Ozeias S. Barroso¹; Ademar A. S. Júnior ²Giulliano Gardenghi 3,

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Transcrição:

Estudo comparativo do comportamento da frequência cardíaca de jogadores de basquetebol cadeirantes e não cadeirantes Comparative study of the Heart Rate Behavior Basketball Jocks wheelchair users and NOT wheelchair Ozeias S. Barroso¹; Ademar A. S. Júnior ²Giulliano Gardenghi 3, Resumo Introdução: O esporte adaptado vem ganhando espaço no Brasil e no mundo, em particular o basquete de cadeira de rodas. Atletas cadeirantes de basquetebol podem apresentar, durante jogo, um comportamento cardiovascular diferente dos atletas não cadeirantes, pelo maior recrutamento dos membros superiores (MMSS) durante a prática esportiva. A literatura mostra que exercícios com os MMSS promovem maior aferência para o coração, resultando em maiores respostas cronotrópicas para a mesma intensidade de esforço. Além disso, muitos indivíduos com lesão medular apresentam respostas disautonômicas que podem interferir no comportamento da frequência cardíaca (FC). Objetivo: Verificar o comportamento da FC entre atletas da modalidade de basquetebol cadeirantes e não cadeirantes, durante jogo, comparando as respostas obtidas. Material e Métodos: Foram selecionados jogadores de basquetebol cadeirantes e não cadeirantes, submetidos a treinamento regular, quanto à sua prática desportiva. Todos foram mantidos em repouso por cinco minutos, tendo sido aferidos seus valores de FC por meio de frequencímetro Polar FT7. Ambos os grupos foram submetidos a jogo treino (cadeirantes X cadeirantes e não cadeirantes X não cadeirantes), com incentivo a buscarem seu máximo desempenho atlético possível. Imediatamente ao término do jogo, foram reavaliados os valores de FC em todos os jogadores. Na estatística, apresentamos os dados como média e desvio padrão. Utilizou-se também teste T de Student pareado, assumindo como significantes valores de p menores que 0,05. Resultados: 20 jogadores de basquetebol (10 cadeirantes e 10 não cadeirantes), sem diferença de idade entre os grupos (idade cadeirantes: 33±6 vs. Idade não cadeirantes: 41±6 anos, p=0,09) foram avaliados. Os valores de FC em repouso eram semelhantes entre os grupos (FC cadeirantes: 71±7 vs. FC não cadeirantes: 76±7 bpm anos, p=0,10). O comportamento da FC ao término do jogo foi também semelhante entre os grupos, sendo que o aumento da mesma foi avaliado pelo Delta ( ) de FC (FC máxima -FC repouso) ( FC cadeirantes: 101±11 vs. FC não cadeirantes: 93±12 bpm anos, p=0,09). Conclusão: Jogadores de basquetebol cadeirantes, quando submetidos à mesma carga de esforço físico durante o jogo, apresentaram o mesmo aumento de FC dos não-cadeirantes. Não foram evidenciadas alterações no padrão cronotrópico entre os indivíduos estudados. Descritores: Frequência Cardíaca; Basquetebol; Cadeira de rodas; Atletas

Abstract Introduction: Adapted sport is becoming more popular in Brazil and the world, in particular the basketball wheelchair. Athletes can basketball wheelchair present during game, a different cardiovascular behavior of athletes not wheelchair, hair increased recruitment of upper limbs (UL) during a sports practice. The literature shows what exercises with OS UL promote greater afferent for heart, resulting in more answers chronotropic paragraph same intensity effort. In addition, many individuals with spinal cord injury have answers may que dysautonomic interfere with the behavior of the heart rate (HR). Objective: Check the FC behavior among wheelchair basketball mode of athletes and not wheelchair, game over, comparing how obtained responses. Methods: Were selected the wheelchair basketball Jocks and not wheelchair, undergo regular training, How YOUR sports practice. All were kept at Rest by minutes five tendon been measured values of FC through a Polar FT7. Both OS groups were undergoing training game (handicap accessible X and no X not wheelchair wheelchair), with encouragement to seek your maximum performance athletic possible. Immediately the end of the game, were revalued OS FC values in all players. In statistics, presented the data as means and standard deviation. Also, we used paired Student t test, assuming how significant values "p" minor que 0.05. Results: 20 Jocks Basketball (10 wheelchairs and 10 NOT wheelchair) without age gap between OS Groups (wheelchair Age: 33 ± 6 vs. Age NOT wheelchair: 41 ± 6 years, p = 0.09) were evaluated. The HR values at rest were similar between groups (wheelchair FC: 71 ± 7 vs FC handicap no: years 76 ± 7 bpm, p = 0.10). FC behavior when the game was ending also similar in both groups, being that increased the same was checked hair Delta ( ) FC (FC -FC Home Maximum) ( FC wheelchair: 101 ± 11 vs FC NOT wheelchair: 93 ± 12 bpm years, p = 0.09). Conclusion: wheelchair basketball players, when undergoing same load of physical effort during the game, had the same increased FC-DOS not wheelchair changes in cronotrópico Standard OS Among individuals studied were not observed. Key words: heart rate; basqueteball; wheelchairs; athletes 1. Bacharel em Educação Física pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás e Pós graduando e Fisiologia do Exercício pelo CEAFI-GO. 2. Doutorando em Ciências da Saúde, Coordenador do curso de Educação Física da Universidade Estadual de Goiás, Professor Universidade Estadual de Goiás e Professor na faculdades Salgado de Oliveira e Estácio de Sá de Goiás. 3. Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela FMUSP, Coordenador Científico do Serviço de Fisioterapia do Hospital ENCORE/GO, Coordenador Científico do CEAFI Pós-graduação/GO e Coordenador do Curso de Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar do Hospital e Maternidade São Cristóvão, São Paulo/SP Brasil.

