TÍTULO: AS ALTERAÇÕES NO PROCESSO DE INVENTÁRIO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

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Transcrição:

16 TÍTULO: AS ALTERAÇÕES NO PROCESSO DE INVENTÁRIO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: DIREITO INSTITUIÇÃO: FACULDADES ATIBAIA AUTOR(ES): RONALDO FARIAS GONÇALVES, DANIELA MARQUES VIEIRA, ISABELLA BRUNO, LETÍCIA PAIVA TEIXEIRA, LUIZ FELIPE DA SILVA ORIENTADOR(ES): CRISTIANO PEREIRA MORAES GARCIA

AS ALTERAÇÕES NO PROCESSO DE INVENTÁRIO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL RESUMO Este trabalho apresenta as principais alterações trazidas pelo Código de Processo Civil de 2015 com relação ao Processo de Inventário e à Partilha. A partir da comparação com o antigo Código de Processo Civil foram levantadas as mais importantes inovações trazidas pelo atual Código de Processo Civil, e, consequentemente, o que tais mudanças representam nos processos sucessórios. INTRODUÇÃO O trabalho apresentado a seguir foi inspirado em pesquisa de iniciação científica fomentada pelas Faculdades Atibaia FAAT, em que o grupo de pesquisa passou a examinar as alterações do Código de Processo Civil de 1973 para o atual Código de Processo Civil de 2015. Ao se tornar lei, passamos a nos debruçar sobre as alterações importantes advindas com a nova legislação em relação ao inventário e à partilha, sendo analisados e destacamos todas as importantes alterações das quatro espécies de inventário, a saber, o inventário comum, o arrolamento comum, o arrolamento sumário e o inventário extrajudicial. OBJETIVO Analisar e apresentar as principais alterações trazidas pelo Código de Processo Civil de 2015 com relação ao Processo de Inventário e à Partilha. JUSTIFICATIVA A morte é fato certo à vida de cada pessoa. E com ela nasce a figura da sucessão hereditária patrimonial e do necessário processo sucessório para a transmissão de bens e direitos aos sucessores hereditários. Entender as regras do procedimento de sucessão é fundamental para o equilíbrio patrimonial hereditário e, por isso, qualquer mudança nelas atinge a toda a sociedade. Desta forma, analisar e compreender as principais alterações trazidas pelo atual Código de Processo Civil ao processo de Inventário e Partilha justifica o desenvolvimento e aplicação das propostas apresentadas neste trabalho.

METODOLOGIA Em termos de metodologia, a presente pesquisa classifica-se como qualitativa, básica, explicativa e documental. Quando da elaboração da presente pesquisa, o grupo passou a examinar as alterações do Código de Processo Civil de 1973 para o atual Código de Processo Civil de 2015. O estudo teve início quando o Código atual sequer tinha sido promulgado. Ao se tornar lei, foi elencada as alterações importantes advindas com a nova legislação em relação ao inventário e à partilha. DESENVOLVIMENTO A expressão inventário advém do termo invenire, que significa encontrar, achar, descobrir. No sentido popular, inventariar ou fazer o inventário significa arrolar, elencar, descrever, indicar, sendo que essas idéias permanecem quando conceituamos inventário no sentido jurídico. Na acepção jurídica, inventário é o processo judicial ou procedimento extrajudicial de levantamento do patrimônio e dívidas (ativo e passivo) do falecido para que, posteriormente, se possa fazer a partilha. Partilha é a divisão do patrimônio líquido (já descontadas as dívidas) do falecido entre os seus sucessores (herdeiros e legatários). No momento do falecimento da pessoa, pelo princípio da saisine (art. 1.784 do CC), o patrimônio do morto se transmite imediatamente aos herdeiros. Entretanto, este patrimônio, do momento da morte até o momento da partilha, é considerado indivisível e imóvel, por expressa disposição legal (arts. 1.791 e 80, II, do CC), e os herdeiros, são condôminos. Para levantamento do patrimônio do morto, pagamento das dívidas utilizando este patrimônio e, finalmente, divisão do patrimônio líquido entre os herdeiros e legatários, há a necessidade de um processo judicial denominado inventário para que, ao seu final, seja feita a divisão desse patrimônio, que é a partilha. O inventário é, portanto, obrigatório, podendo ser judicial ou extrajudicial. 1. Das Disposições Gerais Logo de plano, o atual CPC/2015, traz em suas disposições gerais, no seu art. 610, duas relevantes alterações, a primeira relacionada à ampliação da função da escritura

