PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Documentos relacionados
ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SALLES ROSSI (Presidente sem voto), MOREIRA VIEGAS E LUIS MARIO GALBETTI.

ACÓRDÃO. São Paulo, 20 de fevereiro de James Siano Relator Assinatura Eletrônica

ACÓRDÃO. São Paulo, 18 de janeiro de James Siano Relator Assinatura Eletrônica

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente), EGIDIO GIACOIA E VIVIANI NICOLAU.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente sem voto), FERNANDA GOMES CAMACHO E A.C.MATHIAS COLTRO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO , da Comarca de São Paulo, em que é. apelante OLGA MARIA VIEIRA CARDENAS MARIN, são apelados

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores RUI CASCALDI (Presidente sem voto), AUGUSTO REZENDE E LUIZ ANTONIO DE GODOY.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente sem voto), EGIDIO GIACOIA E VIVIANI NICOLAU.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JAMES SIANO (Presidente sem voto), EDSON LUIZ DE QUEIROZ E FÁBIO PODESTÁ.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), LUIS MARIO GALBETTI E MARY GRÜN.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores VITO GUGLIELMI (Presidente) e PERCIVAL NOGUEIRA. São Paulo, 11 de setembro de 2014.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: XXX ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 8ª Câmara de Direito Privado. Registro: ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente sem voto), VIVIANI NICOLAU E EGIDIO GIACOIA.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ALEXANDRE LAZZARINI (Presidente) e THEODURETO CAMARGO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Vistos. Em sua contestação (fls. 108/138), a ré requer, preliminarmente, extinção do lauda 1

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores LUIZ ANTONIO DE GODOY (Presidente sem voto), CHRISTINE SANTINI E CLAUDIO GODOY.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores LUIS MARIO GALBETTI (Presidente) e MARY GRÜN. São Paulo, 26 de novembro de 2015.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO. 33ª Câmara de Direito Privado TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Apelação nº

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente), FÁBIO PODESTÁ E FERNANDA GOMES CAMACHO.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

SENTENÇA. Processo Digital nº: Classe - Assunto Procedimento Ordinário - Interpretação / Revisão de Contrato

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANTONIO CELSO AGUILAR CORTEZ (Presidente) e TORRES DE CARVALHO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente), MORAIS PUCCI E FLAVIO ABRAMOVICI.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores VITO GUGLIELMI (Presidente sem voto), PAULO ALCIDES E FRANCISCO LOUREIRO.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores A.C.MATHIAS COLTRO (Presidente) e FERNANDA GOMES CAMACHO. São Paulo, 5 de maio de 2017.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 1ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente) e FÁBIO PODESTÁ. São Paulo, 26 de outubro de 2016.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PRÁTICAS COMERCIAIS - CONSIDERAÇÕES FINAIS

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MARY GRÜN (Presidente) e LUIZ ANTONIO COSTA. São Paulo, 24 de julho de 2018.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 10ª Câmara de Direito Privado

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores VITO GUGLIELMI (Presidente) e PERCIVAL NOGUEIRA. São Paulo, 18 de junho de 2015.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente sem voto), EGIDIO GIACOIA E VIVIANI NICOLAU.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo. Registro: XXXX ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 25ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO. Registro: XXXXXX ACÓRDÃO

Voto nº Apelação n Comarca: Mauá Apelante/Apelado: F.A.D.P.L.; Crefisa S/A Crédito Financiamento e Investimento

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente), MORAIS PUCCI E CLAUDIO HAMILTON.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

Apelação Cível n , de Videira Relator: Des. Joel Dias Figueira Júnior

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente) e LUIS MARIO GALBETTI. São Paulo, 19 de dezembro de 2017.

