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Transcrição:

Aula 3 As Três Revelações 17 - Março Objetivo: Conhecer o significado, as características e importância de cada uma das revelações, de acordo com o momento histórico e Conhecer os fenômenos que desencadearam as pesquisas sobre a existência dos espíritos. 1ª Revelação: Moises / Aspectos históricos da Época de Moisés; 2ª Revelação: Jesus, Vida e Obra / O Cristo Consolador - Compreender a revelação do mundo espiritual trazida por Jesus, onde se encontram os verdadeiros valores; 3ª Revelação: Espiritismo - filosofia, religião e ciência; Bibliografia: (*) Evolução em Dois Mundos André Luiz - 1ª parte - Cap. 10 - A missão de Moisés; LE - Questão 625 - Jesus Modelo e Guia; GE - Cap. 17 Predições do Evangelho - itens 35; ESE - Cap. I - Eu não vim destruir as Lei ; ESE - Cap. VI O Cristo Consolador; (*)Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda - Divaldo P. Franco - item Soberanas Leis (*) História do Espiritismo-Arthur C. Doyle- Cap. 1 - A História do Espiritismo; Cintilação das Estrelas [cap.2], As Três Revelações- pelo Espírito Camilo, José Raul Teixeira. REVELAÇÃO Definição: Entre os cristãos, ação divina que comunica aos homens os desígnios de Deus e a verdade que estes envolvem, [...]. ( HOLANDA. Aurélio B. Novo Dicionário Aurélio). Definição: Revelar, do latim revelare, cuja raiz, velum, véu, significa literalmente sair de sob o véu e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida. (KARDEC, Allan. A Gênese. Capítulo I, item 2). Deste ponto de vista, todas as ciências que nos fazem conhecer os mistérios da natureza são revelações e se pode dizer que há para a humanidade uma revelação incessante. (KARDEC, Allan. A Gênese. Capítulo I, item 2). No sentido especial da fé religiosa, a revelação se diz mais particularmente das coisas espirituais que o homem não pode descobrir por meio da inteligência, nem com o auxílio dos sentidos [...]. Neste caso, a revelação é sempre feita a homens predispostos, designados sob o nome de profetas ou messias, isto é, enviados ou missionários, incumbidos de transmiti-la aos homens. (KARDEC, Allan. A Gênese. Capítulo I, item 7). O objetivo deste estudo é mostrar que a doutrina codificada por Allan Kardec ajustase perfeitamente ao texto do evangelista João sobre o Consolador Prometido. Para que possamos entender o alcance daquelas palavras, convém refletirmos sobre os ensinamentos trazidos por Jesus e o que os homens fizeram deles ao longo do tempo. AS TRÊS REVELAÇÕES Até o advento do Espiritismo, tínhamos duas revelações: 1.ª) Moisés e o Decálogo; A primeira revelação buscou auxiliar o homem no desenvolvimento da justiça no relacionamento entre os mesmos. Todas as outras leis, que fazem parte de lei mosaica, foram feitas por Moisés para um povo atrasado, indisciplinado, subordinado durante muito tempo à leis estranhas a

sua cultura, com anseios de liberdade, mas também acomodados aos costumes do povo que o subjugava. Se ainda hoje, a maior parte da humanidade procura satisfações imediatas, com dificuldades de trabalhar por resultados a médio e longo prazo, com todo o progresso científico, tecnológico, e também o da moral ( embora bem menor) realizado pela inteligência do homem, imaginemos as dificuldades encontradas por Moisés na condução daquele povo, durante quarenta anos, para chegar à terra prometida! Precisou então, impôr leis rigorosas e severas para atingir o objetivo que era de todos, mas nem todos estavam preparados para as dificuldades e sacrifícios necessários. Deu a essas leis a autoridade divina para que pudessem aceitá-las. E deu a Deus características de severidade e de rigor terríveis ( Talvez Deus fosse assim também percebido por ele, como saber? ). Somente a idéia de um Deus, Senhor dos Exércitos, que castiga seus inimigos e premia seus amigos, severo, terrível na sua vingança, na sua cólera, poderia, pelo temor, conservar a união entre eles em torno do objetivo de chegar à terra prometida, mantendo a sua crença em um Deus único. As leis de Moisés eram leis humanas adequadas à um povo, naquela época e, portanto, tinham o caráter provisório como toda lei humana. 