Aspetos da dinâmica populacional de Mus spretus na Tapada da Ajuda

Documentos relacionados
Herpetofauna e Mamofauna dos ecossistemas vitivinícolas da região RDD

Nome científico: Nome Popular: Classe: Ordem: Família: Subfamília: Género: Espécie: Características:

Protocolo de Avaliação e Monitorização da predação de ninhos de Priolo nas áreas de nidificação de Priolo por roedores e mustelídeos

Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

GEOGRAFIA PROFºEMERSON

MONITORIZAÇÃO E CONTROLO DE PREDADORES NA ÁREA DE NIDIFICAÇÃO DA FREIRA DA MADEIRA Pterodroma madeira ATÉ 2005.

MICROMAMÍFEROS FAMÍLIAS CADERNO DE ACTIVIDADES BIODIVERSIDADE. Micromamíferos 1

Oficinas de Ambiente

Impacto das alterações climáticas na distribuição e ecologia das aves estepárias

Projetos Intervales. Modificado de:

Recuperação Paisagística & Biodiversidade Caso de Estudo SECIL-Outão. ALEXANDRA SILVA Ambiente & Biodiversidade Centro Técnico Corporativo

UNIDADE 1. Conteúdos. Ser humano: semelhanças e diferenças (características físicas e comportamentais; gostos pessoais) Partes do corpo humano

Sector Biodiversidade.

Disciplina: BI63 B ECOSSISTEMAS

Questões p.84. Fatores bióticos Relações que os seres vivos estabelecem entre si no ecossistema.

Culturas para a fauna em montado: demonstração dos seus efeitos na gestão cinegética e na biodiversidade

Projetos Intervales. Modificado de:

Seminário Explorações a Céu Aberto Novos desenvolvimentos

Geografia. Prof. Franco.

VALE DOTUA MICRO-RESERVAS

AMBIENTE E SAÚDE Ensino Básico 1º, 2º e 3º ciclos

Impactes na biodiversidade

UM BOSQUE PERTO DE SI Vamos construir o mapa dos Ecossistemas Florestais Portugueses

PACK. Visita de comboio + Atelier de apicultura + Demonstração de voo livre das aves de rapina

DISCIPLINA DE CIÊNCIAS

A Fundação la Caixa e o BPI, em colaboração com a Câmara Municipal de Portimão, apresentam a exposição A Floresta

Gestão de Ecossistemas e Biodiversidade na Quinta dos Murças (Esporão)

68 Por Jussara Goyano (TEXTO), Otavio Marques (TEXTO e FOTOS) e Márcio Martins (FOTOS)

Efeitos das alterações do uso do solo nas aves de meios agrícolas

BIOLOGIA, DIVERSIDADE E COMPORTAMENTO DE AVES TEORIA E PRÁTICA

Dissertação apresentada na Universidade dos Açores para obtenção do grau de Mestre em Gestão e Conservação da Natureza

Projetos Intervales. Modificado de:

Influência da estrutura da vegetação sobre o uso de diferentes fitofisionomias por Sapajus xanthosternos num fragmento de Mata Atlântica

Universidade Estadual do Ceará UECE Centro de Ciências da Saúde CCS Curso de Ciências Biológicas Disciplina de Ecologia.

BIOLOGIA PROF(A). MARCUS ALVARENGA

III O que se pretende fazer?

Cópia autorizada. II

Ecossistemas BI63B Profa. Patrícia Lobo Faria

Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Processo de Seleção de Mestrado 2015 Questões Gerais de Ecologia

Aluno(a): N o : Turma:

Hipótese de Gaia. Com o fenômeno do aquecimento global e a crise climática no mundo, a hipótese de Gaia tem ganhado credibilidade entre cientistas.

Escola E B 2, 3/ S Cunha Rivara. Disciplina de Ciências da Natureza. Ano lectivo 2007/2008

Disciplina: BI63 B ECOSSISTEMAS. Tema da aula - Distúrbios: Sucessão Ecológica: principais conceitos e aplicações.

COLÉGIO SHALOM Ensino Médio 1ª Série. Profº: Ms Marcelo Biologia Aluno (a):. No.

PROJETO DE LEI N.º 538/XIII/2ª

nome do indicador ÁREA AGRÍCOLA E FLORESTAL COM ELEVADO VALOR NATURAL

Diversidade biológica e diversidade de paisagens em montados

Alexandrina Pujals Ana Carolina Pitta Letícia Araujo Raphael de Oliveira Silva

PLANO DE AÇÃO PARA A VIGILÂNCIA E CONTROLO DA Vespa velutina EM PORTUGAL. Módulo I A Vespa velutina

CORPO: o formato de seu bico, que é comprido e possui uma colher na extremidade, deu origem a seu nome popular.

FRAGMENTOS FLORESTAIS

Universidade dos Açores Departamento das Ciências da Educação Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico

Método Mecânico de Controlo de Rato de Campo

É uma floresta de árvores originárias do próprio território. Neste caso, a floresta autóctone portuguesa é toda a floresta formada por árvores

Ephestia unicolorella woodiella & Cadra figulilella

BIOLOGIA. Ecologia e ciências ambientais. Níveis de organização da vida. Professor: Alex Santos

estado de tempo com clima. Embora sejam conceitos diferentes, eles estão inter-ligados, uma vez que à sucessão

GRUPO DE PESQUISA DE AVES DE RAPINA CORUJA SUINDARA MARCOS CRUZ

BIE-212: Ecologia Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental. Comunidades I

Prova de Aferição de Matemática e Ciências Naturais Prova 58 5.º Ano de Escolaridade 2017

Os desafios da Biodiversidade Urbana em Lisboa. Fernando Louro Alves Grupo de Missão Biodiversidade 2020 CML DMAU DAEP - DGMPFM

Secretaria Nacional para o Ambiente e Prevenção Departamento Nacional de Ambiente Juntas Regionais, Juntas de Núcleo e Agrupamentos Esquilo Vermelho

Conhecer o Montado. Ficha do aluno. Ana Isabel Leal. Centro Ecologia Aplicada Prof. Baeta Neves

Impactes sectoriais. Sistemas ecológicos e biodiversidade. Impactes Ambientais 6 ª aula Prof. Doutora Maria do Rosário Partidário

Trabalho realizado por: Henrique Libório/nº15/8ºF/morada: Quinta do bravo lote 23 Nº de telefone:91 Edgar Cunha/nº10/8ºF

LEVANTAMENTO E MANEJO ECOLÓGICO DE PRAGAS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAF S): ESTUDO DE CASO DE UM SAF SUCESSIONAL NO DISTRITO FEDERAL, BRASIL

Intensificação da Pecuária Sustentável

Nuno de Santos Loureiro Universidade do Algarve. Combate à Desertificação e Desenvolvimento Sustentável

Noções Básicas de Metodologia de Campo

História de vida. História de vida. Estratégia r vs. estratégia K. História de vida 06/09/2013. Investimento reprodutivo vs. sobrevivência de adultos

SELEÇÃO DE MESTRADO 2014

BIOMAS. Professora Débora Lia Ciências/Biologia

Política Nacional de Meio Ambiente: unidades de conservação. Biogeografia - aula 4 Prof. Raul

Plano de Ação Local Biodiversidade em Lisboa. Fernando Louro Alves Grupo de Missão Biodiversidade 2020 CML DMAU DAEP - DGMPFM

O MÉTODO DOS QUADRATS

BOLETIM CLIMATOLÓGICO TRIMESTRAL DA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DO IAG/USP - MAM OUTONO -

ECOLOGIA. Introdução Cadeias alimentares Pirâmides ecológicas

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Senhora e Senhores Membros do Governo

