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Transcrição:

00 DIREITO PREVIDENCIÁRIO DESVENDANDO A SEGURIDADE SOCIAL PROF. VINÍCIUS RODRIGUES 1

1. APRESENTAÇÃO CURRÍCULO DO PROFESSOR VINÍCIUS RODRIGUES é Vinícius Rodrigues é professor de Direito Previdenciário, Bacharel em Direito pela Universidade Santa Úrsula; Pós Graduado em Advocacia Cível e Trabalhista UCAM; Aprovado na OAB 2014; Professor da Pós Graduação da Universidade Castelo Branco; Professor da Escola Superior de Negócios; atua há 12 anos na Administração Pública Federal Licitações e Contratos Controle Interno Auditoria Governamental, leciona em dezenas de instituições de ensino pelo Brasil, presenciais e Online. 2

2. CRONOGRAMA DO CURSO Aula Tema N de questões Data 0 Aula demonstrativa: Apresentação do Curso/ Desvendando a Seguridade Social / Princípios, Diretrizes da Seguridade Social. - Disponível 1 1 Financiamento da Seguridade Social; 1.1 Aspecto stitucional; 1.2 previdência social; 1.3 saúde ; 1.4 assistência al ; 1.5 princípios d disposições constitucionais. - 29/12/2016 2 2.1 Lei nº 8.212/1991: Do financiamento da seguridade social; 2.1.1 dos contribuintes; 2.1.2 da contribuição do segurado; 2.1.3 contribuinte individual e facultativo; 2.1.4 do salário de contribuição ; 2.1.5 da arrecadação e recolhimento das contribuições; 2.1.6 da modernização da previdência social - 29/12/2016 3 3 Lei nº 8.213/1991: Do plano de benefícios da previdência social: dos regimes de previdência social.3.2 Do regime geral de previdência social:3.3 dos beneficiários, 3.4 dos segurados, dos 3.5 dependentes, 3.6 das. inscrições.= - 29/12/2016 4 4. Lei nº 8.213/1991 Das espécies de prestações. 4.1Dos benefícios: 4.1.1 da aposentadoria por invalidez, 4.1.2da aposentadoria por idade, 4.1.3da aposentadoria por tempo de serviço, 4.1.4da aposentadoria especial, 4.1.5 do auxílio-doença, 4.1.6do salário família, 4.1.7 do salário maternidade, 4.1.8 da pensão por morte, 4.1.9 do auxílio reclusão, 4.1.10 dos pecúlios, 4.1.11do auxílio acidente. - 29/12/2016 5 5. Regime de Previdência Complementar: Lei nº 12.618/2012. - 29/12/2016 6 6 Do serviço social, 6.1 da habilitação e da reabilitação profissional 6.2 Da contagem recíproca de tempo de serviço - 10/01/2016 9 Simulado BIQ 30 10/01/2016 3

SEGURIDADE SOCIAL compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social. SEGURIDADE SOCIAL (Art 194 CRFB/88) PREVIDÊNCIA SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL SAÚDE(SUS) para os contribuintes para os hipossufucientes acesso universal e integral Super dica: Aspecto Contributividade Previdência Social : Contributivo ( Relacionamento contributivo) Assistência Social : Não contributivo ( Acesso para os que de fato necessitarem) Saúde : Não Contributivo (não permitido o acesso não Integral) A diferença principal entre previdência (art. 201), saúde (art. 196) e assistência (art. 203) está na contribuição, sendo que a primeira exige e as outras não. Somente Previdência, Assistência Social e Saúde são os direitos sociais previstos e inerentes à Seguridade Social, não cabendo espaço, por exemplo, para a Educação, como as bancas costumam tentar confundir os candidatos. 4