2.ª) Jesus Cristo e a Lei do Amor. Mais de mil anos depois, vem Jesus, dizendo que não veio destruir a lei ou os profetas, veio dar- lhes cumprimento. No capítulo XI deste livro, Kardec transcreve um texto de Mateus, XXII:34-40, no qual Jesus responde aos fariseus que o maior mandamento da lei é " Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento." "E o segundo, semelhante a este é : Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." E acrescenta "Estes dois mandamentos contêm toda a lei e os profetas." Alterou Jesus os dez mandamentos recebidos por Moisés? Não. Se bem observarmos, os dois primeiros referem-se a Deus, ao relacionamento entre os homens e Deus, aos seus deveres para com Ele; os outros referem-se ao próximo, ou seja ao relacionamento dos homens entre si, estabelecendo os deveres de cada um para com o outro. Jesus portanto, esclareceu que para o cumprimento verdadeiro desses mandamentos, em toda a sua extensão e profundidade, é necessário amar ao próximo. Jesus veio para dar cumprimento ao amor e à justiça divina, que não abandona seus filhos, mas os auxilia no seu desenvolvimento intelectual e moral, enviando Espíritos Maiores a fim de despertar a humanidade rebelde que, ainda hoje. tem dificuldade em apreender as leis de Deus. Jesus foi o maior de todos! Jesus alterou sim (e muito!) as leis civis de Moisés, porque já era hora de iniciar-se na Terra a Era do Espírito, onde os valores espirituais sejam discutidos, analisados, aprendidos e vivenciados. Só então, o mal desaparecerá da Terra e o Bem prevalecerá para sempre.

A grandeza da missão de Jesus é demonstrada nos seus ensinos, na sua vivência de plenitude do amor e da sabedoria, dando aos mandamentos recebidos por Moisés, a amplitude de entendimento não só da justiça, característica da primeira revelação, como do amor, característica da segunda. Estas duas primeiras revelações foram pessoais e locais. Há, por exemplo, duas partes distintas na lei mosaica: a lei de Deus, promulgada sobre o Monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por Moisés; uma invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, que se modifica com o tempo. Jesus não veio destruir a lei de Deus; ele veio cumpri-la, que dizer, desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro sentido, e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens. Em realidade, os seus ensinamentos constituem o 11.º mandamento, expresso nos seguintes dizeres: "Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo". A 3.ª revelação, que é o Espiritismo, não foi nem local e nem pessoal. Foram os Espíritos que a ditaram. Allan Kardec foi apenas o Codificador, o organizador. O TEXTO EVANGÉLICO "Se vós me amais, guardai meus mandamentos; e eu pedirei a meu Pai, e ele vos enviará um outro Consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: o Espírito de Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê e não o reconhece. Mas quanto a vós, vós o conhecereis porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas o Consolador, que é o Santo-Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará relembrar de tudo aquilo que eu vos tenha dito". (São João, cap. XIV, v. 15 a 17 e 26) Se, pois, o Espírito de verdade deve vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não disse tudo; se ele vem fazer recordar aquilo que o Cristo disse, é porque isso foi esquecido ou mal compreendido. O ESPÍRITO DE VERDADE O Espírito de Verdade diz: "Espírita! