ISSN: D.O.I.: /

Documentos relacionados
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E INTERAÇÕES COMPETITIVAS EM ZOANTÍDEOS (CNIDARIA: ZOANTHIDAE) EM UM AMBIENTE DE RECIFES DE ARENITO NO NORDESTE DO BRASIL

CHECKLIST E ABUNDÂNCIA DOS CNIDÁRIOS NOS AMBIENTES RECIFAIS DE MARAGOGI, ALAGOAS.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA

PROJETO DE LEI Nº, DE 2012

DEPA DEP R A T R AMENT

Biodiversidade aquática e impactos ambientais: percepção, estratégias de ensino e popularização da ciência

CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL MARINHO DE AREIA VERMELHA, CABEDELO, PB, BASEADO

Zonação de recifes emersos da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, Nordeste do Brasil

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS. Sandra Cristina Deodoro

Área de conhecimento CNPq - Conservação das Espécies Animais:

Palavras-Chave: Recifes areníticos, Biomassa algal, Área mínima amostral

Resumo. O objectivo deste trabalho foi caracterizar a comunidade bentónica de

INFLUÊNCIA DE LA NIÑA SOBRE A CHUVA NO NORDESTE BRASILEIRO. Alice M. Grimm (1); Simone E. T. Ferraz; Andrea de O. Cardoso


Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Ilhas de Cabo Verde Islands

ANEXO I. Plano de Trabalho

Lucio Alberto Pereira 1 ; Roseli Freire de Melo 1 ; Luiza Teixeira de Lima Brito 1 ; Magna Soelma Beserra de Moura 1. Abstract

Aumentar a Literacia Cientifica e do Oceano: Recursos pedagógicos aplicados no CIIMAR. Marta Correia

CORAL INVASOR Tubastraea spp. EM RECIFES DE CORAIS E SUBSTRATOS ARTIFICIAIS NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS (BA)

Professora Leonilda Brandão da Silva

Anais III Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Aracaju/SE, 25 a 27 de outubro de 2006

SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

COMPLEXIBILIDADE E ESTABILIDADE DE COMUNIDADES. META Nessa aula é importante aprender sobre o conceito de complexidade e estabilidade de comunidades

Dinâmica da paisagem e seus impactos em uma Floresta Urbana no Nordeste do Brasil

F. A. Moschetto. Moschetto, F. A. 1

APLICAÇÃO DO MÉTODO DIRETO VOLUMÉTRICO PARA MENSURAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA VAZÃO DE NASCENTE NA SERRA DA CAIÇARA, NO MUNICÍPIO DE MARAVILHA, ALAGOAS

Ervas marinhas: Ecologia e produção primária

RELAÇÃO DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DOS OCEANOS PACÍFICO E ATLANTICO TROPICAIS E A PRECIPITAÇÃO NA MICRORREGIÃO DE PETROLINA (SERTÃO PERNAMBUCANO)

RELAÇÃO DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DOS OCEANOS PACÍFICO E ATLANTICO TROPICAIS E A PRECIPITAÇÃO NA MICRORREGIÃO DE ARARIPINA (SERTÃO PERNAMBUCANO)

LISTA DE TABELAS. Página

UFPA- FAMET- Brasil- Belém-

Análise do aquecimento anômalo sobre a América do sul no verão 2009/2010

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANA PAULA PEREIRA DE LIMA

DIVERSIDADE DA QUIROPTEROFAUNA (MAMMALIA, CHIROPTERA), NO BOSQUE MUNICIPAL PARQUE DAS AVES, APUCARANA-PARANÁ MARCHI. E. C. 1 ; TOZZO, R. A.

(GASTROPODA: MELONGENIDAE)

Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente, São Paulo, Brasil

Consulta por Classificação / Área Avaliação

Influência do efeito de borda na riqueza de formigas em Cerradão

Roberto Lima Santos 1, Clécio Danilo Dias da Silva 2, Elinei Araújo de Almeida 3

Densidade e distribuição vertical de peixes Pomacanthidae (Teleostei) na Ilha Escalvada, Guarapari ES 1

45 mm SEDIMENTOS BIODETRITICOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL SUL DE ALAGOAS

BIODIVERSIDADE DE MONTANHAS BRASIL

Variância pop. * conhecida Teste t Paramétrico Quantitativa Distribuição normal Wilcoxon (teste dos sinais, Wilcoxon p/ 1 amostra)