Introdução Os esportes adaptados vem tomando um importante lugar no Brasil e no mundo em particular a modalidade de basquetebol de cadeira de rodas. A modalidade é praticada por atletas de ambos os sexos que tenham alguma deficiência físico-motora, sob as regras adaptadas da Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas (IWBF). ¹ Segundo o site oficial do movimento paralímpico, desde a sua criação o basquetebol adaptado tem crescido em todo o mundo e foi introduzido no cenário global em Roma nos Jogos Paralímpicos de 1960 e hoje é praticado em quase 100 países. No Brasil, foi a primeira modalidade paralímpica a ser praticada, em 1958. Os principais responsáveis pelos primeiros passos foram Sérgio Del Grande e Robson Sampaio.² Atletas cadeirantes de basquete podem apresentar, durante jogo, um comportamento cardiovascular diferente dos atletas não cadeirantes, pelo maior recrutamento dos membros superiores (MMSS) durante a pratica esportiva. A literatura mostra que exercícios com MMSS promovem maior aferência para o coração, resultando em maiores respostas cronotrópicas para a mesma intensidade de esforço. Além disso, muitos indivíduos com lesão medular apresentam respostas disautonômicas que podem interferir no comportamento da frequência cardíaca (FC). Lesão medular pode ser dividida em causas congênitas (mieloeningocele ou espinha bífida), lesão medular não traumática e lesão medular traumática ou traumatismo raquimedular (TRM). A lesão medular ocorre principalmente no sexo masculino na faixa etária de 15 a 40 anos. Acidentes automobilísticos, quedas, acidentes por mergulho em água rasa e ferimentos por armas de fogo tem sido as principais causas de TRM.³Os comprometimentos da lesão dependem do nível atingido, ou seja, os movimentos e as sensações corporais estarão parcialmente reduzidos ou totalmente perdidos abaixo do nível da lesão. O que determina o nível da lesão não é o nível da fratura e sim o nível do comprometimento neurológico avaliado. Quanto mais próximo do cérebro a lesão é chamada de alta e quanto mais distante do cérebro é chamada de baixa. O estudo tem como tema: Estudo comparativo do comportamento da frequência cardíaca de jogadores de basquetebol cadeirantes e não cadeirantes

durante jogo ; como objetivo geral verificar o comportamento da FC entre atletas da modalidade de basquetebol cadeirantes e não cadeirantes, durante jogo, comparando as respostas obtidas. O artigo nasceu do seguinte questionamento: Devido a inatividade de membros inferiores (MMII), a FC de atletas cadeirantes eleva mais do que a dos não cadeirantes durante jogo de basquete? Dessa forma, comparar o comportamento da FC dos cadeirantes e não cadeirantes atletas de basquetebol pode constituir um significativo avanço aos estudos na área da educação física adaptada. Metodologia Amostra O estudo em questão se constitui de uma coorte prospectiva de caráter quantitativo, do tipo pesquisa de campo, visando mensurar a FC de praticantes de basquete nas condições cadeirantes e não cadeirantes durante um jogo simulado de basquete. Consentiram em participar do estudo 20 homens jogadores de basquete (10 cadeirantes e 10 não cadeirantes) em ritmo de treino regular há pelo menos seis meses, sem diferença de idade entre os grupos (idade cadeirantes: 33 ±6 anos vs. idade não cadeirantes: 41 ±6 anos, p = 0,09). Procedimento Para a pesquisa foi utilizado o protocolo de Guedes &Guedes ³, que possibilita avaliar a FC. Os tipos de FC coletados foram: pré jogo e durante jogo sendo que para ambos os tipos foi utilizado aparelho frequencímetro Polar FT7 que pelo qual foi utilizado o software do mesmo para registro dos resultados encontrados. Para coleta da FC pré jogo e máxima durante jogo foram observados os seguintes requisitos: - os jogadores foram mantidos em repouso durante cinco minutos para registro da FC pré jogo; - cada atleta utilizou fita transmissora (umedecida para melhorar a captação da FC), em contato com a pele, no local do tórax, abaixo do peito, de forma a não comprimir o abdómen quando o avaliado