Pacto de Gerações, Solidariedade, Desaposentação, O Famigerado rombo na previdência dentre diversas outras problemáticas serão pormenorizadamente, abordadas neste curso, que será material essencial para sua aprovação, nomeação, posse e efetivo exercício no sonhado cargo público. Pacto de Gerações em que está estruturada a nossa Seguridade Social : O regime financeiro de Repartição Simples, em que se estrutura a nossa seguridade social tem uma lógica elementar: Divide-se entre os contribuintes das despesas e o pagamento dos benefícios em manutenção. Convém calcular as contribuições, necessárias e suficientes, que serão arrecadadas para atender, apenas e tão somente, ao pagamento das parcelas dos benefícios nesse mesmo período. Portanto, esse regime não prevê a formação de reservas. O regime de Repartição Simples é, por excelência, adotado pelas previdências públicas em quase todas as nações, sendo também utilizado no financiamento benefícios previdenciários específicos, oferecidos pelos sistemas complementares. Pode-se dizer que esse regime pressupõe um pacto direto entre gerações, pois os trabalhadores ativos (geração atual) pagam os benefícios dos inativos (geração passada), enquanto o pagamento dos seus próprios benefícios dependerá de a geração futura (novos trabalhadores que ingressarem no sistema previdenciário) manter o pacto intergeracional. Exemplo maior no nosso país é o Regime Geral de Previdência Social, que busca dividir entre os contribuintes do sistema (geração atual) os pagamentos dos benefícios em manutenção. 5

Os fatores que mais impactam o regime de Repartição Simples estão vinculados fundamentalmente às variáveis demográficas (natalidade e longevidade) e às taxas de emprego formal (no caso brasileiro, o trabalhador informal não paga contribuição previdenciária). Princípios, Diretrizes, Objetivos da Seguridade Social. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a SEGURIDADE SOCIAL, com base nos seguintes objetivos (Princípios ou Diretrizes): 1) UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E UNIVERSALIDADE DE ATENDIMENTO (CF, art. 194, I) Capitaneada pela diretriz máxima da universalidade, a seguridade social deve proporcionar cobertura a todos que residam no território nacional em face dos riscos e contingências que possam gerar necessidades, estando identificado-se tanto os riscos e as contingências sociais, com as prestações que lhes farão frente, quanto os requisitos para os quais os sujeitos receberão estas mesmas prestações. Universalidade de cobertura (natureza objetiva: refere-se às contingências é objetivo da Seguridade Social atender todas as contingências sociais 6

(todos os acontecimentos) que coloquem as pessoas em Estado de necessidade. Por universalidade de cobertura entende-se que a proteção social deve alcançar todos os eventos cuja reparação seja premente, a fim de manter a subsistência de quem dela necessite (Carlos Alberto Pereira de Castro; João Batista Lazzari, in Manual de Direito Previdenciário, LTR, 2006, 7ª edição, página 110). Universalidade de atendimento (natureza subjetiva: refere-se às pessoas) é objetivo da Seguridade Social o de que todas as pessoas necessitadas sejam resguardadas.... A universalidade de atendimento significa, por seu turno, a entrega de ações, prestações e serviços de seguridade social a todos os que necessitem, tanto em termos de previdência social obedecido o princípio contributivo como no caso de saúde e de assistência social. (Carlos Alberto Pereira de Castro; João Batista Lazzari, in Manual de Direito Previdenciário, LTR, 2006, 7ª edição, página 110). 2) SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DE BENEFÍCIOS E SERVIÇOS (CF, art. 194, III) A seletividade está ligada à escolha das prestações que serão feitas de acordo com as possibilidades econômico-financeiras do sistema da Seguridade Social. Já a 7

distributividade relaciona-se com o ideal de justiça social, visto que o sistema visa à redução das desigualdades sociais e econômicas, mediante política de redistribuição de renda. (MARTINS, op. cit., p. 55-56.) Seletividade limitador da universalidade de cobertura Distributividade - limitador da universalidade de atendimento É possível que o Estado brasileiro conceda o resguardo contra todas as contingências causadoras de necessidades, bem como proteja todas as pessoas em estado de necessidade? Certamente que não, na medida em que seus recursos financeiros são inferiores às necessidades advindas de acontecimentos que coloquem as pessoas em tal estado. Daí que, o princípio da seletividade é a orientação para que o legislador, quando da elaboração da lei referente à área da Seguridade Social, tenha a sensibilidade de elencar (pela lei) as prestações que cobrirão as contingências sociais que mais assolam a população. E, o princípio da distributividade é a orientação para que o mesmo legislador, ao elaborar uma lei afeta à seguridade social, tenha a sensibilidade de fazer resguardar o maior número de pessoas possível. Assim, o legislador deve selecionar (seletividade) as contingências sociais mais importantes e 8

