APLICAÇÃO DO CPC 20 CUSTOS DE EMPRÉSTIMOS NA CONSTRUÇÃO DE UMA CORREIA TRANSPORTADORA DE MINÉRIO

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Transcrição:

APLICAÇÃO DO CPC 20 CUSTOS DE EMPRÉSTIMOS NA CONSTRUÇÃO DE UMA CORREIA TRANSPORTADORA DE MINÉRIO GISELE APARECIDA DA SILVA gisele.silva@soltzauditores.com.br FUMEC CARLOS ALBERTO DE SOUZA carlosprofs@gmail.com FUMEC VANDA APARECIDA OLIVEIRA DALFIOR vdalfior@ig.com.br PITÁGORAS Resumo:O objetivo da pesquisa, portanto é descrever os procedimentos de contabilização conforme reconhecimento do ativo qualificável que é a correia transportadora, no que tange a aplicabilidade do pronunciamento técnico 20 Custos de empréstimos. Adicionalmente, a pesquisa tem como proposta identificar situações como suspenção e cessação da capitalização dos custos de empréstimos, além de possíveis erros de contabilização. Os dados da pesquisa foram coletados em agosto de 2015, onde em 2013 iniciou-se a construção de uma correia transportadora de minério que irá ficar pronta em novembro de 2015. Utilizou-se a técnica documental, para identificar as situações pertinentes à aplicação da norma contábil, e analisar se os procedimentos de contabilização estão em consonância com a referida norma. Posteriormente, verificou- se os lançamentos contábeis e o valor do empréstimo a qual foi incorporado integralmente ao ativo qualificável em andamento, isso, pelo fato dos recursos serem usados apenas com a finalidade de construir o ativo. Foi realizado um check list com os principais assuntos tratados na norma a fim de constatar se o atendimento está de forma integral em consonância com o CPC 20. No que se refere aos resultados obtidos na pesquisa, constatou- se que a empresa Siderúrgica LTDA atendeu todos os aspectos e procedimentos contábeis do pronunciamento técnico 20 Custos de empréstimos. Palavras Chave: Custos de empréstimo - Pronunciamento Técni - Ativo Qualificável - CPC 20 -

1. Introdução Com a harmonização das normas brasileiras de contabilidade com as normas internacionais, faz se necessário uma restruturação nas organizações visando uma mudança de conceitos e em alguns casos, investimentos são necessários para a adoção das normas, estes por sua vez trazem custos e benefícios aos empresários e investidores. O processo de convergência iniciou-se em 2008 no Brasil, introduzidos pela lei 11.638/2007 e 11.941/2009 e ainda emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) em consonância com o IFRS (International Financial Reporting Standard). Em 02 de setembro de 2011 o Comitê de Pronunciamentos Contábeis aprovou o CPC 20 Custos de Empréstimos, a norma propõe que as despesas com juros que incorrem em conexão com os empréstimos de recursos diretamente atribuídos à construção, aquisição ou produção de ativos qualificáveis sejam reconhecidos como parte dos custos de tais ativo, e os demais sejam reconhecidos como despesa. Algumas dificuldades são encontradas na mensuração dos custos de empréstimos, como a forma com que a entidade faz a capitação de recursos, podendo ter taxas variadas em diferentes instrumentos de dívidas. Outro fator que dificulta a adoção da norma, é que, em alguns casos o recurso não tem destinação específica para o ativo qualificável, mas também tem outras destinações, fazendo com que seja necessário o rateio dos custos. Dificuldades também surgem quando os recursos de empréstimos envolvem moeda estrangeira agravado por uma economia altamente inflacionária onde a taxa de câmbio ocorre flutuações. Considerando a obrigatoriedade da adoção do CPC 20 Custos de empréstimos e ainda a relevância do tema proposto, este trabalho tem como objetivo geral descrever através de análise documental os procedimentos contábeis adotados pela empresa em estudo na adesão ao CPC 20 Custos de empréstimos. A empresa estudada será tratada pelo nome fictício de Siderúrgica LTDA, a mesma atua no setor de siderurgia no ramo de mineração. Os objetivos específicos deste trabalho são: Identificar a situação pertinente a ser aplicado o CPC 20 Custo de Empréstimo na empresa no ramo de siderurgia; Levantar os principais assuntos tratados em publicações de artigos periódicos para compreensão e formulação do referencial teórico. Descrever a aplicação e resultados a fim de compreender e solucionar o problema em questão, partindo do levantamento de dados da pesquisa de campo. Concluir os efeitos a partir dos resultados da aplicação da norma contábil na siderurgia; Propor soluções ao problema de pesquisa. O trabalho de pesquisa proposto tem uma grande importância para a informação contábil e para o campo profissional, pois com a pesquisa é possível constatar os efeitos nas demonstrações contábeis caso o pronunciamento técnico não fosse adotado e no campo profissional permite ter um contado com a aplicabilidade da norma, a partir do momento que os dados coletados são reais e tempestivos.

