Encontro discute a avaliação do risco ambiental de OGMs



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Transcrição:

Ano 17 Nº 2 abril a junho de 2009 Encontro discute a avaliação do risco ambiental de OGMs Nesta Edição: EDITORIAL Metas Traçadas 2 VALE LEMBRAR Alimentação a favor da saúde 3 Segurança Alimentar em debate 3 ARTIGO CIENTÍFICO Comfort food: alimento para emoção 4 DESTAQUE Conhecimento Científico Partilhado 6 Fortificar para Nutrir 6 Preocupado em discutir a ciência envolvida na avaliação do risco alimentar e ambiental dos OGMs (Organismos Geneticamente Modificados) e difundir informações, o comitê de Biotecnologia do promove a segunda edição do Workshop Avaliação do Risco Ambiental de Culturas Geneticamente Modificadas, nos dias 17 e 18 de agosto, em Brasília. A ênfase é para o possível impacto que as culturas geneticamente modificadas poderiam representar para os organismos não-alvo, seres vivos que habitam as áreas agrícolas onde estas plantas são cultivadas e que poderiam sofrer algum efeito por parte delas. Outro tema relevante será o monitoramento destas culturas, após sua aprovação para uso comercial pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), traçando parâmetros deste processo no Brasil e outros países. Entre os convidados internacionais, destacam-se o Dr. Joerg Romeis, especialista em avaliação de risco ambiental do grupo de biossegurança do Agroscope Reckenholz - Tänikon Research Station (ART), instituição de pesquisas agrícolas da Suíça, e o Dr. Alan Gray, pesquisador emérito do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido. As relevantes discussões do primeiro encontro foram reunidas em um artigo submetido para publicação na revista eletrônica BioAssay. O foco, em 2008, foi a formulação do problema em relação à avaliação de risco da cana-de-açúcar e algodão. Nossa proposta é desenvolver ações que reforçam a relevância do tema, à medida que os OGMs começam a ser aprovados no Brasil e a fazer parte do nosso dia-adia. O artigo é uma forma de levar à comunidade científica informação para os que não tiveram acesso ao workshop e seus resultados avalia Eugênio Ulian, coordenador do Comitê. l

Presidente Aldo Baccarin Diretoria/Conselho Diretoria Dr. Franco Lajolo Dr. Felix G. Reyes Dr. Flávio A. D. Zambrone Dra. Ione P. Lemônica Ana Meisel Ary Bucione José Mauro de Moraes Gottfried Stützer Diretoria Executiva Mariela Weingarten Berezovsky Conselho Científico e de Administração Aldo Baccarin - Presidente Alexandre Novachi Ana Meisel Kraft Foods Brasil Ltda. Ary Bucione Danisco Brasil Ltda. Dra. Bernadette Franco - Fac. Ciências Farmacêuticas / USP Cláudia Araujo Fernandes Cadbury Adams Dra. Elizabeth Nascimento Fac. Ciências Farmacêuticas/ USP Eugenio Ulian Monsanto do Brasil Ltda. Dr. Felix G. Reyes Fac. Eng. Alimentos/UNICAMP Dr. Flávio Ailton Duque Zambrone - Fac. Ciências Med./UNICAMP Dr. Franco Lajolo Fac. Ciências Farmacêuticas / USP Geórgia Castro Dr. Hélio Vannucchi FM USP Rib. Preto Dra. Ione P. Lemonica UNESP Botucatu João Alberto Bordignon Nutrimental S/A Ind. e Com. de Alimentos João Henrique Alarcon Alegro Milenia Agro Ciências S/A José Mauro Moraes Recofarma Ind. Amazonas Ltda. (Coca-Cola) Dra. Maria Cecília Toledo Fac. Eng. Alimentos, UNICAMP Dr. Mauro Fisberg UNIFESP Publicação do: International Life Sciences Institute Rua Hungria, 664 Cj. 113 01455-904 São Paulo-SP tel.: (11) 3035-5585 e-mail: ilsibr@ilsi.org.br Conselho Editorial: Clarice Tonato, Felix G. Reyes e Mariela Weingarten Berezovsky Editora Executiva: Mariela Weingarten Berezovsky Redação: Edna Vairoletti Expediente Produção: DPI Studio e Editora Tel./Fax: (11) 3207-1617 dpi@dpieditora.com.br Circulação externa Tiragem de 4.500 exemplares Direitos reservados ao Ésempre animador traçar metas e alcançá-las, principalmente diante da expectativa, inevitável, às vésperas de cada evento. Com a segunda edição da Reunião Anual do, realizada m abril, não foi diferente. Mas deu tudo certo. Contamos com a presença de