REVESTIMENTOS INTERIORES



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Transcrição:

GUIA PARA A REABILITAÇÃO REVESTIMENTOS INTERIORES pavimentos, paredes e tetos PROJETO Cooperar para Reabilitar da InovaDomus

Autoria do Relatório Consultoria Revigrés Colaboração Saint-Gobain Weber CIN Garbi Frontwave

Índice 0. Preâmbulo 7 1. Anomalias em Revestimentos Cerâmicos 9 1.1 Destacamento e/ou empolamento de revestimentos cerâmicos 9 1.2 Fissuração dos ladrilhos 11 1.3 Eflorescências 13 1.4 Esmagamento dos bordos 15 1.5 Deterioração das juntas 16 1.6 Falta de planeza 17 1.7 Descamação e fendas do vidrado 18 1.8 Desgaste da superfície 19 1.9 Degradação visual do revestimento cerâmico 20 1.10. Aparecimento de algas e fungos (nas juntas) 23 2. Anomalias em Revestimentos de Reboco e Pintura 25 2.1 Fissuração do revestimento (suporte) 25 2.2 Destacamento do revestimento de pintura ou da argamassa de reboco 26 2.3 Presença de sais: eflorescências e criptoeflorescências 28 2.4 Fungos, algas e bolores 29 2.5 Descamação 30 2.6 Manchas 31 2.7 Polimento/manchas brancas 32 2.8 Brilho não uniforme 33 2.9 Baixa resistência às nódoas 33 2.10 Amarelecimento 34 3. Anomalias em Revestimentos de Madeira 34 3.1 Fendas e empenos 34 3.2 Alteração da cor 35 3.3 Ataque por agentes biológicos 37

3.4 Fogo 40 3.5 Degradação da superfície 41 4. Anomalias em Revestimentos Interiores de Pedra 42 4.1 Destacamento ou descolamento 42 4.2 Manchas de humidade 43 4.3 Fendilhação, fracturação e descamação 44 4.4 Eflorescências e colonizações biológicas 46 4.5 Desgaste, envelhecimento e perda de cor 47 4.6 Manchas de gordura 49 4.7 Manchas de chá, café, sumos de frutas, vinho tinto ou vinagre 49 Bibliografia 52 Anexo Checklist 54

0. PREÂMBULO Após um longo período em que a construção nova se sobrepôs à possibilidade de reconstruir/ reabilitar assiste-se, nos últimos anos, à consolidação de um novo paradigma do urbanismo, caracterizado por um progressivo investimento na requalificação urbana e na reabilitação do património edificado. Esta tendência deu origem a um desenvolvimento de novas competências, nomeadamente na área da construção sustentável, que visa proporcionar uma melhoria da qualidade de vida e, simultaneamente, a defesa de bens culturais e patrimoniais. A preservação do património edificado torna-se imperativa, pelo seu valor sócio cultural e pela rentabilização do capital fixo já investido [1]. A qualidade do edificado e a qualidade de vida que proporciona aos seus utilizadores (conforto percebido e efetivo) depende da natureza da construção, dos seus materiais, e de uma manutenção preventiva. Quando é necessária uma intervenção de reabilitação torna-se relevante pesquisar soluções consentâneas com as exigências relativas à eficiência energética, às acessibilidades e ao desempenho funcional, técnico e estético do edificado e dos produtos nele aplicados, para que tenham o menor impacto ambiental possível (consumo de energia, de matérias primas e diminuição da produção de resíduos). Os revestimentos interiores, elementos de contacto visual e físico entre o edificado e o utilizador, são determinantes na perceção do conforto, da funcionalidade, e na adequação do edificado à sua função, dependendo da qualidade deles o bem-estar emocional e físico do utilizador. Torna-se pois fundamental assegurar a adequação dos materiais às solicitações funcionais e garantir a adequação entre soluções estruturais, revestimento exterior e revestimento interior. É desta conformidade e simbiose, que depende a qualidade e a longevidade do edificado. Os revestimentos interiores, apesar de estarem menos expostos às condições ambientais exteriores, estão sujeitos a solicitações que podem comprometer o seu aspeto visual e o seu comportamento como produto final de revestimento. O impacto da poluição atmosférica, das variações de temperatura e do teor de humidade, dos períodos de gelo, da orientação geográfica do edificado e envolvente natural, perturba o equilíbrio do edificado nos revestimentos exteriores, e provoca transformações nos comportamentos das suas estruturas e acabamentos. Está comprovado que as anomalias estruturais e dos revestimentos exteriores se repercutem, também, nos revestimentos interiores e são uma das causas mais relevantes de anomalias. A aplicação incorreta dos revestimentos interiores, designadamente o incumprimento das instruções dos fabricantes, a utilização de ferramentas inadequadas, a inexperiência dos aplicadores, assim como a utilização e a manutenção dos revestimentos interiores, são 7

também, determinantes (de forma direta e indireta) do comportamento destes revestimentos, ao nível da sua aparência, resistência e longevidade. As quatro tipologias de revestimentos consideradas neste guia cerâmicos, reboco e pintura, madeiras e pedras naturais são soluções construtivas comummente utilizadas há vários séculos, estando comprovada a sua adequação aos mais diversos contextos geográficos e de uso. O investimento em investigação e inovação realizado pelas empresas produtoras e transformadoras ampliou exponencialmente o desempenho destes materiais, permitindo protelar, solucionar e/ou prevenir um elevado número de anomalias, que podem comprometer o aspeto visual dos materiais e o seu comportamento como produto final de revestimento. A sua correta aplicação contribui, de forma significativa, para a estabilidade higrométrica, conforto térmico e acústico do ambiente no interior das habitações e para uma redução expressiva dos consumos energéticos. As linhas orientadoras deste guia centram-se em dois vetores: a) identificar as causas reais das anomalias e apresentar soluções efetivas (e não apenas sanar os danos visíveis); b) respeitar o edificado existente. Para este efeito consideraram-se as anomalias mais frequentes, as suas causas, e foram sugeridas as soluções que se consideram adequadas perante as exigências funcionais aplicáveis à reabilitação habitacional [2] ponderando as necessidades e usos presentes e futuros. Dada a diversidade de materiais existentes dentro de cada tipologia observada optou-se por uma metodologia de exposição o mais abrangente possível, por forma a englobar um maior leque de situações. As soluções indicadas não são únicas, pelo que se recomenda uma análise caso a caso, atendendo às especificidades dos materiais e do local, aconselhando-se a consulta aos fabricantes em caso de dúvida. 8