2. Referencial Teórico 2.1 Processo de harmonização das normas brasileiras de contabilidade com as normas internacionais: Com o processo de harmonização das normas brasileira de contabilidade com as normas internacionais de relatórios financeiros (IFRSs) a qual teve início em 2008 em consonância com a regulamentação das práticas contábeis trazidas a partir da edição das leis 11.638/07 e 11.941/09, as organizações principalmente de capital aberto, passam por constantes reestruturação de suas informações contábeis. Um dos principais propósitos da convergência das normas brasileiras de contabilidade com as normas internacionais são fazer com que as informações sejam compreendidas por qualquer investidor sendo ele nacional ou internacional, numa linguagem única de forma que as demonstrações financeiras consolidadas sejam comparativas, facilitando a interpretação e desempenho dos negócios. De acordo com o Gilberto Grandolpho: A adaptação de informações contábeis, usualmente preparadas de acordo com os padrões e práticas locais, deve ser interpretada, entendida e utilizada como base de medida ou comparação (CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE, 1997, p. 13). Com a globalização da economia mundialmente, tanto o Brasil quanto outros países tem ampliado os negócios através de estratégias empresariais, como uma aquisição de uma empresa em um outro país onde a economia se apresenta mais favorável, investimentos como aquisição, fusão ou cisão, parcerias entre estabelecimentos entre outros. Desta forma o perfil do empresário mudou assim como o perfil do investidor. Ainda de acordo com Gilberto Grandolpho, in verbis: Como resultado desse novo perfil, surge a necessidade cada vez mais de preparação de demonstrações contábeis de acordo com princípios contábeis geralmente aceitos internacionalmente com o objetivo de permitir a casamatriz ou acionista do exterior efetuar a consolidação ou equivalência patrimonial da subsidiária ou coligada estabelecida no Brasil, utilizando-se princípios contábeis consistentes com aqueles adotados em seu país. (CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE, 1997, p. 13). O processo de adoção inicial das normas internacionais de contabilidade trouxe inicialmente discursões como o custo de se gerar a informação, estas discursões perfazem ainda desde 2009 até os dias atuais, como por exemplo, atualmente a IFRS 15 Contratos de clientes, que será obrigatoriamente aplicada no Brasil em 2017, e que irá gerar uma série de mudanças na organização que vai desde um estudo do próprio negócio, capacitação profissional até a aquisição de novos sistemas de informação. O custo da informação é tratado por Carvalho, Lemes e Costa, sendo: Mas não se trata apenas de agregar um custo desnecessário a quem pretenda investir, e portanto de transferir-se tal custo desnecessário a quem pretenda receber o investimento (CARVALHO, 2005, p. 13). Portanto as organizações devem cada vez mais buscar adotar as normas internacionais de contabilidade, principalmente as de capital aberto, que possuem coligadas, controladas ou