Propostas projectos Biosfera 1

USO DE NINHOS ARTIFICIAIS COMO METODOLOGIA PARA VERIFICAR A TAXA DE PREDAÇÃO DE NINHOS EM DOIS AMBIENTES: BORDA E INTERIOR DE MATA

Biodiversidade: Conceitos gerais e estudos sobre a coexistência

Recursos hídricos. Especificidade do clima português

O que são factores abióticos? Factores dependentes do meio que influenciam a vida dos seres vivos

Estado dos palmeirais de Phoenix atlân-ca em Cabo Verde. Maria da Cruz Gomes Soares Eng.ª Florestal

Faia Brava área protegida privada. A importância do olival biológico. 3. Caracterização de valores Unidades de paisagem

PROGRAMAS DE RESTAURAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE MATAS CILIARES E DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

I Feira das Ciências Agrárias e do Ambiente 9 de Novembro de 2011

BOLETIM CLIMATOLÓGICO TRIMESTRAL DA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DO IAG/USP - SON PRIMAVERA -

BIE-212: Ecologia Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental. Evolução do parasitismo

Clima(s) CLIMAS - SOLOS E AGRICULTURA TROPICAL. Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural UC: Agricultura Tropical.

Gestão do coelho-bravo nos Açores

O que é uma variável binomial? 2 qualidades 2 tamanhos

BIOLOGIA - 2 o ANO MÓDULO 26 DINÂMICA DE POPULAÇÕES

PACK. Visita de Comboio + Atelier de Apicultura + Demonstração de Voo Livre das Aves de Rapina + +

A PENÍNSULA IBÉRICA NA EUROPA E NO MUNDO

Teste de avaliação Teste de avaliação Teste de avaliação 3 26

MEGADIVERSIDADE. # Termo utilizado para designar os países mais ricos em biodiversidade do mundo. 1. Número de plantas endêmicas

6 Campanha de medições

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA EXAME DE CONHECIMENTOS EM ECOLOGIA DOUTORADO ECOLOGIA TERRESTRE

Transcrição:

Universidade de Lisboa Instituto Superior de Agronomia Relatório de Projeto de Final de Curso da Licenciatura de Biologia 2013/2014 Aspetos da dinâmica populacional de Mus spretus na Tapada da Ajuda Aluna: Kristina Pereira Leong Orientadores: Susana Dias e Pedro Vaz Coordenadora: Leonor Morais

Índice 1. Introdução... 1 2. Materiais e Métodos... 3 2.1. Área de estudo:... 3 2.2. Captura de micromamíferos... 6 2.3. Amostragem de vegetação... 11 2.4. Análise de dados... 11 3. Resultados... 12 3.1. Espécies encontradas e abundância... 12 3.2. Capturas de Mus spretus por período do dia... 13 3.3. Variação biométrica no tempo... 13 3.3.1. Comprimento... 13 3.3.2. Peso... 14 3.4. Densidade populacional de Mus spretus nos habitats olival e ribeira... 15 4. Discussão... 16 Anexos... 21

Resumo O conhecimento sobre as modificações provocadas na biodiversidade dos habitats das áreas urbanas tem aumentado, pois é importante perceber se essas alterações vão ser prejudiciais para as comunidades nessas áreas. A Tapada da Ajuda é uma vasta área florestal e agrícola, contudo está localizada na cidade de Lisboa, o que suscitou interesse para o nosso trabalho e fez dela a nossa área de estudo. Os micromamíferos são um grupo que prevalece nestas áreas urbanas, pertencendo a este grupo a espécie Mus spretus em que o nosso trabalho se centra. Foram realizadas campanhas de captura dos animais vivos, com base em técnicas de armadilhagem para dois habitats diferentes por campanha em cada mês (Novembro, Março, Abril e Maio). Foram capturadas três espécies diferentes: Mus spretus, Mus domesticus e Rattus norvegicus. Sendo que a espécie com o maior número de capturas foi o Mus spretus, os dados analisados focaram-se apenas nesta espécie. Os nossos resultados revelaram que a densidade populacional de Mus spretus foi maior para o habitat Olival e que o mês com maior densidade populacional foi o mês de Abril, tanto para o Olival como para a Ribeira. A avaliação da preferência das espécies amostradas pelos diferentes habitats e a avaliação de alguns dos parâmetros da dinâmica populacional desta espécie será importante para a caracterização da comunidade de micromamíferos na Tapada. Palavras-chave: Áreas urbanas, Tapada da Ajuda, Micromamíferos, Mus spretus

1. Introdução A comunidade faunística nas áreas urbanas encontra-se normalmente reduzida (em termos de diversidade) em comparação com outras áreas naturais. Tem sido assim de elevado interesse perceber-se como as diferentes espécies respondem às modificações dos diferentes habitats em áreas urbanas (Gomes et al., 2011). Estas áreas apresentam diferentes condições ambientais, pois, no centro urbano, os ambientes apresentam-se mais modificados e em parques e jardins os ambientes apresentam-se mais conservados, eventualmente, com manchas de vegetação nativa (White et al., 2005,- in Ferreira, 2011). O aumento que tem havido na população urbana levou à fragmentação, modificação e destruição dos habitats (Gomes et al., 2011). Apesar da sua importância para a conservação da biodiversidade mundial, poucos estudos avaliaram os efeitos da urbanização e da fragmentação do habitat na biodiversidade dos ecossistemas de tipo mediterrânico (Klausmeyer and Shaw, 2009,- in Fernández & Simonetti, 2013). A estrutura dos microhabitats e macrohabitats também influencia a distribuição das comunidades dos micromamíferos (Fuente 1992, in Gomes et al., 2011). Estas comunidades desempenham um papel importante nas cadeias alimentares, incluindo os ecossistemas urbanos, isto porque eles podem influenciar a presença ou ausência de outros animais selvagens devido a interações competitivas, e á sua ação como presa para outros animais, como carnívoros, aves e répteis (Ekernas & Mertes, 2006). Estes micromamíferos, podem ser indicadores valiosos da qualidade do habitat pois não só podem moldar a dinâmica de sucessão, como podem também moldar a futura composição da estrutura da vegetação (Gomes et al., 2011). De entre os micromamíferos, o presente trabalho irá focar-se apenas em alguns roedores (Ordem Rodentia), mais propriamente nos roedores da família Muridae. Os roedores são a maior ordem dos mamíferos, representando atualmente cerca de 40% das espécies conhecidas desta classe (Mathias et al., 1999). 1

