Museu Dra. Berta Cabral Artur Pimentel. Presidente da Câmara Municipal de Vila Flor

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Adeilson Salles. Ilustrações de L. Bandeira. belinha_e_lagarta_bernadete.indd 3 18/10/ :32:55

Transcrição:

Museu Dra. Berta Cabral Artur Pimentel Presidente da Câmara Municipal de Vila Flor 1

Gostaria de começar por agradecer ao Director do Museu do Douro o convite que fez ao Museu Municipal de Vila Flor para estar presente. Assino de cruz as palavras do meu colega de Alijó, um homem que falou muito de futuro, de projectos, de museologia, daquilo que reconhecidamente é importante para o Douro e para Trás-os-Montes. Permitam-me no entanto que regresse ao passado; que faça uma viagem pelo passado. Penso que por vezes é importante pararmos e olharmos para trás, vermos o que se passava noutros tempos em que tudo era muito mais difícil, apesar dos muitos entraves de hoje. Não havia fundos comunitários, não havia dinheiro à disposição, havia graves lacunas a dificultar o desenvolvimento. De quando em quando apareciam carolas, alguém que se dedicava de alma e coração a uma causa, a uma terra, com todo o Amor e vontade. Estou já a falar do Museu Municipal de Vila Flor, porque não podemos falar do Museu de Vila Flor, que faz no próximo ano 50 anos (2008), sem se falar no nome de um homem que a ele esteve intimamente ligado, Raul Sá Correia. E uma nota curiosa, o Sr. Director dizia-me aqui há momentos o museu pelo qual tenho muito carinho. É 2

verdade. Penso que não há ninguém que tenha passado pelo Museu de Vila Flor, que não fique preso àquela obra. Raul de Sá Correia foi um homem que nasceu em 1900 ele dizia que andava com a Era e faleceu em 1993. Foi ele o obreiro daquele museu, notem Museu- Biblioteca e deixem-me dizer que Vila Flor tem uma biblioteca municipal desde 1946, o que não acontecia em nenhum outro Concelho. Tinha apenas no distrito de Bragança, a capital do Distrito. Uma biblioteca onde começámos a desfolhar livros da Condessa de Ségur, onde se lia livros que já ninguém lê, as Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis; o Eça, o Guerra Junqueiro, A velhice do Padre Eterno, A Relíquia, O Crime do Padre Amaro, e tantos outros. Livros que se levavam para casa, isto há muitos, muitos anos. Essa biblioteca estava instalada no Salão Nobre da Câmara desde 1946. Depois aparece em 1958 o edifício do Museu-biblioteca. O Raul Sá Correia, que morreu com 93 anos, foi Secretário da Câmara Municipal. Reformou-se com setenta anos que durante esses 23 anos, quase cego, continuou a trabalhar no Seu Museu, porque aquele museu era Dele. As pessoas quando se reformam vão tratar do seu jardim, e o jardim do Senhor Raul era aquela casa, o museu. Era um encanto ver o Senhor Raul mostrar o Museu de Vila Flor a alguém, ao Dr. Mário Soares por exemplo, ao General Ramalho Eanes; dizem que a primeira vez que o General Ramalho Eanes se terá rido em público foi no Museu de Vila Flor. O Senhor Raul era um homem engraçadíssimo. Sabia ao pormenor a história de cada peça e era um encanto acompanhar uma visita guiada por este Homem. As pessoas sentiam-se bem naquela casa. Mesmo os mais jovens ali passavam as férias e ajudavam nas visitas do Museu. Acompanhei muitas visitas ao Museu de Vila Flor. Como referi o Museu nasce em 1958. O Senhor Raul, que era querido por toda a gente do concelho, ia de casa em casa, batia à porta e pedia objectos para o Museu. Ele via uma cómoda na casa de alguém e pedia essa cómoda para o Museu, as pessoas prometiam e davam. Ele tinha uma máxima curiosa. Católico convicto, sempre que lhe prometiam alguma coisa para o seu Museu, de imediato advertia: é católico, se o é e não cumprir vai direitinho às profundezas do inferno, se não é, ao rico não devas e ao Museu de Vila Flor não prometas. 3

Vou mostrar algumas fotografias do museu, em jeito de visita guiada. O edifício do museu, que era a antiga Câmara Municipal e que, de 1950 a 1958, foi reabilitado para Museu e Biblioteca, com diversas salas. Temos a sala de arte sacra, com destaque para um oratório de madeira de castanho revestido a laca, datado de 1739, com as características pinturas da época. Tem cinco engenhosos esconderijos. A sala etnográfica com objectos curiosos, vale a pena visitar. A sala de Vila Flor, com diversos objectos, fotografias, livros escritos por Vila Florenses. No Museu de Vila Flor está tudo muito misturado. Ao lado de uma peça, se calhar de grande valor, encontramos uma peça que pouco valor tem, mas há um valor afectivo porque toda a gente em Vila Flor gosta de dar o seu contributo para o Museu. Temos, por exemplo, uma valiosíssima colecção de máquinas de escrever antigas e, neste momento, temos um grande montão" de máquinas mais actuais e até já podemos encontrar computadores. Existe um relacionamento afectivo da terra com o Museu e já chegamos ao ponto de não termos mais espaço e ser difícil dizer não às pessoas. A Sala do pintor Manuel de Moura, pintor reputado e Vila Florense, onde também há diversas colecções de relógios e também de pintura. Por exemplo, temos um dos primeiros quadros da Vila Florense Graça Morais, em que ela retrata a avó. Temos uma sala com uma valiosíssima biblioteca, com 23.000 volumes, que mantemos apesar de haver uma biblioteca municipal nova. A Sala do pintor Manuel de Moura, pintor reputado e Vila Florense, onde tam- 4

bém há diversas colecções de relógios e também de pintura. Por exemplo, temos um dos primeiros quadros da Vila Florense Graça Morais, em que ela retrata a avó. No Museu existe uma coisa muito curiosa, uma pequenina Torre do Tombo, também trabalho do Senhor Raul. Trata-se de um arquivo com uma importância extraordinária. Durante a sua vida, Raul de Sá Correia foi fazendo recortes de jornais de tudo aquilo que tinha a ver com as famílias de Vila Flor. Não só recortes de pessoas de Vila Flor, recortes também de vultos a nível nacional, escritores, actores, políticos, republicanos, monárquicos, bispos, está tudo ali, muita coisa que gente estudiosa procura e vai visitar, copia. Vale a pena passar pelo Museu de Vila Flor é uma casa cheia de curiosidades. Aquele museu é um espaço que tem de ficar assim, é a memória colectiva daquela gente que o pede. Quando cheguei à Câmara de Vila Flor ainda houve algumas pessoas a falarem-me em experiências museológicas Traga cá a Dra. Simoneta Afonso. Para mim isto é para continuar assim. Se calhar é assim que este museu, este pólo tem interesse para o Museu do Douro. 5