Mapeamento de habitats do recife de coral Pedra de Leste, Abrolhos, utilizando uma imagem multiespectral Landsat7 ETM+

ESTRUTURA DO HÁBITAT E A DIVERSIDADE DE INVERTEBRADOS

Empresa Júnior de Consultoria Florestal ECOFLOR Brasília/DF Tel: (61)

2

Livro Vermelho dos Crustáceos do Brasil: Avaliação ISBN SBC

Workshop sobre Atividades com Interferência em Áreas com Presença de Rodolitos. 17 e 18 de agosto de 2015 Rio de Janeiro

ANÁLISE DE HOMOGENEIDADE EM SÉRIES DE TEMPERATURA DO AR EM VIÇOSA - MG

JANINE FARIAS DA SILVA

Vegetação Turismo Atividades Sócio-Econômicas e situação Ambiental Definição da Área de Estudo

Anais do Conic-Semesp. Volume 1, Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN

VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL

EFEITO DA TEMPERATURA NO BRANQUEAMENTO DE CORAIS: AVALIAÇÃO DE POTENCIAIS BIOINDICADORES DO AQUECIMENTO GLOBAL

Investigação da sucessão ecológica em substratos artificiais na marina de Oeiras

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO NA REGIÃO DO SUB-MÉDIO SÃO FRANCISCO EM EVENTOS CLIMÁTICOS DE EL NIÑO E LA NIÑA

Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) RISCO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS NO PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ÓRGAOS

Caracterização de anos secos e chuvosos no Alto do Bacia Ipanema utilizando o método dos quantis.

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA E DO NÚMERO DE DIAS COM CHUVA EM CALÇOENE LOCALIZADO NO SETOR COSTEIRO DO AMAPÁ

PADRÃO ESPACIAL PLUVIOMÉTRICO NO ESTADO DO CEARÁ.

Testes de Hipóteses. : Existe efeito

LEVANTAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DA AVEFAUNA DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA FAP

Indústria pernambucana apresenta avanço na demanda por produto e nas intenções de investimentos

ANÁLISE COMPARATIVA DECADAL DO BALANÇO HÍDRICO PARA O MUNICÍPIO DE PARNAÍBA-PI

Conchas bivalves depositadas em três praias de uma unidade de conservação do litoral sul de São Paulo

Volney Zanardi Júnior Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA)

O melhor lugar para se viver: o caso do camarão-ferrinho 1. Danielle Mayumi Tamazato Santos*

ÍNDICES DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL Janeiro de 2003

ESPECTRO BIOLÓGICO DA VEGETAÇÃO DE DUNAS E DE RESTINGA DA ILHA DO CARDOSO, SP

Fenômeno La Niña de maio de 2007 a abril de 2008 e a precipitação no Rio Grande do Sul

Apontamentos de Introdução às Probabilidades e à Estatística

A DINÂMICA DOS MANGUEZAIS NO NORDESTE DO BRASIL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DE DADOS DE SENSORES REMOTOS E SIG

Falha(s) nas pressuposições da ANOVA

TÍTULO: LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES DA CLASSE ASTEROIDEA EM PRAIAS DO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

NÍVEIS DE SAÚDE EM TAMBAQUIS ORIUNDOS DE TANQUES DE CRIAÇÃO NO MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA

Aluno: Bernardo Leite Orientador: Rômulo Barroso

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA

Renata Fernandes Figueira Nascimento Análise Espacial de Dados Geográficos Prof. Antônio Miguel Vieira Monteiro 2008

PLANO DE OPERAÇÃO DE RESERVATÓRIOS PARA ATENDIMENTO AOS REQUERIMENTOS DA VAZÃO AMBIENTAL

English version at the end of this document

AVALIAÇÃO DOS CENÁRIOS FUTUROS NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL UTILIZANDO MODELOS CLIMÁTICOS GLOBAIS: TENDÊNCIAS I;>E TEMPERATURA

BIE-212: Ecologia Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental. Comunidades II

EFEITO DA URBANIZAÇÃO SOBRE A FAUNA DE INSETOS AQUÁTICOS DE UM RIACHO DE DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

COMPORTAMENTO DO REGIME PLUVIOMÉTRICO MENSAL PARA CAPITAL ALAGOANA MACEIÓ

BIOLOGIA. Ecologia e ciências ambientais. Níveis de organização da vida. Professor: Alex Santos

MODELO DE PLANO DE ENSINO FICHA N o 2 (variável)

RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: AVANÇO NA CONCEPÇÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS?