Estes estão classificados em 3 subordens (Sciuromorpha, Myomorpha e Hystriconorpha) e esta classificação é feita com base no funcionamento do sistema de músculos mandibulares que controlam os seus maxilares, visto que a ação de roer é a essência da vida dos roedores (Macdonald & Priscila, 1993). A família Sciuridae inclui apenas um género (Sciurus), a família Arvicolidae é a mais numerosa, com dois géneros (Arvicola e Microtus), a família Muridae tem dois géneros de ratinhos (Apodemus e Mus) e um género de ratazanas (Rattus) e ainda a família Gliridae que inclui um género (Eliomys) (Mathias et al., 1999). Os micromamíferos possuem uma elevada fecundidade e também a possibilidade de colonizarem muitos ambientes diferentes (Mathias et al., 1999). Por estas e mais razões, eles têm sido usados como organismos modelo para a biologia da conservação e para a ecologia, pois permitem fáceis previsões sobre como as espécies vão responder a perturbações, o que é difícil de se observar com espécies raras ou de maior tamanho (Barrett & Peles 1999; Wolff 1999,- in Gomes et al., 2011). Os micromamíferos habitam com frequência espaços verdes como parques e jardins de áreas urbanas (Mahan & O Connell, 2005,- in Gomes et al., 2011). Na cidade de Lisboa podemos encontrar muitos jardins, matas, parques, quintas, hortas, tapadas e jardins botânicos, sendo a zona do parque florestal de Monsanto a mais vasta área florestal na cidade de Lisboa com cerca de 900 ha (Anexos 1- Fig.1). A Tapada da Ajuda é um Parque Botânico com cerca de 100 hectares e encontra-se situada na encosta Sul do parque florestal de Monsanto (Pina, 2011). Estando a Tapada da Ajuda situada numa grande área urbana como a cidade de Lisboa, é um bom sitio para podermos estudar algumas das espécies de micromamíferos, já que não se conhecem estudos feitos sobre a comunidade de micromamíferos nesta área. O ratinho-ruivo (Mus spretus) é uma das espécies mais abundantes nos habitats agrícolas ibéricos (Marques, 2011) e como tal potencialmente bem representado nas zonas peri-urbanas da grande Lisboa, em que a Tapada da Ajuda é um exemplo, no entanto pouco se conhece sobre a sua dinâmica nestes habitats, quando em simpatria com o ratinho das casas (Mus domesticus). O objetivo do presente trabalho é contribuir para a caracterização da comunidade de micromamíferos na Tapada da Ajuda, especialmente da espécie Mus spretus. Especificamente, pretende-se fazer uma primeira abordagem de alguns aspetos da abundância, padrões potenciais de atividade diária, biometria, e dinâmica populacional de Mus spretus, comparando esses aspetos em alguns habitats com importância ecológica na Tapada da Ajuda. Com base nas capturas e recapturas por armadilhagem a efetuar espera-se ainda apresentar uma primeira estimativa da densidade 2

populacional de Mus spretus. Como hipóteses associadas a alguns destes objetivos, espera-se que: (i) haja variação da abundância de Mus spretus com o período do ano da campanha de armadilhagem e com o habitat; (ii) que haja uma maior abundância nas capturas durante o período da manhã, após um período espectável de maior atividade durante a noite; (iii) fatores como a idade dos animais capturados, bem como aspetos biométricos (e.g. comprimento, peso) poderão diferir entre campanhas de amostragem, provavelmente em resposta nomeadamente à dinâmica temporal e a especificidades dos habitats relativamente a fatores ambientais (e.g. temperatura, altura da vegetação). 2. Materiais e Métodos 2.1. Área de estudo: O presente estudo foi realizado na Tapada da Ajuda que se encontra situada na encosta Sul da Serra de Monsanto e está limitada a Norte pelo Parque Florestal de Monsanto e a Sul pelo Bairro de Santo Amaro (Pina, 2011). Esta Tapada apresenta uma grande variedade não só ao nível da vegetação e da fauna, como também de espaços com funções agrícolas, florestais, pedagógicas e de lazer (Roque, 2011) (Anexos 1- Fig. 2). A Tapada da Ajuda é constituída por formações calcárias numa faixa central nas zonas mais elevadas, mas estas zonas são uma exceção, pois o resto da Tapada é formada fundamentalmente por formações basálticas (Pina, 2011; Roque, 2011) (Anexos 2- Fig.3). O terreno da Tapada da Ajuda apresenta um aspeto superficial uniforme, com uma textura argilosa e de cor acastanhada na sua generalidade, pois em alguns locais pode apresentar uma cor castanho-avermelhada. As terras de tom avermelhado vivo são as terras argilosas provenientes de calcários (Roque, 2011). O clima de Lisboa/Ajuda é mesotérmico húmido, de acordo com a classificação climática de Köppen, em que o Verão é quente e seco, com temperaturas superiores a 20⁰ C e um Inverno é fresco e chuvoso, sendo que a sua temperatura média é superior a 10⁰C (Pina, 2011). Segundo a classificação de Thornthwaite, é um clima sub-húmido chuvoso temperado, com grande deficiência de água no Verão e pequena concentração de eficiência térmica estival (Pina, 2011). 3

A temperatura máxima diária varia entre os 29,2 ⁰C e os 15,1 ⁰C, em Agosto e Janeiro, respetivamente. O valor médio da temperatura máxima anual é de 22 ⁰C. A temperatura mínima diária varia entre os 7,2 ⁰C e os 16,4 ⁰C, em Janeiro e Agosto, respetivamente, sendo o valor médio anual de 11,8 ⁰C (Pina, 2011; Roque, 2011). Durante os 4 dias de capturas de cada mês em que se realizou o presente estudo, a temperatura média no mês de Março foi de 13 C, no mês de Abril foi de 15,8 C e no mês de Maio foi de 17,8 C. A precipitação durante esse mesmo período foi de 0.025 mm no mês de Março, 0.025 mm no mês de Abril e no mês de Maio não choveu nesse período (Dados da estação meteorológica Lisboa/Tapada da Ajuda) (Anexo 2-Fig.4). A Tapada da Ajuda apresenta uma grande variedade e riqueza de coberto vegetal (Pina, 2011). Com o passar do tempo é natural que a paisagem de coberto vegetal sofra algumas mudanças. De acordo com (Anexos 3- Fig.5) podemos observar que em 1932 a Tapada estaria delineada por parcelas que nos indicam a vinha, a horta, o olival, o pomar, etc (Pina, 2011; Roque, 2011). A Tapada da Ajuda vai sofrendo algumas mudanças no delineamento das parcelas e vão aparecendo povoamentos florestais, pelo que se pode ver na figura (Anexos 3- Fig.6) encontram-se a Poente, povoamentos de Pinus pinea L. e Pinus halepensis Miller. No Pinhal de Junot que fica junto ao Observatório temos Pinus pinea L. e uma pequena mancha de Pinus halepensis Miller, junto à Terra do Moinho. Junto a estes, encontram-se povoamentos de Acacia spp. e alguns zambujeiros (Olea europaea L. var. sylvestris) (Pina, 2011). Existe também uma pequena área de Quercus suber L. junto à Geradora (Pina, 2011). A grande diversidade faunística detetada na Tapada deve-se não só à grande diversidade de áreas verdes como hortas, zonas cultivadas com cereais e vinhas, jardins e estratos arbóreos e arbustivos, como também à confluência que a Tapada tem com o Parque Florestal de Monsanto (Rodrigues et al., 1997,- in Oliveira, 2013). 4

Tabela 1- Síntese da descrição da fauna da Tapada da Ajuda (Fonte: Oliveira, 2013). Classe Peixes: Classe Anfíbios: 3 Espécies confirmadas; 9, no total; 5 espécies confirmadas; Classe Répteis: 17, no total; 14 espécies confirmadas; Classe Aves: 75, no total; 60 espécies confirmadas; 15 espécies ocasionais; Classe Mamíferos: 18, no total; 16 espécies confirmadas; 2 espécies ocasionais; Os locais da Tapada da Ajuda que foram escolhidos como habitat para realizarmos as capturas, foram o Olival junto ao portão do Monsanto, a Sebe que margina a terra grande e a separa do parque de merendas e um troço da Ribeira, por baixo da ponte, junto ao banco do Junot, (Fig.1). Fig. 1- Mapa da Tapada da Ajuda- Com referência dos locais de amostragem (Fonte: Google maps, 05-06-14) 5

