A DESCOBERTA DA PENICILINA E A RESISTÊNCIA DE MICRORGANISMOS AOS ANTIMICROBIANOS. Quixadá; Quixadá;

Documentos relacionados
TÍTULO: A UTILIZAÇÃO DO COBRE COMO ANTIMICROBIANO EM HOSPITAIS E LOCAIS PÚBLICOS DE GRANDE CIRCULAÇÃO

TÍTULO: PERFIL DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES ENCONTRADAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ONCOLÓGICA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA, MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA. Antibioticos e resistência bacteriana a drogas

USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS EM GERMES MULTIRRESISTENTES

Biossegurança Resistência Bacteriana. Professor: Dr. Eduardo Arruda

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA Autarquia Federal criada pela Lei Nº 5.905/73

RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS

Antibióticos. Disciplina Farmacologia Profª Janaína Santos Valente

Infecções causadas por microrganismos multi-resistentes: medidas de prevenção e controle.

USO RACIONAL DOS ANTIBIÓTICOS. Prof. Dra. Susana Moreno

Infecções por Gram Positivos multirresistentes em Pediatria

PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA HORIZONTAL DE MATERIAL GENÉTICO

DROGAS ANTIMICROBIANAS

IDENTIFICAÇÃO E SUSCEPTIBILIDADE BACTERIANA DE UMA UNIDADE HOSPITALAR PÚBLICA

PALAVRAS-CHAVE: Klebsilella. Enzima KPC. Superbactéria KCP.

Nitrofurantoína Prof. Luiz Antônio Ranzeiro Bragança Denis Rangel Monitor de Farmacologia Niterói, RJ 2º semestre de 2016

O papel da enfermagem na prevenção da seleção e disseminação de microrganismos resistentes aos antimicrobianos

AVALIAÇÃO DO USO DE CEFALOSPORINAS EM UM HOSPITAL DA CIDADE DE PONTA GROSSA, PARANÁ

Stewardship: A única luz no fim do túnel? Carla Sakuma de Oliveira Médica Infectologista

2º Curso de Antimicrobianos da AECIHERJ INTRODUÇÃO A ANTIBIÓTICOS DRA. DEBORA OTERO

Controle de Infecção Hospitalar (CIH) Professor: PhD. Eduardo Arruda

Infecções por microrganismos multirresistentes Hospital / Comunidade José Artur Paiva

Oliveira Angélica rocha 3 ; Machado Karine Cáceres 2 ; Pereira Simone Barbosa 3 RESUMO 1.INTRODUÇÃO

11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DE ANTIBIOTICOS CONTRA BACTÉRIAS PATOGÊNICAS

Quimioterápicos Arsenobenzóis Sulfas

Informativo da Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar

Controvérsias: FIM da vigilância para MRSA, VRE, ESBL

Farmacêutico na Área Hospitalar. Professor: Dr. Eduardo Arruda

Antimicrobianos e bases ecológicas da resistência bacteriana às drogas

O problema das resistências aos antimicrobianos em Portugal: causas e soluções

EMENTAS DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM FARMÁCIA CLÍNICA EM INFECTOLOGIA EAD

Informativo da Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar

PALAVRAS-CHAVE: Staphylococcus coagulase negativa. Infecção Hospitalar. Recém-nascidos. UTIN.

PLANO ESTADUAL DE ELIMINAÇÃO DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES (BMR) USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS

A REAL CONTRIBUIÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO DE ANTIBIÓTICOS MEDIANTE PRESCRIÇÃO DE RECEITA MÉDICA EM UMA DROGARIA EM CASTILHO-SP

ASSOCIAÇÃO DE ANTIBIÓTICOS NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

FOLHA INFORMATIVA FARMACOTERAPÊUTICA

Os Antibióticos - Profilaxia e Terapêutica das IACS

Bases ecológicas da resistência bacteriana às drogas

Glicopeptídeos Cinara Silva Feliciano Introdução Mecanismo de ação

Apresentar a importância do farmacêutico clínico no atendimento a pacientes de Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias.