EFEITOS FIXOS SOBRE DESEMPENHO PONDERAL EM BOVINOS NELORE NO ACRE

ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS METEOROLÓGICOS NAS ESTAÇÕES AUTOMÁTICAS E CONVENCIONAIS DO INMET EM BRASÍLIA DF.

Caracterização da zonação do costão rochoso da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una

O olhar de três mergulhadoras sobre a biodiversidade marinha.

ÍNDICE DE ANOMALIA DE CHUVA APLICADO EM IMPERATRIZ MA

PEA Projeto em Engenharia Ambiental

DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DE APOSENTADORIA - FORMAÇÃO DE CAPITAL E ESGOTAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES

Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Departamento de Oceanografia TROPICAL OCEANOGRAPHY Revista online ISSN: 1679-3013 D.O.I.: 10.5914/1679-3013.2015.0116. ANÁLISE DAS COMUNIDADES MACROBENTÔNICOS SÉSSEIS, COM ÊNFASE NA INTERAÇÃO ENTRE O CNIDÁRIO ZOANTHUS SOCIATUS (ELLIS, 1768) E MACROALGAS, NO TOPO DE UM RECIFE DE ÁGUAS RASAS DO NORDESTE DO BRASIL Recebido em: 16/03/2013 Aceito em: 03/02/2015 Gleice de Souza SANTOS 1 Simone Maria de Albuquerque LIRA 2 Ralf SCHWAMBORN 3. RESUMO O objetivo do presente trabalho foi avaliar se as áreas de cobertura de Zoanthus sociatus (Ellis, 1768) e de macroalgas no topo da área fechada de Tamandaré apresentam associação e se juntas influenciam na variação da área de cobertura da comunidade macrobentônica séssil. As amostragens foram realizadas no topo dos recifes da área fechada de Tamandaré (PE, Brasil) em janeiro e de março a agosto de 2012. A fauna macrobentônica séssil foi avaliada através do fototransecto. Foram realizados 9 transectos fixos de 10 m de extensão, e em cada um deles foram fotografados dez quadrados de 50 x 50 cm, totalizando 630 fotografias. A comunidade macrobentônica séssil apresentou como grupos com maior área de cobertura o zoantídeo Zoanthus sociatus (Ellis, 1768) e as macroalgas (principalmente a rodófita Palisada perforada). A área de cobertura viva total variou de 3,3 % a 100%, com uma média de 80,26%. Já Z. sociatus apresentou uma variação de 3,3 % a 80% (média: 26,37%) de área de cobertura e as macroalgas variaram de 3,3% a 93% (média: 29,98%). Houve uma correlação positiva entre a área de cobertura total e a de macroalgas e uma correlação negativa entre a área de cobertura de macroalgas e de Z. sociatus. O grupo que mais influenciou nas mudanças da comunidade macrobentônica séssil dos ambientes de estudo é o das macroalgas. O fato das macroalgas e o zoantídeo Z. sociatus apresentarem áreas de cobertura inversas, ao longo dos meses, pode estar relacionado à estratégias competitivas regidas pelas mudanças ambientais. Palavras-chave: área de cobertura, fototransecto, Tamandaré. ABSTRACT The objective of this study was to evaluate if the cover area of Zoanthus sociatus (Ellis, 1768) and macroalgae on the flat reefs in anno-go area of Tamandaré (Pernambuco State, Brazil) are correlated with each other and together influence the variation of the total live cover of the sessile macrobenthic community. Photographs were taken at the intertidal top of a closed reef area Tamandaré (PE, Brazil)at low tides from January to August 2012. The sessile macrobenthic fauna was assessed by phototransects. Nine transects with a fixed length of 10 m were performed each month, and in each transect, ten squares of 50 x 50 cm were photographed, totaling 630 photographs. The sessile macrobenthic community presented as groups with the largest coverage area the zoanthid Z. sociatus (Ellis, 1768) and macroalgae (mainly the rhodophyte Palisada perforata). The total living cover area ranged from 3.3 % to 100% (mean: 80,26%). Z. sociatus showed a range of 3.3% to 80% (mean: 26,37%). area and macroalgae ranged from 3.3% to 93% area (mean: 29,98%). There was a positive correlation between the total cover area and macroalgae and a negative correlation between the cover of macroalgae and of Z. sociatus. The group that influences 1 Universidade Federal de Pernambuco 1 - santoss.gleice@gmail.com; 2 - simonealira@gmail.com; 3 - rs@ufpe.br 3.

