UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA SEDIMENTAR E AMBIENTAL GEOMORFOLOGIA E FOTOGEOLOGIA FORMAS DE RELEVO

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Transcrição:

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA SEDIMENTAR E AMBIENTAL GEOMORFOLOGIA E FOTOGEOLOGIA FORMAS DE RELEVO morfoestruturas Prof.: André Negrão

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RELEVOS ESTRUTURAIS Formas de relevo controladas, principalmente, pelas características estruturais do substrato rígido que os constituem: Litologia Geometria de camadas (sedimentares ou ígneas) Estruturas tectônicas (falhas, fraturas, dobras, foliação, etc) Objetivos da classificação do relevo: Mapeamento Geotécnico Risco geológico Planejamento urbano Mapeamento geoambiental Mapeamento Geológico Mapeamento Estrutural Mapeamento e controle de recursos minerais e energéticos Mapeamento hidrogeológico

Formas relacionadas à dissecação e feições residuais Crista simétrica Forma de relevo residual alongada, isolada, com vertentes de declividade forte e equivalentes que se interceptam formando uma linha contínua. Ocorre em rochas metamórficas e intrusivas ou em outras litologias mais resistentes do que as circunvizinhas.

Formas relacionadas à dissecação e feições residuais Crista assimétrica/hogback Forma de relevo residual alongada cujas encostas apresentam declividade superior a 30, uma das quais formando escarpa nítida. Ocorre com mais frequência em rochas metamórficas ou em metassedimentos dobrados com mergulho subvertical, isolada ou formando feixe de cristas.

Formas relacionadas à dissecação e feições residuais Inselberg Forma residual que apresenta feições variadas tipo crista, cúpula, domo ou "dorso de baleia", com encostas com declives em torno de 50 a 60, dominando uma superfície de aplanamento herdada, com a qual forma no sopé uma ruptura de onde divergem as rampas de erosão. Ocorre com maior frequência em depressões periférica e interplanáltica, em áreas de rochas metamórficas cortadas por intrusões, com diferenças de resistências entre essas e as rochas encaixantes.

Formas relacionadas a bacias e coberturas sedimentares Cuesta Forma de relevo assimétrico com desnível abrupto resultante de recuo erosivo de camadas sedimentares homoclinais, de resistências diferentes, apresentando frente escarpada (front) e reverso com fraca declividade. Ocorre em áreas externas de bacias sedimentares e dobramentos de cobertura, apresentando, às vezes, falhamentos associados.

Formas relacionadas a bacias e coberturas sedimentares Morro testemunho (mesa) Relevo residual de topo plano, limitado por escarpas, resultante do recuo pela erosão de frente de cuesta ou de outras escarpas de relevos tabuliformes formados em rochas sedimentares ou excepcionalmente em derrames vulcânicos. Ocorre nas depressões periféricas, precedendo frentes de planaltos sedimentares ou sobre estes planaltos, chapadas e tabuleiros, assinalando contato de rochas de resistências diferentes ou limites de recuo de erosão.

Formas relacionadas a bacias e coberturas sedimentares Borda de patamar estrutural Rebordo erosivo que limita superfície tabular, formando degrau, de topo parcial ou totalmente coincidente com um plano estratigráfico exumado. Ocorre predominantemente em bacias sedimentares ou nos limites destas com outras estruturas discordantes, em contatos de camadas de rochas de litologias distintas.

Formas relacionadas a dobramentos Borda de anticlinal escavado Escarpa voltada para o centro da anticlinal escavada em consequência da erosão seletiva sobre camadas menos resistentes ao longo da charneira da dobra. Ocorre em estruturas dobradas, truncadas por aplanamento e retrabalhadas pela erosão, resultando numa inversão topográfica.

Formas relacionadas a dobramentos Dorso de anticlinal Forma preservada pela existência de uma camada resistente à erosão associada a charneira de dobra anticlinal. Ocorre em estrutura dobrada parcialmente conservada devido a condições especiais, tal como a presença de camadas de rochas mais duras, que a resguardaram da erosão.

Formas relacionadas a dobramentos Facetas triangulares/trapezoidais de camadas Formas predominantemente triangulares resultantes da esculturação de estratos sedimentares de resistência distinta à erosão, acompanhando o seu mergulho e limitadas por escarpas. Ocorrem em estruturas dobradas ou homoclinais, nos flancos das anticlinais e de sinclinais constituídas de camadas com resistências diferentes à erosão.

Formas relacionadas a dobramentos Marcas de enrrugamento Cristas justapostas paralelamente, com regular distribuição espacial, resultado de intensa deformação de caráter rúptil ou dúctil. Ocorrem geralmente em terrenos que foram submetidos á intensa atividade tectônica, em especial de cinemática transcorrente ou transpressiva.

Formas relacionadas a falhas Escarpa de falha Escarpa resultante da erosão remontante, acompanhando paralelamente uma zona de falha. Ocorre nas zonas de falhamentos verticais e/ou transcorrentes em morfoestruturas constituídas por rochas rígidas.

Formas relacionadas a falhas ou fraturas (diaclase) Vale estrutural Incisão em forma de vale originada a partir de falha, fraturas, submetida à tectônica rúptil, de corrência litológica generalizada. Ocorre geralmente em rochas rígidas (quartzitos, granitos e metamórficas diversas) submetidas à eventos de tectônica rúptil.

Formas relacionadas a estruturas circulares Forma anelar Ressalto topográfico, geralmente de forma circular ou elíptica, situado em plano superior ao da rocha encaixante, ou então interiormente erodida, em razão da diferença de resistência à erosão. Caracteriza-se pela presença de ravinas e/ou material coluvial em suas encostas, com padrões de drenagem anelar e radial. Ocorre nos corpos ígneos intrusivos, em rochas sedimentares e secundariamente em rochas metamórficas. Incluem-se, nesta categoria, as estruturas de impacto ou astroblemas.

Formas de gênese indiferenciada Canyon Vale profundo com vertentes íngremes e desnível elevado, esculpido em litologias variadas. Pode ter controle estrutural ou não e geralmente ocorre em planaltos.

Formas de gênese indiferenciada Cristas alinhadas (linha de cumeada) Forma de relevo alongada, resultante da interseção de vertentes de forte declividade, geralmente constituindo a direção geral de estruturas tectogênicas, formando grandes alinhamentos, em terrenos sujeitos a forte deformação. Pode, também, representar estruturas primárias no caso de rochas ígneas plutônicas, de abrangência local com tendências a formar feições circulares ou elípticas.

Formas de gênese indiferenciada Ressalto Ruptura de declive que limita diferentes tipos de modelado ou diferentes níveis altimétricos cujo traçado pode ser relacionado a controle estrutural ou litológico.