O Problema da Doença Pneumocócica na América Latina

Biossegurança 14/02/2019

GCPPCIRA SESARAM, EPE

DIA EUROPEU DOS ANTIBIÓTICOS INFORMAÇÃO PARA O CIDADÃO

ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DO MEROPENEM NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ALCIDES CARNEIRO HUAC

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS: TESTES DE SENSIBILIDADE

PERFIL DE SENSIBILIDADE E RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE Pseudomonas aeruginosa E Escherichia coli ISOLADAS DE PACIENTES EM UTI PEDIÁTRICA

Elevado custo financeiro: R$ 10 bilhões/ano Elevado custo humano: 45 mil óbitos/ano 12 milhões de internações hospitalares Dados aproximados,

Gênero Staphylococcus Gênero Streptococcus. PDF created with pdffactory Pro trial version

Histórias de Sucesso no Controle da Infecção Hospitalar. Utilização da informática no controle da pneumonia hospitalar

TÍTULO: AUTORES UNIDADE ACADÊMICA ENDEREÇO ELERÔNICO PALAVRAS-CHAVE INTRODUÇÃO

RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS DE CEPAS DE Sthapylococcus aureus ISOLADAS DA UTI DE UM HOSPITAL DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM ES

PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO DE RESISTÊNCIAS AOS ANTIMICROBIANOS

INFECÇÃO HOSPITALAR. InfecçãoHospitalar. Parte 2. Profª PolyAparecida

TÍTULO: INCIDÊNCIA DE INFECÇÃO URINÁRIA ENTRE HOMENS E MULHERES NO MUNICÍPIO DE AGUAÍ EM PACIENTES QUE UTILIZAM O SUS

Brasil : Um retrato da Pneumonia Comunitária

Tela 1. Imagem. Esboço da tela. texto

Terapia Antimicrobiana para Infecções por K. pneumoniae produtora de carbapenemase Proposta da Disciplina de Infectologia UNIFESP

STATEMENT ASBAI POSICIONAMENTO TÉCNICO DA ASBAI SOBRE O USO DA PENICILINA EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE

Artigo BACTERIAN RESISTANCE: A LITERATURE REVIEW

COMISSÃO DE CULTURA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA CCEX. Av. Dr. Arnaldo, 455 1º andar sala 1301

SUMÁRIO. Glossário Apresentação PARTE I PRINCÍPIOS GERAIS... 27

MONITORAMENTO DA DISPENSAÇÃO DOS MEDICAMENTOS DE USO RESTRITO UTILIZADOS POR PACIENTES INTERNADOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE TERESINA, PIAUÍ.

Grupo de Interesse de Infecciologia Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar 23 de fevereiro de 2018 Lisboa

1º episódio Podcast Canal Dermatologia

USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS

Administração uma vez ao dia

RELATÓRIO S0BRE A PESQUISA DAS ACTIVIDADES ANTI-BACTERIAIS E ANTI- FÚNGICAS DA PREPARAÇÃO "Herba Sept Strong"

SENSIBILIDADE ANTIMICROBIANA DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS ISOLADOS EM MASTITES BOVINAS NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 1

Audiência Comissão de Saúde Assembleia da República, 28 Setembro Surto de infeções hospitalares por bactérias multirresistentes

PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM INFECTOLOGIA PEDIÁTRICA PERÍODO DE 2 ANOS DEPARTAMENTO DE INFECTOLOGIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE AMOSTRAS DE CÃES E GATOS ATENDIDOS EM HOSPITAL VETERINÁRIO

Palavras-chave Microbiologia; Antibióticos; Resistência Bacteriana.

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

ANTIBIÓTICOS: Características Químicas e como seu Consumo Indevido Pode Causar um Problema na Saúde Pública.