distribuí-las a um maior número possível de pessoas acometidas de necessidades. 3) UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS (CF, art. 194, II) Uniformidade dos benefícios e serviços: igualdade de prestações... significa que as prestações da seguridade social serão idênticas para toda a população, independentemente do local onde residam ou trabalhem as pessoas. (Eduardo Rocha Dias; José Leandro Monteiro de Macêdo, in Curso de Direito Previdenciário, Editora Método, 2008, página 118). Equivalência dos benefícios e serviços: igualdade de valor (garante igualdade de valor das prestações). O princípio em estudo, consagrado pelo artigo 194, inciso II, da Constituição da República, constitui corolário do princípio da igualdade entre as pessoas (CF., art. 5º), evitando que haja leis discriminatórias entre as populações urbanas e rurais. Obs.: no campo da Previdência Social, este princípio é mitigado, concedendo-se discriminações positivas aos trabalhadores rurais, isto é, benefícios a estes trabalhadores. (Ex.: homens e mulheres trabalhadores rurais aposentam-se, por idade, com cinco anos a menos do que homens e mulheres trabalhadores urbanos). 9

4) PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS (194, IV) Tem como foco impedir a redução das prestações da seguridade social. Assim, o valor dos benefícios não pode ser diminuído, sob pena de a proteção deixar de ser eficaz e de o beneficiário tornar a cair em estado de necessidade. (Eduardo Rocha Dias; José Leandro Monteiro de Macêdo, in Curso de Direito Previdenciário, Editora Método, 2008, página 120). Mas Martinez (2001b) destaca a idéia do princípio da irredutibilidade não se confunde com o reajuste dos benefícios para assegurar o valor real, ambos assegurados na carta constitucional. Segundo o autor, um é princípio, preceito não imperativo, carente de disposição expressa; o outro é regra regulamentar. O segundo é instrumento do primeiro, caso contrário, queda-se como norma programática. Nesse sentido, Castro e Lazzari (2001, p. 409) concordam e afirmam que a preservação do valor real é garantia constitucional, cabendo a legislação ordinária estabelecer os parâmetros para o reajuste, devendo os benefícios refletir sempre o poder aquisitivo original da data de inicio. Estes critérios estão previstos no artigo 41 da Lei 8.213/1991 que repete o preceito constitucional. Para Horvath Júnior (2007, p. 77) o princípio da irredutibilidade visa manter o poder real de compra, protegendo os benefícios dos efeitos maléficos da inflação. 10

Exige-se aqui uma atuação negativa do Estado (O Estado NÃO PODE agir de forma a diminuir o valor das prestações dos beneficiários da seguridade social). Em suma, a Constituição federal estabelece o reajustamento pelo valor real em se tratando dos benefícios da previdência social, já a jurisprudência consolidou entendimento de que o reajustamento do valor dos benefícios de assistência social e saúde não viola o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios. 5) EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO DO CUSTEIO (CF, 194, V) Equidade significa senso de justiça. O princípio impõe que o custeio da seguridade social seja feito de forma proporcional à capacidade contributiva de todos os que estão obrigados a custeá-lo. Cada qual que tenha a obrigação de contribuir para a seguridade social deverá fazê-lo na medida de suas possibilidades, possibilidades estas que são fornecidas pelos ganhos, seja do empregador, seja do trabalhador. Quem tem maior capacidade econômica deve contribuir com mais. (Eduardo Rocha Dias; José Leandro Monteiro de Macêdo, in Curso de Direito Previdenciário, Editora Método, 2008, página 121).... busca-se garantir que aos hipossuficientes seja garantida a proteção social, exigindo-se dos mesmos, quando possível, contribuição equivalente a seu poder aquisitivo, enquanto a 11

