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Transcrição:

I. Fundamentos SUBSÍDIO PARA ANIMADORES DE CANTO E MÚSICA 1. A Liturgia, como exercício da função sacerdotal de Cristo 1, comporta um duplo movimento: de Deus para os homens, para santificá-los; e dos homens para Deus, para que Ele seja glorificado e adorado em espírito e verdade. 2. A Liturgia é um diálogo entre o Deus-Trindade e o Homem-Comunidade. Esse diálogo é composto de vários momentos. Cada momento tem sua característica própria e, portanto, uma expressão diferenciada. Ninguém cantaria um salmo penitencial (salmo 50 - Miserere) de forma triunfal ou o hino de Glória ou o Santo timidamente. 3. A tradição musical da Igreja é um tesouro de inestimável valor, que excede todas as outras expressões de arte, sobretudo porque o canto sagrado, intimamente unido com o texto, constitui parte necessária ou integrante da Liturgia solene. Não cessam de a enaltecer, quer a Sagrada Escritura, quer os Santos Padres e os Romanos Pontífices, que ainda recentemente, a começar em S. Pio X, vincaram com mais insistência a função ministerial da música sacra no culto divino. A música sacra será, por isso, tanto mais santa quanto mais intimamente unida estiver à ação litúrgica, quer como expressão delicada da oração, quer como fator de comunhão, quer como elemento de maior solenidade nas funções sagradas. A Igreja aprova e aceita no culto divino todas as formas autênticas de arte, desde que dotadas das qualidades requeridas 2. 4. O intuito da renovação litúrgica do Concílio Vaticano II é resgatar a participação plena, consciente e ativa da assembleia na liturgia. Esta participação na liturgia é de certo modo assegurada pelo canto litúrgico. O canto e música litúrgica é aquela música que a Igreja admite de direito e de fato na celebração litúrgica. 5. Desde modo, o canto e a música litúrgica adquire um caráter ministerial na liturgia, ou seja, ela está a serviço da ação litúrgica e por isso, ela tem a mesma finalidade da própria liturgia. É o que diz o papa Pio X no Motu proprio Tra Le Sollecitudini: A música sacra, como parte integrante da liturgia solene, participa do seu 1 Cf. Lúmen Gentium, nn. 11, 31. 2 Sacrossanctum Concilium, n.112.

fim geral, que é a glorificação de Deus e a santificação dos fiéis 3. A música será litúrgica quando nela a Igreja reconhecer sua oração, quando ela aparece para acompanhar os textos litúrgicos a serem cantados. Ela consiste em cantar as palavras da ação ritual. Pio X ainda diz que a principal função da música na liturgia é de revestir de adequadas melodias o texto litúrgico 4. E continua dizendo que os textos litúrgicos devem ser cantados na integra e nunca substituídos por outros textos 5. 6. O canto próprio da liturgia da Igreja é o canto gregoriano 6. Esta antiga e bela tradição remonta a São Gregório Magno, que procurou assegurar a pureza e a integridade do canto sacro 7. Ele pertence ao tesouro da tradição da Igreja. Mas, aplicando o princípio da inculturação, a Igreja leva em conta a tradição musical dos povos 8. O princípio da inculturação é um avanço conciliar, a abertura para o encontro da expressão própria do nosso povo. (...) Se podemos usar nossa língua, por que não usaremos a nossa música? 9 7. Segundo o liturgista Frei Alberto Beckhäuser, a música litúrgica possui as seguintes características 10 : 1) Ela é memorial, porque faz memória dos mistérios celebrados; 2) É orante, porque é uma forma de oração; 3) É trinitária, porque se dirige ao Pai, comemora o Filho e invoca o Espírito Santo; 4) É cristológica, porque está centrada em Jesus Cristo; 5) É pascal, porque também pela música litúrgica a Igreja anuncia e celebra o mistério pascal; 6) É eclesial, porque é um canto comunitário, ou seja, é a Igreja quem canta; 3 Pio X, Tra le Sollecitudini, n.1. 4 Ibidem. 5 Cf. Ibidem. 6 Cf. Sacrossanctum Concilium, n. 116. 7 Pio XII, Musicae Sacrae Disciplina, n.4. 8 Cf. Sacrossanctum Concilium, n. 119. 9 VV.AA. Música Brasileira na Liturgia. São Paulo: Paulus, 2005, p. 18. Col. Liturgia e Música. 10 Cf. BECKHÄUSER, Alberto. Cantar a liturgia. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 35-38.

