização Colonial, organismo comum a todas as colónias de África, e define as suas atribuições. 23 Organizados de acordo com o Decreto n.º 35 733 de 1946 e a Portaria n.º 6 918 de 1947.

Página 6 de 11 Sede em Inhambane, abrangendo os distritos 24 de Gaza e Inhambane, e composta pelas seguintes secções: Secção de Obras Públicas de Gaza Sede em Vila João Belo Secção de Obras Públicas de Inhambane Sede em Inhambane Direção Provincial de Obras Públicas de Manica e Sofala Sede na Beira, abrangendo os distritos da Beira e Tete, e composta pelas seguintes secções: Secção de Obras Públicas da Beira Sede na Beira Secção de Obras Públicas de Tete Sede em Tete Direção Provincial de Obras Públicas da Zambézia Sede em Quelimane, abrangendo o distrito de Quelimane, e composta pela seguinte secção: Secção de Obras Públicas de Quelimane Sede em Quelimane Direção Provincial de Obras Públicas do Niassa Sede em Nampula, abrangendo os distritos de Nampula e Porto Amélia, e composta pelas seguintes secções: Secção de Obras Públicas de Nampula Sede em Nampula Secção de Obras Públicas de Lago Sede em Vila Cabral Secção de Obras Públicas de Cabo Delgado Sede em Porto Amélia Esta vai ser a estrutura orgânica da Direção dos Serviços de Obras Públicas de Moçambique, pelo menos até meados da década de 1960, embora o seu quadro de competências se altere significativamente, particularmente no que diz respeite à 1.ª Repartição - Edifícios e Urbanização, fruto da sua articulação com outras entidades: 24 Embora do ponto de vista geográfico o Distrito de Lourenço Marques se integre na Província do Sul do Save, a sua administração e gestão pertence ao Secretário-Geral da colónia, na dependência direta do Governo-Geral, sendo, neste sentido, todos os ramos de serviço público tratados pela Direção dos Serviços de Administração Civil ( 1.º do art.º 4.º do Decreto n.º 35 733 de 1946).

Página 7 de 11 Em articulação com o Fundo para a Construção de Casas 25, a apreciação e/ou elaboração de projetos e orçamentos de edifícios para habitação e instalação de serviços públicos, incluindo a escolha e aquisição de terrenos, e a sua compatibilidade com os planos de urbanização vigentes; Em articulação com as autarquias locais, dar assistência e parecer na apreciação de anteprojetos, propostas e adjudicação de empreitadas de construção de casas renda económica 26 lançadas por entidades, ou substituir-se a estas na apreciação dos projetos, fiscalização de obras e vistorias, quando as mesmas não tenham serviços técnicos próprios para o efeito; Em articulação com o Fundo para a Construção de Casas destinadas à População Indígena 27, a apreciação de projetos e orçamentos de casas, incluindo edifícios ou instalações de uso coletivo, a escolha e aquisição de terrenos, e a sua compatibilidade com os planos de urbanização vigentes. Posteriormente, e de acordo com as Normas para Construções Prisionais no Ultramar 28, é cometida à 1.ª Repartição a programação e elaboração dos projetos de estabelecimentos prisionais a construir no território 29. Ainda de acordo com o Regulamento Geral das Edificações Urbanas 30, pode o Governador-Geral 25 Organismo destinado à construção de edifícios para habitação e instalação de serviços públicos, em cuja Comissão Administrativa, presidida pelo Governador-Geral, é vogal o Diretor dos Serviços de Obras Públicas. Criado pelo Diploma Legislativo n.º 1 131 de 1948 e regulamentado sucessivamente pela Portaria n.º 7765 de 1949, Diploma Legislativo n.º 1 391 de 1953 e Portaria n.º 10 294 de 1954. Cf. DIPLOMA LEGISLATIVO N.º 1 131. Boletim Oficial da Colónia de Moçambique. I Série. 52. (1948-12-31) 1035-1036. Cria o «Fundo para a construção de casas», a fim de atender o problema da crise da habitação. Cf. PORTARIA N.º 7 765. Boletim Oficial da Colónia de Moçambique. I Série. 11. (1949-03-12) 203-208. Aprova o Regulamento do «Fundo para a construção de casas». Cf. DIPLOMA LEGISLATIVO N.º 1 391. Boletim Oficial da Colónia de Moçambique. I Série. 