Vistos. 1018XXX lauda 1

SENTENÇA. Juiz(a) de Direito: Dr(a). Sergio Hideo Okabayashi. de rescisão contratual contra Big Top 2 Incorporadora

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

SENTENÇA. Processo nº: Classe - Assunto Procedimento Comum - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Pós-Graduação em Direito do Consumidor Módulo I Introdução ao Código de Defesa do Consumidor

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ERBETTA FILHO (Presidente) e RAUL DE FELICE. São Paulo, 20 de abril de 2017.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores PAULO ALCIDES (Presidente sem voto), VITO GUGLIELMI E PERCIVAL NOGUEIRA.

A C Ó R D Ã O. O julgamento teve a participação dos Desembargadores JOÃO CARLOS SALETTI (Presidente sem voto), ELCIO TRUJILLO E CESAR CIAMPOLINI.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

DE SOUZA PIRES COELHO DA MOTA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores LUIS CARLOS DE BARROS (Presidente sem voto), ÁLVARO TORRES JÚNIOR E CORREIA LIMA.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº

CENTAURO VIDA E PREVIDENCIA S/A VILMAR JOSE ALVES DA SILVA A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

Transcrição:

fls. 587 Registro: 2015.0000161742 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que são apelantes JULIO FRANCISCO VELASQUES KEIJOCK e CARLA TODOR KEIJOCK, é apelado ARIZONA INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA (TECNISA/CYRELA). ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:deram provimento em parte ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente sem voto), A.C.MATHIAS COLTRO E ERICKSON GAVAZZA MARQUES. São Paulo, 16 de março de 2015. Fábio Podestá relator Assinatura Eletrônica

fls. 588 APELAÇÃO nº 1043450-79.2014.8.26.0100 APELANTES: JULIO FRANCISCO VELASQUES KEIJOCK E CARLA TODOR KEIJOCK APELADO: ARIZONA INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA (TECNISA/CYRELA) COMARCA: SÃO PAULO VOTO Nº 7541 COMPRA E VENDA PRESCRIÇÃO COMISSÃO DE CORRETAGEM E TAXA SATI O prazo prescricional para restituição de valores indevidamente pagos é de 10 anos Aplicação do prazo decenal do artigo 205 do Código Civil Cobrança de valores referentes à comissão de corretagem e assessoria imobiliária Stand de vendas montado pela vendedora, com atendimento por corretores por ela disponibilizados, para a comercialização das unidades Imputar o pagamento da corretagem ao consumidor é prática abusiva TAXA SATI Contrato de adesão e operação casada Caracterização (art. 39, I, do CDC) Devolução que se impõe Precedentes ATRASO NA ENTREGA DA OBRA Empreendimento que contava com regular autorização e licença das autoridades competentes, posteriormente impugnado judicialmente Embargo judicial Laudo pericial que concluiu pela ausência de irregularidade, seguido de parecer ministerial opinando pela improcedência Fortuito externo Atraso da obra por motivos alheios a vontade da ré Lucros cessantes e danos morais que não devidos Precedentes Sentença parcialmente reformada. Recurso provido em parte. Cuida-se de apelação tirada contra r. r. sentença prolatada fls. 481/8, cujo relatório se adota, que julgou improcedente a pretensão inicial, condenando os autores ao pagamento de custas e despesas processuais e honorários advocatícios, fixados em R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100 - Voto 7541 KK 2

fls. 589 Irresignados, apelam os autores, sustentando, em suma, que o atraso na obra não lhes pode ser oposto, pois é risco da atividade explorada pela ré, de modo que a apelada somente poderia comercializar o empreendimento após a aprovação das autoridades competentes. Aduzem a necessidade de fixação de lucros cessantes em razão da privação do bem, bem como o reconhecimento de abalo moral por conta do atraso na entrega do bem. Refutam a ocorrência de prescrição, pleiteando a restituição dos valores quitados a título de corretagem e de taxa SATI. Recurso tempestivo e preparado (fls. 542/3). Contrarrazões às fls. 547/577. É o breve relatório. O recurso comporta provimento em parte. Por primeiro, cumpre esclarecer que o presente recurso será analisado sob a ótica do Código de Defesa do Consumidor, porquanto as partes se adequam aos conceitos previstos nos artigos 2º e 3º do Diploma Consumerista. Respeitado o entendimento do MM Juiz Sentenciante, o prazo prescricional para a cobrança dos valores pagas a título de taxa SATI e de comissão de corretagem é de 10 anos, nos termos do artigo 205 do Código Civil. Este E. Tribunal já decidiu em caso análogo que: não se pode falar na aplicação do prazo prescricional da hipótese prevista no art. 206, 3º, Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100 - Voto 7541 KK 3