7) É eucarística, porque possui um caráter de ação de graças; 8) É narrativa, porque narra a obra da salvação; 9) É histórico-salvífica, porque atualiza a obra da salvação; 10) É profética, porque denuncia o que se opõe ao plano de Deus. O Canto Litúrgico a serviço da Palavra de Deus e dos gestos sagrados da celebração 8. Na celebração, Deus se revela para a assembleia litúrgica numa passagem (páscoa) libertadora em nossa vida. Os discípulos de hoje recobram a esperança e reavivam a chama da fé e do amor na medida em que percebem a ação do Espírito do Ressuscitado e descobrem o sentido dos acontecimentos. 9. Os corações dos fiéis ardem à medida que a mente se ilumina com a proclamação da Palavra Divina (cf. Lc 24,13-35) 11. 10. O canto, por natureza, está intimamente vinculado à Palavra de Deus. O canto é Palavra que desabrocha em sonoridade, melodia e ritmo 12. 11. Por isso, a música, na Liturgia, necessita essencialmente estar a serviço da Palavra de Deus: a. Proclamando e interiorizando a Palavra de Deus na celebração; b. Preparando os fiéis para a escuta da Palavra; c. Respondendo ao apelo da Palavra proclamada; d. Aclamando o Evangelho; e. Nas respostas da Oração Eucarística. 12. A função ministerial do Canto Litúrgico: 11 Cf. CNBB. A Música Litúrgica no Brasil. Estudo 79, n. 274. 12 Ibidem, n. 203.

a. Estar intimamente ligado à ação litúrgica que está sendo realizada, quer exprimindo suavemente a oração, quer favorecendo a unidade e a comunhão dos fiéis, quer dando maior solenidade aos ritos sagrados; b. Levar em conta o tempo litúrgico, as solenidades e as festas de preceito; c. Estar em sintonia com os textos bíblicos de cada celebração, especialmente com o Evangelho, no que diz respeito ao canto de comunhão; d. Nunca usar melodias que já foram usadas em outros textos não litúrgicos, isto é, fazendo adaptações de músicas seculares; 13. Exigências para assumir o Serviço Litúrgico-Musical: a. Em primeiro lugar exige-se que o agente de pastoral tenha uma formação litúrgico-musical adequada, no sentido teórico e prático, não importa o tempo em que o membro está a serviço, a formação deve ser constante, a participação nas Semanas de Liturgia Diocesana ou nas formações paroquiais é indispensável, pois reciclar-se é dever de todo aquele que se propõe a servir. Todo cantor que não tem formação litúrgica e não se preocupa em aprofundá-la não deve assumir tal serviço diante da comunidade; b. A segunda exigência é de que todo canto litúrgico seja querigmático, e não canto moralista. O aspecto querigmático do canto litúrgico consiste no fato de apresentar e descrever o Mistério celebrado e não de impor uma vivência ou prática moral ou cristã. Em outras palavras, o canto descreve e propõe o Mistério, a pessoa o acolhe ou rejeita, e a vivência cristã será moldada a partir da acolhida de Cristo e de seu Mistério Salvador. O animador de cantos ou Equipe de cantos 14. Com a compreensão que temos hoje de que a celebração dos Mistérios da Fé é função de todo o povo de Deus e se processa num rico diálogo entre os ministros e a assembleia, diálogo que tem no canto o seu momento mais expressivo, podemos imaginar a importância desse ministério. A função dos grupos de canto é unicamente ajudar a assembleia celebrante a cantar. 15. A Diocese de Santo André instituiu uma comissão que pertence à Pastoral Litúrgica Diocesana chamada Setor Música. Essa comissão tem por função promover

