CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA: NENHUM DIREITO A MENOS! NA LUTA DESDE

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Transcrição:

CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA: NENHUM DIREITO A MENOS! NA LUTA DESDE 1977

Cartilha elaborada pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) Secretaria de Imprensa Dieese - Subseção Sepe Fotos: Rafael Gonzaga e Samuel Tosta Tiragem desta edição: 20 mil Charges: Carlos Latuff

Governo Temer e seus aliados declararam guerra aos trabalhadores Estamos vivendo os maiores ataques já vistos sobre nossos direitos. Além da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 241 na Câmara e PEC 55, no Senado), que congela e achata por 20 anos todos os gastos e investimentos nas políticas sociais e nos serviços públicos, como saúde, educação, segurança, os quais só poderão ser reajustados com base na inflação do ano anterior, está em pauta mais uma etapa da reforma da previdência. Sua lógica é acabar com o direito à aposentadoria integral e beneficiar o mercado da previdência complementar. Ao assumir a presidência, Temer acabou com o Ministério da Previdência e transferiu suas funções para o Ministério da Fazenda e para o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. Por isso afirmamos que declarou guerra aos nossos direitos e precisamos responder à altura do desafio posto. A Constituição Federal em seu artigo 195 determina que a seguridade social seja financiada direta e indiretamente por toda a sociedade, com o dinheiro dos orçamentos 3

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e com as seguintes contribuições sociais: do empregador, da empresa e de qualquer entidade a ela equiparada; do trabalhador/a e dos demais segurados da previdência social; da receita de concursos de prognósticos, isto é, sobre todo e qualquer sorteio como loterias e apostas de qualquer natureza realizadas em nível federal, estadual, no Distrito Federal ou nos municípios, promovidos por órgãos públicos ou por sociedades comerciais ou civis; do importador de bens ou serviços do exterior. Portanto não aceitamos os argumentos dos governos que dizem que a previdência está deficitária. A opção dos sucessivos governos foi o favorecimento dos grandes empresários, latifundiários e banqueiros. Já na década de 70 foram autorizadas grandes obras com desvio da verba da seguridade social. A maior corrupção está no pagamento dos juros do sistema da dívida (vide dados da Auditoria Cidadã). Só em 2015, foram drenados 42,43% de todo nosso orçamento para pagamento dessa ilegítima dívida pública. Neste ano de 2017 o Governo Federal encaminhou a proposta de Orçamento Geral da União, destinando 50,66% para pagamento de juros e amortizações da dívida pública e 19,13% para a previdência social. É por isso que os governos sempre querem fazer Reforma da Previdência, para servir ao sistema financeiro, tirando da população seus direitos e aumentando os impostos. A Previdência é um patrimônio do povo e não podemos aceitar mais essa reforma da previdência que tem sido encaminhada de forma fatiada no governo FHC, nos governos Lula e Dilma e agora a facada final no governo Temer. É preciso barrar essa contrarreforma e somente com a luta organizada do conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras poderemos derrotar a contrarreforma de Temer. Rumo à greve geral! 4

O que é a Previdência Social? O que é a Seguridade Social? A Previdência Social é um sistema de proteção que visa garantir o rendimento do(a) trabalhador(a) e de sua família em casos de perda da capacidade de trabalho, seja temporária (doença, acidente, maternidade) ou permanentemente (velhice, morte e invalidez). No Brasil, a Previdência Social está inserida em um sistema maior, da Seguridade Social, que abrange ainda a Saúde e a Assistência Social. A forma de financiamento deste sistema, definido pela Constituição Federal de 1988, é integrado e abrange tanto as contribuições sociais do empregador e do empregado, quanto outros recursos provenientes de tributos (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins), Receitas de Concursos de Prognósticos e de contribuições sobre importações. Fazem parte da Previdência Pública (entendida como o conjunto do Regime Geral e dos Regimes Próprios) todos os servidores públicos, trabalhadores com carteira assinada, empregadores ou aqueles que contribuem individualmente para o sistema; Previdência Social como fonte de distribuição de renda e dinamizador da economia: Divulgação feita pelo Governo Federal em 2014, a partir de dados de 2012, demonstra que, naquele ano, em 71,8% dos municípios brasileiros, os benefícios pagos pelo Regime Geral da Previdência Social ultrapassaram os repasses do Fundo de Participação dos Municípios. No Rio de Janeiro, a diferença foi de R$ 16 bilhões em 2012. Em municípios menores, os benefícios do INSS têm impactos ainda maiores na 1 economia local. Os recursos pagos pela Previdência Pública tem um papel importante como dinamizador da economia, tendo em vista que gera renda para a população e, com isso, promove o consumo. Esta dinâmica provoca, inclusive, impactos positivos na arrecadação pública, principalmente porque nossa estrutura tributária é focada nos impostos indiretos, justamente aqueles que dizem respeito à produção e consumo. 1 http://www.previdencia.gov.br/2014/01/rgps-beneficios-pagos-pela-previdencia-ultrapassamfpm-em-718-dos-municipios-do-brasil/ 5