participações no exterior, e que por sua vez as demonstrações são consolidadas, tendo como foco principal os usuários da informação. 2.1.1 Órgãos reguladores da contabilidade internacional Os principais órgãos internacionais de contabilidade responsável pela emissão e edição das normas são o Financial Accounting Standards Board (FASB) e o Internacional Accounting Standards Board (IASB). O FASB foi criado em 1973 e assumiu a normatização contábil de entidades não- governamentais nos Estados Unidos da América (EUA). Como objetivos do FASB destaca que a missão é o aperfeiçoamento de pronunciamentos contábeis para o setor privado, bem como o aprimoramento e a determinação de conceitos e normas contábeis (OLIVEIRA et al, 2008). A IASB destaca-se pelos objetivos segundo Muller e Scherer: [...] 1) Elaborar e publicar, notoriamente, normas contábeis internacionais, que deverão ser observadas nos relatórios contábeis; 2) promover a aceitação e adoção prática de tais normas em escala mundial (MULLER; SCHERER, 2009, p. 30). A figura 1 demonstra as responsabilidades da FASB e da IASB. FASB Estados Unidos Emitir pronunciamentos contábeis, válidos para as empresas privadas norteamericanas e suas subsidiárias ao redor do mundo. Auxiliar a SEC no aperfeiçoamento do mercado de capitais internacionais. IASB Emitir pronunciamentos contábeis, validos para as empresas da União Europeia e suas subsidiárias ao redor do mundo. União Europeia Auxiliar na padronização das normas internacionais de contabilidade. FIGURA 1: Órgãos reguladores da contabilidade internacional. Fonte: Oliveira et al (2008, p. 9).

2.2 CPC 20 Objetivo, definições e Reconhecimento de custos de empréstimos 2.2.1 Objetivo Em 2009 o Comitê de Pronunciamentos Contábeis aprovou o CPC 20, o conteúdo está fundamentado na IFRS 23, cuja obrigatoriedade do atendimento teve início em 08 de maio de 2009. No Brasil além do pronunciamento técnico, está incluído na deliberação nº 577/09 do Comitê de Valores Mobiliários (CVM). O objetivo deste pronunciamento é demonstrar o tratamento contábil atribuído aos custos de empréstimos, desta forma, a norma tem como propósito estabelecer o reconhecimento e evidenciação dos custos de empréstimos. Os custos de empréstimos perfazem a construção, aquisição e produção de um ativo qualificável, outros custos não incorporados ao ativo devem ser reconhecidos na despesa, conforme determina o CPC 20 Custo de empréstimo, custos de empréstimos que são diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um ativo qualificável formam parte do custo de tal ativo. Outros custos de empréstimos devem ser reconhecidos como despesa (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a, p. 2). Verifica-se que o propósito do CPC 20 Custos de Empréstimos, tem uma função importante nas demonstrações contábeis e no resultado do exercício, isso porque, a apropriação dos custos de empréstimos ao ativo configura como uma espécie de despesas pré-operacionais, esta conta não é permitida mais nas demonstrações contábeis, a norma também tem como base o principio da confrontação da receitas com a despesa, desta forma os custos de empréstimos são incorporados ao resultado quando o ativo efetivamente começa a trazer benefícios econômicos. Segundo Carvalho, Lemes e Costa: Os custos de empréstimos deverão ser contabilizados como despesa no momento em que ocorrem, independentemente do uso dado aos empréstimos obtidos. Este é o tratamento recomendado (benchmark) na IAS 23. Contudo, a Norma também permite (tratamento alternativo) que os custos de empréstimos diretamente atribuíveis á aquisição, construção ou produção de um ativo qualificado poderão ser capitalizados como parte do custo do ativo. Esta capitalização vincula-se á probabilidade de tais custos resultarem em benefícios econômicos para a empresa e a mensuração confiável de tais custos. (CARVALHO, LEMES E COSTA, 2009, p. 252). Contudo é importante ressaltar, que a organização deve observar o início da capitalização, o fim da capitalização, circunstâncias que cabem à suspensão e a cessação da capitalização, conforme será descrito no decorrer deste trabalho. 2.2.2 Definição de custos de empréstimos Na construção de ativos, sejam eles tangíveis ou intangíveis, as organizações normalmente buscam no mercado financeiro capital de terceiros, estes configurados como