representantes da indústria, academia e governo e cumprimos uma agenda sob medida, entre reuniões de trabalho para definição dos próximos passos para 2009, incluindo as eleições dos novos membros do Conselho Científico e de Administração, que já assumiram seus cargos, e uma intensa programação científica. Foram três simpósios promovidos pelos comitês de Avaliação de Risco, Biotecnologia e Nutrição. Traçadas as metas, mais uma vez saímos a campo. Em maio realizamos o workshop Estilos de Vida Saudá- Editorial Metas Traçadas veis: Nutrição e Saúde da Mulher. O universo feminino foi debatido por especialistas que observaram que para a mulher moderna não basta apenas uma dieta saudável. É preciso também que ela alimente sua autoestima para ter fôlego para encarar seus desafios diários na profissão, família e vida pessoal. Os próximos meses reservam muito trabalho que refletem a mobilização de todas as forçastarefas e a participação do ILSI em eventos externos, como foi o Ganepão, em junho. Para encerrar, damos as boas-vindas ao novo membro, a Alellyx que atua no melhoramento genético e biotecnologia de cana-de-açúcar. Até a próxima! Mariela Weingarten Berezovsky Diretora Executiva ILSI no mundo e no Brasil A manutenção de um fórum permanente de atualização de conhecimentos técnico-científicos que contribuem para a saúde da população e são de interesse comum às empresas, governos, universidades e institutos de pesquisa. Este é o principal objetivo do International Life Sciences Institute (ILSI), associação sem fins lucrativos, com sede em Washington, D.C., nos Estados Unidos, e seções regionais na América do Norte, Argentina, Austrália, Brasil, Europa, Japão, México e Sudeste Asiático. É afiliado à Organização Mundial da Saúde (OMS), como entidade não-governamental e órgão consultivo da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO). No Brasil, o ILSI colabora para o melhor entendimento de assuntos ligados à nutrição, segurança alimentar, toxicologia e meio ambiente, reunindo cientistas do meio acadêmico, do governo e da indústria. abril - junho 2009 NOTÍCIAS2

Vale lembrar Alimentação a favor da saúde O10º evento da série de workshops internacionais O Impacto dos Alimentos Funcionais no Cenário Epidemiológico Brasileiro reuniu dezenas de participantes no dia 22 de junho, no Hotel Maksoud Plaza (SP). Uma das principais conclusões foi que a adoção regular de alimentos funcionais numa dieta equilibrada, aliada a um estilo de vida saudável, menos sedentário, é uma conduta que pode contribuir para a diminuição do risco de doenças crônicas não-transmissíveis e promover a qualidade de vida da população. Prof. Franco Lajolo (USP), coordenador científico do evento, lembrou que estes alimentos são produzidos há mais de 20 anos e o Japão foi o pioneiro. E que, além da questão nutricional, há um interesse econômico a ser considerado, quando se busca soluções para reduzir os gastos da saúde pública, com tratamentos de pacientes com Diabetes Mellitus, Obesidade, Câncer e problemas cardiovasculares, que seguem em ritmo crescente. Dos EUA, Dr. John Milner, do National Cancer Institute, enfatizou que o câncer é um problema mundial e deve ter maior incidência na América Latina, pois esta população está envelhecendo e cada vez mais obesa. Destacou que estudos apontam que a doença tem relação com o que se come em percentuais que variam para seus diferentes tipos. O desafio é detectar as populações vulneráveis ao câncer e os alimentos que podem ajudar na prevenção, pois há diferenças singulares entre as pessoas e nem tudo que é bom para um indivíduo serve para o outro. Do Canadá, Dr. Jerzy Zawistowski, da University of British Columbia, fez uma detalhada explanação sobre as evidências necessárias para claims relacionados aos alimentos funcionais. Entre os brasileiros, destaque para Dr. Protásio Lemos da Luz, do Instituto do Coração e Faculdade de Medicina da USP, que ressaltou a importância do estilo de vida na prevenção de doenças cardiovasculares. Todos