Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 3 07/07/ :47:37

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Transcrição:

2016 Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 3 07/07/2016 11:47:37

NOTA DE ATUALIZAÇÃO À 12ª EDIÇÃO Alterações efetivadas na legislação trabalhista e na jurisprudência do TST no primeiro semestre de 2016 motivaram a atualização desta obra que chega à sua décima segunda edição. No âmbito normativo, as modificações mais importantes ficaram por conta da edição da Lei nº 13.105/2015, que instituiu o novo Código de Processo Civil e da Lei Complementar nº 150/2015, que regulamentou a relação de emprego doméstica. Além disso, entrou em vigor a Lei nº 13. 301/16, que majorou a licença maternidade em casos excepcionais; a Lei nº 13.287/16, que determina o afastamento da gestante e da lactante do exercício de atividades insalubres; e a Lei nº 13.271/2016, que instituiu multa para as empresas que realizam revistas íntimas em suas empregadas. Após a publicação da última edição desta obra, consolidou-se o posicionamento jurisprudencial dos tribunais trabalhistas, principalmente do TST por meio de suas Súmulas, em relação a diversas questões controvertidas relativas ao Direito do Trabalho. O referido Tribunal aprovou a redação das novas Súmulas de nºs 460, que trata do ônus da prova em relação ao vale-transporte; e 462, que diz respeito ao cabimento da multa do art. 477 da CLT nos casos de relação de emprego reconhecida em juízo. Já as Súmulas de nºs 85 e 364, bem como a OJ nº 392 da SDI-1 do TST tiveram suas redações alteradas. Diversos acórdãos transcritos nas edições anteriores foram substituídos por outros mais recentes, para permitir ao leitor ter ciência do entendimento dos Tribunais trabalhistas em relação a temas que ainda não foram objeto de súmulas ou orientações jurisprudenciais do TST. O mesmo procedimento foi usado no que diz respeito às questões de concurso, inseridas no corpo do texto e no final do capítulo. A substituição de algumas perguntas mais antigas contribui para identificar os assuntos que são considerados mais importantes pelas bancas de concursos públicos, o que possibilita aos candidatos direcionarem seus estudos com mais eficiência. Além disso, no final de cada capítulo, foram inseridas questões discursivas de concurso para Magistratura do Trabalho e Ministério Público do Trabalho, com os respectivos comentários. 00_Curso de Direito do Trabalho.indd 9 01/08/2016 12:03:23

CAPÍTULO X SEGURANÇA, HIGIENE E MEDICINA DO TRABALHO Sumário 1. Meio ambiente do trabalho: 1.1. Proteção legal ao meio ambiente; 1.2. Proteção legal ao meio ambiente do trabalho; 1.3. Normas regulamentadoras 2. Periculosidade e insalubridade: 2.1. Legalidade estrita; 2.2. Perícia; 2.3. Adicional de periculosidade e de insalubridade: A. Adicional de insalubridade; B. Adicional de periculosidade; 2.4. Natureza jurídica 3. Trabalho do adolescente em local insalubre 4. Órgãos internos de prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais: 4.1. CIPA; 4.2. SESMT 5. Equipamentos de proteção individual 6. Medidas preventivas 7. Descumprimento das normas de proteção à saúde e segurança do trabalho 8. Quadro sinóptico. 9. Informativos do TST sobre a matéria. 10. Questões. 10.1. Questões objetivas; 10.2. Questões discursivas. 10.3. Gabarito das questões objetivas; 10.4. Gabarito das questões discursivas. 1. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO O ser humano está inserido em um local onde nasce, desenvolve-se e morre. Esse meio que cerca os seres vivos e as coisas em geral é denominado de meio ambiente. A preocupação na manutenção de um meio ambiente saudável é cada vez maior. A sociedade já se conscientizou sobre a necessidade de manter um equilíbrio ecológico para com isso obter uma melhor qualidade de vida. O meio ambiente global é formado por uma série de ambientes de natureza mais restrita. Dentre esses micros ambientes encontra-se o meio ambiente do trabalho, ou seja, o local onde o trabalhador, de fato, presta o seu serviço, geralmente onde a empresa encontra-se estabelecida. Da mesma forma, é imperativo criar e sustentar um meio ambiente do trabalho hígido, visto que o empregado permanece parte de sua vida nesse local. Com efeito, como a jornada normal de trabalho é de oito horas diárias, o empregado permaneceria no meio ambiente de trabalho, em média, 1/3 (um terço) de sua vida. 1.1. Proteção legal ao meio ambiente A legislação de grande parte dos países ocidentais contempla normas de proteção ao meio ambiente. No Brasil, a Carta Política de 1988 trata do assunto em diversos dispositivos e dedica um capítulo inteiro para instituir princípios, diretrizes e regras (Título VIII Da Ordem Social. Capítulo VI Do Meio Ambiente). Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 915 07/07/2016 11:48:41