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruívos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana". Mas o que se deve entender como Espírito de verdade? De acordo com J. H. Pires, em Revisão do Cristianismo, "O Espírito da verdade não é uma entidade definida, uma criatura humana ou espiritual, mas simplesmente a essência do ensino de Jesus, que se restabeleceria através dos homens que mais rapidamente se aproximassem da sua verdadeira compreensão". (1983, p. 9) A breve síntese do texto, que se expressa em "ensinar e relembrar", mostra que a visão do Mestre abrangia todo o panorama das transformações históricas de um longo futuro. O ESPIRITISMO "O Espiritismo vem, no tempo marcado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito de Verdade preside a sua instituição, chama os homens à observância da lei e ensina todas as coisas em fazendo compreender o que o Cristo não disse senão por parábolas. O Cristo disse: "Que ouçam os que têm ouvidos de ouvir"; o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque fala sem figuras e sem alegorias; ele ergue o véu deixado propositadamente sobre certos mistérios, vem, enfim, trazer uma suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos aqueles que sofrem, dando uma causa justa e um fim útil a todas as dores".(kardec, 1984, p. 97)

Debruçando-nos sobre o princípio da reencarnação, encontramos explicações para todos os nossos sofrimentos: se nos falta uma perna, podemos supor que numa encarnação passada a usamos de modo indevido; se sofremos a prova da pobreza, podemos imaginar que já fomos ricos em outras oportunidades e não soubemos usar o dinheiro a favor do próximo. Moisés, Jesus e Allan Kardec Na literatura espírita encontramos diversas referências às denominadas Três Revelações. No livro Cintilação das Estrelas [cap.2], o Espírito Camilo, através da mediunidade de José Raul Teixeira, mostra-nos a perfeita integração que há entre os Dez mandamentos, o Evangelho de Jesus e o Espiritismo. A princípio, Camilo nos aponta que em tudo há um planejamento divino, um controle superior, de forma que Deus jamais age de improviso e sempre está presente, inspirando a criatura humana para sua plenitude espiritual, etapa a etapa, sem pressa, como, por exemplo, ao permitir a reencarnação de Espíritos evoluídos, que nos trazem elevados conceitos e posturas nobres. A Divindade, em Sua infinita sabedoria, respeitando e entendendo os nossos limites, organizou a vinda das Três Revelações de forma notável, havendo um encadeamento lógico na cronologia temporal. À época de Moisés, éramos crianças espirituais, necessitando mais de limites em nossas condutas levianas e irresponsáveis, de tal sorte o que o citado líder hebreu, guiando um povo indisciplinado, tenta imprimir as nuanças do respeito ao semelhante e da fidelidade ao Único Senhor. Por essa razão, Moisés, no Monte Sinai, entra em sintonia com os Embaixadores do Cristo, e nos traz o Decálogo, que, segundo Camilo, constituiu-se em bússola segura e em freio, impondo normativas de acatamento e moderação, tornando-se, assim, a grande carta que traz notícias do anseio de Jeová, com relação aos tutelados humanos. Do Decálogo, a maioria dos preceitos é em tom negativo não ter outros deuses, não dizer o nome do Senhor em vão, não matar, não adulterar, não furtar, não dar falso testemunho e não cobiçar os quais, com exceção dos dois primeiros, estão vinculados à postura do indivíduo com seus semelhantes. A criança, em seu processo educacional, ouve muito a expressão não. Não faça isso, Não pode, Não é permitido, Não, você vai se machucar. É uma forma de impressionar e chamar a atenção da criança com vigor. Enquanto crianças espirituais, na época de Moisés, precisávamos ouvir o não, por isso, o Decálogo, ao estabelecer o princípio de justiça, ensina o que não devemos fazer, com o escopo de não dificultarmos o nosso processo evolutivo. Após séculos, Jesus, personificando a segunda e maior das Revelações, encarnou-se no orbe terrestre, advindo, assim, a juventude espiritual do planeta, em condições de ouvir o que o Doce Nazareno tinha a ensinar.