2.2. Captura de micromamíferos Para a amostragem de micromamíferos foram usadas técnicas de armadilhagem que permitem capturar os animais vivos, identifica-los e recolher informação sobre alguns parametris biológicos. A armadilhagem de pequenos mamíferos é tanto uma arte como uma ciência (Gurnell & Flowerdew, 1990). Para que a captura seja bem-sucedida é necessário que os animais encontrem, explorem e entrem dentro das armadilhas e isto depende da escolha do sítio onde se colocam as armadilhas e ainda de como estas são dispostas (Gurnell & Flowerdew, 1990). Existe uma grande diversidade de modelos diferentes de armadilhas, especificas para diferentes tamanhos das espécies de pequenos mamíferos (Sutherland, 2006). A armadilha que foi utilizada no nosso estudo é uma armadilha de metal que é específica para apanhar pequenos roedores. Esta armadilha é do tipo Sherman (8 x 9 x 23 cm) (Fig.2) (Gomes et al., 2011). Para a captura de insectívoros foram usadas umas armadilhas do tipo trip-trap, de cor castanha (Fig.3). Fig. 2- Armadilhas tipo Sherman Fig. 3- Armadilhas tipo Trip-Trap As armadilhas têm de conter condições necessárias para que os animais sobrevivam em boas condições à armadilhagem. Essas condições são garantidas com o algodão e com a comida (Gurnell & Flowerdew, 1990). A comida serve não só de isco, pelo seu cheiro forte para atrair os animais, mas também como fonte de alimento para estes mesmos (Sutherland, 2006). São usadas muitas coisas como isco, como a aveia, trigo e outros cereais (Gurnell & Flowerdew, 1990). No nosso caso usámos uma mistura de atum com aveia e óleo já usado e fizemos uma pasta. Nas armadilhas foram também colocadas sementes de cevada e rodelas de cenoura como fonte de hidratação. Para o aquecimento das armadilhas foi usado algodão. 6

Existem dois padrões geralmente utilizados para os pontos de armadilhagem, que são linhas de armadilhas e grelhas de armadilhas (Gurnell & Flowerdew, 1990). O espaço correto entre os pontos de armadilhagem no padrão de grelhas de armadilhas depende das distâncias de movimento das espécies em estudo, de fatores do habitat em si e da altura do ano em que o estudo é feito (Gurnell & Flowerdew, 1990). No nosso caso as armadilhas foram colocadas com uma distância de 5 m entre elas (Gurnell & Flowerdew, 1990), usando-se o padrão de grelha no Olival e o padrão de linhas na sebe. Na Ribeira foram usados os dois padrões (Fig. 4,5 e 6). 5 m Fig. 4- Olival- Armadilhas dispostas em grelha (Fonte: Google maps, 07-06-14). As bolas amarelas são as armadilhas e as linhas verdes mostram o padrão de grelha em que elas são colocadas. 5 m Fig. 5- Sebe (junto à terra grande) - Armadilhas dispostas em linha (Fonte: Google maps, 07-06-14). As bolas amarelas são as armadilhas e as linhas verdes mostram o padrão linear em que elas são colocadas. 7

5 m Fig. 6- Ribeira- Armadilhas dispostas em grelha e em linha (Fonte: Google maps, 07-06-14). As bolas amarelas são as armadilhas, as linhas a cor-de-rosa delimitam três zonas dentro da Ribeira, as linhas azuis representam a linha de água e as linhas a vermelho mostram os padrões de grelha e de linha em que as armadilhas foram colocadas em cada uma dessas três zonas na Ribeira. O número de armadilhas disponíveis vai determinar o tipo de estudo e a intensidade do estudo que se pretende fazer. Com 20 ou mais armadilhas já se consegue fazer um estudo mais sistemático e com dados quantitativos (Gurnell & Flowerdew, 1990). No nosso caso, em cada semana de capturas foram usadas 80 armadilhas em que seriam divididas pelos dois habitats escolhidos, ficando cada um dos habitats com 40 armadilhas. As armadilhas estavam todas marcadas com números e o seu local de colocação foi devidamente anotado, para que não se perdesse nenhuma. Segundo (Gurnell & Flowerdew), deve-se obter um equilíbrio entre o número de pontos de armadilhagem escolhidos e o número de armadilhas colocadas em cada ponto, que está de acordo com a distribuição feita no nosso trabalho, com o mesmo número de armadilhas nos dois locais. O presente estudo foi realizado entre o mês de Março e Maio de 2014, onde foi realizada uma sessão de capturas por cada um dos meses. Foi também realizada uma sessão de capturas no mês de Novembro de 2013, sendo esta uma primeira sessão experimental. Cada sessão de captura foi realizada durante 3 dias e 3 noites, o período recomendado para estudos que envolvam capturamarcação-recaptura (Gurnell & Flowerdew, 1990). Em cada sessão de armadilhagem, as armadilhas foram colocadas ao anoitecer no primeiro dia, depois eram vistas duas vezes por dia e no último dia eram recolhidas após a verificação das capturas (Sutherland, 2006). Caso as armadilhas estivessem 8

fechadas, os animais capturados eram observados e depois as armadilhas eram novamente colocadas abertas nos mesmos locais. Para a remoção do animal, coloca-se a abertura da armadilha num saco grande de polietileno e segura-se bem a entrada do saco junto à armadilha e depois abre-se a armadilha para que o animal possa cair para dentro do saco (Gurnell & Flowerdew, 1990). A recolha de informação sobre o exemplar capturado poderá ser feita com o animal dentro do saco (Gurnell & Flowerdew, 1990), organizado nos seguintes tópicos: identificação da espécie, ver se o animal já estava marcado, o sexo, se está prenha (no caso de ser fêmea), condições gerais do corpo (incluindo a presença de feridas), a presença de ectoparasitas, as medidas do comprimento da cauda e do corpo e as pesagens (Gurnell & Flowerdew, 1990). No nosso caso, usámos uma garrafa de 1.5l cortada ao meio, onde era colocado o ratinho, para pesar e só depois é que colocávamos o ratinho dentro de um saco (Fig.7) para fazer o resto das observações e medições. A garrafa utilizada tinha um peso de 8.7 g e a balança onde os ratinhos eram pesados tinha uma tara de 0.1 g (Fig.8). As medições do comprimento do corpo e do comprimento da cauda foram realizadas com o ratinho dentro do saco e com uma régua em mm (Fig.7,8 e 9). Fig. 7- Saco de polietileno com o ratinho Fig. 8- Balança (0.1 g) e Régua (mm) que foram usadas Fig. 9- Biometrias gerais de um mamífero (Fonte: Macdonald & Barret, 1993). 9

Nos roedores, a identificação do sexo pode ser difícil em animais jovens ou em animais que não tenham crias, mas é simples em adultos. No presente trabalho seguimos o critério indicado em Gurnell & Flowerdew (1990): a distância entre o clitóris e o ânus nas fêmeas é muito mais curta que a distância entre o pénis e o ânus nos machos (Fig.10) e (Anexos 3 Fig.7). Fig.10- Características sexuais de machos (à esquerda) e fêmeas (à direita) (Fonte: Gurnell & Flowerdew, 1990). As marcações feitas nos animais para efeitos de identificação de potenciais recapturas foram realizadas apenas em Abril e Maio, através de pequenos cortes no pelo (1cm de extensão) (Fig.11 e 12). Para as fêmeas o corte foi feito do lado esquerdo, na parte de cima do corpo (para a grande maioria, alguns em exceção foram feitos em baixo) e para os machos o corte foi feito do lado direito, em cima (com exceção de alguns que ficaram com o corte na parte de baixo). Para os animais recapturados, anotou-se a presença e a posição do corte. No fim de todo o manuseamento os animais foram libertados nos mesmos locais onde foram capturados. Fig. 11- Exemplo de um corte feito do lado esquerdo em cima (fêmea). Fig. 12- Exemplo de corte feito do lado direito em baixo (macho). 10