encontros e formações aos grupos de canto e música, preparar subsídios formativos, reestruturar o Hinário Diocesano ABC Litúrgico, mantendo sempre o repertório Litúrgico Musical atualizado, trazendo as novidades da música litúrgica e preservando a tradição que a Igreja carrega ao longo de sua história. Cabe a essa comissão estudar e selecionar os cantos que compõem nossas celebrações. Ela está a serviço de todos os grupos de canto litúrgico, que terão nesse setor uma segura referência. 16. Animar os cantos para uma assembleia litúrgica é um serviço e uma oração. Cabe ao animador do canto as seguintes funções: a. Estar atento às orientações do Setor Música da Diocese de Santo André quanto ao repertório e a presença nos encontros formativos que este virá a promover; b. O Hinário ABC Litúrgico, seja na versão atual, que engloba 2010 a 2019, sejam as futuras versões do mesmo, que o referido setor ficará responsável por formular, é a opção básica e fundamental de repertório litúrgico a ser adotado. Além de estar buscando sempre adequar-se àquilo que a Igreja propõe como canto litúrgico, o Hinário ABC Litúrgico é instrumento de unidade diocesana, isto é, manifesta o caráter da família diocesana. Por isso, o animador do canto litúrgico deverá atentar-se e fomentar os cantores a terem sempre por opção primeira, a utilização do Hinário ABC Litúrgico; c. Animar o canto da assembleia, de modo que faça vibrar numa só voz o canto do povo; d. Para que a assembleia possa cantar nas celebrações, o folheto ABC Litúrgico conta com as letras dos cantos; e. Em comunhão com o pároco, o animador do canto litúrgico pode, quando necessário e de acordo com as realidades pastorais, preparar um ou outro canto opcional que não esteja no hinário, desde que este faça parte dos critérios litúrgicos requeridos pelos documentos da Igreja.

f. A orientação da CNBB, diz que não são permitidos os projetores multimídia (aparelhos de data-show ) durante as celebrações, pois prejudicam a participação ativa, consciente e frutuosa dos fiéis na liturgia 13. g. O animador deve velar para que o volume do som não seja exagerado nem abafe a voz da assembleia. O bom uso do microfone e a participação da assembleia 17. A voz da assembleia é base de todo edifício musical de uma celebração, pois o canto da assembleia é a voz do corpo místico do Cristo, que é a Igreja (cf. Cl 1,18). A voz humana é sempre o melhor instrumento. E nós sabemos que a palavra originária de Igreja é ekklésia, que significa assembleia, isto é, um povo escolhido e chamado por Deus. 18. O animador dos cantos ou a equipe de animação utilize o microfone apenas se necessário, levando em conta as realidades pastorais e a necessidade que o espaço celebrativo pede. Quando não há equilíbrio e discernimento no volume do microfone e dos instrumentos, comete-se um grave ato contra a comunidade orante, pois esta atitude encobre e cala a voz da assembleia litúrgica, que é a própria voz da Igreja reunida no amor de Cristo. É sabido que devido a acústica do espaço celebrativo, muitas realidades paroquiais fazem com que o uso do microfone seja imprescindível, pois a sua ausência juntamente com um animador de cantos sem uma boa projeção vocal, deixaria a comunidade insegura no canto e prejudicaria a participação do todo. Isso indica que os equipamentos de som devem estar a serviço do canto e não o contrário. É imprescindível que padres e agentes de pastoral estejam em comunhão e constante diálogo, para que seja investido em equipamentos adequados de som, de acordo também com a realidade pastoral do local. Por isso, a presença de um técnico capacitado é louvável e necessária. II- O canto litúrgico na Eucaristia segundo os seus graus 19. Os cantos nas celebrações são divididos em ordinários ou próprios. 13 http://www.cnbb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5555:o-uso-do-projetormultimidia-na-liturgia&catid=85&itemid=172

a. Ordinários ou partes fixas: esses cantos possuem um texto fixo e invariável, pois constituem partes fixas da missa. O texto não varia, o que pode e deve variar é a melodia. Os cantos ordinários da missa são: Senhor, tende piedade, Hino de Louvor, Profissão de Fé, Santo e o Cordeiro de Deus. b. Próprios: são cantos que variam em cada missa, ou seja, possuem o texto próprio do domingo, do tempo litúrgico ou da festa que se celebra. São eles: canto de abertura, salmo responsorial, aclamação ao Evangelho, apresentação dos dons, canto de comunhão e canto final. Os Cantos para a Missa 14 20. Uma autêntica celebração exige também que se observe exatamente o sentido e a natureza próprios de cada parte e de cada canto.... A seguir, traçaremos em linhas gerais o sentido do canto das partes da missa. 21. O Canto de Abertura é sinal da reunião da assembleia, convocada por Deus e reunida para celebrar. Ao se executar o canto, inicia-se uma procissão pela Igreja, que manifesta o encontro de Deus com seu povo, que vai ao encontro do Senhor. Ele tem a finalidade de abrir a celebração, promover a união, introduzir os fieis no tempo litúrgico e no mistério celebrado. Deve ser alegre, porém salvaguardando as características próprias de cada tempo. Deve começar no início da procissão de entrada e terminar quando toda a equipe chega ao presbitério, o padre beija o altar e, quando houver turíbulo, incensa-o. 22. O Sinal da Cruz pode ser cantado, desde que obedeça a fórmula correta. O Filho e o Espírito têm a mesma substância do Pai. Por isso, diz-se o em nome uma única vez. Cantar errado (Em Nome do Pai, Em Nome do Filho, Em Nome...) é heresia: triteísmo. Essa heresia afirma que as três pessoas divinas têm substâncias autônomas e independentes. Isso foi combatido pelo IV Concílio Lateranense (séc. XIII). 23. O Ato Penitencial surgiu no século X. Ele recorda a necessidade que temos da misericórdia de Deus. Não tem a ver com o sacramento da reconciliação, mas com a atitude humilde do cristão. É um apresentar-se pequeno diante da grandeza de Deus. 14 Cf. MÁRCIO FERNANDO FRANÇA. A música, o Canto na Liturgia Eucarística. São Paulo: Fons Sapientiae, 2015. P. 25-95.