50. (1953-12-12) 710-711. Regulamenta a aplicação do Fundo para a Construção de Casas, criado pelo Diploma Legislativo n.º 1 131, de 31 de dezembro de 1948. Cf. PORTARIA N.º 10 294. Boletim Oficial de Moçambique. I Série. 7. (1954-02-13) 79-85. Aprova o Regulamento do Fundo para Construção de Casas Revoga o regulamento aprovado pela Portaria n.º 7 765, de 12 de março de 1949. 26 Em execução da Portaria n.º 8 185 de 1950, e da Portaria n.º 13 513 de 1951, que manda vigorar em Moçambique, com as adaptações necessárias, a Lei n.º 2 007 de 1945 relativa à construção de casas de renda económica. Cf. PORTARIA N.º 8 185. Boletim Oficial de Moçambique. I Série. 2. (1950-01-14) 9. Estabelece normas para parcelamento de terrenos e abertura de ruas destinados à construção de casas económicas na colónia. Cf. PORTARIA N.º 13 513. Diário do Governo. I Série. 80 (1951-04-24) 291-292. Manda publicar nas colónias de Angola e Moçambique, para nas mesmas vigorar com as disposições contidas na presente portaria, a Lei n.º 2 007 (construção de casas de renda económica). Cf. LEI N.º 2 007. Diário do Governo. I Série. 98 (1945-05-07) 355-357. Estabelece as bases a que deve obedecer a construção de casas de renda económica. 27 Organismo destinado à construção de casas destinadas à população indígena, incluindo os edifícios ou instalações de uso coletivo, em cuja Comissão Central, presidida pelo Governador-Geral, é vogal o Diretor dos Serviços de Obras Pùblicas. Organismo criado pelo Diploma Legislativo n.º 1 868 de 1959, e regulamentado pela Portaria n.º 13 260 do mesmo ano. Cf. DIPLOMA LEGISLATIVO N.º 1 868. Boletim Oficial de Moçambique. I Série. 26. (1959-06-27) 595-596. Dá nova redação ao 1.º do art.º 46.º do Regulamento dos Serviços Indígenas Insere várias disposições relativas ao Fundo para a Construção de Casas destinadas à População Indígena. Cf. PORTARIA N.º 13 260. Boletim Oficial de Moçambique. I Série. 31. (1959-08-01) 777-786. Aprova o Regulamento do Fundo para a Construção de Casas destinadas à População Indígena. 28 Aprovadas pela Portaria n.º 17 710 de 1960. Cf. PORTARIA N.º 17 710. Diário do Governo. I Série. 104 (1960-05-04) 1043-1052. Aprova as Normas para as Construções Prisionais no Ultramar. 29 De acordo com a Portaria n.º 17 710 de 1960, a programação e elaboração dos projetos de estabelecimentos prisionais são sempre submetidos a aprovação do Ministro do Ultramar, com o parecer prévio da Direção-Geral de

Página 8 de 11 solicitar à mesma Repartição, o parecer sobre projetos de construção, modificação, ampliação, consolidação, alteração, conservação e demolição de edifícios, de natureza pública ou privada, e o estabelecimento de zonas de proteção. À recém-criada Secção de Urbanização, enquanto organismo dependente do ponto de vista técnico do Gabinete de Urbanização do Ultramar, vai competir especificamente o estudo dos problemas de urbanização e a elaboração de planos de expansão dos aglomerados populacionais da província, em execução da legislação promulgada nesse sentido 31, nomeadamente através da realização de levantamentos topográficos e de planos de urbanização, e a imposição dos respetivos regulamentos. Assistimos deste modo a uma especialização cada vez maior dos serviços, fomentada ainda com a promulgação em 1964 do Diploma Orgânico dos Serviços Provinciais de Obras Públicas e Transportes do Ultramar 32. Neste sentido, é reorganizada a estrutura orgânica da Direção Provincial dos Serviços de Obras Públicas e Transportes 33, na qual os assuntos relativos a arquitetura e urbanismo, fruto da especialização crescente dos serviços, são definitivamente separados com a criação de repartições distintas para ambos os domínios. São, neste contexto, criadas a Repartição de Edifícios e Monumentos (2.ª Repartição) e a Repartição de Urbanismo (3.ª Repartição), estruturadas em divisões e secções técnicas altamente especializadas: 2.