2.3. Amostragem de vegetação No fim de cada sessão de amostragem foram recolhidos dados referentes à vegetação encontrada em cada um dos locais de amostragem. Esses dados foram, a altura da vegetação (Anexos 4 - Fig.8), medida com uma régua de madeira (Anexos 4 - Fig.9), com marcações de 1 em 1 cm e o grau de coberto vegetal (estrato herbáceo e arbustivo) pelo método do quadrat, com um quadrado com 33 cm de lado (Anexos 4 - Fig. 10). Para cada habitat foram retiradas 50 medidas, tanto da altura da vegetação, como do grau de coberto vegetal, nos locais onde as armadilhas estiveram instaladas (ver também Anexos 4 Fig. 11, 12 e 13). 2.4. Análise de dados Todos os dados recolhidos dos diferentes meses de capturas foram estruturados numa folha de cálculo (Microsoft Excel) de modo a obter o número de animais capturados por espécie, classe etária (jovem, adulto) e sexo, bem como os comprimentos e pesos individuais. Atendendo a que aproximadamente 100% das capturas foi de Mus spretus, a análise dos dados focou-se nessa espécie. O teste do qui-quadrado (χ 2 ) foi usado para comparar a frequência de capturas entre Março, Abril, e Maio no habitat Olival. O teste χ 2 foi também usado para comparar frequências observadas e esperadas em duas tabelas de contingência 2x2 com habitats (Olival, Ribeira) versus classe etária (Jovem, Adulto) ou sexo. Para o habitat Olival, a análise de variância (ANOVA) de um fator foi usada para comparar a média de comprimentos e pesos entre Março, Abril, e Maio. Neste caso, o teste de Tukey foi aplicado para a comparação múltipla de médias com o intuito de testar que meses eram diferentes entre si. Para os habitats Olival e Ribeira, duas ANOVA de dois fatores foram usadas para testar os efeitos principais e as interações dos fatores habitat (Olival, Ribeira) e mês (Abril e Maio) nos comprimentos e pesos. Nas análises estatísticas usadas considerou-se o valor-p <0.05 para rejeitar a hipótese nula. Os dados de capturas e recapturas foram utilizados para explorar o seu potencial para estimar a população de Mus spretus em cada um dos habitats recorrendo ao método de Petersen para populações fechadas (ou seja onde não se verifiquem nascimentos, mortes ou movimentos migratórios durante o período de estudo) e a adaptação de Chapman para amostras reduzidas (como é o caso). 11

N= [(N A1 +1) (N B1 +1)/(n 11 +1)], Em que N A1 são os ratos capturados e marcados na primeira amostragem (A), N B1 são os ratos capturados na segunda amostragem (B) e n 11 os ratos capturados tanto na primeira como na segunda amostragem ou seja as recapturas. 3. Resultados 3.1. Espécies encontradas e abundância Durante o período de amostragem capturaram-se 65 indivíduos de três espécies, Mus spretus, Mus domesticus, e Rattus norvegicus (Tabela 2). Dado que o número de indivíduos capturados no habitat sebe foi zero em Novembro e Março, optou-se por não amostrar esse habitat nas campanhas de amostragem de Abril e Maio, sendo a sebe substituída pelo habitat Ribeira. A espécie com maior número de capturas foi o Mus spretus, pelo que a análise de dados se centra nesta espécie. Tabela 2. Número de capturas por espécie nas quatro campanhas de amostragem. N.d. = Não disponível (não amostrado). Novembro Março Abril Maio Total Sebe 0 0 N.d N.d 0 Olival Ribeira 0 N.d Mus spretus - 9 Mus domesticus - 1 N.d Mus spretus - 18 Mus spretus- 10 38 Mus spretus- 13 Mus spretus- 13 27 Rattus norvegicus- 1 Total 0 10 32 23 65 O número de capturas de Mus spretus em Abril e Maio no habitat Olival e no habitat Ribeira (Tabela 3) não diferiu significativamente (χ 2 = 0.091, p = 0.763). Da mesma forma, nestas campanhas (Abril, Maio) a frequência de machos e fêmeas foi independente (χ 2 = 1.784, p = 0.182) do local (Olival, Ribeira). Pelo contrário, a relação entre jovens e adultos não foi independente do local (χ 2 = 3.882, p = 0.049), com o Olival a ter 21 jovens para 6 adultos. 12

Tabela 3. Número de capturas da espécie Mus spretus nas campanhas de Abril e Maio nos habitats Olival e Ribeira. Valores estratificados por Sexo e Faixa etária. O total de capturas por habitat difere da soma nos dois estratos (sexo e faixa etária), dado que nem sempre foi possível determinar o sexo ou a faixa etária dos animais. Olival Ribeira Machos 18 16 Fêmeas 10 5 Jovens 21 13 Adultos 6 12 Total no habitat 28 26 3.2. Capturas de Mus spretus por período do dia O número de capturas da espécie Mus spretus durante o período da manhã foi sempre superior ao da tarde. Além disso, apenas se capturaram animais no período da tarde no habitat Ribeira (Fig. 13). 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Capturas por período do dia Manhã Tarde Manhã Tarde Abril Maio Olival Ribeira Fig. 13 Capturas por períodos do dia (Manhã/Tarde) nos habitats Olival e Ribeira. 3.3. Variação biométrica no tempo 3.3.1. Comprimento No habitat Olival, onde obtivemos dados de três campanhas (Março, Abril, e Maio), a média total de comprimentos apresenta uma tendência não significativa de aumento ao longo do tempo (F = 2.842, p = 0.072). Considerando os habitats Olival e Ribeira, onde obtivemos dados de 2 campanhas (Abril, 13

Maio), a média dos comprimentos não difere significativamente entre campanhas (F = 0.266, p = 0.609) ou habitats (F = 0.363, p = 0.550), havendo uma interação marginalmente significativa entre esses dois fatores (F = 3.710, p = 0.061). A diferença na média de comprimentos entre machos e fêmeas não é significativamente diferente nas três campanhas (Fig. 14). 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Média dos comprimentos totais Março Abril Maio Macho Fêmeas Fig. 14 - Gráfico de barras da média dos comprimentos totais e intervalos de confiança a 95% dos machos e das fêmeas (os valores do mês de Março dizem apenas respeito ao habitat Olival). 3.3.2. Peso No habitat Olival, a média total de pesos difere significativamente ao longo do tempo (F = 4.331, p = 0.021). O teste post hoc de Tukey revela que neste habitat houve um decréscimo significativo na média de pesos entre o mês de Março e o mês de Maio. Considerando os habitats Olival e Ribeira a média dos pesos diminui de uma forma marginalmente significativa entre campanhas (F = 3.831, p = 0.057). Entre habitats, a diferença na média dos pesos não é significativa (F = 0.004, p = 0.947), havendo uma interação marginalmente significativa entre esses dois fatores (F = 4.032, p = 0.051). Nos dados recolhidos a média dos pesos das fêmeas foi sempre maior do que a média dos pesos dos machos, embora essa diferença não seja significativa, a diferença na média de pesos entre fêmeas e machos foi maior na campanha de Março (no Olival) (Fig. 15). 14