fls. 590 IV do Código Civil, uma vez que ela refere-se especificamente a pretensão de obter o ressarcimento por enriquecimento sem causa, o que não se confunde com o pleito dos autores. Nota-se que eles postulam o reembolso dos valores indevidamente pagos. Sendo assim, inexistindo a disposição especifica para a hipótese do reembolso, a regra a ser aplicada é a geral, ou seja, aquela prevista no art. 205 do Código Civil (AP 0192566-84.2011.8.26.0100, relator Moreira Viegas, julgado em 09.10.2013). A presente demanda foi manejada em 12 de maio de 2014, e o pagamento dos valores se deu em novembro de 2007. Observa-se, portanto, que não se operou o fenômeno da prescrição. Neste sentido: Compromisso de venda e compra de bem imóvel Restituição de valores Comissão de corretagem e taxa SATI Prescrição Inocorrência - O prazo prescricional para restituição de valores indevidamente pagos é de 10 anos Devolução Cabimento, pois a contratação destes serviços foi realizada no interesse da ré, que não poderia transferir aos adquirentes verbas de sua responsabilidade Prática que configura, inclusive, venda casada, vedada pelo artigo 39, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor Ação procedente Recurso provido (Apelação nº 1005653-06.2013.8.26.0100 rel. LUIS MARIO GALBETTI Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100 - Voto 7541 KK 4

fls. 591-7ª Câmara de Direito Privado j. 30.04.2014). PRESCRIÇÃO - Inocorrência - Restituição de verbas pagas a título de corretagem e SATI - Natureza jurídica da relação contratual que não se enquadra à prescrição trienal - Prazo residual do art. 205 CC - Prescrição em dez anos - Lapso temporal não decorrido - Sentença anulada - Causa madura para julgamento, nos termos do art. 515, 3º, do CPC, por cuidar de questão exclusivamente de direito - Cobrança de valores referentes à comissão de corretagem e assessoria imobiliária - Empreendimento imobiliário - Negócio realizado em estande de vendas - Contrato de adesão e operação casada - Caracterização (art. 39, I, do CDC) - Devolução que se impõe, com a correção dos valores desde o desembolso e juros a partir da citação - Inversão dos ônus sucumbenciais - Recurso provido (Apelação 0006962-82.2013.8.26.0002 Rel. Mendes Pereira - 7ª Câmara de Direito Privado j. 27/01/2015). No tocante à comissão de corretagem, a relação obrigacional existente se estabelece entre o corretor e o comitente. Ou seja, entre aquele que contrata o serviço de corretagem e o corretor. O terceiro interessado no negócio, captado pelo corretor, não faz parte da relação de corretagem. Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100 - Voto 7541 KK 5