publica nos processos de inventário extrajudicial, que diferentemente de antes, não apenas para pratica de atos de registro, mas também, agora, é documento hábil para levantamento de importância depositada em instituições financeiras, ou seja, funcionando como alvará de levantamento. A segunda mudança ocorreu na supressão do art. 982 do antigo CPC/73, o qual previa a gratuidade dos atos notariais aos pobres. Muito embora os cartórios já não seguissem tal norma, agora ela está de fato extirpada do Codex atual e harmônica à pratica. 2. Da Legitimidade, Citação E Impugnação A primeira alteração significativa trazido pelo atual CPC é relativo a legitimidade para se requerer o inventário. Em seu primeiro inciso, o artigo 616 incluiu o companheiro sobrevivente de união estável, equiparando-o sua legitimidade ao cônjuge supérstite. Essa previsão, embora inovadora, apenas reflete o que o STJ já vinha decidindo sobre o assunto. Quanto à possibilidade de o juiz determinar ex officio a abertura do inventario, o novo códex excluiu o art. 989 do CPC/73, ou seja, em caso de inercia dos legitimados, não mais poderá por iniciativa do juiz o inventario ser iniciado. No que tange a figura do inventariante, consoante o art. 617, incisos IV e VI do atual CPC, poderá o herdeiro menor, por seu representante legal e o cessionário do herdeiro figurar como tal. No ordenamento anterior, já era cabível a eles a participação no processo, no entanto, sem a possibilidade de nomeação como inventariante. Essa mudança foi um avanço na garantia de iguais direitos a todos os sucessores, independente da idade que apresentem ou de como adquiriram esses direitos. Com relação às primeiras declarações a atual normativa, em seu art. 620, ampliou o rol de dados exigidos, devendo ser trazidas pela petição inicial o endereço eletrônico e o regime de bens da união estável dos herdeiros. Esta medida é compatível e se harmoniza com a tendência de digitalizar o tramite processual e ampliação do papel atuante do companheiro supérstite e, por conseguinte, do companheiro sobrevivente. O CPC/2015, no art. 622, além de manter as hipóteses de remoção do inventariante, anteriormente previstas no CPC/73, inovou trazendo que esta remoção também poderá ocorrer caso o inventariante sonegue, oculte ou desvie bens do espólio. Além disso, caso de fato seja removido o inventariante poderá a ele ser aplicada multa, respeitado o percentual de até 3% do valor dos bens inventariados, caso este se negue a entregar os bens do

espólio. Essa penalidade é novidade e vai de encontro à proteção máxima aos direitos dos herdeiros. Concluídas as primeiras declarações, passa-se às citações e impugnações, e nesta seara o atual ordenamento trouxe a modernização da forma de citação, prevendo, em seu art. 626, 1º, a citação por carta. Essa inovação é compatível com o princípio da celeridade. Importante salientar que há exceções para esta forma de citação, trazidas no art. 247 do mesmo Diploma legal, sendo elas, quando tratar-se de ações de estado; quando o citando for incapaz; quando o citando for pessoa de direito publico; quando o citando residir em local não atendido pelos correios; e quando o autor de outra forma, justificadamente requerer. Concluída a fase de citação, as partes terão prazo comum de 15 dias para se manifestarem. Este prazo foi ampliado pois, anteriormente, era de apenas 10 dias. Necessário esclarecer que o novo códex trouxe o prazo de 15 dias como uma regra geral estendida a todos os atos no processo de inventario e partilha, tanto para as partes quanto para o órgão fazendário. 3. Do Pagamento das Dívidas Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis. Entretanto, o pagamento dessas dívidas pode exigir a devolução dos bens doados para o espólio, de modo a pagar os credores do espólio. Sendo assim, o art. 642, do NCPC, inovou e trouxe com a inclusão do parágrafo 5º, que garante que os donatários, quando os credores do espólio requerer ao juízo do inventário os pagamentos das dívidas vencidas e exigíveis, sejam chamados a se pronunciar sobre a aprovação das dívidas, sempre que houver a possibilidade de resultar delas a redução de suas liberalidades. Ora, nada mais justo do que permitir a manifestação dos donatários antes que percam toda ou parte dos bens recebidos em doação pelo autor da herança (falecido) antes da abertura da sucessão (morte). 4. Da Partilha Partilha é a divisão liquida ente os herdeiros sucessíveis, isto é, o patrimônio á descontadas as dívidas.