Quando cantado, deve ser um canto de repouso, não de movimento. Há diversas fórmulas. As fórmulas do Missal podem ser cantadas. Todo canto de ato penitencial deve conter a fórmula Senhor, tende piedade.... Ele deve levar ao exame de consciência. 24. O Hino de Louvor; há registros do costume de se cantar Glória do século II. Ele tomou sua forma litúrgica no século IV. Ele é constituído pelo hino dos anjos (Glória a Deus nas alturas), pelo louvor a Deus Pai, pela súplica ao Filho, pela conclusão trinitária. Ele não é um texto de louvor trinitário. Ele não pode ser substituído por outro diferente do que é apresentado pelo missal romano ou da forma aprovada pela CNBB. Deve-se cantar como prescrito e nunca alterar por outro canto que contenha apenas a palavra Glória. 25. O Salmo Responsorial tem esse nome porque indica resposta. Não é uma resposta direta à leitura proclamada, mas carrega consigo o modo responsorial de ser, isto é, há a resposta do povo. O salmista canta os versos e a assembleia responde por um refrão. A partir do século VIII, o povo não participa mais do salmo; ele ficava a cargo dos cantores, que ornavam por demais as melodias. Ele é redescoberto juntamente com o valor da música litúrgica no Concílio Vaticano II. Ele é uma síntese da Palavra de Deus e da Oração da Igreja. O Salmo Responsorial deve favorecer a meditação da Palavra de Deus, por isso, a escolha da melodia é de suma importância. Para assegurar a escolha adequada, os hinários da CNBB podem contribuir muito, lembrando também, que as melodias de alguns salmos, sobretudo os das solenidades, fazem parte de uma longa tradição da Igreja já sendo conhecida pela comunidade, o que favorece a sua participação na resposta, por isso é importante ser cauteloso na adaptação ou escolha da melodia e nunca escolhê-la tendo como critério um gosto particular. Responder ao refrão é um modo de aprofundar no sentido da letra de todo o salmo. E além de favorecer a meditação, deve também favorecer a participação do povo. O que o torna diferente das demais leituras da missa é sua composição lírica, poética e metrificada. Deve ser proclamado preferencialmente da Mesa da Palavra. Dê prioridade para o salmo cantado, mesmo que salmodiando em canto reto, caso não seja possível, deve ser recitado da melhor maneira possível.