contribuição empresarial tende a ter maior importância em termos de valores e percentuais na receita da seguridade social, por ter a classe empregadora maior capacidade contributiva... (Carlos Alberto Pereira de Castro; João Batista Lazzari, in Manual de Direito Previdenciário, LTR, 2006, 7ª edição, página 110). A equidade na forma de participação do custeio é conseqüência do princípio da capacidade contributiva do direito tributário (contribui com mais aquele que detém maior capacidade contributiva) como também do princípio da igualdade material entre as pessoas (as pessoas são desiguais, e devem ser tratadas na medida de suas desigualdades, a fim de se estabelecer um senso de justiça social). Não obstante, ainda que existam duas empresas com a mesma capacidade financeira, uma pode contribuir menos do que a outra, se oferecer maior número de empregos, estiver inserida em atividade econômica relevante para o país, o que se depreende do artigo 195, parágrafo nono, da Constituição Federal. 6) PRINCÍPIO DA DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO (ART. 195, CF). Diversas fontes de financiamento: MAIOR ESTABILIDADE DA SEGURIDADE SOCIAL. Tal princípio visa a garantir maior estabilidade da Seguridade Social, na medida em que impede que se atribua o ônus do custeio a segmentos específicos da sociedade. 12

Quanto maior for a base de financiamento (ou seja, sendo a obrigação do custeio imposta a um maior número possível de segmentos da sociedade), maior será a capacidade de a seguridade social fazer frente aos seus objetivos constitucionalmente traçados. 7-) PRINCÍPIO DA PREEXISTÊNCIA DO CUSTEIO EM RELAÇÃO AOS BENEFÍCIOS OU SERVIÇOS (CF, artigo 195, parágrafo quinto) É o princípio que cuida de manter o equilíbrio da seguridade social. Impede que benefícios ou serviços da seguridade social sejam criados ou majorados sem que, antes, sejam estabelecidas as correspondentes fontes de custeio/financiamento dessas prestações. Trata-se, a bem da verdade, de Princípio comezinho da boa administração pública, em consonância com o qual somente podem ser feitos gastos quando previamente estabelecidas as fontes de custeio (Eduardo Rocha Dias; José Leandro Monteiro de Macêdo, in Curso de Direito Previdenciário, Editora Método, 2008, página 122). 8-) CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA GESTÃO ADMINISTRATIVA (CF, art. 194, VII, CF) O art. 10 da Constituição Federal assegura a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados 13

dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais e previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. E o artigo 194, VII, confere caráter democrático e descentralizado da administração da seguridade social, mediante gestão quadripartite, com a participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e governo nos órgãos colegiados. Caráter Democrático da gestão administrativa: visa à aproximação dos cidadãos (aqui representados pelos trabalhadores, aposentados e empregadores) às organizações e aos processos de decisão dos quais dependem seus direitos. Ex.: Conselho Nacional de Previdência Social (garante-se a participação dos trabalhadores, aposentados e empregadores, a fim de que estes possam apresentar sugestões acerca da Previdência social). Caráter descentralizado da gestão administrativa: Trata-se de conceito de direito administrativo. O serviço público descentralizado é aquele em que o poder público (União, Estados e Municípios) cria uma pessoa jurídica de direito público ou privado e a ela atribui a titularidade e a execução de determinado serviço público. EX.: INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é uma pessoa jurídica de direito público, criada por lei para gerir a concessão e manutenção dos benefícios previdenciários. 14

Conclui-se que o legislador, ao trazer novas regras para o ordenamento jurídico relativas à seguridade social, deve ter como base, como diretriz e como regras mandamentais os princípios, não podendo lei infra constitucional se opor ou limitar o texto maior da Constituição Federal de 1988. 15