25 Média dos pesos 20 15 10 Macho Fêmea 5 0 Março Abril Maio Fig. 15- Gráfico de barras da média dos pesos e intervalos de confiança a 95% entre machos e fêmeas por cada mês de capturas (os valores do mês de Março dizem apenas respeito ao habitat Olival). 3.4. Densidade populacional de Mus spretus nos habitats Olival e Ribeira De um modo geral a densidade populacional de Mus spretus foi maior no habitat Olival. Em ambos os habitats, a densidade populacional estimada foi aproximadamente 3 vezes superior em Abril, quer no caso das estimativas mínimas quer no caso das estimativas máximas (Tabela 4). Tabela 4. Estimativa da densidade populacional (nº de capturas / hectare) de Mus spretus nos habitats Olival e Ribeira em Abril e Maio. Densidades estimadas pelo índice de Lincoln (ou método de Petersen). Abril Maio Habitat Mínimo Máximo Mínimo Máximo Olival 65 84 23 28 Ribeira 40 58 13 23 15

4. Discussão Os resultados deste trabalho permitiram fazer uma primeira abordagem de alguns aspetos da abundância, padrões potenciais de atividade diária, biometria, e dinâmica populacional de Mus spretus, comparando esses aspetos em dois habitats com importância ecológica na Tapada da Ajuda. Com base nas capturas e recapturas por armadilhagem efetuadas foi possível apresentar uma estimativa da densidade populacional nessas áreas: Olival e Ribeira. 4.1. Abundância de Mus spretus nas capturas por armadilhagem A espécie Mus spretus é uma das três espécies mais representativas em áreas Mediterrâneas (Pita et al., 2003, in - Gomes, 2011), tendo-se verificado a sua grande abundância em todas as campanhas de amostragem realizadas neste estudo. Por exemplo, nos estudos de Marques & Mira (2011) a espécie com maior número de indivíduos capturados foi também Mus spretus. Tal como no presente trabalho, em alguns dos estudos anteriores, os locais com maior abundância de pequenos mamíferos são os olivais situados perto de zonas urbanas, sendo o carácter generalista e oportunista destas espécies uma explicação possível (Blanco, 1998, in- Vicente, 2008). De facto, a densidade populacional de Mus spretus no presente trabalho foi maior no habitat Olival. Sabendo que a estrutura e a distribuição das espécies de micromamíferos dependem de características do habitat, como a vegetação que lhes serve de alimento e refúgio de predadores (Vicente, 2008), é possível dizer que a abundância destas espécies num determinado habitat é influenciada pelos diferentes fatores que esse habitat lhe oferece. O habitat Olival pode ser considerado um bom habitat para a espécie Mus spretus, pois este apresenta características que lhe são favoráveis, como uma área de campos abertos, com solos cultivados, com uma vegetação baixa e com um ambiente relativamente seco (Macdonald & Priscila, 1993; Mathias et al., 1999). Este habitat proporciona ainda uma diversidade de elementos ricos à dieta desta espécie, como sementes, folhas, caules e frutos (Macdonald & Priscila, 1993; Mathias et al., 1999). 4.2. Padrões potenciais de atividade diária O nosso estudo revelou ainda um período de capturas superiores sempre pela manhã, sendo que a espécie Mus spretus tem uma atividade essencialmente noturna (Mathias et al., 1999). Contudo o estudo de (Gray, 1998), indica que a luz não é o fator determinante na atividade desta espécie, defendendo que o padrão de atividade de Mus spretus está relacionado tanto com a temperatura do 16

ambiente, como com a pressão causada pela predação. Segundo o estudo de Gray (1998), a diminuição da atividade do Mus spretus entre as 02:00 e as 08:00 ocorre quando a temperatura está no seu mínimo. A sua atividade também foi baixa entre as 10:00 e as 18:00, onde a temperatura teve valores mais elevados. Naquele caso os autores justificam essa baixa atividade por uma eventual pressão predatória durante esse período por parte, por exemplo de cobras. No caso do presente estudo, só foram capturados indivíduos no período da tarde na Ribeira, o que pode estar relacionado com o facto da vegetação na Ribeira ser mais alta, logo mais propícia a condições de maior ensombramento, a que se acrescenta ser uma área mais fechada em termos de coberto arbóreo e ainda ao facto de ter uma pequena linha de água o que torna este local mais húmido e fresco. Estes fatores poderão favorecer uma maior atividade diurna no habitat Ribeira relativamente ao habitat Olival que, no caso da Tapada da Ajuda é um habitat onde nomeadamente a presença humana é maior. 4.3. Variação Biométrica O decréscimo significativo observado na média de pesos entre o mês de Março e Maio no habitat Olival pode estar relacionado com a subida das temperaturas e com a chegada da Primavera que é uma das épocas de maior atividade destas espécies e ainda com o período de reprodução que também apresenta um pico nessa época do ano (Macdonald & Priscila, 1993; Mathias et al., 1999). O aumento da atividade à medida em que se aproxima a Primavera, pode provocar também um aumento no desgaste físico e consequentemente uma maior diminuição do peso. É especialmente notória essa diminuição de peso nas fêmeas, o que poderá estar relacionado com o facto de que algumas estariam prenhas, ou com um maior desgaste nos cuidados com a prole. 4.4. Dinâmica populacional e estimativas de densidade populacional Porquê mais Mus spretus em Abril? Neste estudo verificou-se também que a densidade populacional de Mus spretus, foi maior no mês de Abril, tanto no habitat Olival como no habitat Ribeira, podendo estes resultados ter sido influenciados pelas mudanças de temperatura entre os diferentes meses em que se realizaram as campanhas (Anexos 2 - Fig. 4). Perante condições climatéricas adversas a sobrevivência destes indivíduos pode estar ameaçada (Gray et al., 1998). No entanto, o período específico das campanhas de amostragem coincidiu sempre com um período seco, sem precipitação (Anexos 2 - Fig. 4). Contudo no mês de Novembro foi realizada uma campanha em que não se obteve capturas, muito 17

provavelmente devido às baixas temperaturas e a precipitação deste mês, que podem ter influenciado negativamente a atividade desta espécie. Gomes (2011) verifica que existe um aumento de abundância relativa com a distância à cidade e reforça a ideia de que a intensificação do processo de urbanização iria provocar a diminuição da abundância destes pequenos mamíferos. Sendo que a Tapada da Ajuda está inserida na cidade de Lisboa, uma área muito urbanizada, é importante estudar-se os efeitos que a urbanização pode trazer para as comunidades existentes na Tapada. Este trabalho foi importante para se estudar a população de Mus spretus e perceber-se as suas dinâmicas neste tipo de área. Podemos concluir com o presente trabalho que a população de Mus spretus não é muito afetada por estar inserida numa área urbana, pois a Tapada da Ajuda, apresenta as condições necessárias para a abundância desta espécie. Agradecimentos Aos orientadores Susana Dias e Pedro Vaz por me terem ajudado em toda a realização deste projeto, por tudo o que me ensinaram e por toda a simpatia e disponibilidade. Ao CEABN pela cedência do espaço para a realização de todo o trabalho de campo e laboratório. E a todas as pessoas do CEABN, pela simpatia com que sempre me receberam. Ao Professor Francisco Abreu pela cedência dos dados meteorológicos da estação meteorológica de Lisboa/Tapada da Ajuda. Aos senhores do pomar junto à Ribeira pela simpatia e cedência do espaço. E por fim a todos os meus familiares e amigos pelo apoio, por toda a amizade e carinho. Em especial ao meu irmão Miguel Leong, pela ajuda nas formatações, ao Joab Ferreira pela ajuda nas imagens e impressões e à minha mãe Lénia Leong por todos os artigos que imprimiu. 18