empréstimos, incorrem em juros e outros encargos. A norma propõe que os encargos sejam incorporados ao ativo, que por sua vez defini ativo qualificável como sendo: Ativo qualificável é um ativo que, necessariamente, demanda um período de tempo substancial para ficar pronto para seu uso ou venda pretendidos (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a, p. 2). O CPC 20 define custos de empréstimos da seguinte forma: São juros e outros custos que a entidade incorre em conexão com o empréstimo de recursos (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a, p. 2). Adicionalmente, são exemplos de custos de empréstimos: Os encargos financeiros são calculados com base no método da taxa efetiva de juros, conforme descrito no CPC 08. Encargos financeiros relativos aos arrendamentos mercantis financeiros reconhecidos de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 06 Operação de Arrendamento Mercantil; e Variação Cambial decorrentes de empréstimos em moeda estrangeira, na extensão em que elas sejam consideras como ajuste, para mais ou para menos, do custo de juros. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a, p. 3). Conforme exemplos de custos de empréstimos citados, a entidade deve atentar minunciosamente aos casos em que os custos de empréstimos podem ser ativados, tendo em vista que a através da inobservância a referida norma a empresa pode ocorrer em superavaliação ou subavaliação do ativo qualificável em andamento. 2.2.3 Reconhecimento dos custos de empréstimos Segundo os autores Iudícibus et al (2010) sobre o reconhecimento dos custos de empréstimos: A entidade deve capitalizar os custos de empréstimos que são diretamente atribuíveis á aquisição, á construção ou á produção de ativo qualificável como parte do custo do ativo. A entidade deve reconhecer os outros custos de empréstimos como despesas no período em que são incorridos (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 300). A definição de custos de empréstimos diretamente atribuídos é: Custos de empréstimos diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um ativo qualificável, entende- se por aqueles custos que seriam evitados caso os gastos com o ativo qualificável não tivessem sido feitos (PORTAL CLASSE CONTÁBIL, 2015). Desta forma, os custos de empréstimos são capitalizados como parte integrante dos custos do ativo qualificável quando os resultados dos benefícios econômicos futuros forem prováveis e puderem ser mensurados com confiança, requisitos que devem se atendidos para o reconhecimento dos custos.

2.3 Custos de empréstimos elegíveis à capitalização Há situações em que a entidade obtém os recursos financeiros através de empréstimos e aplica-os em contas de investimentos de uma instituição bancária como forma de captar receitas financeiras, desta maneira supondo que se utiliza todo o recurso obtido através de empréstimo na construção do ativo qualificável, os custos de empréstimos podem ser reduzidos, deduzindo as receitas financeiras dos juros, conforme determina o CPC 20 Custos de empréstimos: Os contratos financeiros para um ativo qualificável podem resultar em a entidade obter recursos de empréstimos e incorrer em custos de empréstimos associados antes que parte ou todos os recursos sejam utilizados para gastos com o ativo qualificável. Nessas circunstâncias, os recursos são frequentemente investidos até que se incorra em gastos com o ativo qualificável. Na determinação do montante de custos de empréstimos elegível à capitalização durante o período, quaisquer receitas financeiras ganhas sobre tais recursos devem ser deduzidas dos custos dos empréstimos incorridos (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS; 2009a, p. 4). Veja o exemplo abaixo no QUADRO 1, o reconhecimento das receitas financeiras obtidas através do capital aplicado proveniente de empréstimo: QUADRO 1: Exemplo de reconhecimento de receitas financeiras obtidas através de empréstimos Em 11 de março de 2009 uma empresa Y captou um empréstimo no valor de R$ 10.000,00, incorrendo em juros de R$ 2.000,00, entretanto a empresa só irá começar a gastar com o ativo qualificável em 30 de março de 2009, durante os 19 dias o valor do empréstimo ficará aplicado em um investimento temporário, no final é obtida uma receita financeira de R$ 900,00, o custo de empréstimo nesta situação será capitalizado pelo liquido, sendo de R$ 1.100. Juros (custos de empréstimos): R$ 2.000,00 (-) Receita Financeira (R$ 900,00) = Valor a ser reconhecido como custo de empréstimo no ativo qualificável R$ 1.100,00 Fonte - Elaborado pelo autor A entidade pode captar recursos sem destinação especifica e utilizar para a construção do ativo qualificável, neste caso deve-se determinar o montante dos custos de empréstimos elegíveis a capitalização e aplicar uma taxa sendo com base na média ponderada, conforme determina no CPC 20- Custos de empréstimos: A medida que a entidade toma recursos emprestados sem destinação especifica e os utiliza com o propósito de obter um ativo qualificável, a entidade deve determinar o montante dos custos dos empréstimos elegíveis á capitalização aplicando uma taxa de capitalização aos gastos com o ativo. A taxa de capitalização deve ser a média ponderada (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a, p. 4).