Proposta de Reforma da Previdência O Governo Federal encaminhou ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 287/2016) que pretende alterar profundamente as regras da Previdência pública (RGPS e RPPS) e da Assistência Social. As justificativas apresentadas dizem respeito às mudanças demográficas, com o argumento do envelhecimento da população e à necessidade de controle das contas, tendo em vista a leitura de que a Previdência Pública tem apresentado déficits orçamentários importantes. Também são apontados privilégios e a generosidade do sistema. Expectativa de Vida e Idade Mínima Proposta: De acordo com o IBGE, em 2000, a expectativa de vida dos brasileiros era de 70 anos. Em 2015 a expectativa é de 75 anos. Este dado diz respeito a uma média nacional e, portanto, não leva em consideração especificidades regionais ou as condições de vida e trabalho. Mesmo supondo que todo(a) trabalhador(a) viva até os 75 anos, com a nova proposta de idade mínima de 65 anos, significa que os(as) trabalhadores(as) daqui em diante teriam, em média, a possibilidade de gozar de 10 anos de aposentadoria, após 25 a 49 anos de contribuição, como estabelece o projeto. IMPORTANTE: O Brasil é muito desigual em termos demográficos. O último dado divulgado pelo IBGE (2015) aponta para uma expectativa de vida nacional de 75 anos, porém, em estados como Maranhão e Piauí, esta média cai para 70 anos. A Previdência Social é realmente Deficitária? Talvez o debate mais importante em relação aos motivos desta reforma diga respeito à necessidade de equalização do rombo da previdência social. Vários pesquisadores (Denise Gentil (UFRJ), Eduardo Fagnani (UNICAMP)) e instituições (ANFIP, DIEESE) têm apontado para o fato de que a conta que o governo faz apresenta a previdência social isoladamente, não incluindo-a no sistema da seguridade social e, com isso, desconsidera receitas que são, constitucionalmente, propostas para o financiamento deste sistema. No gráfico a seguir é possível visualizar o resultado da Seguridade Social de acordo com os preceitos da Constituição Federal (CF) e, por outro lado, de acordo com o cálculo que faz o governo. 6

Considerando o que diz a CF, a Seguridade Social apresentou superávit de R$11,34 bilhões em 2015, enquanto que, os cálculos do governo federal apresentaram um déficit de R$171,36 bilhões no mesmo ano. Nos anos anteriores, de acordo com os cálculos elaborados pela da ANFIP, a Seguridade Social acumulou superávits de R$82,8 bilhões em 2012, R$76,5 bilhões em 2 2013 e R$54,1 bilhões em 2014. Além de não contabilizar todas estas receitas, o governo lançou mão, nos últimos anos, de desonerações fiscais amplas que retiraram muitos recursos da seguridade social, além de editar desde a década de 1990 medidas de desvinculação de recursos (DRU) que permitem que até 30% das receitas da seguridade social possam ser utilizadas com outras despesas do orçamento. Mais recentemente, em 2016, o governo ampliou, em termos de faixa de faturamento e de setores favorecidos, o Simples Nacional, que retira recursos do financiamento da Previdência, em específico, e da Seguridade. Se o governo federal diz que a previdência social é deficitária, como é possível a edição de leis que permitem desviar parte das suas receitas, como faz a DRU, e prejudicar ainda mais o financiamento do sistema? No limite o governo federal faz uma economia de recursos com gastos sociais com intuito de alcançar, inclusive, um maior superávit primário (resultado das receitas e despesas) e, com isso, garantir o pagamento dos juros da dívida pública. Isto significa que, a economia feita com o pagamento de aposentadorias e pensões poderá ser simplesmente destinada ao sistema financeiro. 2 Documento da ANFIP Análise da Seguridade Social 2015 de Agosto de 2016. 7