Referências bibliográficas Ekernas, L. Mertes, K. 2006. The influence of urbanization, patch size, and habitat type on small mammals communities in the New York Metropolitan Region. WildMetro, New York. Fernández, I. C. Simonetti, J. A. 2013. Small mammal assemblages in fragmented shrublands of urban areas of Central Chile. Urban Ecosyst 16:377-387. Doi: 10.1007/s11252-012-0272-1. Ferreira, I. C. M. A. 2011. Factores ambientais e ocorrência de espécies de aves nidificantes num parque florestal urbano: O caso da Tapada da Ajuda. Relatório de final de curso de Gestão e Conservação de Recursos Naturais, ISA/UL, Lisboa. Gomes, V. Ribeiro, R. Carretero, M. 2011. Effects of urban habitat fragmentation on common small mammals: species versus communities. Biodivers Conserv 20:3577 3590. Doi: 10.1007/s10531-011-0149-2. Gray, S. J. Hurst, J. L. Stidworthy, R. Smith, J. Preston, R. MacDougall, R. 1998. Microhabitat and spatial dispersion of the grassland mouse (Mus spretus Lataste). J. Zool., Lond. 246, 299-308. Gurnell, J. Flowerdew J.R. 1982. Live trapping small mammals: a practical guide, 2rd Edition. Mammal Society, London. Macdonald, D. Priscilla, B. 1993. Mamiferos de Portugal e Europa. FAPAS, Porto. Marques, H. S. Mira, A. 2011. Living on the verge: are roads a more suitable refuge for small mammals than streams in Mediterranean pastureland? Ecol Res 26:277-287. Doi: 10.1007/s11284-010-0781-4. Mathias, M. L. Ramalhinho, M. Palmeirim, J. Rodrigues, L. Rainho, A. Ramos, M. J. Reis, M. S. Fonseca, F. P. Oom, M. M. Cabral, M. J. Borges, J. F. Guerreiro, A. Magalhães, C. Pereira, M. 1999. Guia dos Mamíferos Terrestres de Portugal Continental, Açores e Madeira. Instituto da Conservação da Natureza, Centro de Biologia Animal da Universidade de Lisboa, Lisboa. Oliveira, N.F.S. 2013. Laboratório de Paisagem- metodologia aplicada ao ensino da arquitectura paisagista- Caso de estudo: Terra da Mata de Baixo, Tapada da Ajuda, Lisboa, Portugal. Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Arquitectura Paisagista, ISA/UTL, Lisboa. Pina, C. 2011. Projectos de Arquitectura Paisagista no âmbito de Planos de Gestão de Paisagens Culturais Caso de Estudo: O Acesso da Tapada da Ajuda ao Pólo Universitário da Ajuda. Relatório do Trabalho de Fim de Curso de Arquitectura Paisagista, ISA/UTL, Lisboa. Roque, H. S. S. M. 2011. Tapada da Ajuda- Análise e proposta de sistema de percursos e vistas. Relatório final de Mestrado em Arquitectura Paisagista, ISA/UTL, Lisboa. Sutherland, W. J. 2006. Ecological Census Techniques: A Handbook, 2nd edition. Cambridge University Press. Vicente, M. 2008. Efeitos da dimensão e distância de fragmentos de habitats não-matriz para a diversidade de mamíferos do montado de sobro da Serra de Grândola. Relatório final de Mestrado em Biologia da Conservação, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa. 19

Pesquisa na internet- Imagens: -https://www.google.pt/search?q=trip trap+mouse+trap&espv=2&source=lnms&tbm=isch&sa=x&ei=pagtu7b9aspy7abb0id4dg&v d=0cagq_auoaq&biw=1366&bih=667#facrc=_&imgdii=_&imgrc=wa4mltoaksb HM%253A%3BjX1u8AuypyhOFM%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.nhbs.com%252Fimages% 52Fjackets_resizer_xlarge%252F18%252F186142_1.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.nhb.com%252Feconomy_- ( 07-06-2014). - http://pt.wikipedia.org/wiki/microtus_lusitanicus#mediaviewer/ficheiro:microtus_lusitanicus.jpg- (21-06- 2014) - http://www.naturephoto-cz.com/brown-rat-photo-17424.html- (21-06-2014) - http://www.naturephoto-cz.com/apodemus-sylvaticus-photo_lat-11426.html- (21-06-2014) - http://www.naturephoto-cz.com/black-rat-photo-17940.html- (21-06-2014) - http://www.arkive.org/greater-white-toothed-shrew/crocidura-russula/image-a14397.html- (21-06-2014) 20

Anexos 21

Anexos 1 Fig. 1- Parques e Jardins de Lisboa (Fonte: http://www.cmlisboa.pt/fileadmin/viver/ambiente/parques_e_jardins/parquesjardins.pdf). Fig. 2- Carta atual de Zonamentos (Fonte: Carta cedida pela Professora Ana Luísa Soares, 2011,- in Roque, 2011).

Anexos 2 Fig.3- Carta de Geologia da Tapada da Ajuda (Fonte: MATOS, 1994,- in Pina, 2011). ( C) 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Março Abril Maio 2,00 1,00 0,00 (mm) Mês Temperatura média diária (+-SE) ºC Precipitação total (mm) Fig. 4- Variação da temperatura média com respetivo erro-padrão (standard error, +-SE) e da precipitação total em mm para o período de amostragem (4 dias de amostragem de cada mês). Dados da estação meteorológica Lisboa/Tapada da Ajuda, 2014.

Anexos 3 Fig. 5- Carta da ocupação do solo em 1932 (Fonte: MATOS, 1994,- in Roque, 2011). Fig. 6- Carta de Vegetação (Fonte: COSTA, 2004,- in Pina, 2011). Fig. 7- Representação de como era feita a observação do sexo do animal

Anexos 4 40 30 Altura da vegetação no Olival 20 10 Média 0 Março Abril Maio Fig. 8- Média das medidas da altura da vegetação no Olival, em cada mês de amostragem. Fig. 9- Modo como foram realizadas as medidas da altura da vegetação. % Coberto herbáceo no Olival Maio 33% Abril 24% Março 43% Fig. 10- Média das percentagens de coberto herbáceo no Olival, em cada mês de amostragem. Fig. 11- Habitat Olival na campanha de Maio 60 50 40 30 20 10 0 Dados da vegetação da Ribeira % Coberto herbaceo Altura da vegetação Fig. 12- Dados da vegetação da Ribeira Maio Fig. 13- Habitat Ribeira na campanha de Maio

Anexos 5 Microtus lusitanicus (Rato- cego) (Gerbe, 1879) Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Cricetidae Género: Microtus Espécie: M. lusitanicus (Fonte: http://pt.wikipedia.org/) Estatuto de conservação Características gerais Biometrias Distribuição Habitat Alimentação Reprodução Comentários Pouco preocupante - Orelhas, olhos pequenos e cauda curta; - Coloração do dorso quase sépia e ventre acinzentado e cauda bicolor catanho-escuro dorsalmente e de tonalidade mais clara inferiormente. - Comprimento do corpo: 90 mm; - Comprimento da cauda 25 mm; - Peso 18g. - Em Portugal é uma espécie comum no Norte e centro do território continental. - É muito abundante em pomares e hortas. - Tem uma dieta essencialmente herbívora. - Continua ao longo do ano; - Período de gestação: cerca de 3 semanas. - Constrói túneis subterrâneos com o auxílio dos dentes incisivos e das patas posteriores, a uma profundidade de cerca de 10-30 cm; - Principal predador: coruja-das-torres; - Longevidade na Natureza: 18 meses. Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/