1. ANOMALIAS EM REVESTIMENTOS CERÂMICOS 1.1 Destacamento e/ou empolamento de revestimentos cerâmicos 1.1.1. Descrição/formas de manifestação Destacamento em zonas de descontinuidade do suporte e zonas correntes do revestimento, em paredes ou pavimentos (Figura 1): Pode ocorrer pela interface entre a argamassa-cola e o cerâmico, na interface entre a cola e o suporte, por rotura coesiva da cola, por rotura coesiva do suporte ou por desprendimento do próprio suporte; Manifesta-se por arqueamento, empolamento ou destacamento explosivo; Pode ser acompanhado por fissuração do elemento cerâmico. Destacamento equivalente a zonas de anomalias nos suportes: Destacamento dos elementos cerâmicos, especialmente em zonas com manifestação de anomalias no suporte (por exemplo, coincidência com rotura do reboco existente ou correspondência com fendas formadas no suporte); Pode ocorrer pela interface entre a argamassa-cola e o cerâmico, na interface entre a cola e o suporte, por rotura coesiva da cola, por rotura coesiva do suporte ou por desprendimento do próprio suporte. 9

Figura 1 - Destacamento em parede e pavimentos devido a causas várias: presença de humidade; ausência de juntas de fracionamento; colagem deficiente por pontos ou esmagamento insuficiente da cola. 1.1.2. Causas comuns Destacamento em zonas de descontinuidade do suporte e zonas correntes do revestimento, em paredes ou pavimentos Inadaptação da argamassa de colagem ao cerâmico, ao suporte utilizado e às condições de sujeição termo-higrométricas; Falta de interrupção do revestimento cerâmico em correspondência com materiais diferentes ou na com juntas de movimento/dilatação existentes no suporte; Ausência de juntas perimetrais, especialmente em pavimentos; Deficiente limpeza das interfaces de colagem (tardoz do cerâmico e/ou superfície do suporte); Deficiente coesão do suporte ou inadaptação dimensional do cerâmico à natureza do mesmo. 10

Observações: O desprendimento explosivo é um caso particular de rotura devido a deformações diferenciais entre o revestimento e o suporte, devendo-se geralmente a erros de projeto, deficiências de execução, erros de utilização ou erros de limpeza. Destacamento equivalente a zonas de anomalias nos suportes: Inadaptação da argamassa de colagem ao suporte utilizado; Suporte inapropriado para receber elemento cerâmico em fachada (por falta de coesão/resistência, rigidez muito baixa, excessiva hidrofobicidade ); Inadaptação dimensional do cerâmico à natureza do suporte. 1.1.3. Soluções de reabilitação 1.1.3.1 Solução para zonas destacamento/desprendimento em zonas de descontinuidade do suporte e zonas correntes do revestimento Nestes casos o procedimento recomendado é: 1. Remoção dos ladrilhos destacados e equivalentes a zonas com tendência a continuidade de destacamento; 2. Nova aplicação de ladrilhos com garantia de cola adequada; 3. Execução de juntas de movimento adequadas. 1.1.3.2 Solução para destacamento em zonas de anomalias nos suportes Nestes casos o procedimento recomendado é: 1. Remoção dos ladrilhos destacados equivalentes às zonas de anomalias de suporte e outras zonas de continuidade a destacamento.; 2. Correção das anomalias nos suportes; 3. Nova aplicação de ladrilhos com garantia de cola adequada; 4. Execução de juntas de movimento adequadas. 1.2 Fissuração dos ladrilhos 1.2.1 Descrição/formas de manifestação Fissuras com abertura inferior a 1mm: podem afetar apenas o vidrado superficial; 11

Fissuras com abertura superior a 1mm: podem afetar o corpo cerâmico, provocando a quebra do ladrilho e o seu destacamento da superfície de suporte (Figura 2). Figura 2 Fissura em ladrilho vidrado. 1.2.2 Causas comuns Deformação estrutural: deformações no edifício podem originar a rutura dos revestimentos cerâmicos; Ausência de detalhes construtivos: determinados elementos construtivos (contravergas, platibandas, pingadeiras e juntas de movimentação) ajudam a diminuir o efeito das tensões sofridas pelo edifício, nos revestimentos cerâmicos. A sua ausência, ou escassez, pode contribuir para que as deformações sofridas no edificado se transmitam ao revestimento cerâmico; Retração ou expansão da argamassa de fixação: quando existe incompatibilidade entre a argamassa de colagem e o revestimento cerâmico pode ocorrer uma retração maior da argamassa, que origina a fissuração do revestimento cerâmico; Dilatação e retração das placas cerâmicas: variações térmicas, ou de humidade, podem provocar a dilatação ou contração da peça cerâmica, as quais, quando ultrapassam os limites de resistência da peça cerâmica, podem provocar a sua rutura; Nos pavimentos a fissuração pode ter origem na aplicação (repetida) de cargas elevadas. Quando a aderência da peça cerâmica ao suporte é elevada, e existem movimentos do suporte, a peça tende a fissurar; quando a aderência é baixa tem lugar o destacamento da peça; 12

Quando as fissuras não decorrem da ação frequente de cargas elevadas, ou de choques pontuais violentos, a determinação da origem das causas só é possível através da consulta de profissionais especialistas na área. 1.2.3 Soluções de reabilitação 1. Remoção dos ladrilhos fissurados; 2. Correção das anomalias nos suportes; 3. Nova aplicação de ladrilhos com garantia de cola adequada; 4. Execução de juntas de movimento adequadas. 1.3 Eflorescências 1.3.1 Descrição/formas de manifestação Eflorescências nas juntas entre peças cerâmicas (Figura 3): Escorridos de sais de cor branca entre as juntas de elementos cerâmicos, podendo ser generalizados por toda a parede ou localizados pontualmente; Anomalia especialmente manifestada em pavimentos. Eflorescências nos ladrilhos : Formação de camada pulverulenta, habitualmente esbranquiçada, na superfície dos ladrilhos e/ou nas juntas de aplicação. Figura 3 - Exemplo de patologia associada a alteração de cor (estética) da argamassa de junta, por deposição de sais esbranquiçados na superfície. 13