Mudanças propostas com a reforma da previdência Estabelecimento de uma idade mínima única de 65 anos para, praticamente, o conjunto dos trabalhadores, sendo que o tempo mínimo de contribuição exigido para ter direito ao benefício passar a ser de 25 anos e não mais os 15 anos. Extinção da aposentadoria por tempo de contribuição. Extinção das aposentadorias antecipadas: mulheres, trabalhadores rurais e professores(as) da educação básica.. A idade mínima não é fixa, e irá aumentar à medida que a expectativa de vida (calculada pelo IBGE) aumente. Altera o cálculo do valor dos benefícios em geral. O benefício será calculado a partir da média de todos os salários de contribuição. Ao atingir 65 anos, o(a) trabalhador(a) terá direito a 51% do valor desta média, acrescido de mais 1% a cada ano de contribuição. Desta forma, considerando a contribuição mínima de 25 anos, o(a) trabalhador(a) terá direito ao benefício correspondente a 76% da média de todos os seus salários de contribuição. 8

Para conseguir receber de benefício 100% da média dos salários, será necessário acumular 49 anos de contribuição. Isso significaria trabalhar e contribuir dos 16 anos até os 65 anos ininterruptamente, isto é, sem faltar um mês sequer de contribuição. Proíbe acúmulo de benefícios (aposentadorias e pensões). O(a) trabalhador(a) poderá optar por apenas um dos benefícios. Professores e trabalhadores na saúde, desde que com jornadas compatíveis a dois cargos, podem acumular duas aposentadorias de Regime Próprio de Previdência Social (RPPS, referente aos servidores públicos) ou uma de RPPS e outra de Regime Geral de Previdência Social (RGPS, dos trabalhadores celetistas). Desvincula benefícios assistenciais e pensões do salário mínimo nacional. Este dois benefícios não terão mais piso de referencia e poderão ser menores do que o salário mínimo nacional. O menor valor de pensão deixa de ser um salário mínimo (R$ 937,00, hoje) e passa a ser de 60% do salário mínimo, no caso de só um dependente da pessoa que morreu (o equivalente a R$ 562,20). Reconfigura a aposentadoria por invalidez ("aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho") e propõe que o acesso ocorrerá apenas se não houver nenhuma possibilidade de readaptação. Estabelece uma regra de transição para trabalhadores com 50 anos ou mais e trabalhadoras com 45 anos ou mais. Esta regra vale para revisão do tempo de contribuição, porém os valores dos benefícios a serem recebidos já serão contabilizados a partir das novas regras. Exemplo: Uma professora que ingressou no serviço público de educação básica antes de dezembro de 1998, com 20 anos, poderia se aposentar com 25 anos de magistério; como terá por volta de 40 anos de idade em 2017, caso a PEC seja aprovada nesse ano, ela não estará submetida às regras de transição e terá que trabalhar até os 65 anos de idade, o equivalente a 20 anos a mais do que a regra de quando ingressou no serviço público. Além disso, perde direito à integralidade (benefício na aposentadoria igual ao do último salário no cargo ocupado) e paridade (evolução futura do benefício igual ao do salário dos ativos) (DIEESE, Nota Técnica nº 168/2017) 9

Quem são os mais prejudicados com a reforma? No caso de aprovação da PEC, toda a classe trabalhadora atual e futura será afetada, inclusive as pessoas já aposentadas, uma vez que a PEC altera as regras de pensão e proíbe o acúmulo de benefícios. Alguns grupos, no entanto, sofrerão mais os seus impactos. Entre os grupos sociais que mais serão prejudicados com a reforma estão as mulheres e os(as) professores(as). Outro grupo muito afetado compreende os trabalhadores e as trabalhadoras mais sujeitos à rotatividade, ao desemprego, à s a zo n a l i d a d e, à i nfo r m a l i d a d e e ilegalidade nas relações de trabalho. Estão nesse grupo os(as) trabalhadores(as) rurais, na construção civil, na limpeza, em empresas terceirizadas, no emprego doméstico. Esses(as) trabalhadores(as) terão imensas dificuldades de conseguir completar 25 anos de contribuição para se aposentar; e, ao chegarem aos 65 anos, não terão acesso ao benefício da Assistência Social, cuja idade de acesso a PEC propõe elevar para 70 anos, além de desvincular seu valor do salário mínimo. Reforma da Previdência e as Mulheres Com o estabelecimento de uma idade mínima comum para homens e mulheres o governo está supondo pelo menos dois importantes pontos: 1) Que já atingimos um patamar na sociedade brasileira de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e que as mulheres têm igualdade de oportunidades no ingresso e ascensão no mercado de trabalho assim como de remuneração, o que não ocorre na realidade; 2) Que vivenciamos condições de igualdade de gênero em relação ao tempo dedicado a casa e a família e que, portanto, a mulher já não seria quem assumiria uma dupla jornada de trabalho na sociedade. 10