changes in macrobenthic community of sessile study environments is the macroalgae. The fact that macroalgae and Z. sociatus present inverse coverage areas, Keywords: cover, phototransect, Tamandaré. INTRODUÇÃO over the months, may be related to competitive strategies governed by environmental changes. Os recifes são caracterizados pelo fornecimento de abrigo para uma grande variedade de organismos. Suas estruturas rochosas servem como substrato para estabelecimento, crescimento e desenvolvimento de inúmeras formas de vida, onde há a presença de teias alimentares complexas (KAPLAN, 1982; LEVINTON, 1997; PEREIRA e SOARES-GOMES, 2009; SHEPPARD, et. al., 2009). Além da importância ecológica, a biodiversidade presente nos recifes representa um banco genético de vital relevância para usos atuais e futuros (LEVINTON, 1995; PEREIRA; SOARES-GOMES, 2009; SHEPPARD et al., 2009). Devido à rica biodiversidade presente nesses ecossistemas, alguns pesquisadores chegam a compará-los com florestas tropicais (KAPLAN, 1982; HETZEL; CASTRO, 1994; PEREIRA; SOARES-GOMES, 2009). Em termos de biodiversidade, os topos dos recifes do Brasil apresentam características peculiares, em comparação com outras regiões tropicais do mundo como os recifes do Pacífico e do Caribe. Diferente destes, os ambientes recifais brasileiros são caracterizados por apresentarem uma cobertura coralínea pobre. Nesses habitats, os organismos que mais predominam são macroalgas e zoantídeos (VILLAÇA; PITOMBO, 1997; COSTA JR et al., 2001). A espécie Zoanthus sociatus (Ellis, 1768) apresenta uma abundância significativa em recifes brasileiros (VILLAÇA; PITOMBO, 1997; OIGMAN-PSZCZOL et al., 2004; RABELO et al., 2013). Esse zoantídeo caracteriza-se por ser tolerante à dessecação, por ter sua distribuição influenciada pela salinidade, por competir por espaço com outras espécies de zoantídeos e pela sua associação com as microalgas simbiontes conhecidas como zooxantelas (IGLESIAS-PRIETO; TRENCH, 1997; SEBENS, 1982; SOARES et al., 2011; RABELO et al., 2013). Apesar dos zoantídeos representarem um grupo dominante nos recifes brasileiros, ainda é desconhecido se a área de cobertura desses cnidários apresenta um padrão regido pelas mudanças sazonais, como ocorre com a maioria dos grupos de macroalgas (COSTA JR et al., 2001). Ainda não foi estudado se a espécie Z. sociatus apresenta alguma associação com a comunidade macroalgas de topos recifais, bem como se a variação mensal apresentada por esses grupos de organismos causa uma influência direta na área de cobertura total de comunidades macrobentônicas sésseis. Os impactos causados pelo homem nos ecossistemas recifais representam um fator de forte influência negativa na estrutura de comunidades bentônicas dos recifes (WESTMACOTT et al., 2000). Por isso, a área fechada do complexo recifal de Tamandaré (PE) merece um destaque especial, por ser um ambiente sem influência antrópica. No presente estudo foi testada a hipótese de que a área de cobertura viva total da comunidade macrobentônica séssil do recife da área fechada de Tamandaré varia de acordo com as mudanças observadas na área de cobertura do zoantídeo Z. sociatus (Ellis, 1768) e das macroalgas sésseis ao longo de meses, e que esses grupos estão associados. ÁREA ESTUDADA O estudo foi realizado no complexo recifal de Tamandaré (Fig. 1), situado entre as coordenadas 8º 45 36 e 8º 47 20 S e 35º 03 45 e 35º 06 45 W, no litoral sul do estado de Pernambuco, Brasil (FERREIRA et al., 2001). A amostragem foi realizada na área fechada, conhecida como Ilha da Barra, que se encontra dentro dos limites da APA Costa dos Corais. 2