A entidade deve ter como parâmetro os efeitos futuros na demonstração do resultado, da mesma forma que a norma propõe que os custos com o empréstimo devem incorporar ao ativo até o momento em que o a mesmo for colocado em local e condições para uso as receitas financeiras devem ser confrontadas com estes custos, e o reconhecimento no ativo deve ser dar pelo valor líquido. 2.4 Excessos do valor contábil do ativo qualificável sobre o montante recuperável. Pode ocorrer situações em que o valor contábil ou o custo final a qual é esperado do ativo qualificável ultrapassa o seu montante recuperável, neste caso o valor contábil deve ser baixado, o montante de baixa poderá ser revertido em alguns casos, conforme o CPC 27 Imobilizado, Valor contábil é pelo qual um ativo é reconhecido após a dedução da depreciação e da perda por redução ao valor recuperável acumuladas (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009b, p.2). Na situação em que o seja constatado que o valor contábil é maior do que o valor recuperável do ativo, o teste de impairment do bem deverá ser feito com a finalidade de se ajustar o valor contábil ao valor recuperável. A definição de valor recuperável é tratado no CPC 01 Redução ao valor recuperável de ativos: Valor recuperável de um ativo ou de unidade geradora de caixa é o montante entre o seu valor justo líquido de despesa de venda e o seu valor em uso (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009c, p. 6). O valor justo é definido na norma contábil como: Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo [...] em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data da mensuração (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009c. p. 6). Portanto o ativo qualificável deve ser submetido ao teste de impairment a partir do momento em estiver fisicamente pronto e em local e condições de uso. O CPC 01 Redução ao valor recuperável de ativos, também propõe que o teste seja feito pelo menos uma vez no final de cada exercício, A entidade deve avaliar ao fim de cada período de reporte, se há alguma indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização. Se houver alguma indicação, a entidade deve estimar o valor recuperável do ativo (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009c, p. 7). 2.5 Início da capitalização dos custos de empréstimos O inicio da capitalização dos custos de empréstimos deve ocorrer como parte do custo de um ativo qualificável na data de início, sendo que está data é o momento em que a entidade completa as seguintes condições conforme artigo publicado no Portal da classe contábil: Incorre em gastos com o ativo, incluindo nestes somente aqueles gastos que resultam em pagamento em dinheiro, transferências de outros ativos ou assunção de passivos onerosos; Incorre em custos de empréstimos, incluindo neste caso os encarregados financeiros, as despesas financeiras relativas aos arrendamentos mercantis financeiros e as variações cambiais; e

Engaja-se em atividades que não são necessárias ao preparo do ativo para seu uso ou venda pretendidos. (PORTAL DA CLASSE CONTÁBIL, 2015). De acordo com Carvalho, Lemes e Costa: A capitalização dos custos de empréstimos inicia-se com o desenvolvimento do ativo e termina quando substancialmente todas as atividades necessárias para preparar o ativo são completadas (CARVALHO, LEMES E COSTA, 2009, p. 253). Portanto a entidade deve iniciar a capitalização dos custos de empréstimos quando do inicio dos recursos financeiros para o preparo do ativo e finalizar a capitalização quando todas as atividades necessárias para o preparo do ativo fisicamente são completadas. 2.6 Suspensão da capitalização dos custos de empréstimos Há momentos em que a capitalização dos custos de empréstimos podem ser suspensas, Conforme determina no CPC 20 Custos de empréstimos A entidade deve suspender a capitalização dos custos de empréstimos durante períodos extensos em que suspender as atividades de desenvolvimento de um ativo qualificável (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a, p. 6). Neste caso, a interrupção das atividades de desenvolvimento do ativo qualificável por períodos extensos não é caracterizado como um atraso temporário e sim parte necessária do processo de concluir o ativo, situação que não caberia à suspensão da capitalização. Conforme estabelece no CPC 20 Custos de empréstimos: Cabe ressaltar que, a entidade não deve suspender a capitalização de custos de empréstimos quando um atraso temporário é parte necessária do processo de concluir o ativo para seu uso ou venda pretendidos. Por exemplo, a capitalização continua durante a extensão do período em que o nível alto das águas atrasa a construção de uma ponte, se tal alto nível das águas for comum durante o período de construção naquela região geográfica envolvida. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a, p. 6). 2.7 Cessação da capitalização dos custos de empréstimos A norma propõe que os custos de empréstimos sejam cessados quando o ativo estiver em local e condições de uso pretendido e no momento em que todas as atividades necessárias para o preparo estiverem concluídas, conforme mencionado no pronunciamento técnico 20 Custos de empréstimos A entidade deve cessar a capitalização dos custos de empréstimos quando substancialmente todas as atividades necessárias ao preparo do ativo qualificável para seu uso ou venda pretendidos estiverem concluídas (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a, p. 6). A referida norma também defini que um ativo qualificável é considerado pronto para o seu uso ou venda pretendido, a partir do momento que sua construção física estiver finalizada, conforme citado na norma, Um ativo normalmente está pronto para seu uso ou venda

