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CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA DESPACHO CFM nº 446/2011 (Aprovado em Reunião de Diretoria em 10/11/2011) Ref. expediente nº 9714/2011 Trata-se de ofício nº 9.802/2011-Memo MCTOTOR nº 11-046 no qual o Sr. Presidente do CREMERS encaminha para análise do CFM cópia do parecer s/nº do seu Setor Jurídico, que restou aprovado por sua Diretoria, referente a Resolução nº 400/2011 do Conselho Federal de Fonoaudiologia. A conclusão do Parecer em anexo, que restou aprovado pela Diretoria do CREMERS, é no sentido de que Em se tratando de resolução, a norma fica adstrita ao regramento legal imposto pela Lei Federal nº 6.965/81, que não autoriza aos profissionais da Fonoaudiologia a elaboração de diagnóstico, prescrição de tratamentos e requisição de exames. É o relatório. Manifestação do SEJUR. Não é de hoje que outras profissões regulamentadas vêem tentando invadir a seara do ato médico, que é um ato de exclusiva competência do médico, nos termos da Lei n.º 3.268/57 e ao artigo 15 do Decreto n.º 20.931/31. Nesse sentido, o CFM tem enfrentado enorme batalha jurídica com o Conselho Federal de farmácia, que insiste em prescrever laudos citopatológicos. O Conselho Federal de Fonoaudiologia tem, insistentemente, editado resoluções que extrapolam a sua competência legal. Essa Resolução nº 400/10 1 é apenas mais uma delas. De logo, podemos dizer que o Parecer do Setor Jurídico do CREMERS não merece nenhum reparo, pois sua conclusão de que essa resolução é ilegal é acertada. Aliás, o CFM já protocolizou ação judicial que tomou o nº 30824-73.2011.4.01.3400, sendo distribuída para a 21ª Vara Federal de Brasília objetivando anular esta Resolução nº 400/11 do CFFa. As razões argumentativas desta ação judicial, que servem de reforço ao parecer anexo, foram as seguintes resumidamente: 1 A numeração correta desta Resolução é 400/10, conforme cópia anexa retirada do site do CFFa em 01/11/11. 1

É sabido de todos que os fonoaudiólogos e outros profissionais da área da saúde buscam abranger de todas as formas seus respectivos campos de atuação, esquecendo dos normativos legais que circundam sua área de atuação e colocando em risco a população como um todo, já que não são profissionais com formação e habilitação legal para o exercício da medicina e as atividades decorrentes da profissão médica. Ademais, como será textualmente comprovado, o CFFa exorbitou por completo as atribuições e competências que lhe são impostas por lei, já que é uma autarquia federal e, obrigatoriamente, está adstrita a obediência de todos os princípios constitucionais atinentes à administração pública, em especial o princípio da legalidade objetiva, onde somente é permitida a realização de atos expressamente previstos em lei. Com efeito, a Resolução CFFa nº 400/2010 deve ser extirpada do mundo jurídico, na medida em que contraria diversos diplomas legais e constitucionais, senão vejamos. 2. Inicialmente, para uma melhor análise do normativo combatido, segue sua transcrição: RESOLUÇÃO CFFa n. 400, de 18 de dezembro de 2010. Dispõe sobre a conduta a ser adotada por fonoaudiólogos e serviços nos quais atuem fonoaudiólogos, frente a ingerências técnicas de outras profissões, ou as de cunho administrativo, que interfiram no exercício pleno da Fonoaudiologia. R E S O L V E : Art. 1º - No exercício de suas atividades profissionais, os fonoaudiólogos e serviços nos quais atuam devem seguir as seguintes diretrizes básicas: I Cabe somente ao fonoaudiólogo, nos atos de consulta e avaliação, decidir sobre os procedimentos que devem ser adotados e que o levem ao diagnóstico eficaz e à prescrição terapêutica mais adequada aos seus pacientes, mesmo quando em atuação interdisciplinar, não se eximindo de consultar, opinar e trocar informações com outros profissionais que o direcionem a boa prática profissional. II Cabe somente ao fonoaudiólogo, dentro de seu campo de competências escolher, junto ao seu paciente, a melhor conduta e os exames necessários para sua plena recuperação, respeitando sempre a boa prática de auxiliar outros profissionais quando necessário, bem como lhes solicitar auxílio, se assim o caso requerer. III O fonoaudiólogo tem o dever de acessar prontuários e todos os exames que julgar necessários para a avaliação e diagnóstico fonoaudiológico dos pacientes sob seus cuidados. IV - O fonoaudiólogo tem o dever de evoluir em prontuários, diagnosticar, elaborar laudos, pareceres e relatórios que forem solicitados ou que julgar necessários, para garantir às pessoas, e à coletividade ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. 2

