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Transcrição:

O NOVO PARADIGMA DA PROMOÇÃO IMOBILIÁRIA: REABILITAÇÃO URBANA RBANA, QREN E ARRENDAMENTO RRENDAMENTO. I) ) Equação do Actual Paradoxo vivido pelo Sector Imobiliário Como todos sabemos, os últimos anos foram caracterizados pela profunda crise que afecta o sector imobiliário Nos últimos dez anos, a produção do sector de Construção Civil e Obras Públicas teve uma quebra superior a 41%, mas nos últimos dois anos este cenário agravou-se consideravelmente. Em 2011 perderam-se mais de 83.900 empregos e prevê-se a perca de cerca de 140 mil postos de trabalho no decorrer deste ano 2012. Ora neste cenário de crise do imobiliário, vivemos confrontados com uma unanimidade de opiniões de que a REABILITAÇÃO URBANA das nossas cidades é a única janela de oportunidade para a construção / promoção mas, paradoxalmente, também constatamos que são ainda escassos os projectos de reabilitação em execução. Com efeito, a reabilitação urbana apenas representa 6% da construção realizada em Portugal, enquanto em outros países da Europa são de 32% na Alemanha 46% em Itália, sendo que a média europeia é agora de 23%), o que, necessariamente, provoca a nossa reflexão: Se estamos todos (Promotores, Investidores, Políticos, Governo, Autarquias Locais) de acordo de que o único caminho é a reabilitação, porquê este fraco desempenho português em matéria de reabilitação urbana? A resposta é evidente: Porque falta dinheiro! 1

Se não vejamos resumidamente: Os particulares estão descapitalizados, as empresas (de construção e de promoção) estão descapitalizadas, os Bancos estão descapitalizados, as Autarquias Locais estão descapitalizadas e o Estado está descapitalizado!!! Então o que fazer? Para combater este paradoxo e procurando contorna-lo, temos defendido em diversos fóruns (e pensamos que a APPII foi a primeira entidade a faze-lo) a reprogramação do campo de aplicação dos fundos comunitários do QREN ( Quadro de Referência Estratégico Nacional para os anos de 2007-2013 2013) de forma a que parte desses fundos possam ser utilizados pelos promotores e investidores imobiliários, através de protocolos jurídicos contratualizados e fiscalizados, em projectos concretos de reabilitação urbana, de que as nossas cidades tão carecem, e sobre os quais existe um consenso generalizado quanto ao seu interesse público. Com efeito, de acordo com os últimos números disponíveis de Execução do QREN referentes ao final do primeiro trimestre de 2012, a actual taxa de execução do QREN é de 42,1% o que corresponde a 9,05 mil milhões de euros. Desta forma, dos 21,5 mil milhões disponibilizados para Portugal, encontram-se por executar 57,9 % o que equivale a 12,45 mil milhões de euros e isto até ao final de 2013. E o Programa Valorização do Território, que é uma das componentes do QREN, especialmente relevante para o sector imobiliário, pois sendo específico para valorizar o território forçosamente inclui as Cidades, apresenta uma taxa de execução de apenas 36%, o que significa que estão ainda disponíveis 2,6 mil milhões de euros de um total de 2

4,6 mil milhões de euros até finais de 2013, correndo o risco, caso não sejam executados no tempo aprazado, de serem devolvidos a Bruxelas. A este propósito, a APPII não pode deixar de denunciar a sua perplexidade quando assiste a que uma parte muito significativa das verbas do QREN está a ser devolvida a Bruxelas por pura incapacidade financeira e burocrática da componente nacional realizar projectos atempadamente. Perante um paradoxo e um absurdo, a APPII sente-se obrigada a apresentar uma proposta concreta: que parte dos fundos do QREN, possam ser reprogramados e afectos a projectos de reabilitação urbana. Devo confessar que não imaginei que na minha vida de empresário pudesse vir a partilhar consensos com o Partido Comunista Português mas a verdade é que me congratulo com o facto do P.C.P ter apresentado há poucos dias na Assembleia da Republica um projecto de resolução (concretamente com o nº 349/XII) em que, e transcrevo: Impõe-se ainda que se concretize uma rápida intervenção que liberte os fundos estruturais do QREN. Tal opção, cuja justificação se sublinha ainda mais num quadro em que o país está mergulhado numa recessão económica profunda, representaria em muitos casos uma alavanca à actividade económica no sector da Construção Civil. REALMENTE A CRISE TEM VIRTUALIDADES QUE NOS SURPREENDEM: UNIMO-NOS NAS DIFICULDADES, MAS TAMBÉM NAS SOLUÇÕES!!! II) Resolução do Paradoxo: o: reabilitar para arrendar 3

Considerando que seriam utilizados fundos comunitários para a reabilitação urbana, esta nossa proposta concreta deve ser complementada com a possibilidade de uma parte importante dos fogos resultantes das operações de reabilitação serem necessariamente afectos ao arrendamento, aceitando os Promotores Imobiliários uma articulação com o Governo para definir os termos, prazos e condições que se revelarem adequados. III) Para que não seja tarde demais! Est stamos fortemente empenhados em encontrar e propor soluções para evitar o colapso do sector e é nesse esforço que se insere esta abordagem sobre o que consideramos ser o novo paradigma da promoção imobiliária, apresentando neste 1ª Encontro da Construção e do Imobiliário a presente proposta concreta que enuncia os princípios - base de uma solução estruturada que simultaneamente pretende incentivar a reabilitação urbana, financia-la la, provocar a desejada dinamização do mercado de arrendamento e contribuir para superar a profunda crise económica que atravessamos. Esperamos sinceramente que os nossos responsáveis políticos saibam (enquanto é tempo) compreender a urgência da concretização desta proposta, nesta semana em que a previsão da taxa de desemprego é de uns preocupantes 15% e sabendo-se que este sector ainda emprega (por enquanto!) cerca de 720.000 pessoas, de modo a que não venham, num acto de contrição próximo, a arrepender-se de ter sido tarde demais!. Não quero terminar sem referir uma palavra final para elogiar a competência, determinação e eficácia do Eng. Reis Campos, que 4

impecavelmente organizou este Encontro e que nos orgulhamos de ter como Presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário. MUITO OBRIGADO! 5