A maior inovação tocante a este tema relaciona-se a possibilidade, por parte do juiz, por decisão fundamentada, de antecipar aos herdeiros o exercício dos direitos de usar e fruir um determinado bem, desde que, ao termino do inventario, tal bem integre a cota desse herdeiro. Nesse caso, o deferimento coloca sobre o herdeiro todos os ônus e bônus decorrentes do exercício daqueles direitos. Essa previsão está expressa no art. 647. Por fim, o atual diploma legal, em seu art. 654, também esclarece que a existência de dívida para com a fazenda pública não impedira o julgamento da partilha, desde que o seu pagamento esteja devidamente garantido. Essa posição também se harmoniza aos princípios que norteiam o processo de inventario, quais sejam, a comodidade das partes, a celeridade e a razoável duração processual. 5. Arrolamento A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos da lei, será homologada de plano pelo juiz, com observância dos artigos 660 a 663 do NCPC. Foram adicionadas mais algumas alterações no parágrafo segundo do art. 659: transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou de adjudicação, será lavrado o formal de partilha ou elaborada a carta de adjudicação e, em seguida, serão expedidos os alvarás referentes aos bens e às rendas por ele abrangidos, intimando-se o fisco para lançamento administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos porventura incidentes, conforme dispuser a legislação tributária, nos termos do 2. do art. 662 1. O arrolamento é um procedimento simplificado de inventário e partilha, com número menor de atos processuais, desde que todos os herdeiros sejam maiores e capazes (arrolamento sumário) ou quando o valor máximo dos bens do espólio for inferior ou igual a mil salários mínimos (arrolamento comum). Também pode ser usado o arrolamento se o falecido deixou apenas um único herdeiro. Nessa seara o novo Código trouxe duas mudanças importantíssimas. A primeira relativa ao valor máximo do espólio para que possa ser processado pelo arrolamento comum, que passou para 1.000 salários mínimos (artigo 664 do NCPC). Embora o arrolamento comum ocorra de forma célere, havia o óbice no quantum máximo permitido do espólio, uma vez que limitava-se a apenas a 2000 OTNs (21,25 X 2.000= R$ 42.500,00), 1 Art. 662, caput, do NCPC. No arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões relativas ao lançamento, ao pagamento ou à quitação de taxas judiciarias e de tributos incidentes sobre a transmissão da propriedade dos bens do.