V - O fonoaudiólogo tem plena autonomia para solicitar e realizar exames, de acordo com o disposto na Resolução CFFa n. 246, de 19 de março de 2000. VI Não se aplicam aos fonoaudiólogos determinações ou normatizações específicas de outras profissões, uma vez que somente o Conselho Federal de Fonoaudiologia tem a prerrogativa legal para normatizar o exercício profissional dos fonoaudiólogos. VII Entidades profissionais, científicas e profissionais de outras áreas não podem ter ingerência técnica sobre o fonoaudiólogo, devendo este exercer a profissão com a autonomia plena que lhe é garantida pela Constituição Federal, pela Lei n. 6.965/81 e com o cuidado e a ética que preservam os direitos dos cidadãos. VIII Os fonoaudiólogos e as instituições que prestam serviços fonoaudiológicos devem estar sempre ao lado dos direitos da população, se contrapondo a qualquer ato autoritário e ilegal que cerceie a ampla liberdade de escolha, o acesso à informação do usuário aos serviços e ao atendimento. IX Cabem também aos fonoaudiólogos, órgãos públicos e privados em que atuem fonoaudiólogos, zelar pelo cumprimento da lei, pela atenção à saúde, abominando e coibindo práticas de protecionismo, de reserva de mercado e que tragam prejuízos aos pacientes, incentivando, em contrapartida, o profissionalismo, o respeito mútuo entre profissionais, a qualidade, a educação, e a proteção dos usuários dos serviços de saúde. X - Os fonoaudiólogos e serviços de saúde públicos e privados em que atuem fonoaudiólogos devem, ao constatar atos de cerceamento do exercício regular da Fonoaudiologia, assédio moral e atitudes de preconceito contra a Fonoaudiologia ou fonoaudiólogos, representar junto a autoridades competentes, com provas documentais ou testemunhais, bem como ao Conselho de Fonoaudiologia na jurisdição da ocorrência do fato. Art. 2º Ficam revogadas as disposições em contrário. Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. Desse modo, o Réu contrariou a Lei n.º 6965/81, pois o profissional da fonoaudiologia não pode exercer atos privativos de médicos, sob pena de se negar vigência à referida Lei e também à Lei n.º 3.268/57 e ao artigo 15 do Decreto n.º 20931/31. Levando em consideração apenas os artigos acima transcritos, não há como negar a impossibilidade do fonoaudiólogo de realizar diagnóstico clínico e decidir por terapêuticas, de forma isolada, sem a anuência e direcionamento de um profissional médico, como faz crer a resolução atacada. Essa não é uma criação doutrinária ou jurisprudencial, é apenas a interpretação do normativo legal acima transcrito. O exercício da medicina não pode ser objeto de regulamentação da profissão de fonoaudiologia, pois pressupõe uma exaustiva formação bem como a habilitação legal devidamente registrada no Conselho de Medicina respectivo. Prezado Sr. Julgador, todas as normas supra citadas comprovam que a resolução atacada é flagrantemente ilegal na medida em que somente o médico possui habilitação legal e formação cultural 3

específica para emissão de diagnóstico clínico, prescrição de tratamentos e de medicamentos. Não é preciso muito esforço para saber que uma lei federal é hierarquicamente superior a uma resolução conselheiral. Portanto, não há como recepcionar o entendimento de que o fonoaudiólogo pode escolher a melhor conduta e os exames necessários para sua plena recuperação. Com efeito, a Resolução n.º 400/2011 do Conselho Federal de Fonoaudiologia é totalmente ilegal, porque cria direitos e obrigações aos Fonoaudiólogos que não encontram respaldo na atual Carta Magna (inciso II, XIII do art. 5º e inciso XVI do art. 22, art. 37 da CF/88) 2, na Lei n.º 6965/1981 e nem na Lei n.º 3.268/57. Destaque-se que o Egrégio Supremo Tribunal Federal 3, já se manifestou no sentido de que somente ao médico compete a realização de diagnóstico e prescrição de tratamentos médicos. Note-se, ainda, que em recente decisão o egrégio TRF 1ª Região explicitou claramente a questão do diagnóstico, da prescrição de medicamentos e tratamento de doenças. 4 Aqui não se questiona a autonomia do fonoaudiólogo enquanto integrante da equipe de saúde. Todavia a emissão do diagnóstico clínico, a prescrição de medicamentos e de tratamentos é ato eminentemente médico, cuja fiscalização compete ao Requerente. 2 - Art. 5º XIII - É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a Lei estabelecer. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; 3 - Representação de Inconstitucionalidade n.º 1056-2-DF, DJ. 26.08.1983. Relator: Min. Décio Miranda. 4 - (...) A autonomia na prescrição de medicamentos, a intervenção em problemas de saúde, a elaboração de diagnóstico e a solução de problemas de saúde detectados exorbitam a competência legal e fere a Constituição, no art. 5º, XIII, que dispõe: É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (grifei). 9. Assim, os dispositivos da resolução acarretam lesão à ordem jurídica, nesta compreendida a ordem administrativa. 10. No caso, quanto à saúde pública, se de um lado, tem o Poder Público a obrigação de garantir melhores condições de acesso a programas de saúde, de outro lado, deve assegurar a segurança e eficácia do tratamento oferecido. Ora, a lesão à saúde decorrente de falta de qualificação profissional do enfermeiro transcende o prejuízo causado pela redução no atendimento à população, tendo em vista que acima da garantia de acesso a programas de saúde pública está a eficácia e a segurança desses tratamentos. Portanto, a ausência de segurança e eficácia no tratamento pode acarretar lesão mais grave a saúde pública porque atenta diretamente contra a vida. 11. Ressalte-se que as normas da Resolução do Conselho Nacional de Educação, CNE/CES Nº 3, de 7 de novembro de 2001, que serviram de base à Resolução COFEN 271/2002, tivessem sido implantadas em todos os cursos de enfermagem existentes no país, não tornaria habilitados os profissionais que se encontram atualmente em atividade, uma vez que só entrou em vigor a partir de 9 de novembro de 2002, data de sua publicação. (SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N. 2004.01.00.035690-0/DF, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL-PRESIDENTE, DJ. 08.04.2005). 4