fls. 592 Segundo o magistério de Cristiano Chaves de Farias: Trata-se de alguém (corretor) que é contratado por uma pessoa (dono do negócio, cliente, incumbente ou comitente) para desenvolver atividades no sentido de localizar outra pessoa que tenha interesse direto em celebrar um determinado contrato. A função do corretor, portanto, é de aproximar pessoas, de construir contatos e pontes para celebração de determinados negócios 1. Daí porque, usualmente é o comitente quem arca com o pagamento da comissão, não sendo crível o repasse desta incumbência ao consumidor. Ainda, não se pode olvidar que o objeto do contrato é um imóvel ainda na planta e, por essa razão, os autores se dirigiram ao stand de vendas da ré, no qual havia estrutura previamente montada para a comercialização dos imóveis, descaracterizando o contrato de corretagem, por não ter sido prestado serviço de aproximação. Portanto, inegável que os corretores atuaram patrocinando o interesse exclusivo da ré. Confira-se: Devolução dos valores cobrados a tal título de rigor Negociação de imóvel na planta, restando descaracterizado o trabalho típico da corretagem, de aproximação Corretores que atuaram como verdadeiros 1 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. 3 ed. 4º Vol. Editora Juspodivm, 2013. P. 931. Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100 - Voto 7541 KK 6

fls. 593 prepostos das corrés Aquisição do imóvel condicionada à contratação deste serviço que caracteriza venda casada Abusividade configurada Devolução dos valores de forma simples, não em dobro Ausência de comprovação de má-fé das corrés na cobrança Ação procedente em parte Verba honorária sucumbencial mantida, dada a ausência de razões plausíveis para sua majoração Ausência de interesse recursal dos autores para postular, em caso de não acolhimento das razões recursais, a redução das custas sucumbenciais, vez que saíram parcialmente vencedores na ação, tendo o ônus da sucumbência sido imputado às corrés Recursos improvidos, na parte conhecida. (TJSP, Apelação n. 1045245-57.2013.8.26.0100, 1ª Câmara de Direito Privado, Des. Relator Paulo Eduardo Razuk, j. 10/06/2014). Apelação. Compra e venda de imóvel em construção. Comissão de corretagem. Serviço que não foi prestado. Promitente comprador que compareceu ao "stand" da incorporadora para aquisição do imóvel sem qualquer intermediação. E, ainda que tivesse sido feita mediação, haveria abusividade na transferência do encargo de pagar comissão ao promitente comprador. Contrato de adesão. Relação de consumo. Venda casada. Ilegalidade. Indicação pela incorporadora de imobiliária específica Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100 - Voto 7541 KK 7

fls. 594 para concretização do negócio. Taxa de préanálise. Promitente vendedora que sequer especifica a que se refere tal cobrança. Obrigação de devolução singela dos valores pagos ( único do art. 42 do CDC). Ressalva de ponto de vista pessoal do relator, diante da jurisprudência do STJ a respeito. Sentença de procedência essencialmente mantida (art. 252 do RITJSP), salvo quanto à dobra da devolução, ponto em que reformada. Recurso provido em parte. (TJSP, Apelação nº 0011453-18.2012.8.26.0019, 10ª Câmara de Direito Privado, Des. Relator CESAR CIAMPOLINI, j. 20/05/2014). De outro lado, no que concerne à taxa SATI, a hipótese narrada nos autos evidencia a imposição de serviços que estão plenamente atrelados à compra e venda do imóvel, caracterizando a venda casada, expressamente vedada pelo artigo 39, inciso I do Código de Defesa do Consumidor. Portanto, as verbas repassadas ao consumidor violam o Código de Defesa do Consumidor, por abusividade, devendo ser restituídas, com correção monetária desde o desembolso e juros a partir da citação (art. 405 do Código Civil). Analisados tais pedidos, adentro ao alegado atraso na entrega da obra, derivado de fortuito interno. Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100 - Voto 7541 KK 8