Anexos 6 Apodemus sylvaticus (Ratinho-do-campo) (Linnaeus, 1758) Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Muridae Género: Apodemus Espécie: A. sylvaticus (Fonte: http://www.naturephotocz.com/) Estatuto de conservação Características gerais Biometrias Distribuição Habitat Alimentação Reprodução Comentários Pouco preocupante - Corpo alongado com a cabeça bem separada do tronco; - Orelhas e olhos bem desenvolvidos; - Focinho pontiagudo; - Cauda longa. - Comprimento do corpo: 90 mm; - Comprimento da cauda: 95 mm; - Peso: 22 g. - Em Portugal, é conhecido em todo o território continental. - Ocorre em bosques e áreas florestais e também em áreas agrícolas. - Dieta variada, incluindo grãos e sementes, plantas verdes, frutos silvestres, insetos e outros invertebrados. - Com dois períodos bem marcados: Fevereiro-Julho e Setembro-Novembro. - Cava túneis subterrâneos a profundidade até cerca de 18 cm, onde usualmente constrói os ninhos; - Principal predador: muitos carnívoros, incluindo o gato doméstico; - Duração de vida na Natureza: 18 meses. Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/

Anexos 7 Rattus norvegicus (Ratazana-castanha) (Berkenhout, 1769) Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Muridae Género: Rattus Espécie: R. norvegicus Fonte: http://www.naturephotocz.com/ Estatuto de conservação Características gerais Pouco preocupante - Corpo alongado com a cabeça bem distinta do resto do tronco; - Orelhas e olhos bem desenvolvidos; - Focinho pontiagudo e cauda longa; - Coloração do dorso: castanho-acinzentado; - Coloração do ventre: branco-acinzentado. Biometrias Distribuição - Comprimento do corpo: 250 mm; - Comprimento da cauda: 200 mm; - Peso: 350 g. - Em Portugal, é conhecida em todo o território continental e em todas as ilhas dos Açores, e ainda nas ilhas da Madeira e Porto Santo. Habitat Alimentação Reprodução Comentários - Ocupa áreas de vegetação baixa perto de água, em concordância com as suas necessidades hídricas (17-36 ml/dia). - Alimenta-se de carne, peixe, vegetais, ovos, fruta, invertebrados e pequenos animais domésticos. - A maior atividade sexual ocorre no Verão e no Outono. - Escava galerias, com 65-90 mm de diâmetro e pouco profundas; - Principais predadores: nas áreas rurais, as raposas, os toirões e as aves de rapina, e nas cidades, os cães e os gatos vadios; -Duração de vida na Natureza: 1-2 anos. Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/

Anexos 8 Rattus rattus (Ratazana-preta) (Linnaeus, 1758) Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Muridae Género: Rattus Espécie: R. rattus Fonte: http://www.naturephoto-cz.com/ Estatuto de conservação Características gerais Biometrias Distribuição Habitat Alimentação Reprodução Generalidades Pouco preocupante -Corpo alongado; - Orelhas e olhos bem desenvolvidos; - Focinho pontiagudo; - Cauda muito longa. - Comprimento do corpo: 200 mm; - Comprimento da cauda: 230 mm; - Peso: 250 g. - Em Portugal continental, ocorre de norte a sul do país. - É muito abundante em áreas florestais, em áreas agrícolas e também em algumas áreas urbanas. E tem preferência por lugares secos e com temperaturas médias. - Alimenta-se de material vegetal, grãos, sementes, frutos, invertebrados, ovos e pequenos vertebrados. Ocorre de meados de Março a meados de Novembro. - Nas áreas rurais, constrói o ninho a alguns metros acima do solo; - Nas áreas urbanas, procura locais escuros e pouco acessíveis; - Principais predadores: gato doméstico (na cidade), vários carnívoros e aves de rapina; - Duração de vida na Natureza: 18 meses. Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/

Anexos 9 Mus domesticus (Ratinho-caseiro) (Rutty, 1772) Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Muridae Género: Mus Espécie: M.domesticus Estatuto de conservação Características gerais Pouco preocupante - Corpo alongado, orelhas e olhos desenvolvidos; - Focinho pontiagudo e cauda longa; - Coloração geral: escura. Biometrias Distribuição Habitat Alimentação Reprodução Generalidades - Comprimento do corpo: 90 mm; - Comprimento da cauda: 95 mm; - Peso: 20 g. - Em Portugal ocorre em todo o território continental e nos arquipélagos dos Açores e Madeira. Comum em vários habitats urbanos, como casas, lojas, fábricas, armazéns e moinhos. Mas também se encontra em áreas rurais, como campos abertos. - Dieta basicamente granívora, mas inclui também uma grande variedade de alimentos que também são consumidos pelo Homem. - Na forma comensal é contínua ao longo de todo o ano, mas na forma selvagem é muito reduzida no Inverno. - Forma selvagem: pode construir sistemas de túneis, onde incluem vários ninhos forrados de vegetação; - Forma comensal: ocupa cavidades em paredes ou soalhos onde constrói ninhos de papel ou tecido; - Principais predadores: muitos carnívoros, incluindo o gato domestico, e aves de rapina; - Na Natureza raramente sobrevivem a dois Invernos. Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/

Anexos 10 Mus spretus (Ratinho-ruivo) (Lataste, 1883) Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Muridae Género: Mus Espécie: M.spretus Estatuto de conservação Características gerais Pouco preocupante - Corpo alongado, orelhas e olhos desenvolvidos; - Focinho pontiagudo e cauda longa; - Coloração do dorso acastanhada; - Tem geralmente duas manchas brancas na base posterior das orelhas. Biometrias Distribuição - Comprimentos do corpo: 85 mm; - Comprimento da cauda: 70 mm; - Peso: 14 g. - Em Portugal, é localmente muito abundante em todo o território continental. Habitat - Prefere ambientes secos; - Ocorre em áreas cultivadas, jardins, vinhas, pinhais e campos de gramíneas; - Geralmente não entra nas habitações humanas. Alimentação Reprodução - Dieta essencialmente herbívora; - Consome sementes, folhas, caules e frutos. - Atividade máxima durante a Primavera e o Verão e mínima no Inverno. Generalidades - Atividade principalmente noturna, com dois picos: ao amanhecer e ao anoitecer. - Principais predadores: alguns carnívoros, como a raposa e algumas aves de rapina, em particular a coruja-das-torres; - Na Natureza raramente sobrevivem a dois Invernos. Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.or

Anexos 11 Crocidura russula (Musaranho-de-dentes-brancos) (Hermann, 1780) Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Insectívora Familia: Soricidae Género: Crocidura Espécie: C. russula Fonte: http://www.arkive.org / Estatuto de conservação Características gerais Biometrias Distribuição Habitat Alimentação Reprodução Generalidades Pouco preocupante - Focinho pontiagudo; - Orelhas pequenas e olhos pequenos. - Comprimentos do corpo: 70 mm; - Comprimento da cauda: 38 mm; - Peso: 10 g. - Está distribuído de Norte a Sul do país. - Ocorre em locais associados ao Homem, como hortas e jardins e também se encontra em campos abertos e florestas. - Na sua dieta constituem minhocas e insetos. - Apresenta duas épocas de reprodução, sendo uma delas no Inverno e a outa no Outono. - Apresenta pegadas muito pequenas; - Os principais predadores são as aves de rapina noturnas; - Na natureza vivem cerca de dois anos. Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/