Figura 1 Mapa do complexo recifal de Tamandaré (PE, Brasil). F: área fechada dos recifes de Tamandaré. Figura indicando pontos de realização dos transectos no topo recifal da área fechada, em janeiro e de março a agosto de 2012. MATERIAL E MÉTODOS As coletas foram realizadas em janeiro e de março a agosto de 2012. A fauna macrobentônica séssil foi avaliada através do fototransecto, com o auxílio de uma fita métrica (trena) e uma câmera fotográfica (modelo Canon G12). Foram realizados 9 transectos fixos de 10 m de extensão, mensalmente, e em cada um deles foram fotografados dez quadrados de PVC de 50 x 50 cm, de acordo com a metodologia adaptada de Rogers et al. (1994) e Hill e Wilkinson (2004). Durante todo o período de estudo foram realizados 63 transectos e analisadas, no software CPCe (Coral Count Point with Excel Extensions), um total de 630 fotografias (KOHLER; GILL, 2006). Os dados de área de cobertura, após serem transformados pela função arcoseno (transformação angular) foram testados, quanto à normalidade e homocedasticidade, com o teste de Shapiro-Wilk e Bartlett, respectivamente. Como não apresentaram distribuição normal e homogeneidade de variâncias, foram utilizados testes não paramétricos, segundo as recomendações de Zar (1996). Para avaliar as diferenças das variáveis estudadas entre os meses de coleta foi utilizada a ANOVA Kruskal-Wallis. Posteriormente, foi utilizado o teste de Mann-Whitney, à posteriori, com a correção de Bonferroni. Também foi utilizada a correlação de Speaman para analisar a possível associação entre a área de cobertura viva total e a cobertura de Z. sociatus e de macroalgas. Esse mesmo teste foi utilizado para avaliar a possível associação entre as áreas de 2

cobertura de Z. sociatus e de macroalgas, com a correção de Bonferroni. Os testes foram realizados no programa STATISTIC 8.0, com o nível de significância de 5%. RESULTADOS No topo dos recifes da área fechada de Tamandaré foram registrados os seguintes táxons: Cinachyrella alloclada (Uliczka, 1929), Cliona sp, Favia gravida Verrill, 1868, Zoanthus sociatus (Ellis, 1768), Palythoa caribaeorum (Duchassaing & Michelotti, 1860), Protopalythoa variabilis (Duerden, 1898), Isognomon bicolor (C. B. Adams, 1845), Petaloconchus varians (d Orbigny, 1839) e Echinometra lucunter (Linnaeus, 1758). Além desses organismos, a cobertura total também foi composta por macroalgas, tendo como principal representante a rodófita Palisada perforata (Bory) K. W. Nam. A área de cobertura viva total variou de 3,3 a 100% (média: 80,26%) e apresentou diferenças significativas nos diferentes meses de estudo (Kruskal-Wallis, p < 0.0001). No mês de janeiro foram registradas as maiores áreas de cobertura (variando de 43,33 a 100%, média: 87,41%, Tabelas 1 e 2; Fig. 2 e 3). A área de cobertura de Z. sociatus variou de 3,3 a 80% (média: 26,37%) e apresentou diferenças entre os meses de estudo (Kruskal-Wallis, p < 0.0001), apresentando maiores coberturas nos meses de maio e agosto (Tabelas 1 e 2; Fig. 2 e 4 A). A área de cobertura de macroalgas variou de 3,3 a 93,3 % (média: 29,98%) e apresentou diferenças entre os meses de estudo (Kruskal-Wallis, p < 0.0001). E as maiores áreas de cobertura foram nos meses de março e junho (Tabelas 1 e 2; Fig. 2 e 4 B). Não foi verificada correlação entre a área de cobertura total e a de Z. sociatus. Entretanto, houve correlação positiva entre a área de cobertura total e a de macroalgas (Correlação de Spearman, p < 0,0001; r= 0,46). A área de cobertura de Z. sociatus e macroalgas apresentaram uma correlação negativa (Correlação de Spearman, p < 0,0001; r = 0,26). Tabela 1 Médias e valores mínimos e máximos da área de cobertura viva total, de Z. sociatus e das macroalgas no recife da área fechada de Tamandaré (PE). Mín. = valores mínimos. Máx. = valores máximos. Dados de Pluviometria* durantes os meses de coleta. Coletas realizadas em janeiro e de março a agosto de 2012. MESES COBERTURA TOTAL (%) Z. sociatus (%) MACROALGAS média mín. max. média mín.. max. média mín. max. PLUVIOMETRIA Janeiro 87,41 43,33 100,00 34,38 3,33 80,00 16,33 3,33 60,00 115,5 Março 81,04 46.67 100 19,12 3,33 50,00 35,05 6,60 90,00 27,0 Abril 78,45 50,00 100,00 25,63 3,33 66,67 31,21 3,33 93,33 31,3 Maio 37,04 3.33 73.33 82.48 53.33 100,00 30,91 6,66 73,33 81,9 Junho 80.03 30,00 100,00 27,51 3,33 66.67 41,28 6,66 83,33 210,7 Julho 73,70 40,00 100,00 37,24 10,00 70,00 24,98 3,33 76,67 275,3 Agosto 74,14 33.33 100,00 32,93 3,33 63,33 30,10 3,33 83,33 108,6 *http://www.ipa.br/indice_pluv.php mm 3