Antibióticos. O impacto causado pelo mau uso no desenvolvimento de resistência bacteriana. Caio Roberto Salvino

ANTIBIÓTICOS EM ODONTOPEDIATRIA NÃO PROFILÁTICOS E PROFILÁTICOS

Infect Control 1983; 4:

SUPERBACTÉRIAS: UM PROBLEMA EMERGENTE

Prevenção e controlo de infeção e de resistências a antimicrobianos

Gonçalo Rodrigues Unidade de Farmacologia Clínica 13 Março 2015

Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados Resolução RDC n de outubro de 2010

ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM CIRURGIA NO HOSPITAL REGIONAL WALLACE THADEU DE MELLO E SILVA DE PONTA GROSSA (HRPG)

Mitos e verdades sobre a resistência aos antimicrobianos Acadêmico Prof. Dr. Marcelo Polacow Bisson SIMPÓSIO FCE ACFB/ANF

ALIANÇA INTERSECTORIAL PARA A PRESERVAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS

Infarma, v.22, nº 5/6, 2010

USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS

Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA)

Programa de uso racional de antimicrobianos

Brasil lança plano contra superbactérias e hospitais racionalizam antibióticos

ESPAÇO ABERTO / FORUM

Antimicrobianos. Prof. Leonardo Sokolnik de Oliveira

RESULTADO TRABALHOS CIENTÍFICOS

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DE INFECÇÃO POR ACINETOBACTER SPP EM AMOSTRAS DE HEMOCULTURAS DE UM LABORATÓRIO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

MESA REDONDA. RDC Teoria e Prática

PERFIL DE SENSIBILIDADE APRESENTADO POR BACTÉRIAS ISOLADAS DE CULTURAS DE SECREÇÃO TRAQUEAL

Transcrição:

A DESCOBERTA DA PENICILINA E A RESISTÊNCIA DE MICRORGANISMOS AOS ANTIMICROBIANOS Amanda Santos Cavalcante 1 ; Paula Paiva Dos Anjos 1 ; Lilian Cortez Sombra Vandesmet 2 1 Discente do Curso de Biomedicina da Unicatólica Centro Universitário Católica de Quixadá; 2 Docente do curso de Biomedicina da Unicatólica Centro Universitário Católica de Quixadá; E-mail: lilianvandesmet@gmail.com RESUMO A descoberta da penicilina como primeiro antibiótico utilizado com eficácia foi o marco dos antimicrobianos no mundo, principalmente se tratando do período da Segunda Guerra Mundial, onde os casos de infecções eram alarmantes. Prontamente, o novo antibiótico salvou milhares de vida, porém, a notícia sobre a resistência de microrganismos a nova droga veio logo depois, devido a utilização excessiva e a mutações em espécies microbianas, dando inicio a uma corrida pela busca de novos antimicrobianos eficazes. Atualmente, os antimicrobianos são amplamente utilizados pela população em geral para tratar diversos tipos de enfermidades. Como na descoberta da penicilina, estes nem sempre são utilizados da forma correta, ocasionando a multiresistencia de microrganismos, dando origem a uma situação crítica de saúde publica, fazendo com que os tratamentos já existentes não tenham mais o efeito desejado, seguindo-se de uma intensa procura por novas terapias cada vez mais fortes. Palavras-chave: Infecções. Antimicrobianos. Penicilina. resistência bacteriana.

INTRODUÇÃO Os avanços tecnológicos relacionados aos procedimentos invasivos para o diagnóstico, o tratamento e o aparecimento de microrganismos multirresistentes aos antimicrobianos tornaram as infecções hospitalares (conceitualmente considerada como toda infecção adquirida ou transmitida no espaço hospitalar) um problema de saúde pública (TURRINI; SANTOS, 2002). Os índices de infecção hospitalar nas UTIs tendem a ser maiores do que aqueles encontrados nos demais setores do hospital, devido à gravidade das patologias de base, aos procedimentos invasivos utilizados ao longo do tempo de internação e ao comprometimento imunológico, que tornam os pacientes mais susceptíveis à aquisição de infecções. Pneumonias hospitalares ocasionadas por bactérias multirresistentes em pacientes sob ventilação mecânica, infecções do trato urinário, infecções de sítio cirúrgico e de tecidos moles têm sido as mais frequentemente diagnosticadas em UTIs (CAVALCANTE; FACTORE; FERNANDES; BARROS, 2000). Os antimicrobianos são substâncias naturais (antibióticos) ou sintéticas (quimioterápicos) que agem sobre microrganismos inibindo o seu crescimento ou causando a sua destruição (SÁEZ-LLORENS, 2000). Dos tipos de antimicrobianos os antibióticos são as classes de medicamentos mais utilizados e mais prescritos tanto para uso intra-hospitalar quanto para a automedicação. Podem ser classificados como bactericidas, quando causam a morte da bactéria, ou bacteriostáticos, quando promovem a inibição do crescimento microbiano (WALSH, 2003). Uma das principais preocupações mundiais quanto ao uso racional de medicamentos está relacionada à utilização de antimicrobianos. O aumento da resistência bacteriana a vários agentes antimicrobianos acarreta dificuldades no manejo de infecções e contribui para o aumento dos custos do sistema de saúde e dos próprios hospitais. (EICKHOFF; NEU,1992-1993). O emprego indiscriminado dos antimicrobianos em pacientes é responsável pelo desenvolvimento de resistência microbiana. A expressão resistente significa que o germe tem a capacidade de crescer in vitro em presença da concentração que essa droga atinge no sangue, ou seja, o conceito é dose-dependente. No entanto, a concentração sanguínea de muitos antimicrobianos é inferior à concentração alcançada pelo mesmo em outros líquidos ou tecidos corpóreos, o que torna possível que a bactéria seja resistente a um determinado