1.3.2 Causas comuns Eflorescências nas juntas entre peças cerâmicas Utilização de argamassas com elevado conteúdo em sais e cimento Portland; Incumprimento das boas práticas de aplicação no sentido de assegurar a correta secagem e hidratação das argamassas previamente à aplicação de materiais consequentes; Deficiente preenchimento das juntas entre ladrilhos ou fissuração das mesmas, permitindo infiltração fácil de água (por exemplo de limpeza); Ascensão de água por capilaridade. Eflorescências nos ladrilhos Infiltrações de água com impurezas e sais na peça cerâmica. A água ao a evaporar provoca a formação de uma camada pulverulenta na superfície cerâmica (localizada ou alargada) e/ou nas juntas de aplicação. Estas situações são mais frequentes em ladrilhos de cerâmica vermelha. 1.3.3 Soluções de reabilitação 1.3.3.1 Solução para eflorescências nas juntas Nos casos relativos a eflorescências nas juntas entre peças cerâmicas, o procedimento recomendado é: 1. Lavagem com solução ácida (moderada) e água abundante; 2. Correção de eventuais fissuras existentes. Observações: Em caso de ascensão capilar, a solução é de maior custo por implicar a remoção das zonas afetadas para corte capilar. 1.3.3.2 Solução para eflorescência nos ladrilhos Nos casos relativos a eflorescências nos ladrilhos, o procedimento recomendado é: 1. Reparação da causa da infiltração de água; 2. Limpeza dos revestimentos e juntas. 3. Proceder à escovagem dos depósitos de pós com escova suave, seguida da lavagem das superfícies. Aconselha-se a lavagem só com água, evitando produtos agressivos. Pode-se utilizar uma solução de Ácido Acético, enxaguando-se pos- 14

teriormente com água abundante. Se for utilizado ácido muriático deve utilizar- -se numa concentração muito baixa, enxaguando com bastante água para eliminar todos os resíduos. Observações : Para evitar este tipo de ocorrências aconselha-se: O uso de cimentos com baixo teor de alcalis; A utilização de ladrilhos com baixa porosidade; Garantir que durante o processo de aplicação são respeitados todos os tempos de secagem das camadas anteriores ao revestimento cerâmico. 1.4 Esmagamento dos bordos 1.4.1 Descrição/formas de manifestação Destacamento de lascas nos bordos dos ladrilhos. Figura 4 Esmagamento do bordo do ladrilho e consequente destacamento de lascas. 1.4.2 Causas comuns Movimentos diferentes do suporte, argamassa de colagem e revestimento cerâmico: sob diferentes influências de agentes externos (por exemplo temperatura, humidade) as três camadas dilatam-se ou contraem-se. Quando estas deformações não são iguais, tem lugar uma compressão da camada superficial, o revestimento cerâmico, a qual provoca o lascar dos bordos dos ladrilhos. 15

1.4.3 Soluções de reabilitação 1. Remoção dos ladrilhos danificados; 2. Correção das anomalias nos suportes; 3. Nova aplicação de ladrilhos com garantia de cola adequada; 4. Execução de juntas de movimento adequadas. 1.5 Deterioração das juntas 1.5.1 Descrição/formas de manifestação Esfarelamento (perda de coesão) da argamassa de juntas; Fissuração de juntas, com entrada de água e sujidade permanentes; Destacamento da junta existente, global ou na interface com os bordos dos elementos cerâmicos (Figura 5). Figura 5 Esmagamento do bordo do ladrilho e consequente destacamento de lascas. 1.5.2 Causas comuns Movimentos diferentes do suporte, argamassa de colagem e revestimento cerâmico: estas diferenças podem provocar o descolamento do betume de preenchimento da junta; Limpeza incorreta: processos incorretos de limpeza, nomeadamente o uso de produtos agressivos (com fosfatos), ou de objetos que possam danificar a camada de betume, na fase final da obra, ou na sua manutenção; 16

Envelhecimento do material: a aproximação do tempo de validade do produto indicado pelo fabricante; Desajuste entre largura e profundidade da junta; Erros de aplicação: por utilização excessiva de água de amassadura, ou de limpeza; ainda, por acabamento prematuro da junta; Inadequação da argamassa de junta para o requisito de aplicação. 1.5.3 Soluções de reabilitação 1. Remoção da argamassa afetada pela anomalia; 2. Aplicação de novo material após correção de causas que possam dar continuidade às anomalias indicadas (por exemplo, executar juntas de movimento se for essa a necessidade). 1.6 Falta de planeza 1.6.1 Descrição/formas de manifestação Zonas com desníveis na superfície, especialmente em pavimentos. Figura 6 Falta de planeza do pavimento cerâmico resultante das irregularidades do suporte. 1.6.2 Causas comuns Irregularidades não corrigidas do suporte; Aplicação deficiente. 17

1.6.3 Soluções de reabilitação A solução consiste no nivelamento do suporte através da aplicação de material de colagem. O procedimento recomendado é: Remoção dos ladrilhos nas zonas onde se verifica o desnível; Regularização do suporte com argamassas adequadas; Aplicação de novo revestimento. 1.7 Descamação e fendas do vidrado 1.7.1 Descrição/formas de manifestação Destacamento, ou aparecimento de fendas (Figura 7) da camada superficial da peça cerâmica, quando estas são vidradas. Este problema pode ser pontual ou generalizado, e o seu aparecimento compromete a integridade do ladrilho, bem como a sua impermeabilidade. Figura 7 Fendas na camada superficial do ladrilho. 1.7.2 Causas comuns Escolha inadequada dos ladrilhos em função das necessidades funcionais e/ou condições climatéricas; 18

Qualidade inferior dos ladrilhos aplicados; Junta de dilatação de espessura inferior à necessária. 1.7.3 Soluções de reabilitação 1. Remoção dos ladrilhos deteriorados; 2. Nova aplicação de ladrilhos com garantia de cola adequada; 3. Execução de juntas de movimento adequadas. 1.8 Desgaste da superfície 1.8.1 Descrição/formas de manifestação Alteração visível da aparência do revestimento cerâmico, por desaparecimento total ou parcial da camada superficial, ou existência de riscos. Esta anomalia é mais frequente nos pavimentos. Figura 8 Desgaste da camada superficial, com a consequente alteração da cor original. 1.8.2 Causas comuns Escolha inadequada dos ladrilhos em função das necessidades funcionais; Falta de planeza das ladrilhos e/ou do suporte, ou desníveis entre ladrilhos decorrente de uma aplicação incorreta; Desgaste decorrente da utilização ao longo de um largo período de tempo. 19