os participantes receberam a publicação Alimentos Funcionais Ciência, Saúde e Alegações, uma tradução da obra Dr. Paulo Cesar Stringhetta, Dra. Claudia Juswiak, Dra. Antonia Maria Aquino, Dr. Jerzy Zawistowski, Dr. Steven Rumsey, Dr. Helio Vannucchi. original editada pelo ILSI Europe. Com uma linguagem acessível a diferentes públicos, o livro aborda que uma dieta saudável, incluindo alimentos com propriedades funcionais, pode contribuir para a promoção do bem-estar e até reduzir o risco de desenvolver certas doenças. Ilustrações, tabelas e um texto dividido em tópicos tornam a leitura fácil e interessante. Para adquirir um exemplar, basta contatar o : publicacao@ilsi.org.br. l Segurança Alimentar em debate A tualidades em Food Safety, workshop agendado para 04 de agosto, no Blue Tree Towers Faria Lima (SP), tem como principal objetivo discutir casos emergentes e atuais em Segurança Alimentar que podem ter um impacto importante na cadeia produtiva de alimentos. O debate, sob a coordenação científica da Dra Maria Cecília de F. Toledo, pesquisadora da UNICAMP, irá abranger temas focados nos riscos toxicológicos e microbiológicos potenciais, associados à presença de contaminantes nos alimentos. A exposição humana ao alumínio e a resíduos de agrotóxicos na dieta, e a contaminação de alimentos infantis com melamina são destaques da programação. Outras importantes palestras fazem parte do programa: Estudo Clínico e Laboratorial de sensibilidade à tartrazina em pacientes atópicos, Inovações em Embalagens e em Nanotecnologia ; Situação atual sobre aflatoxinas e micotoxinas em alimentos e Avaliação de risco microbiológico em alimentos: como está no Brasil?. O recall e problemas relacionados com a contaminação alimentar têm sido recorrentes em todo mundo. Os países em desenvolvimento possuem menor controle e histórico em relação a este cenário, pois há uma limitante nos recursos existentes nesta área e menor abrangência do tratamento destes casos. Os EUA possuem o maior número de dados e domínio destas ocorrências, por Distrito, o que possibilita um rastreamento mais eficiente. Por isso, toda mobilização e discussão sobre Segurança Alimentar é um passo a favor da conscientização dos riscos e alternativas de prevenção e monitoramento, em benefício de toda a cadeia: produção, processamento, comercialização e consumo de alimentos, comenta Adriana Apuzzo, representante da Danisco e coordenadora da Força-Tarefa Food-Safety, segmento indústria. l NOTÍCIAS3

Artigo Comfort food: alimento para emoção Artigo comentado por Márcia Terra* sobre o estudo clínico: Exploring Comfort Food Preferences Across Gender and Age, de Brian Wansink, conduzido no Cornell Food and Brand Lab na Universidade de Illinois, EUA. *Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica pelo ICHC USP, pós-graduada em Administração de Empresas com ênfase em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, pós-graduada em Ciências do Consumo de ESPM, membro da American Dietetic Association, Diretora da Nutri Insight - Consultoria em Nutrição, representante da Herbalife no. Todos nós usamos os alimentos com funções além daquelas conhecidas pela nutrição. Sempre que passamos por situações onde há algum tipo de celebração, quase sempre a comida ocupa papel principal e dá o tom da festa. Também quando estamos tristes e infelizes ou, simplesmente, com vontade de desabafar sobre aquilo que nos atormenta, a comida de novo é nossa grande aliada. Pessoas em situações particulares tendem a desejar determinados alimentos que possam lhe trazer algum conforto emocional. Essa comida, que nos acalenta, foi batizada nos EUA como comfort food ou comida para o conforto. A expressão sugere que esse alimento não tenha apenas a função biológica de nutrir o corpo, mas sim, trazer conforto psicológico e até certo estado de prazer. Estudo conduzido pelo Dr. Brian Wansink, em 2003, quando ainda era diretor do laboratório Food and Brand na Universidade de Cornell, demonstrou que os sentimentos