Relatório sobre «O papel das pequenas e médias. empresas no Mediterrâneo»



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Transcrição:

3.ª reunião plenária Bari, 30 de janeiro de 2012 Relatório sobre «O papel das pequenas e médias empresas no Mediterrâneo» O presente relatório foi elaborado pelo relator, Fathallah Oualalou, presidente da câmara de Rabat (Marrocos). Foi examinado pelos membros da Comissão de Assuntos Económicos, Sociais e Territoriais (ECOTER), em 8 de julho de 2011, e adotado na terceira reunião plenária da ARLEM, em Bari, Itália, a 30 de janeiro de 2012. CdR 378/2011 rev.1 PT

- 1 - Papel e importância do desenvolvimento das PME na bacia do Mediterrâneo As pequenas e médias empresas (PME) desempenham um papel económico e social muito importante, quer pela sua importância para o tecido económico, quer pela criação de emprego. Este papel é extremamente apreciado em períodos de crise e de agravamento do desemprego como o que atravessamos. No Mediterrâneo em particular, o desenvolvimento das PME pode contribuir para enfrentar os inúmeros desafios que se prendem com o desenvolvimento económico, as desigualdades, uma taxa de desemprego muito elevada, a evolução demográfica e a necessidade de uma mudança estrutural. Em particular, o desenvolvimento das PME proporciona várias possibilidades de emprego, o que pode contribuir para reduzir a taxa de desemprego e para fazer face aos desafios demográficos de populações em pleno crescimento. Por outro lado, o desenvolvimento do setor das PME pode reforçar a concorrência e a produtividade, estimulando, por conseguinte, o crescimento do rendimento global e do rendimento per capita. Este desenvolvimento estimulará igualmente a transformação estrutural, já que a inovação e a elevação do nível tecnológico estão associadas a um setor das PME saudável. Este processo contribui, por seu turno, para o desenvolvimento regional e local, bem como para a coesão social, na medida em que ajuda a reduzir as desigualdades, pois o aumento do rendimento de uma camada maior da população levará a uma maior exigência de melhor governação. Todos estes desenvolvimentos positivos devem ajudar a criar melhores oportunidades, tanto ao nível económico como político, que permitirão transformar projeções demográficas desanimadoras, fonte potencial de agravamento da pobreza e da instabilidade, em força motriz de uma mudança positiva. Não é, portanto, exagerado, afirmar que as PME têm a possibilidade de agir enquanto principais vetores de desenvolvimento de toda a região mediterrânica 1. O desenvolvimento do setor das PME revela-se, assim, de importância capital para o sul do Mediterrâneo, sobretudo porque a profunda agitação social sentida nestes países deve-se, em grande medida, a um crescimento económico demasiado desigual. O desenvolvimento sustentável da região requer a divulgação de uma cultura de promoção do investimento e dos territórios junto dos atores locais para uma melhor partilha do investimento, do emprego e da riqueza, face a uma concorrência que se tem vindo a intensificar. Atores e iniciativas fundamentais para o desenvolvimento das PME no Mediterrâneo Cientes do importante papel das PME para a região mediterrânica, vários atores estão empenhados em promover o seu desenvolvimento. No âmbito da parceria euro-mediterrânica e da política europeia de vizinhança, a União Europeia estabeleceu uma cooperação económica e financeira estreita com os parceiros do Mediterrâneo tendo por objetivo a criação de uma zona de comércio livre. 1 Nota sobre o papel das pequenas e médias empresas na bacia do Mediterrâneo preparada pelo Aston Centre for Europe a pedido dos membros da Comissão ECOTER da ARLEM.