estivesse sentado na cadeira de rodas e não prejudicar o seu desempenho durante o treino, mas com pressão suficiente para que permanecesse fixa na mesma posição durante o transcorrer de toda avaliação; - os frequencímetros foram colocados sem nenhum ficheiro (registro) de treino arquivados em suas memórias, com o alarme sonoro desligado para não atrapalhar o atleta durante o teste, e o registro dos batimentos cardíacos foi ajustado para efetuar a gravação para posterior análise; para diminuir as possibilidades de erros ou problemas durante a avaliação, - os frequencímetros estavam com bateria nova; - o aparelho relógio foi colocado no punho do atleta (e em alguns casos no bolso), e no braço de menor dominância, neste caso o esquerdo, de forma de não comprometesse o gesto técnico do arremesso durante o teste, verificando novamente se estavam recebendo corretamente os impulsos referentes aos batimentos cardíacos enviados pela fita transmissora. Para cálculo da FC máxima durante jogos realizou-se três jogos simulados com intervalo de um mês entre os mesmos sendo que ao final dos jogos foi somado o resultado e divido por três para mensuração da média final.todos os dados referente a FC foram registradas em ficha de anamnese que foram analisadas. Na estatística, apresentamos os dados como média e desvio padrão. Utilizou-se também teste T de Student pareado, assumindo como significantes valores de p menores que 0,05. Resultados 20 jogadores de basquete (10 cadeirantes e 10 não cadeirantes), sem diferença de idade entre os grupos (idade cadeirantes: 33±6 vs. Idade não cadeirantes: 41±6 anos, p=0,09) foram avaliados. Os valores de FC em repouso eram semelhantes entre os grupos (FC cadeirantes: 71±7 vs. FC não cadeirantes: 76±7 bpm anos, p=0,10) conforme demonstra tabela 01. O comportamento da FC ao término do jogo foi também semelhante entre os grupos, sendo que o aumento da mesma foi avaliado pelo Delta ( ) de FC (FC máxima -FC repouso) ( FC cadeirantes: 101±11 vs. FC não cadeirantes: 93±12 bpm anos, p=0,09) conforme demonstra as figuras 01 e 02.

Tabela 01. Valores referentes à idade, frequência cardíaca (FC) pré-jogo e no esforço máximo durante o jogo e delta de variação de FC, dos participantes da pesquisa. Grupo de cadeirantes Idade (anos) FC pré-jogo (bpm) FC máxima durante jogo (bpm) Delta de variação da FC (FC máx-fc pré-jogo) 01 27 73 175 102 02 29 78 188 110 03 24 78 158 80 04 28 70 177 107 05 38 57 166 109 06 37 75 160 85 07 32 77 169 92 08 43 71 182 111 09 39 75 176 101 10 38 60 172 112 Grupo de Não cadeirantes 01 50 80 188 108 02 36 68 157 90 03 50 87 150 63 04 49 80 173 93 05 47 70 161 91 06 40 65 172 107 07 34 78 170 92 08 33 83 179 96 09 37 80 169 89 10 42 75 173 98 Legenda: FC=Frequência cardíaca; bpm=batimentos por minuto; FC máx = frequência cardíaca máxima; FC pré jogo = frequência pré jogo.

Figura 01 Demonstração do comportamento da frequência cardíaca entre os dois grupos. Figura 02 Delta de frequência cardíaca.