pretendidos quando a construção física do ativo estiver finalizada, mesmo que trabalho administrativo de rotina ainda continuar. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a, p. 6). 3. Metodologia e proposta para tratamento dos dados A pesquisa aqui apresentada se enquadra como documental de carácter descritiva. Um dos objetivos específicos da pesquisa é descrever os procedimentos contábeis adotado pela empresa Siderúrgica LTDA em consonância com o que se pede no CPC 20 custos de empréstimos. De acordo com Gil, ¹ citado por Kauark, Manhães e Medeiros, enfatiza que o tipo de pesquisa descritiva, do ponto de vista dos objetivos, como: visa descrever as características de determinada população ou fenômeno, ou estabelecimento de relação entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática (KAUARK, MANHÃES E MEDEIROS, 2010, p. 30). Os meios de pesquisas foram documentais e bibliográficos. O caráter de pesquisa bibliográfica se justifica por ser baseada em livros, jornais, artigos e revistas sobre o tema. Pesquisa bibliográfica: Quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e, atualmente material disponibilizado na internet (KAURK, MANHÃES E MEDEIROS, 2010, p. 30). A pesquisa apresentada é documental por utilizar-se de diversas fontes de informações para compreensão e abordagem do tema. O autor Vergara defini pesquisa documental como sendo: [...] é realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza ou com pessoas (VERGARA, 1997, p. 46). Os dados apresentados nesta pesquisa foram coletados entre o período de Dezembro de 2013 e Agosto de 2015, onde por meio de trabalhos realizados de auditoria externa, foi feito estudos a fim de verificar se o CPC 20 Custos de empréstimos estava ou não sendo atendido corretamente em todos seus aspectos. A escolha pela empresa no ramo de siderurgia, se justifica por se tratar de uma construção de um ativo qualificável em que leva um tempo substancial para ficar pronto. 4. Análise dos resultados A captação de recursos de empréstimos para a construção da correia transportadora de minério foi feito através do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). A empresa Siderúrgica LTDA contratou o empréstimo bancário com as seguintes condições: todo o recurso do empréstimo é pago diretamente ao fornecedor das peças da correia transportadora, o fornecedor irá ser tratado pelo nome fictício de Materiais LTDA, não transitando assim o recurso pelas contas correntes/caixa da empresa em estudo. Esta forma de captação de recurso faz com que o banco tenha uma segurança em caso de inadimplência da empresa Siderúrgica LTDA, impossibilitando que o valor tomado a título de empréstimo seja utilizado para outras finalidades, fato este também é justificado pela representatividade do fornecedor potencial dentro da entidade. O valor total dos contratos firmados entre a empresa Siderúrgica LTDA e o banco BDMG somam-se pouco mais de R$ 64 milhões, conforme demonstrado na tabela 1 a seguir: ¹GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 171 p.