fls. 595 Infere-se dos autos que o empreendimento em questão permaneceu embargado judicialmente no período compreendido entre abril/2009 a maio/2009 e entre agosto/2009 (inclusive) a junho/2010. Em que pese os argumentos descritos na apelação, não prospera a alegação de fortuito interno, pois, apesar de ter sido determinada a suspensão do andamento da obra em sede de ação civil pública, não restou demonstrado o descumprimento de normas urbanísticas, visto que o processo coletivo, após laudo pericial, concluindo pela ausência de irregularidade, seguido de manifestação do Ministério Público pela improcedência da demanda coletiva, foi extinto, mediante acordo entre as partes, sem o reconhecimento de culpa da ré. Nesse contexto, não há como atribuir à ré qualquer responsabilidade pelo período de embargo da obra, nem mesmo pelo prazo que foi excedido em alguns poucos meses, descontado o período do embargo, haja vista que é presumível que a ré não teria como retomar as obras, após mais de um ano de embargo, no mesmo ritmo anterior, sem contar a necessidade de algum retrabalho após tão extensa e repentina paralisação que acarretou alguns serviços incompletos. O embargo judicial da obra caracterizou caso fortuito externo, eis que seu afastamento não estava dentro do âmbito da vontade da requerida, nem era previsível. Embora a obtenção de licenças e autorizações da Administração Pública seja risco inerente à atividade empresarial Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100 - Voto 7541 KK 9

fls. 596 habitualmente desenvolvida pela apelada e à própria obrigação assumida, a ré contava com regular autorização (fl. 175), que, contudo, foi objeto de tentativa de nulificação, que não se operou. Ou seja, o motivo de paralisação das obras foi alheio à vontade da requerida, que não poderá responder por este transtorno. Em casos análogos já se decidiu: COMPRA E VENDA - AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C.C. REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS - EMBARGO JUDICIAL POSTERIORMENTE JULGADO IMPROCEDENTE - ATRASO DA OBRA POR MOTIVOS ALHEIOS A VONTADE DA RÉ - LUCROS CESSANTES E DANOS MORAIS NÃO DEVIDOS - RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS PELO AUTOR COM CORREÇÃO MONETÁRIA DESDE O DESEMBOLSO E OS JUROS LEGAIS A PARTIR DA CITAÇÃO - SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA, MODIFICADA SOMENTE PARA ALTERAR O INÍCIO DA CORREÇÃO - ADEQUADA FUNDAMENTAÇÃO INTELIGÊNCIA DO ART. 252 DO REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO E DO RÉU IMPROVIDO Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100 - Voto 7541 KK 10

fls. 597 (Apelação nº 0181709-42.2012.8.26.0100 rel. Neves Amorim - 2ª Câmara de Direito Privado j. 16.12.2014). Ação declaratória c.c. indenização por danos morais e materiais - Compra e venda de imóvel - Ação procedente em parte - Inconformismo das partes - Desacolhimento do apelo da ré - Coincidência entre as datas da conclusão da obra e do pagamento da última parcela que torna razoável a presunção de se tratar da parcela das chaves - Ausência de mora dos autores - Acolhimento em parte do apelo dos autores - Atraso no término do empreendimento que não decorreu de fortuito interno - Descabida a pretensão ao ressarcimento por danos materiais e morais, uma vez que não caracterizada culpa da ré pelo atraso na entrega do imóvel - Razoável que a correção monetária seja calculada pelo IGP-M, a partir da data limite prevista para a conclusão da obra - Acolhimento em parte dos pedidos dos autores que justifica a manutenção da sucumbência recíproca - Observação de que há necessidade de apurar eventual diferença decorrente da correção monetária incidente sobre o saldo devedor - Sentença reformada em parte - Recurso da ré desprovido, provido em parte o dos autores, com observação (Apelação 0151591-83.2012.8.26.0100 rel. Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100 - Voto 7541 KK 11

fls. 598 Grava Brazil - 8ª Câmara de Direito Privado j. 05/02/2014). Destarte, não merece acolhimento o pedido de ressarcimento por danos materiais e morais, uma vez que não caracterizada responsabilidade da ré pelo atraso na entrega do imóvel. Ante a sucumbência recíproca, cada parte arcará com o pagamento de metade das custas e despesas processuais, bem como com os honorários de seus respectivos patronos, nos termos do art. 21 do Código de Processo Civil. Ante o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, nos termos da fundamentação supra. FÁBIO HENRIQUE PODESTÁ Relator Apelação nº 1043450-79.2014.8.26.0100 - Voto 7541 KK 12