ª Repartição Edifícios e Monumentos Divisão de Estudos Secção de Estudos e Fiscalização Secção de Construções Escolares Secção de Construções Hospitalares Divisão de Obras Obras Públicas e Comunicações, via Direção dos Serviços de Urbanismo e Habitação. O Diploma Legislativo n.º 2 534 de 1964, em execução da referida Portaria n.º 17 710, estrutura o plano de estabelecimentos prisionais a construir em Moçambique. Cf. DIPLOMA LEGISLATIVO N.º 2 534. Boletim Oficial de Moçambique. I Série. 46. (1964-11-14) 1363-1364. Estrutura o plano de estabelecimentos prisionais que devem ser construídos e funcionar na província. 30 Aprovado pelo Diploma Legislativo n.º 1 976 de 1960. Cf. DIPLOMA LEGISLATIVO N.º 1 976. Boletim Oficial de Moçambique. I Série. 19 Supl. (1960-05-10) 497-511. Aprova o Regulamento Geral das Edificações Urbanas. 31 Mais concretamente o Decreto n.º 40 742 de 1956 e a Portaria n.º 12 037 de 1957, ambos no sentido da imposição de planeamento urbanístico em aglomerados populacionais da província. Cf. DECRETO N.º 40 742. Diário do Governo. I Série. 180 (1956-08-25) 1327-1328. Sujeita à disciplina urbanística estabelecida pelo presente diploma as capitais das províncias ultramarinas e outras sedes de concelho ou povoações cuja situação ou importância o justifique, incluindo em qualquer dos casos as zonas suburbanas ou destinadas à sua natural expansão. Cf. PORTARIA N.º 12 037. Boletim Oficial de Moçambique. I Série. 28. (1957-07-13) 612-613. Designa as povoações cujas zonas urbanas, suburbanas e de expansão ficam sujeitas à disciplina urbanística definida nesta portaria. 32 Promulgado pelo Decreto n.º 45 575 de 1964, em substituição do Regulamento Geral das Direções e Inspeções de Obras Públicas das Colónias que vigorava desde 1911. Cf. DECRETO N.º 45 575. Diário do Governo. I Série. 48 (1964-02- 26) 332-353. Promulga o diploma orgânico dos serviços provinciais de obras públicas e transportes do ultramar. 33 Cf. PORTARIA N.º 20 628. Boletim Oficial de Moçambique. I Série. 45. (1967-11-11) 1409-1427. Promulga o Regulamento da Direção Provincial dos Serviços de Obras Públicas e Transportes.

Página 9 de 11 Secção de Construção Secção de Conservação 3.ª Repartição Urbanismo Divisão de Inquérito e Planificação Divisão de Engenharia Sanitária Secção de Estudos Secção de Obras São igualmente reformulados os serviços regionais 34, que passam a ter a seguinte estrutura: Direção Regional de Obras Públicas e Transportes de Moçambique Sede em Nampula, abrangendo os distritos de Moçambique, Cabo Delgado e Niassa, e composta pelas seguintes repartições distritais: Repartição Distrital de Obras Públicas e Transportes de Cabo Delgado Sede em Porto Amélia Repartição Distrital de Obras Públicas e Transportes do Niassa Sede em Vila Cabral Direção Regional de Obras Públicas e Transportes da Zambézia Sede em Quelimane, abrangendo o distrito da Zambézia Direção Regional de Obras Públicas e Transportes de Manica e Sofala Sede na Beira, abrangendo os distritos de Manica e Sofala e Tete, e composta pela seguinte repartição distrital: Repartição Distrital de Obras Públicas e Transportes de Tete Sede em Tete Direção Regional de Obras Públicas e Transportes de Inhambane Sede em Inhambane, abrangendo os distritos de Inhambane e Gaza, e composta pela seguinte repartição distrital: Repartição Distrital de Obras Públicas e Transportes de Gaza Sede em Vila João Belo 34 Organizados de acordo com o Decreto n.º 45 375 de 1963 [DECRETO N.º 45 375. Diário do Governo. I Série. 274 (1963-11-22) 1792-1801. Promulga o Estatuto Político-Administrativo da Província de Moçambique], Decreto n.º 45 575 de 1964 e a Portaria n.º 20 628 de 1967. De acordo com o art.º 30.º do Decreto n.º 45 575, as direções regionais de obras públicas de Moçambique funcionam nas sedes dos governos de distrito, prevendo-se que em direções regionais que abranjam mais de um distrito, houvesse em cada um deles uma repartição distrital. De acordo com a Portaria n.º 20 628, no Distrito de Lourenço Marques as atribuições dos serviços regionais competem às repartições centrais da Direção dos Serviços de Obras Públicas e Transportes.