TABELA 1: Composição dos empréstimos adquiridos pela empresa Siderúrgica LTDA COMPOSIÇÃO DOS EMPRÉSTIMOS ADQUIRIDOS CONTRATO VALOR DO EMPRÉSTIMO Contrato 1 R$ 18.730.000 Contrato 2 R$ 8.590.000 Contrato 3 R$ 12.260.000 Contrato 4 R$ 1.240.000 Contrato 5 R$ 11.090.000 Contrato 6 R$ 12.500.000 TOTAL: R$ 64.410.000 Fonte - Dados da pesquisa Os recursos financeiros oriundos dos empréstimos são repassados diretamente para o fornecedor Materiais LTDA que fornece integralmente todas as peças necessárias para a construção do ativo qualificável, desta forma todo o recurso oriundo do empréstimo assim bem como os juros e encargos incorridos, tradados pela norma como custos de empréstimos, são incorporados em sua totalidade ao ativo qualificável em andamento. Através de liberações que são feitas conforme notas de simples faturas emitidas pelo fornecedor Materiais LTDA, o banco BDMG paga diretamente ao fornecedor. A seguir a tabela 2, demonstra o valor das faturas emitidas pelo fornecedor Materiais LTDA até agosto de 2015: TABELA 2: Notas de simples faturas emitidas pelo fornecedor Materiais LTDA NOTAS DE SIMPLES FATURAS EMITIDAS PELO FORNECEDOR MATERIAIS LTDA Nota 1 R$ 18.720.000 Nota 2 R$ 8.580.000 Nota 3 R$ 12.250.000 Nota 4 R$ 1.240.000 Nota 5 R$ 7.830.000 Nota 6 R$ 3.249.000 Nota 7 R$ 6.500.000 Nota 8 R$ 2.645.000 Nota 9 R$ 2.557.400 Nota 10 R$ 820.000 TOTAL: R$ 64.391.000 Fonte - Dados da pesquisa Buscou-se inicialmente realizar o levantamento dos dados relacionados ao empréstimo obtido através do banco. Na coleta de dados, foi observado que o banco paga diretamente ao fornecedor Materiais LTDA, entretanto é possível verificar a aplicabilidade do CPC 20

custo de empréstimo pela empresa em estudo, pois não há receitas financeiras uma vez que os recursos oriundos do empréstimo não são aplicados em contas de investimentos, desta forma todo o custo gerado por este empréstimo é contabilizado integralmente na conta contábil Correia transportadora longa distância Andamento. A contabilização está demonstrada abaixo no QUADRO 2. QUADRO 2: Demonstração dos lançamentos contábeis DEMONSTRAÇÃO DOS LANÇAMENTOS CONTABEIS: 1) Registro do adiantamento realizado ao fornecedor: Debito- Adiantamento ao fornecedor de imobilizado (Ativo não circulante) Credito- Caixa/Banco 2) Custo do empréstimo (juros mensais do empréstimo) Debito: Imobilizado em andamento TCLD (Ativo não circulante) Credito: Empréstimo e Financiamento BDMG (Passivo Circulante) 3) NF simples faturamento do fornecedor X Entrada da nota fiscal pelo valor do bem: Debito: Imobilizado em andamento TCLD (Ativo não circulante) Debito: PIS não cumulativo a recuperar (Ativo Circulante) Debito: Cofins não cumulativo a recuperar (Ativo Circulante) Credito: Fornecedor (Passivo Circulante) 4) Efetuar a baixa (pagamento) da Nota fiscal simples faturamento Debito: Fornecedor (Passivo circulante) Credito: Adiantamento a fornecedor de imobilizado (Ativo não circulante) Fonte - Dados da pesquisa Após analisar os procedimentos de lançamentos contábeis efetuados pela empresa Siderúrgica LTDA, e a forma com que foi contratado o empréstimo dos recursos através do banco, foi elaborado um Chek list contemplando os principais assuntos tratados no CPC 20 Custos de empréstimos, a fim de constatar pontos que necessitam serem adequados a norma. Vide o QUADRO 3, com perguntas sobre os principais assuntos tratado no CPC 20 Custos de empréstimos.