1.8.3 Soluções de reabilitação 1. Remoção dos ladrilhos desgastados; 2. Nova aplicação de ladrilhos com características adequadas às condições de aplicação e uso, garantindo o uso de cola adequada; 3. Execução de juntas de movimento adequadas. 1.9 Degradação visual do revestimento cerâmico 1.9.1 Alteração da cor ou do brilho 1.9.1.1 Descrição/formas de manifestação Alteração visível da cor original dos ladrilhos (Figura 9), ou pelo aparecimento de manchas cinzentas, azuladas ou avermelhadas, com maior incidência a partir das bordas. Figura 9 Alteração da cor original consequência do desgaste. 1.9.1.2 Causas comuns Desgaste da superfície; Ataque químico: derramamento ou utilização de produtos de limpeza agressivos ou inadequados; Infiltrações de água: se na água existirem elementos corantes orgânicos, fungos ou sais solúveis, as manchas poderão ter colorações distintas, em função destes elementos. 1.9.1.3 Soluções de reabilitação 1. Remoção dos ladrilhos desgastados; 20

2. Correção das eventuais anomalias nos suportes; 3. Nova aplicação de ladrilhos com características adequadas às condições de aplicação e uso, garantindo o uso de cola adequada; 4. Execução de juntas de movimento adequadas. 1.9.2 Enodoamento Os ladrilhos cerâmicos não vidrados são mais propensos ao enodoamento. Os ladrilhos vidrados são de mais fácil limpeza. 1.9.2.1 Descrição/formas de manifestação Manchas pontuais de dimensão variável, que provocam alteração da cor dos ladrilhos. O tipo de revestimento cerâmico (material e acabamento) determina não só a sua tendência para manchar, bem como a facilidade da sua limpeza. Figura 10 Manchas devidas à utilização de martelo de borracha. Figura 11 Manchas devidas à utilização de martelo de borracha. 21

Figura 12 Manchas de óleo e de silicone. 1.9.2.2 Causas comuns Escolha inadequada dos ladrilhos em função das necessidades funcionais: pode originar o desgaste da superfície, proporcionando a retenção de sujidades; Ataque químico: derramamento ou utilização de produtos de limpeza agressivos ou inadequados; líquidos ácidos como o vinagre, sumo de limão ou vinho tinto, líquidos oleosos como o azeite, ou como o café ou tintas, atacam os ladrilhos, principalmente os não vidrados, ou os que apresentam a superfície desgastada; Picado, crateras, pintas e manchas: pequenas imperfeições na superfície dos ladrilhos, decorrentes dos materiais e do processo de fabrico. O picado e as crateras na superfície podem ser vistos a olho nu, e proporcionam o acumular de sujidades; as pintas e manchas são parte integrante do vidrado, ou do corpo cerâmico. Tanto umas como outras são impossíveis de remover. 1.9.2.3 Soluções de reabilitação Na maioria das situações a limpeza das manchas de acordo com as indicações do fabricante pode solucionar o enodoamento. A Tabela 1 reúne um conjunto de recomendações para as ocorrências mais frequentes. 22

Tabela 1 Recomendações para a limpeza de nódoas (adaptado de [2, 3]). Mancha Produto Observações Cimento e produtos à base de cimento Ácido acético 10% Ácido Clorídrico 10% Ácido Fosfórico 10% Seguir indicações do fabricante Ácidos fluorídricos são proibidos O ácido clorídrico é corrosivo, usar luvas, vestuário apropriado e evitar salpicos Pintura a óleo Decapante de soldadura Mástique Fruta e sumos de frutos (manchas recentes) Álcool metílico Produtos inflamáveis: - arejar bem - não fumar - impedir faíscas de ferramentas ou interruptores elétricos. Molho de tomate Pintura vinílica, Benzina gliceroftálica Cola e matérias plásticas Fuelóleo Tricloro etileno Fruta e sumos de frutos (manchas antigas) Óleo de linhaça Álcool etílico Mercurocromo Permanganato de Proteger as mãos Tinta fresca potássio seguido de ácido oxálico Água de Javel Graffitis Cloreto de metileno e álcool Proteger materiais de PVC, alumínio, zinco e borracha Ferrugem Lixívia Gordura Solvente ou desengordurante Borracha de pneus Aguarrás Tinta de caneta Acetona 1.10. Aparecimento de algas e fungos (nas juntas) 1.10.1 Descrição/formas de manifestação Presença de manchas de cor negra e/ou verde nas juntas, especialmente em zonas de chuveiro, cozinhas ou outras com humidade maior. 23

Figura 13 Fungos (cor negra) em juntas entre ladrilhos. 1.10.2 Causas comuns Presença contínua de humidade nas juntas; Falta de arejamento das zonas afetadas; Inadaptação da argamassa de juntas para a zona aplicada, por deficiente capacidade hidrofóbica e antifúngica. 1.10.3 Soluções de reabilitação Lavagem com solução de hipoclorito de sódio (lixívia corrente). Em casos mais agressivos, remoção da junta existente até uma profundidade mínima de 2mm e aplicação de nova argamassa adequada, com elevada impermeabilização e resistência antifúngica. 24

2. ANOMALIAS EM REVESTIMENTOS DE RE- BOCO E PINTURA 2.1 Fissuração do revestimento (suporte) 2.1.1 Descrição/formas de manifestação Fissuração linear (ligação entre materiais): fissuras orientadas com elementos de ligação entre materiais, por exemplo, entre paredes e tetos (Figura 14); Fissuração generalizada (deformação do suporte ou retração): fissuras sem orientação preferencial, generalizadas por todo o suporte (Figura 15). Figura 14 Fissuras orientadas com os elementos de ligação entre parede e teto. Figura 15 - Pormenor de fissuração generalizada (Fonte: Internet). 2.1.2 Causas comuns Fissuração linear (ligação entre materiais): Zona de união de materiais com diferentes módulos de elasticidade. Fissuração generalizada (deformação do suporte ou retração): Variações dimensionais entre as várias camadas do suporte; Desrespeito pelas condições ambientais e tempos de aplicação e de secagem das várias camadas, o que pode originar retração das argamassas. 25