valor relativamente baixo por se tratar de sucessão, o que acabava por excluir um numero considerável de casos que a ele poderiam ser aplicados. A segunda trata da possibilidade, anteriormente inexistente, de ser o procedimento do arrolamento comum utilizado ainda que haja interessado incapaz, desde que partes e Ministério Público anuam (artigo 665 do NCPC). Esse novo texto é também fator de expansão da utilização do uso do arrolamento, sem descuido da figura do incapaz do ponto de vista de sua proteção estatal, até porque com a existência de incapaz, obrigatoriamente haverá intervenção do Ministério Público, sob a pena de nulidade do processo. 6. Das Disposições Gerais Aplicáveis a Todas as Seções Nas disposições comuns a todas as seções, temos, finalmente, duas alterações trazidas pelo Novo Código de Processo Civil sobre a nomeação do curador especial na sobrepartilha. Com relação ao ausente, não há nada de novo, porém, segundo a norma anterior, em se tratando de sobrepartilha, havendo incapaz no processo de partilha, devia o juiz nomear curador para que o representasse no bojo do processo. Pelo novo Código, essa nomeação só ocorrerá quando houver colisão de interesses do curatelado e de seu curador. Assim, a simples existência de incapaz não é suficiente para nomeação de curador. Por fim, ainda na sobrepartilha, o artigo 672 do Novo CPC traz mudanças sobre a possibilidade de cumulação de inventários para a partilha de herança de pessoas diversas quando houver identidade de pessoas a que se destina a divisão dos bens, heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros e quando houver dependência de uma partilha em relação à outra. Neste último caso, reside a alteração trazida no fato de o juiz poder optar pela tramitação em separado ou não, segundo o melhor interesse das partes ou à celeridade do processo. Um último ponto a ser abordado, não representando uma inovação, mas sim um erro, encontra-se no artigo 664 do Novo CPC. O 4º do artigo 664 cita o artigo 672 para aplicação relativa ao lançamento, ao pagamento e à quitação da taxa judiciária e do imposto sobre a transmissão da propriedade dos bens do espólio, porém, o artigo 672 2 tratada licitude da cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas diversas. 2Art. 672 do NCPC. É lícita a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas diversas

RESULTADOS Em razão de nossa pesquisa, chegamos aos resultados apresentados a seguir. 1. O novo diploma amplia a função da escritura pública que, no CPC de 1973, constituía documento hábil apenas para o registro imobiliário, para qualquer ato de registro. 2. Os atos notariais vinculados ao inventário não serão gratuitos por si só, salvo por outra razão, por outra disposição legal não vinculada ao inventário ou partilha. 3. O companheiro sobrevivente tem legitimidade ativa expressa no NCPC para iniciar o inventário. 4. O Juízo, ao contrário de previsão do CPC/73, não mais pode, de ofício, iniciar o inventário em caso de inércia dos legitimados. 5. Tanto o herdeiro menor, por meio de seu representante, e o cessionário, já participava do processo de inventario. Entretanto, com a nova regulamentação, respeitadas as condições da cessão de crédito para o cessionário, podem também ser nomeados inventariantes. 6. Em relação ao ato da lavratura do termo circunstanciado das primeiras declarações (art. 620 NCPC), houve uma expansão dos dados que nele devem ser exarados. Incluiu-se o endereço eletrônico e o regime de bens da união estável dos herdeiros, cônjuge e/ou companheiro supérstite (inciso II). Isto se harmoniza com a tendência de digitalizar o trâmite processual e a ampliação do papel atuante do companheiro supérstite. 7. No que se refere à remoção do inventariante com fundamento em qualquer dos incisos do art. 622, interessante alteração se deu no artigo 623, que expandiu o prazo, de 5 (cinco) para 15 (quinze) dias, para que o inventariante apresente defesa e produza provas. E em seu art. 625, o NCPC, manteve o texto original do art. 998 do CPC de 1973, entretanto acrescenta a possibilidade de aplicação de multa, não prevista no anterior ordenamento, a ser fixada pelo juiz. 8. O CPC/15 moderniza a forma de citação do cônjuge ou companheiro, herdeiros e legatários, prevendo a citação por correios para qualquer Comarca do Brasil. 9. Outra inovação diz respeito ao conteúdo da impugnação das partes no inciso I do art. 627, no CPC/15 (correspondente ao art. 1000, I, do CPC/73), o qual prevê, além da arguição de erros e omissões, também a possibilidade da arguição de sonegação de bens. 10. Inovação de destaque acontece no art. 642, do NCPC, com a inclusão do parágrafo 5º, que garante que os donatários, quando os credores do espólio requerer ao juízo do inventário os pagamentos das dívidas vencidas e exigíveis, sejam chamados a se pronunciar sobre a aprovação das dívidas, sempre que houver a possibilidade de resultar delas a redução de suas liberalidades. Ora, nada mais justo do