Jesus refez variados conceitos e sintetiza o Decálogo em dois mandamentos: o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Na condição de jovens espirituais, tínhamos condições de saber o que fazer. O jovem já não necessita ouvir tantos não, está mais carente de informação e diretriz, de forma que é mais comum dizermos: Faça assim, Assim é o correto, Pense nisso etc. Jesus, o Modelo e Guia de nossas vidas, veio nos ensinar o significado profundo do amor, mas não foi apenas um teórico, viveu o amor na sua plenitude, mostrando o que devemos fazer ao próximo e, ao executarmos, realizar como se estivéssemos fazendo a nós. Dessa forma, a segunda Revelação representa o seguinte ensino: O que fazer? Camilo, ao dar prosseguimento ao seu notável raciocínio, acentua que passados dezoito séculos nos quais Sua mensagem e Seus Feitos [referindo-se a Jesus] estiveram trancafiados nas masmorras escolásticas, empoeirados em cofres de usura, brilhantes e frios sobre pedras de escuros altares ou adulterados, no verbo interesseiro dos maus obreiros, renasce, no Ocidente, a personagem gloriosa de Rivail. Hippolyte Rivail estuda os ensinos de Moisés, dedicado. Penetra a aura evangélica e se emociona com a saga do Cristianismo, sorvendo seu conteúdo a longos haustos. Trava contato com seres que haviam deixado o pouso da matéria, pelo fenômeno da morte. Dialoga com esses imortais e se aprofunda na eloquência dos raciocínios e no sentido real da fé impoluta e refletida. Logra reunir, num só trabalho, o questionamento filosófico, a busca fria da ciência e a lucidez que dirige a crença, ardorosa e racional. O Espiritismo é a terceira Revelação que, além de repetir as revelações anteriores, ensinou-nos coisas novas (as leis divinas), que nos capacitam a entender o sentido da vida e a causa dos sofrimentos. Assim sendo, o Consolador prometido representa o por que fazer? Ao tomarmos contato com as verdades divinas, passamos a entender o porque temos que amar (fazer o bem a todos e sem impor condições) e o porque devemos evitar o mal, em seus variados aspectos (violência, calúnia, indiferença, omissão, egoísmo, vaidade etc.) Lamentavelmente, muitos de nós ainda sequer conseguimos entender e vivenciar o Decálogo, isto é, ainda causamos danos e sofrimento na vida do próximo, porque o cobiçamos ou desejamos seus cônjuges, matamos sua dignidade e esperança, furtamos seus bens ou sua alegria de viver, entre outras atitudes. Aquele que é capaz de, conscientemente, lesar ao próximo, ainda não tem condições de dimensionar o significado e a abrangência do amor, esse sentimento sublime que nos conduz a Deus.

Há aqueles que são incapazes de fazer o mal, mas também são impotentes para fazer o bem, situando-se numa faixa de neutralidade que os faz estacionar no processo evolutivo. Para esses (maus e neutros) e para aqueles que já conseguem fazer o bem ao semelhante, ainda que de forma modesta, vem o Espiritismo, racionalizando a nossa fé e ensinando por que devemos amar (é a nossa destinação, é a fatalidade após sermos criados por Deus, por isso, fora da caridade não há salvação) e nos instruir (para que o conhecimento nos liberte das algemas da ignorância), revigorando as energias e a motivação daqueles que, nos dias atuais, pensam em desistir do bem e da paz, ou acomodam-se diante das facilidades da vida moderna. Por essa razão, Camilo finaliza seu apontamento, afirmando que: Identificamos, então, a tríade concorde com todos os fundamentos: Moisés, Jesus e o Espírito de Verdade, que teve em Allan Kardec o Seu iluminado Servidor. O amor a Deus, na projeção do amor ao próximo, aí está a grande ensancha de redenção do gênero humano. ( ) Na programação celestial não há tricotomia particularista ou distúrbios entre os mensageiros. O que se vê é uma integração perfeita entre revelações e reveladores, cada qual portando sua característica, não obstante, em função de cada época e das suas conquistas gerais.