Discussão Schmidt et al 4 em um estudo de caso comparou as respostas fisiológicas entre cadeirantes sedentários e atletas de basquetebol. Foi constatado que o volume cardíaco em atletas é maior do que nos sedentários e em atletas com lesão medular é menor do que em amputados. Verificou se também que em todos os grupos e tipos de lesão não houve diferença na FC máxima. Um estudo realizado por Bernardi et al 5 avaliou as respostas cardiorrespiratórias e metabólicas agudas de atletas paralímpicos com lesão medular em cinco esportes diferentes (esqui sentado, corrida, basquetebol, esgrima e tênis) e concluíram que a FC e o pico de consumo de oxigênio ( VO ² pico) e limiar ventilatório ( LV) foi maior que outros grupos. Os mesmos autores relatam que o VO ² pico não é diferente comparando basquete em cadeira de rodas e corrida. Para Hultzler et al 6 quando comparadosatletas cadeirantes com lesão medular comesportistas cuja etiologia fosse outra patologiade origem não central (amputação de membroinferior, amputação decorrente de poliomielite,ou processos degenerativos de origem óssea), os grupos com lesão neurológica apresentam capacidades aeróbias e anaeróbias significativamentereduzidas em relação aos grupossem lesão medular.quanto mais alto o nível da lesão, maior o comprometimento das vias do sistema nervoso simpático. Vanessa et al 7 defende que a lesão medular é uma das lesões mais devastadoras, impondo ao longo do seu curso múltiplos desafios e que também pode ocorrer algumas disfunções autonômicas após a ocorrência da lesão. O sistema nervoso autônomo (SNA) regula múltiplos parâmetros da função cardiovascular nomeadamente, o fluxo coronário, contratilidade cardíaca, FC e respostas vasomotoras periféricas. Na lesão medular o compromisso da atividade autonômica está diretamente relacionado com o nível e a gravidade da lesão (completa e não completa) 8,9. No entanto, para Zucheto et al 10, o lesionado medular pode usufruir de inúmeros benefícios pois o basquetebol adaptado, assim como outras modalidades voltadas aos portadores de necessidades especiais, contribuem, significativamente, para a melhoria do convívio social, para a promoção da

independência do sujeito social, de um autoconceito mais positivo de si mesmo; enfim, faz com que os portadores de alguma limitação física/mental sejam encorajados a fazer tudo o que são capazes, buscando otimizar o seu potencial, e assim melhorarem a sua qualidade de vida, tornando-se protagonistas desta autotransformação, através do empoderamento individual. O exercício físico ainda permite que o indivíduo tenha um estilo de vida ativo e consequentemente possa usufruir de benefícios na saúdefísica comopor exemplo melhoriado perfil lipídico e outros. Apesar da lesão medular levar a um comprometimento nos sistemas fisiológicos, os problemas psicológicos são os mais frequentes, tais como raiva, negação, depressão e alterações no humor e interferência nas relações sociais.sendo assim, a pratica regular de exercício físico é de grande importância para minimizar esses aspectos negativos. Conclusão Conclui-se que Jogadores de basquete cadeirantes, quando submetidos à mesma carga de esforço físico durante o jogo, apresentaram o mesmo aumento de FC dos não-cadeirantes. Não foram evidenciadas alterações no padrão cronotrópico entre os indivíduos estudados. Referências 1. Site oficial da Federação Internacional de basquete de cadeiras de rodas. www.iwbf.org 2. Site oficialda Confederação Brasileira de Basquetebol em cadeiras de rodas. www. cbbc.org.br 3. Bridwell K & de Wald Rl. The textbook of spinal surgery. 2 nd ed, Lippincott-Raven, Philadelphia, 1996, 2391 p. 4. Schmidt A, Huonker M, Stober P, Barturen JM, Schmidt-Trucksäss A, Dürr H, et al. Physical performance and cardiovascular and metabolic adaptation of elite female wheelchair basketball players in wheelchair ergometry and in competition. Am J Phys Med Rehabil. 1998;77(6):527-33. 5. Bernardi M, Guerra E, Gi Giacinto B, Di Cesare B, Di Cesare A, Castellano V, Bhambhani Y. Field evaluation of paralympic athletes in selected sports: implications for training. Med Sci Sports Exerc. 2010; 42(6):1200-8.

6. Hutzler Y, Ochana S, Bolotin R, Kalina E. Aerobic and anaerobic arm-cranking power outputs of males with lower limb impairments: relationship with sport participation intensity, age, impairment and functional classification. Spinal Cord. 1998; 36(3):205-12 7. Roque, Vanessa (1),Cunha, Inês (2), Rocha, Afonso (3), Andrade, Maria João (4). Disfunções Autonómicas após Lesão Medular. Autonomic Nervous System Dysfunction after Spinal Cord Injury. 2013 8. Krassioukov A, Karlsson AK, Wecht JM et al. Assessment of autonomic dysfunction following spinal cord injury: Rationale for additions to International Standards for Neurological Assessment. JRRD. 2007; 44 (1):103 112. 9. - Gregorean V, Sandu A, Popescu M, Iacobini MA, Stoian R, Neascu C, et al. Cardiac ysfunctions following spinal cord injury. J Med Life. 2009;2(2):133-45 10. Zucheto, A. T. e Castro, R. L. V. G. As contribuições das atividades físicas para a qualidade de vida dos deficientes físicos. Revista Kinesis, Santa Maria, n.26, 52-69p, Maio 2002.