Outros pontos importantes 15 : 1 - É importante lembrar que a forma musical do salmo, conforme apresentada em nosso Lecionário, é a responsorial, diferente do estilo antifonal da Liturgia das Horas. O Salmo Responsorial consiste num refrão, cantado por todos, e estrofes (divididas em versos/membros), cantadas por um solista. No início do salmo, o refrão é cantado duas vezes: a primeira vez, apenas pelo solista (tendo a função de propor a melodia para a assembleia), e a segunda vez (repetição) já é cantada por toda a assembleia. Entre cada estrofe, e ao final o refrão, é cantado sempre por toda a assembleia. 2 - As melodias dos Salmos Responsoriais devem ser sóbrias e orantes, a fim conduzir toda a assembleia a um mergulho no mistério celebrado. 3 - É importante salientar que as melodias utilizadas para o Salmo Responsorial geralmente são melodias-tipo, ou seja, são esquemas melódicos que podem ser adaptados ao texto de vários salmos. O melhor exemplo disso é o que consta nos hinários litúrgicos, onde a mesma melodia do Salmo Responsorial está presente por várias semanas, com a mudança apenas do texto semanal. 4 - O salmista necessita ter um mínimo de formação espiritual, litúrgico-musical e técnica: a) Formação espiritual cultivar o hábito da leitura orante da primeira leitura e do salmo responsorial; saber orar com o salmo, saboreá-lo como Palavra de Deus para sua vida atual; saber cantar de forma orante e postura de quem está em atitude de oração. b) Formação bíblico-litúrgica - aprofundar o sentido literal e cristológico dos salmos; estudar cada salmo em sua relação com a primeira leitura e com o projeto de salvação de Deus. c) Formação musical - saber usar a voz de forma adequada, com boa dicção e até mesmo saber ler uma partitura simples; aprender as melodias dos Salmos Responsoriais; saber se entrosar com os instrumentos musicais que acompanham o canto do salmo. d) Formação prática - saber manusear o Lecionário e o Hinário Litúrgico; saber em que momento subir ao ambão, como se comunicar com a assembleia, como usar o microfone; conhecer os vários modos de se cantar o salmo. 26. A aclamação ao Evangelho traz o aleluia, palavra hebraica que significa louvai a Deus. Através dela, a comunidade acolhe o Senhor, que fala no Evangelho. 15 Cf. Comissão Pastoral para a Liturgia da CNBB Setor Música e Canto Pastoral

Deve ser repetida muitas vezes a palavra aleluia. Exceto na Quaresma, deve-se sempre entoar o aleluia e proclamar o versículo indicado na liturgia do dia. 27. O canto de Apresentação dos Dons é aquele que acompanha o rito de apresentação do pão e do vinho que vão se tornar Corpo e Sangue do Senhor. A única oferta neste momento é o próprio Cristo. Ele inicia com a procissão das oblatas e termina assim que o padre faz as devidas orações. 28. O Santo está situado no coração da celebração e é ocasião pela qual toda a Igreja se reúne para cantar a uma só voz ao Deus três vezes Santo. Ele é formado pela adoração (Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo), a proclamação cósmica (o céu e a terra proclamam a vossa glória), a aclamação (hosana nas alturas, que quer dizer Senhor, ajuda, dá a vitória, dá a salvação ) e a proclamação (bendito o que vem em nome do Senhor). Assim como o Hino de Louvor, não pode ser substituído por outro texto. 29. Aclamação Memorial: o missal romano oferece algumas fórmulas que expressam o anúncio do mistério pascal, comemorando o abaixamento e a glorificação do Senhor e preparando sua vinda. Quando cantado, deve o ser por todos. 30. O Grande Amém! Mediante esta aclamação, os fieis assumem o que foi rezado na Oração Eucarística. 31. Rito da Paz: não faz parte da tradição litúrgica da Igreja entoar um canto durante o abraço da paz. Cada um saúde somente aqueles que estão próximos, de modo sóbrio. 32. Cordeiro de Deus: a ação de partir o pão é acompanhada pelo canto do Cordeiro de Deus, que invoca a Cristo como Cordeiro e Servo que se entrega por nós, a fim de tirar o pecado do mundo. Assim como o Hino de Louvor e o Santo, deve-se seguir a fórmula prescrita no Missal Romano, não podendo ser substituído por outro texto. 33. O Canto de Comunhão é um dos mais antigos da liturgia romana, remontando ao século IV. Ele acompanha a procissão dos fiéis, que marcham para o altar, superando o individualismo e participando da eucaristia como comunidade. Ele emite a união espiritual dos comungantes, demonstra a alegria do coração.