2.1.3 Soluções de reabilitação 2.1.3.1 Solução para fissuras lineares Nos casos correspondentes a fissuração linear, o procedimento recomendado é: 1. Reparação das fissuras existentes com massas de reparação. Se necessário regularizar toda a superfície de modo a ficar homogéne; 2. Aplicação de um primário adequado; Aplicação de uma tinta de acordo com o local (por exemplo nas cozinhas deve-se aplicar uma tinta lavável). 2.1.3.2 Solução para fissuras generalizadas Nos casos correspondentes a fissuração generalizada, o procedimento recomendado é: 1. Reparação das fissuras existentes com massas de reparação. Se necessário regularizar toda a superfície de modo a ficar homogénea; 2. Aplicação de um primário adequado; 3. Aplicação de uma tinta de acordo com o local (por exemplo nas cozinhas deve-se aplicar uma tinta lavável). 2.1.3.3 Solução para fissuras generalizadas casos mais graves Nos casos correspondentes a fissuração generalizada em que a abertura das fissuras superior a 0,2 mm, ou quando as fissuras sejam muito generalizadas, pode-se aplicar um procedimento alternativo que consiste na: 1. Aplicação de uma tela decorativa em fibra de vidro; 2. Aplicação de uma tinta na cor pretendida (por exemplo nas cozinhas deve-se aplicar uma tinta lavável). 2.2 Destacamento do revestimento de pintura ou da argamassa de reboco 2.2.1 Descrição/formas de manifestação Empolamento: zonas de empolamento da tinta (Figura 16) devido à falta de coesão ao substrato, provocado pela existência de humidade no reboco; 26

Descolamento do reboco (suporte instável, reboco muito rígido): zonas sem reboco e/ou zonas com destacamento deste (Figura 17). Figura 16 - Empolamento da pintura. Figura 17 - Exemplo de descolamento da camada de reboco e da pintura. 2.2.2 Causas comuns Empolamento: Elevada humidade no suporte; Aplicação sobre superfície pulverulenta e / ou com humidade. Destacamento do reboco (suporte instável, reboco muito rígido): Aplicação incorreta das várias camadas das argamassas, originando uma incorreta aderência; Utilização de uma argamassa de acabamento não recomendada. 2.2.3 Soluções de reabilitação 2.2.3.1 Solução para empolamento No caso de empolamento, o procedimento recomendado é: 1. Identificação da causa da humidade e sua correção; 2. Deixar secar o suporte, retirar tinta não aderente e refazer zonas afetadas com uma massa de reparação; 27

3. Aplicação de um primário adequado; 4. Aplicação de uma tinta de acabamento. 2.2.3.2 Solução para descolamento do reboco Neste caso o procedimento recomendado é: 1. Remoção de toda a argamassa não aderente e refazer o reboco com massas de reparação; 2. Aplicação de um primário adequado; 3. Aplicação de uma tinta de acabamento. 2.3 Presença de sais: eflorescências e criptoeflorescências 2.3.1 Descrição/formas de manifestação Alteração da cor aplicada (ficando mais esbranquiçada); Pó branco visível na superfície da tinta. Figura 18- Alteração da superfície por aparecimento de eflorescências e criptoeflorescências (manchas castanhas). 2.3.2 Causas comuns Ao existir água nos suportes origina que esta ao evaporar transporte consigo os sais solúveis existentes nas argamassas. Podem posteriormente recristalizar sobre a película de tinta aplicada (eflorescências) ou na interface reboco/tinta (criptoeflorescências). 28

2.3.3 Soluções de reabilitação 1. Detecção das zonas de infiltração de água e tratá-las; 2. Lavagem da superfície com uma solução de ácido, por exemplo de ácido cítrico, e posterior passagem de água limpa. Se após secagem voltarem a aparecer eflorescências, deve ser realizada nova lavagem até deixarem de aparecer; 3. Realização de novo reboco; 4. Aplicação de um primário anti eflorescências; 5. Aplicação de uma tinta de acabamento de boa qualidade. Observações: Deve ser tido em atenção que o aparecimento de eflorescências indica que existem graves problemas no reboco e que apesar de todos os cuidados necessários para a sua eliminação e reparação das zonas afetadas, esta anomalia poderá voltar a surgir contribuindo para uma degradação mais rápida do esquema de pintura aplicado. 2.4 Fungos, algas e bolores 2.4.1 Descrição/formas de manifestação Manchas de cor mais escura nas zonas de maior concentração de humidade, normalmente nas zonas mais frias. Figura 19 - Manchas na pintura por aparecimento de fungos. 2.4.2 Causas comuns Existência de elevada humidade devido a infiltrações de água e/ou zonas sujeitas a elevada condensações. 29

2.4.3 Soluções de reabilitação 1. Verificação e reparação de zonas de infiltração de humidade; 2. Lavagem de toda a superfície com uma solução de hipoclorito de sódio a 5% (lixívia) e várias passagens com água limpa a fim de remover todo o hipoclorito que irá conferir características de alcalinidade ao suporte; 3. Desinfeção da superfície contaminada com um líquido desinfetante algicida e fungicida; 4. Aplicação de uma tinta de boa qualidade, em que a película possua resistência a fungos e algas. Em zonas onde a propensão para a existência de fungos e algas seja elevada, deve ser incorporada na tinta uma proteção suplementar, adicionando um aditivo anti fungos e algas. 2.4.4 Recomendações de manutenção A ventilação diária e o aquecimento dos locais propensos à existência do aparecimento de fungos e algas minimizam o seu aparecimento. 2.5 Descamação 2.5.1 Descrição/formas de manifestação Desprendimento da película de tinta do suporte, sem aderência. Figura 20 - Descamação da pintura. 2.5.2 Causas comuns Envelhecimento natural do esquema de pintura; 30

Quando a anomalia se manifesta pouco tempo após a sua aplicação é indicativo de uma inadequada preparação da superfície ou da não utilização de um primário adequado. 2.5.3 Soluções de reabilitação 1. Raspagem de toda a área com zonas de destacamento; 2. Correção das depressões existentes com massa de reparação. Se necessário regularizar toda a superfície; 3. Aplicação de um primário adequado (no caso de a superfície estar pulverulenta deve-se aplicar um primário aglutinante); 4. Aplicação de uma tinta de acabamento. 2.6 Manchas 2.6.1 Descrição/formas de manifestação Superfície de cor mais escura devido à concentração de fumos ou devido a manchas de humidade que entretanto secaram. Figura 21 - Superfície pintada com manchas provocadas por fumo. 2.6.2 Causas comuns Locais propícios à existência de fumos (por ex. zona de fumadores, garagens, etc.); Zonas onde existiram infiltrações de humidade, entretanto reparadas, mas que originou que a água ao evaporar escurecesse essa zona. 31