Tabela 2 Resultados dos testes de Mann-Whitney da área de cobertura viva total, de Z. sociatus e de macroalgas, em relação aos diferentes meses de coleta no recife da área fechada de Tamandaré (PE). Jan = janeiro; Mar = março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho; Ago = agosto. Coletas realizadas em janeiro e de março a agosto de 2012. MESES COBERTURA TOTAL (%) Zoanthus sociatus (%) MACROALGAS Jan, Mar < 0,0001 < 0,0001 < 0,0001 Jan, Abr < 0,0001 < 0,0001 < 0,0001 Jan, Mai n.s. n.s. < 0,0001 Jan, Jun < 0,0001 < 0,0001 < 0,0001 Jan, Jul < 0,0001 n.s. < 0,0001 Jan, Ago < 0,0001 n.s. < 0,0001 Mar, Abr n.s. n.s. n.s Mar, Mai n.s. < 0,0001 n.s. Mar, Jun n.s. < 0,0001 n.s. Mar, Jul < 0,0001 < 0,0001 < 0,0001 Mar, Ago < 0,0001 < 0,0001 n.s. Abr, Mai n.s. < 0,0001 n.s. Abr, Jun n.s. n.s. n.s. Abr, Jul n.s < 0,0001 n.s. Abr, Ago n.s. < 0,0001 n.s. Mai, Jun n.s. < 0,0001 n.s. Mai, Jul < 0,0001 n.s n.s. Mai, Ago < 0,0001 n.s. n.s. Jun, Jul < 0,0001 < 0,0001 < 0,0001 Jun, Ago n.s. n.s. < 0,0001 Jul, Ago n.s. n.s. n.s. Figura 2 Contribuição de Z. sociatus e das macroalgas na área de cobertura viva total do recife da área fechada de Tamandaré (PE). Jan = janeiro; Mar = março; Abr = 4

abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho; Ago = agosto. Coletas realizadas em janeiro e de março a agosto de 2012. Figura 3 Área de cobertura viva total no recife da área fechada de Tamandaré (PE). Jan = janeiro; Mar = março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho; Ago = agosto. Coletas realizadas em janeiro e de março a agosto de 2012 A B Figura 4 Área de cobertura de Z. sociatus (A) e de macroalgas (B) no recife da área fechada de Tamandaré (PE). Jan = janeiro; Mar = março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho; Ago = agosto. Coletas realizadas em janeiro e de março a agosto de 2012. 5

Figura 5 Correlação entre a área de cobertura de Z. sociatus e macroalgas no recife da área fechada de Tamandaré (PE). Jan = janeiro; Mar = março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho; Ago = agosto. Coletas realizadas em janeiro e de março a agosto de 2012. DISCUSSÃO Os dados da presente pesquisa contribuem de forma a registrar a associação de Z. sociatus e macroalgas, bem como a influência desses grupos na área de cobertura de organismos macrobentônicos sésseis de um importante ambiente recifal do Nordeste do Brasil, a área fechada de Tamandaré. Os grupos reportados no recife de Tamandaré são comuns nos ambientes recifais distribuídos ao longo da costa brasileira, mesmo aqueles com influência antrópica (BARRADAS et al. 2010; OIGMAN-PSZCZOL et al., 2004; RABELO et al., 2013). Contudo, esses resultados são de suma importância, visto que são oriundos de um ambiente livre de influências antrópicas há mais de 10 anos (FERREIRA et al., 2001). Dessa forma, a sazonalidade da comunidade bentônica de recifes protegidos geralmente apresenta como principais fatores/causas, as mudanças ambientais. Os resultados do presente trabalho mostraram diferenças de sazonalidade para a área de cobertura dos organismos macrobentônicos sésseis. Esse padrão já foi observado em outros ambientes recifais do Brasil, com foco principal nos grupos de macroalgas (COSTA JR et al., 2001). Foi registrado, no recife de Porto de Galinhas, também localizado no litoral sul do estado de Pernambuco, que os organismos da fauna macrobentônica séssil mais representativos foram os zoantídeos (BARRADAS et al., 2010), bem como em outras regiões do Brasil, corroborando com os resultados da presente pesquisa (ROHLFS DE MACEDO & BELÉM, 1994; LAÇA & PITOMBO, 1997; OIGMAN-PSZCZOL et al., 2004; RABELO et al., 2013) O sucesso desses organismos, especialmente Z. sociatus, pode estar diretamente relacionado ao fato dessa espécie ser resistente a tensores ambientais, além de ser ótima competidora por espaço (SOARES et al. 2011; RABELO et al., 2013). Entretanto, apesar de ser o grupo faunístico mais representativo, sua distribuição mensal não seguiu o mesmo padrão observado na variação de área de cobertura viva total. 6