Página 10 de 11 Em todas as Direções Regionais de Obras Públicas e Transportes é constituída uma Divisão Técnica, composta por uma Secção de Edifícios e uma Secção de Urbanismo. Por seu turno, a estrutura orgânica das repartições distritais vai compreender uma Secção Técnica, onde são tratados localmente os assuntos relativos a arquitetura e urbanismo. Junto da Direção Provincial dos Serviços de Obras Públicas e Transportes permanece, com caráter consultivo, o Conselho Técnico de Obras Públicas 35, com a competência de informar sobre os assuntos relativos a urbanismo e edifícios, através da sua 1.ª Secção - Urbanismo e Edifícios, emitindo o seu parecer quando solicitado. São ainda criados novos organismos de consulta e orientação, destinados a coadjuvar a Direção Provincial dos Serviços de Obras Públicas e Transportes na resolução dos problemas relativos aos domínios de arquitetura e urbanismos, particularmente a Comissão de Monumentos Nacionais 36 e a Comissão Provincial de Urbanização 37, ambas presididas pelo Diretor dos Serviços de Obras Públicas e Transportes, e tendo como vogais, para além de outras personalidades em representação dos vários ramos de serviço público da província, os Chefes das Repartições de Edifícios e Monumentos e de Urbanismo. Apesar de uma nova reorganização de serviços legislada no início da década de 1970 38, cuja aplicação em vésperas da independência do território não terá tido execução efetiva, esta foi certamente a última estrutura conhecida dos organismos que tutelaram os assuntos relativos a arquitetura e urbanismo em Moçambique, até à cessação das estruturas administrativas portuguesas por via da independência do território em 1974/75. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: GODINHO, Pedro. 2011. Tratamento arquivístico de documentação da Direção-Geral de Obras Públicas e Comunicações do extinto Ministério do Ultramar. [Em linha]. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2011. 100 [51] p. Dissertação para mestrado em Ciências da Documentação 35 Cf. Decreto n.º 45 575 de 1964. O Regimento Interno do Conselho Técnico de Obras Públicas, aprovado pela Portaria n.º 18 472 de 1965, define as subsecções em que funciona a 1.ª Secção - Urbanismo e Edifícios: 1 - Urbanismo e Planeamento Regional; 2 - Edifícios, Estruturas e Fundações; 3 - Engenharia Sanitária; 4 - Instalações Sanitárias e de Fomento. Cf. PORTARIA N.º 18 472. Boletim Oficial de Moçambique. I Série. 12. (1965-03-20) 376-379. Aprova o Regimento Interno do Conselho Técnico de Obras Públicas. 36 A Comissão de Monumentos Nacionais veio substituir a extinta Comissão de Monumentos e Relíquias Históricas criada em 1943, passando a funcionar, de acordo com o Decreto n.º 45 575 de 1964, junto da Repartição de Edifícios e Monumentos, assumindo-se como um organismo de caráter consultivo e orientador do restauro e conservação dos monumentos da província. 37 De acordo com o Decreto n.º 45 575 de 1964, a Comissão Provincial de Urbanização é um órgão de caráter consultivo e orientador dos problemas de urbanização, funcionando junto da Repartição de Urbanismo. O seu regimento interno foi aprovado pela Portaria n.º 20 668 de 1967. Cf. PORTARIA N.º 20 668. Boletim Oficial de Moçambique. I Série. 47. (1967-11-25) 1454-1455. Aprova o Regimento Interno da Comissão Provincial de Urbanização. 38 Por via do Decreto n.º 470/72, é promulgado um novo diploma orgânico dos serviços de obras públicas e transportes do ultramar, a entrar em vigor a 1 de janeiro de 1973. Cf. DECRETO N.º 470/72. Diário do Governo. I Série. 273 (1972-11-23) 1718-1730. Aprova o diploma orgânico dos serviços de obras públicas e transportes do ultramar.

Página 11 de 11 e da Informação, variante de Arquivística. [Consult. em 18 Jan. 2013]. Disponível em: <http://repositorio.ul.pt/handle/10451/6978>. PORTUGAL. 1957. Governo-Geral da Província de Moçambique Índice alfabético da principal legislação publicada no «Boletim Oficial» de Moçambique desde 1921 a 1945. Lourenço Marques: Imprensa Nacional de Moçambique, 1957. 3 Vol. PORTUGAL. 1955. Governo-Geral da Província de Moçambique Resumo sinóptico de legislação da província de Moçambique publicada no «Boletim Oficial» nos últimos cinquenta e cinco anos: 1900 a 1954. Lourenço Marques: Imprensa Nacional, 1955. 616 p. PORTUGAL. 1956. Ministério do Ultramar Cinco anos do Ministério do Ultramar. Lisboa: Agência Geral do Ultramar, 1956. 184 p. PORTUGAL. 1955. Presidência do Conselho 25 Anos de Administração Pública: Ministério do Ultramar. Lisboa: Imprensa Nacional, 1955. 358 p.