antibiótico no sangue, mas sensível se estiver em outro sítio (MELO; DUARTE; SOARES, 2012). O primeiro antibiótico a ser utilizado com sucesso foi a Penicilina, descoberta em 1929. A penicilina além de ser o primeiro antibiótico, marcando a história, é derivado do bolor de um fungo chamado Penicillium chrysogenum, sendo sua origem natural. O consumo predominante de penicilina faz parte das atuais recomendações da política de uso de antibióticos na atenção primária (MEDINA et al., 1998), pois reduz significativamente os custos com a saúde. Em estudo realizado na Itália, o uso correto da penicilina é muito eficiente (ARONE et al., 2005), portanto, o problema está no uso excessivo ou indiscriminado de penicilinas, contribuindo para o crescimento da resistência bacteriana (PRIETO; CALVO; GOMEZ-LUS, 2002). O artigo tem como objetivo fazer um levantamento bibliográfico sobre a resistência de microrganismos frente aos antimicrobianos, tendo em vista que essa resistência tem crescido devido a diversos fatores, fazendo com que ocorra uma constante busca por novos tratamentos. METODOLOGIA Para a pesquisa, foram utilizadas as bases de dados: scielo e google acadêmico; Utilizando em ambas as palavras chaves: Infecções, antimicrobianos, penicilina, resistência bacteriana. Foram encontrados diversos artigos, com períodos variando entre 1988 e 2012, para uma melhor construção do trabalho. RESULTADOS E DISCUSSÃO O primeiro antibiótico, a penicilina, foi descoberto por Alexander Fleming, em 1929, em um hospital londrino. Ele observou a inibição do crescimento em placa de uma cultura de estafilococos contaminada por um fungo, mais tarde identificado como Penicillium notatum. Anos mais tarde, com o advento da Segunda Guerra Mundial, foi imperativo que se estudasse e que se pesquisasse mais a quimioterapia moderna, pois com a guerra eram inevitáveis os ferimentos e, com eles, as infecções. A penicilina foi então extensamente utilizada contra estafilococos e estreptococos, grandes causadores de pneumonias, infecções aéreas superiores, septicemias etc. A nova droga tinha grande capacidade em dizimar essas infecções e, ainda,