As macroalgas apresentaram variação sazonal e uma relação direta com a variação de área de cobertura viva total nos recifes estudados, o que caracteriza esse grupo como o principal responsável pelas mudanças observadas na comunidade macrobentônica séssil do ambiente de estudo ao longo dos meses. Além disso, muitas espécies de macroalgas como a Halimeda sp. (comuns em ambientes recifais), na adição de níveis de carbonato, produzem metabolitos secundários, como os terpenóides. Essas substâncias, também utilizadas contra os seus consumidores herbívoros, podem afetar outras espécies do ambiente, também sendo utilizadas na competição por espaço (PAUL; FENICAL, 1983; PAUL et al., 2001). Ao mesmo tempo, muitas espécies de macroalgas apresentam ciclos de vida curto (SILVA et al., 2012), o que influencia também nas mudanças sazonais desses organismos nas comunidades recifais. Assim como as macroalgas, os zoantídeos também apresentam mecanismos químicos e físicos utilizados na competição, podendo monopolizar extensas áreas recifais. Essas estratégias são influenciadas, principalmente, por fatores como luminosidade, temperatura e quantidade de nutrientes (CHADWICK; MARROW, 2011). Os dados sugeriram que os zoantídeos Z. sociatus e as macroalgas, provavelmente, apresentam estratégias de competição que estão relacionadas à sazonalidade e que de acordo com as mudanças nos parâmetros ambientais, um grupo se beneficia, enquanto a área de cobertura do outro grupo diminui. Contudo, são necessários estudos e monitoramentos na área de estudo para a observação do comportamento dessas populações, que por serem resistentes e abundantes são considerados organismos chaves de ambientes recifais brasileiros e podem ser utilizados como indicadores de mudanças globais quando estudados em longos períodos em ambientes protegidos e/ou fechados, servindo como base de dados para futuras comparações em monitoramentos ambientais. CONCLUSÃO Apesar de Z. sociatus ser o representante animal mais abundante nos ambientes de estudo, a área de cobertura dessa espécie não apresenta uma influência direta na área de cobertura viva total, sendo, as macroalgas, o grupo que apresenta uma maior influência nos padrões de variação sazonal dos organismos macrobentônicos sésseis da área fechada de Tamandaré. O fato das macroalgas e o zoantídeo Z. sociatus apresentarem áreas de cobertura inversas, ao longo dos meses, pode estar relacionado à estratégias competitivas regidas pelas mudanças ambientais. AGRADECIMENTOS Agradecemos à CAPES pela concessão da bolsa de mestrado da primeira autora, ao Prof. Dr. Mauro Maida pelo apoio logístico dado às coletas de campo, nas instalações do CEPENE/IBAMA, e à Ms. Danielle Mallman pelo auxílio na elaboração do mapa. REFERÊNCIAS BARRADAS, J. I.; AMARAL, F. D.; HERNÁNDEZ, M. I. M.; MONTES-FLORES, M. J.; STEINEI, A. Q. Spatial distribution of of benthic macroorganisms on reef flats at Porto de Galinhas Beach (northeastern Brasil), with special focus on corals and calcified hydroids. Biotemas, v. 2, n. 23, p. 61-67, 2010. CHADWICK, N.; MORROW, K. Competition Among Sessile Organisms on Coral Reefs. In: Coral Reefs: An Ecosystem in Transition. eds Z. Dubinsky, N. Stambler, p. 347-371, 2011. COSTA JR., O. S.; ATTRILL, M. J.; PEDRINI, A. G.; DE-PAULA, J. C. Benthic macroalgal distribution in coastal and offshore reefs at Porto Seguro Bay, Brazilian Discovery Coast. In: 9th International Coral Reef Symposium. 2001, p. 23-27. FERREIRA, B. P.; MAIDA, M.; CAVA, F. II Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, 2001. Minas Gerais. Características e perspectivas para o manejo da pesca na APA costa dos corais. Anais do II Congresso de Unidades de conservação, 2001, Minas Gerais, 11 p. 7