- 2 - A cooperação industrial no âmbito da parceria euro-mediterrânica tem por objetivo estabelecer uma zona de prosperidade partilhada entre a União Europeia e os seus parceiros do Mediterrâneo. Os ministros da Indústria europeus e mediterrânicos reúnem-se de dois em dois anos para discutir os progressos realizados, decidir as prioridades futuras e adotar um programa de trabalho para os dois anos seguintes. Na Conferência dos Ministros da Indústria realizada em Caserta, em 2004, 2 foram adotadas várias iniciativas, designadamente a Carta Euro-mediterrânica para as Empresas 3, para estimular o desenvolvimento do setor privado e um ambiente propício ao investimento a fim de promover o desenvolvimento económico. Na primavera de 2011, em resposta aos eventos da «primavera Árabe», a Comissão Europeia propôs criar um «small business act» para o Mediterrâneo a fim de promover o empreendedorismo e dinamizar as economias. A União para o Mediterrâneo (UM) fez da Iniciativa Mediterrânica para o Desenvolvimento das Empresas uma das suas seis prioridades com o objetivo de promover as PME através da avaliação das necessidades dessas empresas, da definição de soluções políticas e da atribuição a essas entidades de recursos sob a forma de assistência técnica e de instrumentos financeiros 4. Trata-se de um marco importante, pois é a primeira vez que o apoio às PME é referido expressamente enquanto prioridade da cooperação euro-mediterrânica. Através da Facilidade Euro-Mediterrânica de Investimento e de Parceria (FEMIP) e em harmonia com a política europeia de vizinhança, o Banco Europeu de Investimento (BEI) procura ajudar os países mediterrânicos parceiros a fazer face aos desafios da modernização económica e social e da integração regional mediante o financiamento de projetos do setor privado, independentemente de se tratar de iniciativas locais ou de investimento direto estrangeiro (IDE). Para o efeito, a FEMIP propõe, muitas vezes às PME, empréstimos, participações privadas e assistência técnica. Apoia igualmente a aplicação de três das seis iniciativas prioritárias da UM 5. A Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (OCDE) opera num vasto número de países da margem sul do Mediterrâneo através da sua iniciativa sobre a governação e o investimento de apoio ao desenvolvimento do Médio Oriente e na África do Norte (MENA). A promoção das PME é um elemento central desta iniciativa. O papel da OCDE consiste em prestar assistência técnica aos governos da região. 2 3 4 5 http://ec.europa.eu/enterprise/policies/international/files/f1960quar_fr.pdf (disponível apenas em francês e inglês). http://ec.europa.eu/enterprise/policies/international/files/euromedcharterf1949_fr.pdf (disponível apenas em francês e inglês). http://www.eu2008.fr/webdav/site/pfue/shared/import/07/0713_declaration_de_paris/declatation_du_sommet_de_paris _pour_la_mediterranee-fr.pdf (em francês). http://www.eib.org/projects/regions/med/index.htm?lang=fr (disponível em francês, inglês e alemão).

- 3 - O Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) investe principalmente nas empresas do setor privado de vinte e nove países da Europa central até à Ásia central e dispõe de uma estratégia para as microempresas e as pequenas e médias empresas (MPME). Após os acontecimentos da primavera Árabe, o Conselho de Governadores do BERD decidiu alargar o seu âmbito de intervenção aos países do sul e do leste do Mediterrâneo. A Sociedade Financeira Internacional (SFI), membro do Grupo do Banco Mundial, promove um investimento sustentável do setor privado nos países em desenvolvimento. A SFI atua em todos os países do Mediterrâneo com uma carteira de compromissos de aproximadamente dois mil milhões de dólares americanos. Promove as empresas privadas, sobretudo PME, na região. 6 «Invest in Med» é um projeto financiado pela União Europeia que tem por objetivo encorajar o investimento europeu na zona mediterrânica. Visa essencialmente aumentar o investimento direto estrangeiro e os fluxos comerciais, desenvolver parcerias duradouras nas três margens do Mediterrâneo e aplicar um novo modelo de integração em rede económica e de cooperação entre os organismos públicos ou privados europeus e mediterrânicos. O desenvolvimento das PME constitui um elemento importante do programa «Invest in Med» 7. Desafios do desenvolvimento das PME no Mediterrâneo Não obstante o seu importante papel, o setor das PME está geralmente subdesenvolvido no sul e no leste do Mediterrâneo. Embora a situação divirja de país para país, é possível distinguir vários obstáculos comuns ao desenvolvimento das PME. Em muitos países da região, a estrutura da economia está fortemente orientada para as empresas de grande dimensão, sejam elas grandes empresas do Estado e da administração estatal, sejam elas grandes empresas privadas dos setores energético, petroquímico, mineiro, agroalimentar, imobiliário ou turístico. As PME têm tendência a fornecer as áreas de baixa e média tecnologia da economia e a sua produtividade é, regra geral, fraca. Em inúmeros setores industriais, as possibilidades de as PME entrarem nos mercados são, aliás, frequentemente limitadas por estruturas de mercado de monopólio, o que entrava a sua atividade 8. A dimensão reduzida do setor das PME numa grande parte da bacia do Mediterrâneo é explicada sobretudo pelo facto de os desafios enfrentados pela região coincidirem com os fatores que criam fortes entraves à entrada no mercado e ao desenvolvimento das PME. De um modo geral, as empresas evoluem num ambiente que lhes é desfavorável na zona mediterrânica. O acesso às fontes de financiamento, bem como aos créditos nacionais e internacionais, é uma das principais limitações à criação, manutenção e crescimento das PME, em particular as mais inovadoras. Outro desafio prende-se com as administrações públicas e os funcionários com formação muitas vezes 6 7 8 http://www.ifc.org/french http://www.invest-in-med.eu/fr/le-projet-invest-in-med2.html. Nota sobre o papel das pequenas e médias empresas na bacia do Mediterrâneo preparada pelo Aston Centre for Europe a pedido dos membros da Comissão ECOTER da ARLEM, p. 13; CEPS policy brief N.º. 239 de 25 de março de 2011, publicado por Rym Ayadi e Antonio Fanelli: «A new Framework for Euro-Med Cooperation on Micro, Small and Medium-Sized Enterprise Support The role of the Union for the Mediterranean» [Um novo quadro para a cooperação euromediterrânica em matéria de apoio às microempresas e às pequenas e médias empresas O papel da União para o Mediterrâneo], p. 2.