atuava de acordo com os princípios da quimioterapia moderna, ou seja, com toxicidade seletiva (RUSSELL; CHOPRA, 1990). Assim, as penicilinas passaram a representar uma opção terapêutica útil no tratamento e na prevenção de diferentes processos infecciosos ou de suas complicações, mesmo ainda no século XXI. São antibióticos de elevada eficácia e de baixo custo, sendo uma opção definida nas infecções por Streptococcus pyogenes e Streptococcus pneumoniae que se mantêm sensíveis a estes antibióticos, na sífilis (neurossífilis, sífilis congênita, sífilis na gestação, em associação à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana HIV), nas profilaxias primária e secundária da febre reumática e da glomerulonefrite pós-estreptocócica. (SECRETARIA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, 2004. PORTARIA n. 156, 2006). Na era pré-antibiótica predominavam as bactérias Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus como causadores de infecção hospitalar; contudo, com a introdução da penicilina e a pressão seletiva exercida pelos antimicrobianos, S. aureus passou a ser o principal microrganismo associado a epidemias (FERNANDES; RIBEIRO; BARROSO, 2000). Logo após o amplo uso da penicilina, reconheceu-se que a alergia a este antibiótico era um efeito colateral a ser considerado (MENDELSON, 1998). A resistência à nova droga foi descrita quase que imediatamente, bactérias produtoras de penicilinase, hoje chamadas b- lactamases, sobreviviam à terapêutica clínica e só altas doses efetivamente atingiam sucesso, concentrações inatingíveis sem efeitos de toxicidade. O desenvolvimento de resistência à penicilina pelo Staphylococcus aureus, através da produção de b-lactamase, diminuiu significativamente o uso dessa droga em infecções estafilocócicas, principalmente em pacientes hospitalizados nos quais as cepas resistentes são encontradas antes de sua disseminação à comunidade (HAWKEY, 1988). No decorrer das últimas décadas, o desenvolvimento de fármacos eficientes no combate a infecções bacterianas (Rang, 2001) causou uma grande revolução no tratamento de enfermidades, tendo como resultado a diminuição drástica da mortalidade de doenças de origem microbiana. Por outro lado, a disseminação do uso de antibióticos lamentavelmente fez com que as bactérias também desenvolvessem defesas relativas aos agentes antibacterianos, com o consequente aparecimento de resistência. O fenômeno da resistência bacteriana (Varaldo, 2002) a diversos antibióticos e agentes quimioterápicos impõe sérias limitações (Wise, 2003) às opções para o tratamento de infecções bacterianas, representando uma ameaça para a saúde pública. Esta resistência prolifera-se rapidamente (Walsh,2000)

através de transferência genética, atingindo algumas das principais bactérias Gram-positivas, como enterococos, estafilococos e estreptococos. O uso extensivo de penicilina após a Segunda Guerra Mundial (Silverman, 1992) desencadeou o surgimento das primeiras cepas de bactérias Gram positivas não susceptíveis a antibióticos penicilínicos, conhecidos como PRSP ( penicillin-resistant Streptococcus pneumoniae). Segundo Souza (1998), o desenvolvimento de resistência, por certas bactérias patogênicas é mais rápido que a capacidade da indústria para produzir novas drogas, principalmente devido ao uso indiscriminado desse tipo de medicamento. Desta forma, é de extrema importância o isolamento e identificação desses agentes em laboratório, como prova definitiva no diagnóstico das enfermidades e, a análise in vitro da sensibilidade antimicrobiana se faz necessário nas amostras isoladas. Desta forma, contribui-se para um melhor controle, com a utilização de terapêutica adequada, além de promover um decréscimo na resistência aos antibióticos (1990 apud MOTA; SILVA; FREITAS; PORTO; SILVA, 2005). CONCLUSÃO A descoberta da penicilina foi de grande importância, principalmente por se tratar de um período de guerra, onde os casos de infecções aconteciam em grandes proporções, sucedendo em milhares de mortes e principalmente por antimicrobiano de origem natural, provindo de um fungo. No entanto, logo foi descrita a resistência microbiana ao antibiótico, o que inicialmente não pareceu um problema grave, consequentemente não foi motivo de preocupação durante a época. Nos dias atuais, a resistência de microrganismos aos tratamentos se tornou um problema de saúde pública, pois devido a evolução genética dos microrganismos e o uso indiscriminado de antimicrobianos,os tratamentos atuais não estão tendo mais a sua eficácia, fazendo com que a perquisição de novos fármacos seja constante. REFERÊNCIAS ARONE, F. et al. Rational use of antibiotics in acute uncomplicated cystitis: a pharmacoepidemiological study. J Chemother, v. 17, p. 184-188. 2005.