que permitir a manifestação dos donatários antes que percam toda ou parte dos bens recebidos em doação pelo autor da herança (falecido) antes da abertura da sucessão (morte). 11. O artigo 647, parágrafo único, apresenta importante inovação, pois indica a possibilidade do Juiz, em decisão fundamentada, antecipar parte da herança a qualquer herdeiro, dando a ele direito de uso e fruição sobre determinado bem, que, ao fim, integrará sua cota. Trata-se de uma espécie de usufruto judicial. 12. O arrolamento comum e o arrolamento sumário não devem ficar parados à espera do pagamento do tributo, mais especificamente, do imposto de transmissão causa mortis e doações (ITCMD), permitindo ao Poder Judiciário a finalização do arrolamento mesmo sem o pagamento do referido imposto, desde que o seu pagamento esteja garantido. 13. O arrolamento comum (valor dos bens do falecido até 1.000 salários mínimos) teve duas alterações importantes. A primeira se refere ao valor máximo do espólio para que possa ser processado pelo arrolamento comum, que subiu para 1.000 salários mínimos. A segunda trata da possibilidade, anteriormente inexistente, de ser o procedimento utilizado ainda que haja interessado incapaz, desde que partes e Ministério Público anuam. 14. A simples existência de incapaz não é suficiente para nomeação de curador, ao contrário do que ocorria no CPC de 1973. 15. O artigo 664 do NCPC, ao fazer referência ao artigo 672 errou e, na verdade, teve intenção e, pois, deve ser assim considerado, como indicação ao artigo 662 do mesmo códex. CONSIDERAÇÔES FINAIS O Código de Processo Civil de 2015 trouxe diversas inovações ao direito processual civil, desde sua nova estruturação até as inovações previstas para ação de inventário e partilha. Embora, ressalte-se, que a pesquisa tenha se iniciado ainda quando sequer o atual Código de Processo Civil houvesse sido promulgado, depois dele, acentuaram-se as análises dos efeitos que as alterações trariam a prática advocatícia, bem como as rotinas forenses, buscando retratar com efetividade se tais inovações seriam de fato um avanço ao sistema processual ou apenas uma mera nova roupagem dos artigos e seus dizeres. Encerrada as análises e levantadas as alterações, diversos resultados foram elencados, dentre os quais, cita-se a ampliação de prazo a todo os procedimentos do processo de inventario e partilha, a ampliação do rol de legitimados, a ampliação do alcance dos procedimentos de arrolamento comum e sumário, a possibilidade da comodidade de sobrepartilha, dentre outros.

Em síntese, verifica se que as alterações possibilitam uma maior agilidade ao processo de sucessão aqui em destaque, priorizando a igualdade e equidade dos direitos dos atores hereditários, harmonizando-se aos princípios da dignidade da pessoa humana e da razoável duração processual, por meio da celeridade do procedimento de inventário e a prevenção dos conflitos futuros. Como bem assentado, as mudanças e inovações normativas são positivas, mas apenas com sua efetiva pratica poderá se verificar o quanto eficaz será de fato. Tal conclusão só será possível de verificação com o efetivo uso dessas ferramentas no decorrer do tempo. REFERENCIAS AMORIM, Sebastião Luiz; OLIVEIRA, Euclides de. Inventários e Partilhas. 17ª. ed. São Paulo: LEUD, 2004. ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Civil: Sucessões. 5ª. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2000. AZEVEDO, Álvaro Villaça. Comentários ao Código Civil. Coord. António Junqueira de Azevedo, São Paulo: Saraiva, 2003. vol. 19. CAMPOS, Antonio Macedo de. Manual dos Inventários e Partilhas. São Paulo: Sugestões Literárias, 1976. FACHIN, Rosana. Do Parentesco e da Filiação. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha; DIAS, Maria Berenice (Coords.). Direito de Família e o Novo Código Civil. 3ª. ed. Belo Horizonte: Del Rey/IBDFam, 2003. GARCIA, Cristiano Pereira Moraes Garcia. Inventários e Partilhas. 2ª. Edição. São Paulo: Saraiva, 2010. GARCIA, Cristiano Pereira Moraes. O direito à herança no novo Código Civil. Campinas: CS Edições, 2005. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 2ª. ed. São Paulo: Atlas, 1997.