evocados pela comfort food são os fatores que levam ao consumo de algo diferente, que pode conter uma ligação do alimento e uma pessoa em especial, assim como a relação entre comer algo preparado por alguém muito querido, ou a lembrança do alimento estar atrelada a situações de atenção e carinho, como a comida preparada pela mãe quando se ficou muito doente. É possível, ainda, conectar o alimento a uma emoção que se deseja reviver, como quando se foi recompensado com um chocolate por ter tirado boas notas na escola. Algumas vezes, pode ser simplesmente o desejo por um sabor ou aroma específico. O alimento pode ser usado como prêmio por uma conquista ou por um trabalho executado. Como consolo para um desencanto amoroso. Como forma de autoagrado por um dia muito pesado e estressante. Como distração para nos afastar daquela tarefa árdua ainda pendente... Há várias razões pelas quais comemos e uma das mais comuns é usar o alimento para o autoconforto e autoindulgência. Por isso, o relacionamento que os indivíduos têm com a comida tende a ser pessoal e, muitas vezes, influenciado pelo ambiente que os cerca e pelas associações condicionadas. NOTÍCIAS4

Artigo Além destes contextos afetivos e sociais, os estudos também apontaram uma conexão entre alimento e humor. Nós comemos quando estamos felizes. Comemos quando estamos tristes. Comemos quando estamos aborrecidos. Comemos quando estamos irritados. Comemos quando estamos relaxados. A comfort food, portanto, remete tanto a momentos negativos como de felicidade. Dr. Wansink, que hoje é o diretor executivo do Centro de Política e Promoção da Nutrição do USDA (USA), explicou que há uma tendência a usar o alimento para manter o bom humor ou para recuperá-lo e se usam diferentes itens para isso. E completa. O que descobrimos foi que quando se está de bom humor se busca comer alimentos que estão mais relacionados com refeições, aquelas com certa densidade nutricional, como hambúrguer, macarrão ou sopa e vegetais. Quando a situação causa mau humor, o que se procura são alimentos mais calóricos e convenientes, como os snacks. O especialista acredita que todas as pessoas que se dizem infelizes têm um desejo de curto prazo: querem algo para mudar seu estado de espírito e se inclinam a consumir alimentos mais calóricos e hedônicos (relacionados aos prazeres imediatos). As estressadas, infelizes e solitárias respondem da mesma forma, sendo que na solidão podem comer muito mais do que sob estresse. Enquanto os estudos psicológicos mostram que o estresse e a tristeza levam à compulsão por alimentos ricos em calorias e convenientes, atrelados com lembranças positivas, há evidências de que existe uma conexão científica entre comfort food e humor, pois, normalmente, são ricos em açúcar, sal e gordura e afetam neurotransmissores como as endorfinas, serotonina e a dopamina. O consumo de grandes quantidades de açúcar faz com que o pâncreas libere insulina para que ocorra a regulação dos níveis da glicemia. Com isso, a insulina causa um rápido pico nos níveis de triptofano, o aminoácido responsável pela produção de serotonina. A serotonina cria uma sensação de bem-estar e prazer. Contudo, alimentos ricos em açúcar e amidos, com alta carga glicêmica, desencadeiam rápidos picos e, conseqüentemente, quedas nos níveis glicêmicos, o que origina uma ação por feedback fechado que levará novamente à compulsão alimentar. Por que mulheres preferem snacks e homens preferem pratos prontos como comfort foods? O trabalho do Dr. Wansink também relatou que mulheres e homens têm preferências particulares. Os alimentos favoritos são: batata frita (23%), sorvete (14%), biscoitos doces (12%), chocolates (11%), churrasco e hamburger (9%), ensopados (9%), sopas (7%), vegetais (4%) e salada (3%). Eles tendem por pratos prontos, pizza, macarrão, carnes ou ensopados; elas por alimentos mais relacionados à conveniência como os snacks, balas, doces e chocolates. Opções que as fazem sentir, em algum momento, menos saudáveis e mais culpadas