HETZEL, B. & CASTRO, C. B. Corais do Sul da Bahia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. 189 p. HILL, J. & WILKINSON, C. Methods for ecological monitoring of coral reefs. Australia: Australian Institute of Marine Science, 117 p. 2004 IGLESIAS-PRIETO, R.; TRENCH, R. K. Acclimation and adaptation to irradiance in symbiotic dino agellates.ii. Response of chlorophyll-protein complexes to different photon-flux densities. Marine Biology, v. 130, p. 23-33, 1997. KAPLAN, E. H. Ecology of the coral reefs. Field guide to coral reef of the Caribbean and Florida. Houghton-Mifflin Company, 1982. 289 p. KOHLER, K. E.; GILL, M. S. Coral Point Count with Excel extensions (CPCe): A Visual Basic program for the determination of coral and substrate coverage using random point count methodology. Computers & Geosciences. n. 32, p. 1259 1269, 2006. LEVINTON, J. S. Marine Biology: Function, Biodiversity, Ecology. Oxford University Press, 1995. 420 p. OIGMAN-PSZCZOL, S. S.; FIGUEIREDO, M. A. O.; CREED, J. C. Distribution of benthic communities on the tropical rocky subtidal of Armação dos Búzios, Southeastern Brazil. Marine Ecology, v. 25, n. 3, p. 173 190, 2004. PAUL, V. J.; FENICAL, W. Isolation of halimedatrial: chemical defense adaptation in the calcareous reef-building alga Halimeda. Science, v. 221, p. 747-749, 1983. PEREIRA, R. C. e SOARES-GOMES, A. Biologia Marinha. Rio de Janiero: Interciência, 2009. 631 p. RABELO, E. F.; SOARES, M. O.; MATTHEWS-CASCON, H. Competitive interactions among zoanthids (Cnidaria: Zoanthidae) in an intertidal zone of Northeastern Brazil. Brazilian Journal of Oceanography, v. 61, n. 1, p. 35-42, 2013. RODGERS, K. S.; COX, E. F. The effects of trampling on Hawaiian corals along a gradient of human use. Biological Conservation, v. 112, p. 383 389, 2003. ROHLFS DE MACEDO, C. M. R.; BELÉM, M. J. C. The genus Zoanthus in Brazil. Characterization and Anatomical revision of Zoanthus sociatus (Cnidaria, Zoantharia, Zoanthidae). Iheringia, v. 77, p. 135-144, 1994. SEBENS, K. P. Intertidal distribution of zoanthids on the caribbean coast of Panama: effects of predation and desiccation. Bulletin of Marine Science, v. 32, n. 1, p. 316-335, 1982. SHEPPARD, C. R.; DAVY, S. K.; PILLING, G. M. The biology of coral reefs. Oxford, 2009. 339 p. SILVA, I. B.; FUJII, M. T.; MARINHO-SORIANO, E. Influence of tourist activity on the diversity of seaweed from reefs in Maracajaú, Atlantic Ocean, Northeast Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 22, p. 889-893, 2012. SOARES, M. O.; SOUSA, L. P. Effects of salinity on Zoanthus sociatus (Cnidaria: Anthozoa): Is low salinity a limiting factor? Revista Biociências, v. 17, n. 1, 2011. VILLAÇA, R.; PITOMBO, F. B. Benthic communities of shallow-water reefs of Abrolhos, Brazil. Brazilian Journal of Oceanography, v. 45, p. 35-43, 1997. WESTMACOTT, S.; TELEKI, K.; WELLS, S.; WEST, J. Gestão de recife de coral branqueados ou severamente danificados. IUCN, 2000. 36 p. ZAR, J.H. 1996. Biostatistical analysis, 3rd ed. Prentice Hall, Upper Saddle River, N. J. 8