VOCÊ SABIA? Estudo do IPEA, divulgado em 2016, mostrou que, embora a presença das mulheres no mercado de trabalho tenha aumentado em 2014 em relação a 2004, o tempo gasto por elas com serviços domésticos teve uma pequena redução de 27,1 horas para 25,3 horas semanais. Já em relação aos homens, o tempo de dedicação se manteve inalterado: 10,9 horas semanais, menos da metade da dedicação feminina. (IPEA. Nota Técnica nº 24 Mulheres e trabalho: breve análise do período 2004-2014) 11

O resultado que se quer alcançar com reformas de corte liberal-privatizante é a redução da renda das aposentadorias, do piso e do teto, e ao mesmo tempo elevar o grau de dificuldade para as pessoas conseguirem se aposentar para que elas passem o menor tempo possível recebendo uma renda do governo. Quanto menor o período de aposentadoria, isto é, quanto mais próximo do fim da vida, melhor. Essa é a estratégia. Com benefícios menores, as pessoas que tiverem condições de pagar serão empurradas para os planos de previdência complementar num banco privado, porque a renda que receberão do sistema público não garantirá a sobrevivência em condições semelhantes às da fase ativa. (Denise Gentil em entrevista para o Correio Cidadania, 19/02) 12

Cabral e Pezão venderam fundos do Rio Previdência para especuladores americanos A pressão de Temer e Carmem Lúcia sobre Pezão para o governador vender a CEDAE, aumente a contribuição previdenciária e congele salários e concurso público dentre outras medidas em troca de refinanciamento da dívida que não fizemos é um dos exemplos da manobra para que o povo aceite essa reforma. É preciso cobrar a auditoria da dívida, pois assim conseguiremos provar que não cabe ao povo pagar a conta do rombo que fizeram na previdência pública.. 13

Na mesma linha seguiram os indiciados por corrupção Cabral e Pezão. Enquanto os aposentados/as ficam com salários atrasados e ou parcelados, sem calendário fixo de pagamento, o ex- governador Sérgio Cabral e seu sucessor Pezão promoveram uma negociata com o dinheiro do Fundo no ano de 2014. Eles penhoraram verbas do Rio Previdência no valor de R$ 3,1 bilhões, sob a forma de títulos do fundo. Para isto, foi aberta uma sociedade nos Estados Unidos, a "Rio Oil Finance Trust", para qual foi repassada a receita do RioPrevidência com os royalties do petróleo e participação especial, que equivalem a 30% dos recursos recebidos pela autarquia. As facilidades oferecidas por Cabral e Pezão atraíram grandes especuladores internacionais. Mas a crise do Petróleo e as denúncias envolvendo a Petrobras no Brasil azedaram as relações com os investidores internacionais, que começaram a reter o dinheiro lá fora. O primeiro bloqueio foi estimado em US$ 129 milhões (R$ 508 milhões), 38% da receita da autarquia com royalties no terceiro trimestre ou 3,6% de todas as receitas do RioPrevidência para 2015. Francisco Dornelles afirmou, enquanto substituía Pezão que o RioPrevidência estava falido e que o Estado não teria como arcar com seu compromisso de pagar "os inativos". E os atrasos começaram a acontecer, sendo preciso entrar com ação na justiça que determinou no dia 25 de abril, que as contas estaduais fossem confiscadas para garantir o dinheiro para pagar os mais de 137 mil aposentados e pensionistas. O salário de maio foi parcelado em duas vezes. Desde então a insegurança dos servidores públicos e em especial dos aposentados/as aumentou, na medida em que ficamos sem calendário regular de pagamento. A mesma tática tem sido utilizada nos municípios com a desculpa da crise, deixando milhares de servidores sem calendário fixo de pagamento e penalizando em especial os aposentados e aposentadas. 14

É preciso grande mobilização para derrubar essa contrarreforma da previdência, aqui no Rio e em Brasília, organizar a greve geral e ocupar a capital federal em defesa dos nossos direitos. Rio de Janeiro, março de 2017 15

NA LUTA DESDE 1977 Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro Fundado em 16 de julho de 1977 o o Rua Evaristo da Veiga, 55, 7 /8 andares Centro - Rio de Janeiro/RJ - CEP 20031-040 Tel. (21) 2195-0450 www.seperj.org.br Secretaria de Funcionários