34. O Canto de Ação de Graças (hino após a comunhão) é uma inovação da reforma do Vaticano II. É cantado se for oportuno depois de um tempo do silêncio sagrado e pode ser um hino, salmo, ou outro cântico de louvor e ação de graças 16, nunca um canto de adoração, para que o banquete eucarístico não seja confundido com uma adoração ao Santíssimo Sacramento. 35. O Canto de Dispersão (canto final) não é algo previsto pela Instrução Geral do Missal Romano, mas tem a função de acompanhar o momento da saída da equipe de celebração ou do povo. O Hinário ABC Litúrgico traz uma série de cantos de dispersão, que podem ser substituídos por um canto à Nossa Senhora, ao santo padroeiro ou por um arranjo instrumental. Alguns pareceres finais sobre o canto na missa 36. Itens que ajudam as equipes de cantos a exercer bem esse serviço: a. O canto e o ritmo não estão ligados ao gosto pessoal do animador dos cantos, mas à ação litúrgica. O que deve orientar sua atividade é o Mistério celebrado e a assembleia litúrgica; b. O canto deve estar a serviço da Liturgia e não o contrário. Nesse sentido, é inadmissível quando certos cantos (procissão de entrada, da apresentação das oferendas ou da comunhão) continuem se seus ritos já foram concluídos; c. A finalidade do canto é fazer com que a assembleia litúrgica participe ativa, consciente e frutuosamente no Mistério celebrado. Nem sempre agitação indica participação no Mistério celebrado; d. Os instrumentos musicais têm valor na medida em que ajudam a assembleia a cantar. Quando, num grupo de canto, há vários instrumentos, os músicos exerçam seus dons e façam arranjos harmoniosos, a fim de que a voz do povo não seja abafada pelo grande número de instrumentos. O Concílio Vaticano II abriu a possibilidade do uso de instrumentos musicais na liturgia, segundo o parecer e com o consentimento da autoridade territorial competente, contanto que esses instrumentos estejam adaptados ou sejam adaptáveis ao uso sacro, não desdigam da dignidade do templo e favoreçam 16 Cf. IGMR n. 56j e 121.

realmente a edificação dos fiéis 17. Portanto, a questão não está em usar ou não instrumentos musicais na liturgia. A questão é a adequada interpretação de quem os executa. e. Evite-se ao máximo a afinação de instrumentos musicais imediatamente antes das cerimônias litúrgicas, pois esses prejudicam a concentração e o ambiente de oração dos fiéis. f. O diálogo com os músicos, para ser frutuoso, acontece dentro da equipe de celebração, juntamente da comunidade que celebra. Não é possível conceber este serviço desconectado da pastoral litúrgica. Ao contrário, os animadores do canto precisam fazer parte dela. g. Em muitas comunidades, as celebrações são demasiado barulhentas e não conduzem a um mergulho no mistério celebrado. A adequada interpretação instrumental requer dos músicos conhecimento do que é próprio de cada rito. Há momentos que tudo deve ser muito sóbrio, como é ato penitencial ou o cordeiro de Deus; há momentos mais vibrantes, como o Aleluia de aclamação e o canto do Santo. Observe-se, ainda, a acústica da Igreja e, então, a sensibilidade litúrgica e o bom senso ajudarão no discernimento de quais instrumentos se adaptam à realidade própria de cada templo. Mas tudo isso precisa ser pensado, ensaiado, experimentado e avaliado, na preparação em comum com a equipe de celebração. h. Os instrumentos de percussão, na maioria, emitem sons que se destacam dos demais e por essa razão, têm a função de manter o andamento, de expor as subdivisões rítmicas de um estilo em particular. Também atuam como elemento de transição entre as partes cantadas ou tocadas, entre outras qualificações. São inúmeros timbres, cada um com sua especificidade. Com eles, o ritmo pode exercer precioso serviço ao Mistério. O percussionista litúrgico necessita conhecer o que é próprio de cada rito e perceberá que, em alguns momentos da celebração, a percussão deve ser muito discreta ou muitas vezes até nula por exigência da densidade e características próprias de momento da celebração. Primar pela leveza e discrição quando o rito é mais sóbrio, como no ato penitencial ou no salmo responsorial; manter o canto da assembleia em exultação quando o rito é mais vibrante, como no Glória ou na Aclamação; dosar o volume para 17 Cf. Sacrossanctum Concilium, n.120.