Cavalcante NJF, Factore LAP, Fernandes, AT, Barros ER. Unidade de Terapia Intensiva. In: Fernandes AT, editor. Infecções hospitalares e suas interfaces na área da saúde. São Paulo: Atheneu; 2000, v. 1, p. 749-51 Eickhoff TC. Antibiotics and nosocomial infections. In: Bennet JV, Brachman PS, editors. Hospital infections. 3rd ed. Boston: Little, Brown and Company; 1992. p. 245-64. Fernandes, A.T, Ribeiro Filho N, Barroso E.A.R. Conceito, cadeia epidemiológica das infecções hospitalares e avaliação custo-benefício das medidas de controle. In: Fernandes AT, editor. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da Saúde. São Paulo: Atheneu; 2000. p. 215-65. Hawkey, P.M. The origins and molecular basis of antibiotic resistance. BMJ. 317: 657-660,1988. MELO, V. V; DUARTE, I. P; SOARES, A. Q. Guia Antimicrobianos 1.ed. - Goiânia, 57p. 2012. MEDINA, F. J. M. ; GRACIA, A. S.; MORA, R. M.; LÓPEZ, J. S. Consumo de antibioticos (1993-1996) en la atención primaria de un área sanitaria con una tasa elevada de resistências bacterianas. Aten. Primaria, v. 21, p. 451-457. 1998. Mendelson LM. Adverse Reactions to â-lactam antibiotics. Immunol Allergy Clin N Am 1998; 18:745-57. Neu HC. Antimicrobial agents: role in the prevention and control of nosocomial infections. In: Wenzel RP, editor. Prevention and control of nosocomial infections. 2nd ed. Baltimore: Williams & Wilkins;1993. p. 406-19. Nossa capa: Alexander Fleming e a descoberta da penicilina.j. Bras. Patol. Med. Lab. [online]. 2009, vol.45, n.5, pp.i-i. ISSN 1676-2444. PRIETO, J.; CALVO, A.; GOMEZ-LUS, M.L. Antimicrobial resistance: a class effect?.j Antimicrob Chemother, v. 50, p. 7-12. 2002. Prefeitura Municipal de São Paulo. Secretaria Municipal de São Paulo. Coordenação de Desenvolvimento da Gestão Descentralizada. Instrução Técnica para a Prescrição e a Utilização de Penicilinas e Prevenção da Sífilis Congênita. São Paulo; 2004. Portaria n. 156. Dispõe sobre o uso da penicilina na atenção básica à saúde e nas demais unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União 2006, 20 jan. Russell, A.D. and Chopra, I. In Understanding antibacterial action and resistance, 1st ed. Ellis Horwood, London, 1990. SANTOS, A.L. SANTOS, D.O. FREITAS, C.C. FERREIRA, B.L.A. AFONSO, I.F. RODRIGUES, C.R. CASTRO, H.C. Staphylococcus aureus: visitando uma cepa de importância hospitalar. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, 2007.

SANTOS, A. L., et al. Staphylococcus aureus: visitando uma cepa de importância hospitalar, 2007. SÁEZ-LLORENS, X. et al. Impact of an antibiotic restriction policy on hospital expenditures and bacterial susceptibilities: a lesson from a pediatric institution in a developing country. Pediatr Infect Dis J. v. 19, p. 200-206. 2000. Turrini RNT, Santo AH. Infecção hospitalar e causas múltiplas de morte. J Pediatr (Rio J) 2002;78(6):485-90. WALSH, C.; Antibiotics: Actions, Origins, Resistence, ASM Press: Washington, 2003. Rang, H. P.; Dale, M. M.; Ritter, J. M.; Farmacologia, 4a ed., Guanabara Koogan S.A.: Rio de Janeiro, 2001. Varaldo, P. E.; J. Antimicrob. Chemother. 2002, 50, 1. Wise, R.; J. Antimicrob. Chemother. 2003, 51, Suppl. S2, ii5. Walsh, C.; Nature 2000, 406, 775. Silverman, R. B.; The Organic Chemistry of Drug Design and Drug Action, Academic Press: Washington, 1992, p. 5. SOUZA, C. S. Uma guerra quase perdida. Revista Ciência Hoje, v. 23, n. 138, p. 27-35, 1998. MOTA, R.A.; SILVA, K.P.C.; FREITAS, M.F.L.; PORTO, W.J.N.; SILVA, L.B.G. Utilização indiscriminada de antimicrobianos e sua contribuição a multirresistência bacteriana. Recife, 2005.