do que os homens. Os pesquisadores especulam que as diferentes preferências alimentares entre o sexo feminino e masculino podem estar relacionadas, no caso dos homens, à criação que receberam, condicionando-os a refeições quentes e mais trabalhosas de preparar. Já as mulheres optam por alimentos mais convenientes e práticos, que requerem pouco ou nenhum preparo, pois não há ninguém, se não elas próprias para prepará-los. É importante perceber que a comfort food pode, na verdade, ser constituída por escolhas saudáveis pois, aparentemente, somos condicionados a preferir determinados tipos de alimentos neste universo, lembra Dr. Wansink. Por isso, é possível tentar moldar, de forma mais saudável e mais democrática, as preferências do cardápio dos nossos filhos e filhas. l abril - junho 2009 NOTÍCIAS5

Destaque Conhecimento Científico Partilhado Na busca de maior difusão de informações e a partir do conhecimento acumulado pela Força-Tarefa de Alimentos Fortificados e Suplementos foi idealizada uma série de publicações com a revisão da literatura científica sobre nutrientes. Escrita por profissionais e estudiosos renomados dos temas, as edições visam suportar, cientificamente, as alegações de funções plenamente reconhecidas, além de colaborar com os setores Regulador e Regulado e possibilitar o acesso a informações adequadas e corretas. Os fascículos independentes facilitam a atualização e permitem a elaboração e lançamento de novos capítulos, com maior agilidade. O modelo adotado tem como referência o elaborado pelo JHCI (Joint Health Claims Initiative) para a Food Standards Agency, UK, (http://www.food.gov.uk/multimedia/ pdfs/jhci_healthreport.pdf), porém, cada autor é livre para uma revisão da literatura atual e a inclusão de dados de seus estudos. Já estão em circulação as referentes a Cálcio, Vitamina D e Ferro. A mais recente edição reúne conceitos atuais e Recomendações de Nutrientes (DRIs) e tem um formato diferenciado, de cartilha. As próximas publicações previstas são: Carotenóides, Vitamina A, Selênio, Vitamina E e Zinco. Temos nos empenhado para abordar os temas de maior interesse e o retorno tem sido positivo. A iniciativa também tem servido de estímulo para membros de outras forças-tarefas que planejam adotar o mesmo formato para publicações de temas de interesse específico. Hoje a tiragem é de mil exemplares, distribuídos em nossos eventos, para os associados do ILSI e estão disponíveis para aquisição no ILSI (publicacao@ilsi.org.br) detalha Gabriela Losso, representante da Pepsico e coordenadora da Força-Tarefa, segmento indústria. l Fortificar para Nutrir A ções e Oportunidades na área de Fortificação de Alimentos é o principal tema do workshop latinoamericano agendado para 31 de agosto, no Hotel Maksoud Plaza (SP) que irá apresentar iniciativas públicas e privadas desenvolvidas no Brasil e outros países. O encontro possibilitará avaliar casos relevantes de fortificação, o que é fundamental para elaborar estratégias adequadas que visam contribuir com a melhora do estado nutricional dos indivíduos. Entre os projetos a serem apresentados, um deles será direcionado para o universo das crianças em idade escolar, foco dos estudos desenvolvidos pelo Dr. Mauro Fisberg, da UNIFESP, no projeto Nutri-Brasil Infância. Sob outros pontos-de-vista, os alimentos enriquecidos serão abordados por vários especialistas, como Dr. Geraldo Medeiros, da Faculdade de Medicina da USP, que mostrará detalhes da fortificação mandatória do sal no Brasil; Dr. José Eduardo Dutra de Oliveira, da USP Ribeirão Preto, da fortificação da água com ferro; Dra Marilia Nutti, Embrapa-RJ, da Biofortificação e Dr. Carel Wreesmann, da Akzo Nobel e Dr. Willian Latorre, do Centro de Vigilância Sanitária (SP), da fortificação da farinha. Entre os convidados internacionais, Dra Catalina Barba, do Ministério da Saúde do Chile falará de DHA no Chile e Dr. Omar Dary, dos EUA, irá traçar um panorama mundial sobre os programas de fortificação e casos de sucesso. l NOTÍCIAS6