- 4 - insuficiente, encargos administrativos excessivos e, frequentemente, uma falta de transparência. Além disso, a qualidade insuficiente de infraestruturas fundamentais, como as estradas, as telecomunicações, as redes de distribuição de eletricidade e água, acarretam um fraco retorno do investimento privado para os projetos que dependem destas infraestruturas 9. A crise económica e financeira agrava as dificuldades para as PME, por um lado porque é ainda mais difícil encontrar financiamento e, por outro, porque leva a uma forte queda da procura de bens e de serviços. Regra geral, as PME são mais vulneráveis em período de crise por variadíssimas razões. Por um lado, é-lhes difícil reduzir a sua dimensão, pois já são pequenas; por outro, a sua estrutura financeira é menos sólida e sofrem frequentemente o impacto das dificuldades sentidas pelas grandes empresas. Coletividades territoriais e desenvolvimento das PME Os órgãos de poder local e regional desempenham um papel muito importante no desenvolvimento do setor das pequenas e médias empresas. Paralelamente, o desenvolvimento económico do nível local e regional contribui para melhorar a governação. É importante recordar que a competitividade das economias nacionais se baseia com frequência em zonas geograficamente limitadas, e por conseguinte regionais ou locais, que são, por seu turno, muitas vezes constituídas por um grande número de PME 10. Estes «polos industriais» realçam a importância considerável da iniciativa empresarial e das PME no nível local e regional, sendo extremamente importante aumentar as interações e a cooperação entre as coletividades territoriais e as PME. As administrações territoriais da zona mediterrânica estão possivelmente em melhores condições de avaliar o modo como determinados fatores podem ajudar a estimular o crescimento económico. Por exemplo, o desenvolvimento de polos industriais acarreta várias vantagens como um melhor acesso das empresas a trabalhadores qualificados e a fornecedores competitivos, um reforço dos laços e das complementaridades entre setores que se encontram em etapas diferentes da produção, um melhor acesso a informações especializadas e às fontes de financiamento e de capitais próprios, uma diminuição das restrições relacionadas com a assimetria da coordenação e da informação e um acesso facilitado aos serviços públicos prestados devido ao aumento da procura ocasionado pelo polo industrial 11. Simultaneamente, o desenvolvimento económico do nível regional e local pode contribuir para melhorar a qualidade e a eficácia das coletividades territoriais, pois um nível superior de atividade das PME leva a um aumento da exigência de melhor governação e estimula a prestação de serviços públicos locais. Deste modo, muito embora as coletividades territoriais tenham um papel a desempenhar para encorajar o desenvolvimento das PME logo desde as primeiras etapas do seu desenvolvimento, o seu êxito tem posteriormente por resultado o facto de as fazer passar de agente da 9 10 11 Nota sobre o papel das pequenas e médias empresas na bacia do Mediterrâneo preparada pelo Aston Centre for Europe a pedido dos membros da Comissão ECOTER da ARLEM. Por exemplo, a especialização da Itália em artigos de moda em couro baseia-se essencialmente numa indústria concentrada na região da Toscana. Nota sobre o papel das pequenas e médias empresas na bacia do Mediterrâneo preparada pelo Aston Centre for Europe a pedido dos membros da Comissão ECOTER da ARLEM, p. 15 e 16.