não encobrir o canto da assembleia. Cada momento da celebração exige uma interpretação instrumental adequada às características próprias de cada rito. É necessário, ainda, analisar a acústica e o tamanho da Igreja para, com sensibilidade litúrgica, discernir o melhor uso dos instrumentos de percussão. Há Igrejas com muita reverberação. Volume alto e má equalização dos instrumentos de percussão podem tornar a celebração demasiado barulhenta. As música litúrgica através do Ano Litúrgico 37. A música litúrgica deve nos ajudar a celebrar o mistério pascal de Cristo no decorrer do Ano Litúrgico. Durante cada tempo litúrgico ela deve distinguir-se por três elementos: a letra, a melodia e o mistério celebrado. 38. O Tempo do Advento possui dupla característica: (...) preparação para as solenidades do Natal, (...)expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos 18. É tempo de piedosa, esperançosa e vigilante oração. Começa com as primeiras vésperas do domingo mais próximo do dia 30 de novembro e termina com as primeiras vésperas do Natal do Senhor. As partes fixas deste tempo, que não conta com o Hino de Louvor, devem ser também de estilo diferente, deixando clara a espiritualidade deste tempo. 39. Natal: após a celebração da Páscoa, é venerável celebrar também o Natal do Senhor. O Tempo do Natal começa nas primeiras vésperas do dia 24 de dezembro e termina no domingo depois da Epifania do Senhor. É tempo de alegria e festa. Durante o tempo do Natal cantamos a solidariedade de Deus para conosco, Ele se fez um de nós para nos salvar. Convém dar grande atenção aos cantos do ordinário, em particular ao santo e as aclamações. Os cantos devem estar de acordo com o Mistério que celebramos no Tempo do Natal. Devem se encher de alegria vibrante. Os instrumentos muito podem colaborar para isto. 40. A Quaresma visa preparar a celebração da Páscoa; a liturgia quaresmal, com efeito, dispõe para a celebração do mistério pascal tanto os catecúmenos, pelos diversos graus de iniciação cristã, pela comemoração do batismo e pela penitência 19. A Quaresma inicia na Quarta-feira de Cinzas e termina na missa da Ceia do Senhor, 18 IGMR, n. 39. 19 Ibidem. N. 27.

exclusive. Nesse tempo não se canta o Hino de Louvor e não se diz Aleluia. Os cantos expressem de maneira eficaz a espiritualidade quaresmal de jejum, oração e esmola. Nesse tempo de conversão, a Igreja propõe a Campanha da Fraternidade, que deve ser vivida em âmbito pastoral e refletir na liturgia. Mas o tema da Campanha da Fraternidade não deve se sobrepor sobre a liturgia dominical-quaresmal, mas ajudar nas reflexões que visam à conversão. É conveniente, em espírito de unidade eclesial, entoar o hino da Campanha como canto final durante os domingos da Quaresma. Não utilize instrumentos de percussão e evite a utilização de muitos instrumentos, para realçar o clima quaresmal e valorizar a alegria pascal. 41. A Semana Santa visa recordar a Paixão e Morte do Senhor 20. A tradição do canto litúrgico da Igreja no Brasil é rica em cantos próprios para essa Semana das semanas. Nunca sejam substituídos por outros cantos. Na Sexta-feira da Paixão do Senhor, observe-se por toda a parte o sagrado jejum pascal 21. Convém notar que não é bom introduzir em cada solenidade cantos totalmente novos. Os cantos, que celebram os mistérios durante o Ano, devem tornar-se familiares 22. Preserve a tradição da melodia dos salmos desse período pois muitos já possuem melodias conhecidas por toda a comunidade, contribuindo com a participação de todos na resposta. 42. O Tempo Pascal é tempo de alegria e exultação. Os cinquenta dias entre o domingo da Páscoa e o domingo de Pentecostes sejam celebrados como se fossem um único e novo dia, como o grande domingo 23. O aleluia que ficou silenciado durante a quaresma seja valorizado e cantado com solenidade. Do mesmo modo, os instrumentos sejam valorizados, desde que sigam as orientações que são próprias daquilo que é o uso correto dos instrumentos na ação litúrgica. 43. O Tempo Comum é o mais extenso do ano litúrgico, ocupando 34 semanas. Neste período meditamos sobre o ministério de Jesus e o anúncio do Reino de Deus com convite à conversão. Os cantos são voltados ao tema da liturgia, ainda que eles não transmitam ipsis literi o conteúdo das leituras. 20 Cf. Ibidem, n. 31. 21 Ibidem, n. 18. 22 ALBERTO BERCHAUSER. Cantar a Liturgia. Vozes. P. 65. 23 Cf. IGMR, n. 22.