2.6.3 Soluções de reabilitação 1. Escovagem para remoção de partículas soltas; 2. Aplicação de um primário isolante de manchas; 3. Aplicação de uma tinta de acabamento. 2.7 Polimento/manchas brancas 2.7.1 Descrição/formas de manifestação Alteração da cor e/ou aspeto da película de tinta. 2.7.2 Causas comuns Aplicação de uma tinta inadequada em zonas sujeitas a elevado tráfego; Aplicação de uma tinta inadequada em locais em que é necessário realizar limpezas periódicas; Aplicação de uma tinta mate numa cor escura, que quando sujeita a fricção fica com uma mancha esbranquiçada. 2.7.3 Soluções de reabilitação Aplicação de uma tinta adequada para o local em questão (aplicar preferencialmente tintas com brilho ou esmaltes acrílicos). 2.7.4 Recomendações de manutenção Na limpeza de uma superfície pintada devem ser tidos em consideração os seguintes cuidados: Nunca efetuar a limpeza antes de 28 dias após a aplicação do esquema de pintura; Utilizar um detergente neutro; Não utilizar panos ou detergentes abrasivos; Lavar sempre uma área maior do que a zona que se pretende limpar. 32

2.8 Brilho não uniforme 2.8.1 Descrição/formas de manifestação Manchas de tonalidade, que se podem manifestar também em diferenças de cor. 2.8.2 Causas comuns Não aplicação de um primário de modo a uniformizar a absorção do suporte; Aplicações de zonas com espessuras diferentes devido á utilização de diferentes métodos de aplicação. 2.8.3 Soluções de reabilitação 1. Aplicação de um primário para uniformizar a absorção do suporte; 2. Aplicação de tinta de acabamento utilizando o mesmo método de aplicação em toda a área a pintar. 2.9 Baixa resistência às nódoas 2.9.1 Descrição/formas de manifestação Manchamento da película de tinta devido à existência de nódoas que não foi possível limpar sem a danificar. 2.9.2 Causas comuns Aplicação de uma tinta inadequada, com baixa resistência à lavabilidade e à limpeza de nódoas. 2.9.3 Soluções de reabilitação Aplicação de uma tinta adequada para o local em questão (por exemplo tinta mate com elevada facilidade de limpeza e remoção de nódoas ou um esmalte acrílico). 2.9.4 Recomendações de manutenção Na limpeza de uma superfície pintada deve-se ter em consideração alguns cuidados, nomeadamente nunca efetuar a limpeza antes de 28 dias após a aplicação do esque- 33

ma de pintura, utilização de um detergente neutro, não utilizar panos ou detergentes abrasivos, e lavar sempre uma área maior do que a zona que se pretende limpar. 2.10 Amarelecimento 2.10.1 Descrição/formas de manifestação Alteração da cor da tinta de acabamento. Esta anomalia é notória quando na aplicação de uma porta a face interior (escuro) fica amarela, comparativamente ao mesmo produto quando aplicado na face exterior da porta, sujeita à radiação UV. 2.10.2 Causas comuns Aplicação no interior de um produto inadequado. 2.10.3 Soluções de reabilitação 1. Lixar a superfície; 2. Aplicação de um primário de aderência; 3. Aplicação de um esmalte acrílico, que não tenha tendência a amarelecer mesmo na ausência da radiação UV. 3. ANOMALIAS EM REVESTIMENTOS DE MADEIRA 3.1 Fendas e empenos 3.1.1 Descrição/formas de manifestação Surgimento e desenvolvimento de fendas e empenos. 34

Figura 22 - Deformação com empeno de elemento estrutural, devido a ciclos de molhagem-secagem. Figura 23 - Abertura de juntas e fissuras devido à existência de ciclos de molhagem-secagem. 3.1.2 Causas comuns Ciclos de molhagem/secagem; Cargas excessivas que contribuem para aumentar significativamente as deformações. 3.1.3 Soluções de reabilitação 1. Eliminação da anomalia; 2. Estabilização das madeiras; 3. Limpeza mecânica; 4. Aplicação de acabamento (se aplicável); 5. Nos soalhos: afagar todo o soalho e aplicar esquema de envernizamento. 3.2 Alteração da cor 3.2.1 Descrição/formas de manifestação Degradação superficial da madeira, com alteração da cor. 35

Figura 24 - Alteração de cor por entrada de chuva e desenvolvimento de fungos. 3.2.2 Causas comuns Agentes atmosféricos e/ou meteorológicos (luz solar, chuva): a cor torna-se cinzenta; Ação de produtos químicos: a madeira é bastante resistente aos agentes químicos, no entanto, sofre alterações pela ação de ácidos fortes, de substâncias alcalinas e inclusivamente de detergentes; Fungos: algumas espécies de fungos atuam ao nível superficial provocando somente alteração da cor da madeira, escurecendo a superfície ou produzindo uma espécie de algodão transparente com tonalidades que podem ir do branco ao negro. 3.2.3 Soluções de reabilitação 3.2.3.1 Solução para anomalias causadas por agentes atmosféricos A solução consiste na proteção das madeiras relativamente a estes fatores de degradação, mediante a aplicação de produtos hidrófugos e resistentes aos UV. 3.2.3.2 Solução para anomalias resultantes da ação de produtos químicos Quando a anomalia resulta da ação de produtos químicos, a degradação resultante é geralmente intensa e na maioria dos casos irreversível, alterando o comportamento mecânico do material lenhoso. Na maior parte dos casos, será necessário proceder à substituição da peça. 3.2.3.3 Solução para anomalias causadas por fungos Quando a anomalia resulta da ação de fungos, o procedimento recomendado é: 1. Eliminação da humidade; 36