- 5 - mudança para objeto da mudança. É através deste processo que um desenvolvimento local e regional bem-sucedido contribui para reforçar a coesão social, mediante a criação de emprego e melhorando a qualidade da administração pública 12. Não obstante a importância das coletividades territoriais, a maior parte das iniciativas em prol do desenvolvimento das PME assenta numa aplicação no nível nacional, descurando o papel dos órgãos de poder local e regional. Além disso, mesmo quando há iniciativas locais e regionais, a sua eficácia é entravada por capacidades administrativas limitadas tanto ao nível do financiamento como em termos de recursos humanos. Por conseguinte, é necessário dar mais importância às ações das pessoas coletivas territoriais para estimular o empreendedorismo e a criação de PME. Simultaneamente, é necessário proporcionar os instrumentos necessários à criação de um ambiente favorável às PME 13. * Recomendações * * Ciente do importante papel das PME para o desenvolvimento económico e social, a ARLEM: 1. frisa a importância das PME para o desenvolvimento económico e a inovação, a coesão social, a criação de emprego e o desenvolvimento territorial; verifica que o setor das PME está subdesenvolvido no Mediterrâneo, não obstante a sua importância; 2. apela aos Estados membros da União para o Mediterrâneo (UM), às entidades financiadoras, à UM, à Comissão Europeia e aos membros da ARLEM para que façam do desenvolvimento das PME uma prioridade; 3. destaca a importância de adotar uma estratégia a longo prazo para o desenvolvimento das PME a fim de estimular a inovação e o crescimento económico; exorta a uma abordagem coordenada de todos os atores envolvidos e destaca a necessidade de envolver os empresários e a sociedade civil; 4. frisa a necessidade de harmonizar a legislação e de uniformizar o entendimento que se tem dos conceitos e das definições referentes às pequenas e médias empresas; 5. acolhe favoravelmente os progressos realizados na Carta Euromediterrânica para as Empresas; nota, porém, que esta não menciona alguns pontos fundamentais para o desenvolvimento das PME, nomeadamente a promoção das mulheres e dos jovens empresários, o apoio às empresas em fase de arranque ou ainda o financiamento externo das PME; 12 13 Ibid. p. 16. Ibid.

- 6-6. apela, por conseguinte, à revisão da Carta Euromediterrânica para as Empresas de modo que inclua estes aspetos; propõe, igualmente, que esta faça referência às oportunidades proporcionadas pela sociedade da informação enquanto motor de crescimento e de progresso socioeconómico e facilitadora de um ambiente mais favorável às PME; a carta poderia igualmente estimular a transferência de tecnologias através de redes europeias sólidas e de mercados tecnológicos no nível nacional e regional; 7. recorda a necessidade de adotar uma abordagem à medida que possa ter em conta as especificidades de cada país e região; 8. encoraja a adoção de medidas que permitam às PME um melhor acesso ao financiamento e que melhorem as infraestruturas financeiras e reduzam os obstáculos à internacionalização; 9. exorta as autoridades a diminuírem os obstáculos e os custos administrativos, a estimularem a utilização de ferramentas administrativas eletrónicas, a criarem balcões únicos para informação sobre a regulamentação e os atos administrativos, a porem a tónica na transparência, a melhorarem as infraestruturas e a investirem na formação de empresários; 10. recomenda aos Estados membros da UM que criem agências para o desenvolvimento das PME e agências de desenvolvimento local, as quais permitiriam lançar as bases de estratégias de desenvolvimento das PME, estimular a transferência de tecnologia para estas empresas, fornecer serviços de aconselhamento, criar incubadoras de empresas, encorajar o estabelecimento de redes com vista a facilitar o intercâmbio de experiências e de informação e reforçar as suas capacidades. Propõe igualmente o estabelecimento em rede das agências de desenvolvimento nos países parceiros à semelhança da Associação Europeia de Agências de Desenvolvimento (Eurada); 11. encoraja a partilha de experiências entre as agências intermediárias das PME das duas margens do Mediterrâneo através do lançamento de projetos eficazes e de geminações; 12. destaca a importância de promover uma sociedade empreendedora e uma cultura empresarial no sul do Mediterrâneo, de forjar competências empresariais, em particular através da educação e da formação, e de estimular a inovação e a criatividade; 13. lança a ideia de criar um prémio mediterrânico de iniciativa empresarial à semelhança dos Prémios Europeus de Iniciativa Empresarial (PEIE) 14 a fim de identificar e recompensar iniciativas a favor da promoção do empreendedorismo e das pequenas empresas no nível nacional, regional e local; 14. apela a todos os atores envolvidos na promoção das PME para que encorajem o espírito empresarial nos jovens, que constituem a grande maioria da população do sul do 14 Organizados pela Comissão Europeia, DG Empresas e Indústria http://ec.europa.eu/enterprise/policies/sme/bestpractices/european-enterprise-awards/index_pt.htm.