44. Vale lembrar que mesmo celebrando Nossa Senhora e os Santos no decorrer do Ano Litúrgico, sempre se evoca a ação redentora do Senhor Jesus em Maria e nos Santos. É a obra do Senhor que celebramos e cantamos não a pessoa dos santos e de Maria. 45. Os cantos devem expressar a realidade celebrada o Mistério. Este mistério se desdobra nas passagens da Sagrada Escritura ao longo do Ano Litúrgico: a) Dar atenção à função ritual de cada canto em seus momentos específicos. b) Ser fiel às características próprias do tempo litúrgico e da festa celebrada. c) Vale lembrar a orientação dos Documentos da Igreja. Não é por que o tempo é comum que se pode colocar qualquer canto na liturgia. Ele deve estar em sintonia com o que celebramos. Por isso é imprescindível o uso do Hinário ABC Litúrgico. Ele é parte integrante da história e da cultura da nossa diocese. Está a serviço da ação ritual. Não cabem aqui cantos que possam levar ao subjetivismo, ao intimismo religioso. Celebrar é sempre uma ação comunitária, nunca individual. 46.Orientações práticas 01. A música litúrgica, é parte integrante da liturgia, portanto, para que seja verdadeiramente litúrgica, deve levar em consideração uma série de elementos da própria liturgia, tais como: o mistério celebrado, o tempo que se celebra, sua função ritual em cada momento da celebração e a participação de todos no canto; 02. Tanto mais o canto e a música se inserem e se integram na ação litúrgica e em seus diversos ritos, tanto mais eles serão adequados para o uso litúrgico nas celebrações; 03. O canto para ser litúrgico deve possuir conteúdo bíblico e litúrgico (cf. SC 121), levando em conta as antífonas apresentadas pelo Missal Romano; 04. Evite cantar na liturgia e procure cantar a liturgia; 05. Nunca usar melodias e textos adaptados de canções populares, trilhas sonoras de filmes e novelas;

06. Deve-se levar em conta o tipo da celebração, o momento ritual em que o canto será executado e as características da assembleia (cf. SC 112); 07. Devem-se respeitar os tempos do ano litúrgico e suas festas, evitando assim, que se cante algo que destoe do mistério que é celebrado em determinados tempos ou festas (cf. SC 107); não convém cantar um canto próprio do Advento no Tempo Pascal, por exemplo; 08. Por ser parte da liturgia, a equipe de animação do canto litúrgico deve fazer parte da equipe de liturgia da comunidade, evitando um divórcio tão frequente entre ambas as equipes; 09. Do mesmo modo, a equipe de animação do canto litúrgico deve ter consciência de que é parte integrante da assembleia celebrante e não meros executores do canto nas celebrações. Por isso, deve-se procurar participar de toda ação ritual e não apenas da execução dos cantos; 10. O serviço de animação do canto litúrgico é um verdadeiro ministério na Igreja. Para tanto, deve-se exercer tal função com um verdadeiro sentimento de estar a serviço da comunidade que celebra, evitando impor seus próprios gostos musicais e assumindo o canto que é proposto pela Igreja para a liturgia; 11. Os animadores do canto litúrgico devem empenhar-se em aprender o repertório litúrgico-musical e ensiná-lo ao povo; 13. Nunca os animadores do canto litúrgico devem abafar as vozes da assembleia, para isso, deve evitar o volume alto tanto dos microfones como dos instrumentos; 14. Os animadores do canto devem estar atentos a todos os momentos e ao presidente da celebração e demais ministros; 15. Deve-se evitar que no exercício da animação do canto litúrgico qualquer semelhança com show ou espetáculo. Deve-se exercer tal ministério com humildade e sobriedade;

16. Os instrumentos musicais e de percussão são de muita utilidade para a liturgia, desde que estejam a serviço da própria liturgia, da palavra, do rito e da própria comunidade que celebra. 17. Não há uma classe de instrumentos que podemos chamar de anti-litúrgicos, embora a Igreja reconheça que o instrumento mais adequado para a liturgia seja o órgão. Deve-se, contudo, evitar o uso de instrumentos demasiadamente barulhentos em tempos litúrgicos como a quaresma. Assim também em certas celebrações que não condizem com o som em questão, por exemplo fiéis defuntos entre outras. 18. É importante resgatar a figura do salmista na liturgia, alguém que se especializa na arte de cantar os salmos. Para isso, deve-se procurar aprender boas melodias, próprias para o canto dos salmos e evitar o improviso; 20. O coral litúrgico não foi abolido pela reforma da liturgia. Ele exerce um verdadeiro ministério quando auxilia a assembleia a cantar, porém, deve evitar cantos em que o povo se torne meros espectadores e não executores. Em nossas comunidades, os corais, na maioria das vezes, formados por pessoas idosas, devem ser valorizados e fomentados. Vale ressaltar a presença do Coral Diocesano e do Coral do Setor Juventude e incentivar a participação dos nossos agentes nesses trabalhos diocesanos.