2. Arejamento do local e secagem da madeira; 3. Limpeza mecânica; 4. Aplicação de fungicida (normalmente implica a remoção prévia do material de acabamento). 3.3 Ataque por agentes biológicos 3.3.1 Descrição/formas de manifestação Fungos: Degradação da madeira, mudança de cor e perca de peso. Com a secagem da zona atacada o material residual tende a gretar-se, formando uma estrutura de pequenos cubos ou prismas que, apertados entre os dedos da mão se degradam com facilidade, desfazendo-se em pó (Figura 24); Geralmente os fungos atacam a madeira com um teor de água superior a 20%, mas que não se encontre saturada; Este género de degradação afeta mais as madeiras de frondosas do que as de coníferas. Insetos: Diminuição da resistência mecânica da peça; Deformação significativa da madeira (ou estuque em suporte de madeira) de tetos, pavimentos e lambris; Galerias, pequenos túneis terrosos (Figuras 25, 26, 27, 28 e 31); Existência de serrim (pequenos montes de pó de madeira) (Figura 30). Figura 25 - Fungos de podridão. Figura 26 - Pavimento de madeira atacado por térmitas. 37

Figura 27 - Galeria terrosa aberta por térmita subterrânea. Figura 28 - Túnel terroso produzido por térmita subterrânea. Figura 29 - Aspeto de elemento atacado por térmita subterrânea. Figura 30 - Orifícios produzidos por inseto (adulto) de ciclo larvar. Figura 31 - Serrim produzido por inseto de ciclo larvar. Figura 32 - Elemento atacado por inseto de ciclo larvar. 38

3.3.2 Causas comuns Fungos de podridão, a qual se pode manifestar de duas formas: Podridão cúbica - a mais grave e perigosa, é produzida por fungos que se alimentam preferencialmente de celulose, deixando a madeira com uma cor castanha escura, formada principalmente por lignina; Podridão fibrosa é produzida por fungos que se alimentam preferencialmente de lignina, deixando a madeira com uma cor esbranquiçada e um aspeto fibroso. Insetos: Insetos de ciclo larvar - principalmente coleópteros (vulgo caruncho); Insetos sociais térmitas subterrâneas ou térmitas de madeira seca. 3.3.3 Soluções de reabilitação 3.3.3.1 Solução para casos relacionados com a ação de fungos Nos casos em que a degradação resulte da ação de fungos, o procedimento recomendado é: 1. Eliminação da humidade; 2. Aplicação de fungicida (normalmente implica a remoção prévia do material de acabamento); 3. Limpeza mecânica; 4. Arejamento do local e secagem da madeira. 3.3.3.2 Solução para casos relacionados com a ação de insetos de ciclo larvar Nos casos em que a degradação resulte da ação de insetos de ciclo larvar, a solução consiste na aplicação de inseticida (implica a remoção prévia do material de acabamento). Os inseticidas (alguns também fungicidas) em forma de gel têm uma capacidade de penetração no material lenhoso, bastante superior aos produtos líquidos. A aplicação do produto pode ser por impregnação superficial ou por injeção sob pressão, para tratamento em profundidade. É ainda possível recorrer à utilização de gases e fumos inseticidas para eliminar estes insetos, no entanto, tendo em conta a sua perigosidade, estes tratamentos só devem ser realizados por profissionais. 39

No caso das peças móveis, existe ainda a possibilidade de tratamento em câmara de frio e anóxia. 3.3.3.3 Solução para casos relacionados com a ação de térmitas subterrâneas Nos casos em que a degradação resulte da ação de térmitas subterrâneas, a solução mais eficaz de combate a este inseto consiste na utilização de armadilhas com inibidores de síntese de quitina. As armadilhas podem ser colocadas no interior e/ou no exterior da construção, em função das características do ataque. Os tratamentos mais antigos (mais poluentes e menos eficazes) consistem na injeção de termicida no solo e nos muros das zonas atacadas. 3.3.3.4 Solução para casos relacionados com a ação de térmitas de madeira seca Nos casos em que a degradação resulte da ação de térmitas de madeira seca, o tratamento recomendado é idêntico ao utilizado no combate a insetos de ciclo larvar (ver 3.3.3.2). Observações: Quando as soluções indicadas em 3.3.3 são aplicadas a soalhos, após a aplicação da solução, deverá afagar-se todo o soalho e aplicar um esquema de envernizamento. 3.4 Fogo A madeira é principalmente formada por celulose e lignina que, são compostas por carbono, hidrogénio e oxigénio. Estes elementos são combustíveis. A madeira maciça é um material com grande capacidade de isolamento térmico. Não arde rapidamente e, num incêndio, raramente é o primeiro material a arder. Sem a presença de chama, a madeira precisa de uma temperatura superior a 400º para começar a arder. Quando danificada por ação do fogo, a madeira sofre uma perda de resistência mecânica, a qual ocorre por perda de secção. Dependendo da maior ou menor intensidade da degradação, haverá a necessidade de proceder à substituição total ou parcial do elemento afetado ou à realização de enxertos pontuais. 40

Figura 33 - Retábulo após ter sofrido um incêndio. 3.5 Degradação da superfície 3.5.1 Descrição/formas de manifestação Alteração visível da aparência do revestimento de madeira, por desaparecimento total ou parcial da camada de acabamento superficial, e/ou existência de riscos. 3.5.2 Causas comuns Escolha inadequada da madeira e/ou do seu acabamento, em função das necessidades funcionais; Utilização elevada. 3.5.3 Soluções de reabilitação 1. Afagar o soalho; 2. Aplicar esquema de envernizamento, de acordo com as necessidades de utilização. 3.5.3 Soluções de reabilitação 1. Afagar o soalho; 2. Aplicar esquema de envernizamento, de acordo com as necessidades de utilização. 41

4. ANOMALIAS EM REVESTIMENTOS INTE- RIORES DE PEDRA 4.1 Destacamento ou descolamento 4.1.1 Descrição/formas de manifestação Destacamento de elementos de pedra em pavimentos ou revestimentos. Figura 34 Destacamento em pavimento interior. 4.1.2 Causas comuns Inadaptação da argamassa de colagem ao projeto; Definição incorreta de projeto, por decisão de colagem como forma exclusiva de fixação; Ausência de colagem dupla e integral da superfície do tardoz da pedra; Inadequado dimensionamento do pavimento ou revestimento face aos coeficientes de dilatação térmica do material pétreo. 4.1.3 Soluções de reabilitação 1. Substituição do material ou limpeza do tardoz do material descolado; 2. Correção do suporte; 3. Utilização de material adesivo com as características necessárias às condições de aplicação e de uso. 42