QUADRO 3: Check list sobre os principais assuntos do CPC 20 Custos de empréstimos Nª 1 Pergunta: O ativo imobilizado em andamento, leva um tempo substancial para ficar pronto, condição para ser tratado como ativo qualificável? Todo o recurso proveniente do empréstimo é utilizado somente para produção ou fabricação do ativo qualificável? 3 A entidade obtém receitas financeiras através da aplicação dos recursos de empréstimos em contas de investimos? 4 A entidade suspendeu as atividades de desenvolvimento do ativo qualificável? Situação esta que deve suspender a capitalização dos custos de empréstimos. 5 Até a conclusão deste trabalho acadêmico, a empresa concluiu todas as atividades necessárias ao preparo do ativo qualificável para seu uso ou venda pretendidas? Situação esta que deve a entidade cessar a capitalização dos custos de empréstimos. Fonte - Elaborado pelo autor. Resposta: Sim ou Não SIM 2 SIM NÃO NÃO NÃO Conforme demonstrado no QUADRO 3, a empresa Siderúrgica LTDA está em todos os aspectos contábeis em conformidade com o CPC 20 Custos de empréstimos. Portanto não foi constatado através dos dados coletados para esta pesquisa nenhum fato que não está condizente com a referida norma contábil. 5. Conclusão A presente pesquisa buscou verificar se a empresa siderúrgica LTDA, no que tange aos procedimentos contábeis adotados pela mesma estão ou não em consonância com o atendimento ao CPC 20 custos de empréstimos. A empresa Siderúrgica LTDA mantem a construção de uma correia transportadora de minério, tratado no CPC 20 custo de empréstimos como ativo qualificável, a construção teve início em 2013 e será concluído fisicamente em novembro de 2015. Para análise e tratamento dos dados, foram verificadas planilhas e controles auxiliares a fim de constatar o valor atual do ativo qualificável em andamento, também foram feitos estudos com a finalidade de identificar situações de suspensão e cessação dos custos de empréstimos, e por fim, foram descritos os procedimentos de lançamentos contábeis a fim de certificar o atendimento à norma contábil. Adicionalmente, a fim de constatar e demonstrar o atendimento a norma contábil pela empresa Siderúrgica LTDA, em análise preliminar, foi realizado um check list com perguntas e respostas contemplando os principais assuntos tratados no CPC 20 custos de empréstimos. Desse modo, conclui-se que a empresa Siderúrgica LTDA está atendendo adequadamente os procedimentos contábeis no que tange o CPC 20 Custos de empréstimos.

Para trabalhos a serem realizados futuramente referente ao tema abordado nesta pesquisa, é recomendada a verificação do teste de impairment no final do exercício de 2015, tendo em vista que o ativo qualificável será fisicamente concluído em Novembro de 2015. Referências CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE. Contabilidade no contexto internacional: Conselho Regional de contabilidade do estado de São Paulo. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1997. 159 p. CARVALHO, L.Nelson; LEMES, Sirlei; COSTA, Fábio Moraes da Costa. Contabilidade Internacional: aplicação das IRFS 2005. 3.reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. 320 p. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 20 Custos de empréstimos. 2009a. Disponível em: http:// www.cpc.org.br/cpc/documentosemitidos/pronunciamentos/pronunciamento?id=51. Acesso em 03 de Outubro de 2015. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 27 Ativo Imobilizado. 2009b. Disponível em: http://www.cpc.org.br/cpc/documentosemitidos/pronunciamentos/pronunciamento?id=58.acesso em 03 de Outubro de 2015. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 01 Redução ao valor recuperável de ativos. 2009 c.. Disponível em: http:// www.cpc.org.br/cpc/documentosemitidos/pronunciamentos/pronunciamento?id=2. Acesso em 03 de Outubro de 2015. IUDÍCIBUS, Sérgio De et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 794 p. KAUARK, Fabiana; MANHÃES, Fernanda Castro; MEDEIROS, Carlos Henrique. Metodologia da pesquisa: guia prático. Itabuna: Via Litterarum, 2010. 88 p. MULLER, Aderbal Nicolas; SCHERER, Luciano Márcio. Contabilidade Avançada e Internacional. São Paulo: Saraiva, 2009. 168 p. OLIVEIRA, Alexandre Martins Silva de et al. Contabilidade Internacional: Gestão de riscos, governança corporativa e contabilização de derivativos. São Paulo: Atlas, 2008. 233 p. OLIVEIRA, Luiz Claudio Vieira de; CORRÊA, Osvaldo Manoel. Normas para redação de trabalhos acadêmicos, dissertações e teses. 2. ed. rev. Belo Horizonte: Universidade FUMEC, 2008.134 p. PORTAL DA CLASSE CONTÁBIL. Custos de empréstimos. Disponível em: http://www.classecontabil.com.br/artigos/custos-de-emprestimos-1. Acesso em 03 de Outubro de 2015.

VERGARA, Sylvia Maria. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 1997. Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)