- 7 - Mediterrâneo representando um potencial enorme. Esta iniciativa pode igualmente ajudar os jovens desempregados a aceder ao mercado de trabalho; 15. promove a integração da dimensão empreendedora feminina na elaboração do conjunto de políticas relativas às PME; propõe igualmente que se promova a criação de redes de mulheres empresárias; 16. defende a ideia de criar um Banco Mediterrânico de Investimento com o objetivo de apoiar os esforços de reforma dos países do sul do Mediterrâneo; seria aconselhável que este banco previsse fundos para a descentralização, bem como para as atividades das pessoas coletivas territoriais; 17. acolhe favoravelmente o programa Spring 15 (apoio à parceria, à reforma e ao crescimento inclusivo), lançado pela União Europeia em resposta à primavera Árabe e dotado de 350 milhões de euros para o período de 2011-2013, e muito particularmente os objetivos seguintes: melhorar o quadro regulamentar empresarial, aumentar o número de pequenas e médias empresas e reduzir as disparidades económicas e sociais internas 16 ; 18. destaca o importante papel dos órgãos de poder local e regional na promoção do desenvolvimento das PME, papel que é distinto mas complementar ao papel das administrações nacionais. Por conseguinte, apela às autoridades nacionais para que reforcem as capacidades financeiras e administrativas dos órgãos de poder local e regional; 19. recorda que o desenvolvimento económico no nível local e regional contribui para melhorar a eficácia e a qualidade das coletividades territoriais e estimula os pedidos no sentido de uma melhor governação; 20. destaca o papel da ARLEM enquanto agente facilitador e coordenador dos órgãos de poder local e regional do Mediterrâneo, as agências de desenvolvimento regional e local, a União para o Mediterrâneo, a Comissão Europeia, as entidades financiadoras e os institutos de investigação; 21. propõe a organização de fóruns regionais e internacionais para pôr em evidência o papel das coletividades territoriais na concretização do desenvolvimento das pequenas e médias empresas e promover a boa governação; 22. exorta os seus membros e respetivas administrações a recorrerem aos programas TAIEX (Technical Assistance and Information Exchange Instrument Instrumento de Assistência Técnica e Intercâmbio de Informações) e Twinning (geminação), que são instrumentos de cooperação entre uma administração pública num país parceiro e uma instituição equivalente 15 16 Do inglês, Support to Partnership, Reform and Inclusive Growth. http://europa.eu/rapid/pressreleasesaction.do?reference=ip/11/636&format=html&aged=0&language=en&guilanguage=en (comunicado de imprensa disponível apenas em inglês).

- 8 - num Estado-Membro da União Europeia visando melhorar e modernizar as instituições dos países vizinhos; 23. solicita aos órgãos de poder local e regional das duas margens do Mediterrâneo que apliquem uma política de igualdade de tratamento das PME no que respeita à concessão de contratos de serviços de interesse geral; 24. solicita aos seus copresidentes que transmitam o presente relatório à Presidência e ao Secretário-Geral da União para o Mediterrâneo, ao Presidente do Conselho Europeu, ao Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, bem como aos presidentes das várias instituições e organismos da União Europeia. * * *

- 9 - ANEXO Lista dos contributos recebidos dos membros da ARLEM Região de Múrcia (Espanha) Município de Uszka (Hungria) Wilaya (divisão administrativa) de Constantine (Argélia) CdR 378/2011 rev. 1 Anexo