É o que ensina o Prof. Dr. Jofre M. de Resende, em entrevista já referida nesta ação ao Jornal MEDICINA, quando alerta que: JOFFRE REZENDE A fase por vezes mais difícil (do ato médico) é a do diagnóstico, que deve estar alicerçado na história clínica passada e presente do paciente, ou seja, na anamnese, nos sintomas e sinais apresentados, na evolução do quadro clínico e na interpretação crítica dos exames complementares porventura necessários, sejam exames de laboratório, registros gráficos ou métodos de imagem. Firmado o diagnóstico sindrômico e, se possível, etiológico e patológico, o ato médico seguinte, talvez o de maior responsabilidade, consiste na tomada de decisão quanto à melhor conduta terapêutica a ser seguida, que poderá ser de ordem clínica, cirúrgica ou mesmo psiquiátrica. Em muitas ocasiões, o paciente poderá necessitar do concurso de um especialista, ou ser hospitalizado, ou submetido a uma intervenção cirúrgica ou a procedimentos invasivos que encerram algum risco calculado. (grifou-se) Nesse sentido, o saudoso mestre NELSON HUNGRIA, ob. sit, pg. 155, argumenta que... finalmente há curandeiros que se limitam a formulação de diagnósticos. Mesmo neste última hipótese é manifesto o perigo que o fato encerra. Pois, confiante no arbitrário diagnóstico, o enfermo deixará de, opportuno tempore, iniciar o tratamento correto. Suponha-se que há um canceroso ou tuberculoso o curandeiro convença de que é apenas portador de um abcesso que por si mesmo desaparecerá ou de um resfriado sem maior importância, o paciente que poderia ter sido salvo, SE TIVESSE HAVIDO O EXATO DIAGNÓSTICO PRECOCE, só vem a procurar um médico quando já demasiado tarde. São exatamente casos como esses que a resolução atacada está permitindo. Ao dispor que o fonoaudiólogo pode realizar diagnóstico e modificar tratamentos, sem orientação médica, o CFFa desrespeita todo o arcabouço legal que foi acima transcrito e coloca a sociedade em contato com um profissional que não possui habilidade para a realização de diagnóstico e prescrição de medicamentos e tratamentos. Portanto, o Conselho Federal de Fonoaudiologia - CFFa exorbitou as atribuições e competências que lhe são impostas por lei, já que é uma autarquia federal e, obrigatoriamente, está adstrita a obediência de todos os princípios constitucionais atinentes à Administração Pública, em especial o princípio da legalidade, onde somente é permitida a realização de atos administrativos expressamente previstos em lei. 5

CONCLUSÃO. Diante do exposto entendemos que o Parecer do Setor Jurídico do CREMERS está correto, pois conclui que o Conselho Federal de Fonoaudiologia - CFFa não têm competência legal para elaboração de diagnóstico, prescrição de tratamentos e solicitação de exames. Ademais, o CFM já interpôs Ação Judicial contra a Resolução 400/10 do CFFa, no entanto, o processo ainda não foi julgado. É o Parecer, salvo melhor juízo. Brasília-DF, 01 de novembro de 2011. Antonio Carlos Nunes de Oliveira Assessor Jurídico Giselle Crosara Lettieri Gracindo Chefe do SEJUR Despacho.SEJUR 446_11_Exp. 9714_11_Fonoaudiologia_Resolução 400_11_Solicitação de exames_ilegalidade_acno 6