4.2 Manchas de humidade 4.2.1 Descrição/formas de manifestação Manchas de tonalidade geralmente mais escura ou mais clara do que a cor da pedra. É comum, neste tipo de anomalia, observar-se um efeito moldura devido à evaporação de água pela zona das juntas [4-7]. Figura 35 Manchas de humidade em revestimentos e pavimentos. 4.2.2 Causas comuns Aplicação sob suportes com cura insuficiente; Inadequação da argamassa-cola por tempos de presa excessivos e elevada quantidade de água de amassadura não usada nos processos de hidratação; Infiltração de água ou ascensão capilar; Inadequado arejamento da habitação (ou espaço fechado e não habitado após 43

construção), levando a dificuldades no processo de secagem dos vários elementos construtivos do pavimento; Ausência de juntas entre elementos de pedra preenchidas por argamassa. 4.2.3 Soluções de reabilitação 1. Lavagem; 2. Tratamento mecânico de amaciamento; 3. Impermeabilização e ou consolidação. 4.3 Fendilhação, fracturação e descamação 4.3.1 Descrição/formas de manifestação Pedras fissuradas e/ou fraturadas; Pedras com descamação, normalmente na superfície das mesmas. Figura 36 Fracturação em bancadas, peitoris e lavatório em pedra natural. 44

Figura 37 Descamação em revestimento interior com Lioz. 4.3.2 Causas comuns Ascensão de água por capilaridade; Esmagamento por ação diferencial após efeito térmico (caso de pavimentos aquecidos); Fluência do suporte (exemplo de aplicação em pavimento sobre um suporte de betonilha sobre painel isolante); Cedência estrutural dos elementos de alvenaria ou betão. 4.3.3 Soluções de reabilitação 4.3.3.1 Aplicação de produtos de reparação compatíveis 1. Correção das causas que conduzem às anomalias; 2. Reparação das zonas fissuradas ou destacadas recorrendo a produtos compatíveis com a tipologia de pedra em questão. 4.3.3.2 Aplicação de novos elementos pétreos 1. Correção das causas que conduzem às anomalias; 2. Aplicação de novos elementos pétreos, com argamassa compatível (presa e ph adequados). 45

4.4 Eflorescências e colonizações biológicas 4.4.1 Descrição/formas de manifestação Presença de sais em zonas superficiais da pedra, por vezes, coexistentes com zonas fissuradas ou descamadas (cor branca); Presença de manchas de cor escura ou verde. Figura 38 Exemplos de eflorescências em elementos de pavimento interior. 4.4.2 Causas comuns Ascensão de água por capilaridade; Utilização de argamassa-cola ricas em sais solúveis, com elevada necessidade de água para amassadura, presa lenta e ph elevado; Combinação da aplicação de tipologias de pedra particularmente sensíveis á humidade em ambientes de humidade elevada e com secagem prolongada [8-9]. 46

4.4.3 Soluções de reabilitação 4.4.3.1 Limpeza e tratamento das áreas afetadas 1. Escovagem; 2. Lavagem; 3. Impermeabilização. 4.4.3.2 Substituição das peças afetadas 1. Remoção das zonas afetadas; 2. Correção das causas-raiz da anomalia; 3. Nova aplicação com argamassa compatível. 4.5 Desgaste, envelhecimento e perda de cor 4.5.1 Descrição/formas de manifestação Zonas com desgaste superficial (Figura 38); Zonas com perda de brilho superficial ou alteração de cor (Figura 37). Figura 39 Perda de cor e alteração de brilho em pavimento interior. 47

Figura 40 Desgaste em lances de escada em pedra natural. 4.5.2 Causas comuns Inadequação de colas para a colagem, devido a tempos de secagem prolongados e elevadas águas de amassadura; Inadequação do tratamento superficial para proteção e impermeabilização; Infiltração de água; Trafego elevado. 4.5.3 Soluções de reabilitação 4.5.3.1 Substituição do revestimento Aplicação de novo revestimento ou pavimento caso o desgaste comprometa a utilização do mesmo. 4.5.3.2 Lavagem e tratamento das áreas afetadas 1. Lavagem; 2. Amaciamento; 3. Aplicação de tratamento consolidante ou reavivante de cor. 48

4.6 Manchas de gordura 4.6.1 Descrição/formas de manifestação Zonas com alteração de cor (normalmente para tonalidades mais escuras dentro das mesma cor). 4.6.2 Causas comuns Derrame ou contacto com líquidos gordurosos ou cremes, habitualmente relacionado com utilização em cozinhas e casas de banho. 4.6.3 Soluções de reabilitação A solução consiste na limpeza dos materiais pétreos, a qual deverá ser efetuada preferencialmente com detergentes neutros. Os métodos indicados para limpeza e remoção de manchas não devem ser considerados como únicos e o mesmo método poderá não ser aplicável a todos os tipos de pedras. O procedimento recomendado é: 1. Aplicar sobre a mancha os emplastros com um agente absorvente (sepiolite, atapulgite, talco, algodão, lenço ou toalhete de papel) impregnado com um agente de remoção; 2. Cobrir os emplastros com um recipiente (copo, malga, etc.) ou folha de plástico bem vedada para não evaporar rapidamente; 3. Deixar atuar durante umas 12 a 24 horas; 4. Lavagem com produto com ph neutro; 5. Se a mancha não for eliminada repetir o tratamento com o emplastro. 4.7 Manchas de chá, café, sumos de frutas, vinho tinto ou vinagre 4.7.1 Descrição/formas de manifestação Observação de zonas com alteração de cor (normalmente para tonalidades em castanho, branco ou vermelho escuro). 49

4.7.2 Causas comuns Derrame ou contacto com líquidos: chá, café, sumos de fruta, vinho tinto ou vinagre. Os calcários são por norma sensíveis a líquidos ácidos (ph baixo) como o vinagre e sumo de limão. 4.7.3 Soluções de reabilitação A solução consiste na limpeza dos materiais pétreos, a qual deverá ser efetuada preferencialmente com detergentes neutros. Os métodos indicados para limpeza e remoção de manchas não devem ser considerados como únicos e o mesmo método poderá não ser aplicável a todos os tipos de pedras. O procedimento recomendado é: 1. Lavagem com solução de água oxigenada a 30-35 % (concentração aproximadamente correspondente a 100 volumes); 2. Se o brilho da pedra tiver sido afetado, a superfície deverá ser polida novamente após a eliminação das manchas; 3. Se a mancha não for eliminada repetir o tratamento. 50

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