916 CURSO DE DIREITO DO TRABALHO José Cairo Júnior Preconiza o art. 225 da atual Carta Maior: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Constitui princípio geral da atividade econômica a proteção ao meio ambiente, de acordo com o disposto no art. 170, VI, da CF/88. 1 A preservação do meio ambiente ainda é defendida pelos artigos: 23, VI; 25, VI; 129, III; 174, 3º; 186, II; 200, VIII, da atual Carta Maior. A Lei nº 6.938/81, alterada pela Lei nº 7.804/89, dispõe sobre a política Nacional do Meio Ambiente e tem por objetivos, segundo o art. 1º da referida norma: Art. 1º. A preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios Pela importância que se reveste o bem jurídico tutelado, a norma estatal define como criminosa algumas práticas lesivas ao meio ambiente, conforme determina a Lei nº 9.605/98. 1.2. Proteção legal ao meio ambiente do trabalho A previsão constitucional no que diz respeito ao meio ambiente específico do trabalho é encontrada no art. 200, VIII, da Carta Política vigente, quando delega ao sistema único de saúde a atribuição de colaborar com a proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 2 O ordenamento jurídico nacional é formado por normas imediatas e mediatas de proteção à saúde e a vida do trabalhador. A Consolidação das Leis do Trabalho cuida do meio ambiente do trabalho em seu Título II Das Normas Gerais de Tutela do Trabalho, Capítulo V Da Segurança e Medicina do Trabalho. O referido Diploma Legal, mais precisamente o citado Título II, Capítulo V, traça diretrizes a serem seguidas pelo órgão fiscalizador do seu cumprimento, qual seja, o Ministério do Trabalho e Emprego, pelas empresas e pelos próprios empregados. São regras imediatas de proteção à saúde e à vida do trabalhador. Existe, portanto, uma rede de cobranças jurídicas que visam a proteção da vida e da saúde do trabalhador. A lei confere ao órgão da administração pública o dever de fiscalizar o cumprimento de suas diretrizes por parte das empresas. Essa proteção começa antes mesmo de o estabelecimento empresarial iniciar o seu funcionamento, com a instituição de regras sobre edificações, a exemplo daquelas contidas no arts. 170 a 174 da CLT e na NR-8: 1. CF/88. Art. 170. VI: A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios. 2. CF/88. Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: VIII colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 916 07/07/2016 11:48:41

Cap. X SEGURANÇA, HIGIENE E MEDICINA DO TRABALHO 917 Art. 170 - As edificações deverão obedecer aos requisitos técnicos que garantam perfeita segurança aos que nelas trabalhem. Art. 171 - Os locais de trabalho deverão ter, no mínimo, 3 (três) metros de pé-direito, assim considerada a altura livre do piso ao teto. Parágrafo único - Poderá ser reduzido esse mínimo desde que atendidas as condições de iluminação e conforto térmico compatíveis com a natureza do trabalho, sujeitando-se tal redução ao controle do órgão competente em matéria de segurança e medicina do trabalho. Art. 172 - Os pisos dos locais de trabalho não deverão apresentar saliências nem depressões que prejudiquem a circulação de pessoas ou a movimentação de materiais. Art. 173 - As aberturas nos pisos e paredes serão protegidas de forma que impeçam a queda de pessoas ou de objetos. Art. 174 - As paredes, escadas, rampas de acesso, passarelas, pisos, corredores, coberturas e passagens dos locais de trabalho deverão obedecer às condições de segurança e de higiene do trabalho estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e manter-se em perfeito estado de conservação e limpeza. Já o empregador, por sua vez, além de cumprir as normas que lhes são direcionadas, deve exigir e fiscalizar o cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho por parte dos empregados, sob pena de ser responsabilizado civilmente. CLT. Art. 157 - Cabe às empresas: I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente; IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente. Por fim, os trabalhadores também são destinatários de determinadas regras que objetivam proteger a sua própria saúde. Inclusive, constitui falta grave a recusa injustificada do empregado em cumprir as referidas ordens de serviço do empregador e a não utilização dos equipamentos de proteção individual, na forma prevista pelo art. 158 da CLT: Art. 158. Cabe aos empregados: I observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior; II colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo. Parágrafo único. Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo anterior; b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa. No exercício do seu poder de polícia, o órgão fiscalizador do cumprimento da legislação laboral faz inspeção prévia e periódica nas instalações das empresas e pode interditá-las caso ofereçam risco à saúde e à vida dos empregados. Destarte, a estrutura física, as máquinas e os equipamentos de todos os estabelecimentos devem observar, dentre outras, as regras relativas à edificação; iluminação; conforto térmico; instalações elétricas; manutenção, armazenagem e manuseios de materiais. Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 917 07/07/2016 11:48:41

918 CURSO DE DIREITO DO TRABALHO José Cairo Júnior O art. 175 da CLT trata da iluminação nos locais de trabalho: Art. 175 - Em todos os locais de trabalho deverá haver iluminação adequada, natural ou artificial, apropriada à natureza da atividade. 1º - A iluminação deverá ser uniformemente distribuída, geral e difusa, a fim de evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. 2º - O Ministério do Trabalho estabelecerá os níveis mínimos de iluminamento a serem observados. Já os artigos 176, 177 e 178 disciplinam o conforto térmico nos estabelecimentos empresariais: Art. 176 - Os locais de trabalho deverão ter ventilação natural, compatível com o serviço realizado. Parágrafo único - A ventilação artificial será obrigatória sempre que a natural não preencha as condições de conforto térmico. Art.. 177 - Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em virtude de instalações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de vestimenta adequada para o trabalho em tais condições ou de capelas, anteparos, paredes duplas, isolamento térmico e recursos similares, de forma que os empregados fiquem protegidos contra as radiações térmicas. Art.. 178 - As condições de conforto térmico dos locais de trabalho devem ser mantidas dentro dos limites fixados pelo Ministério do Trabalho. Existem, também, as normas mediatas de proteção ao bem estar psicofisiológico do empregado e que não se encontram inseridas no aludido Título II, Capítulo V, da Consolidação das Leis do Trabalho. Essas normas são representadas pelos dispositivos legais que estabelecem a obrigatoriedade de intervalos de descanso intrajornada e interjornada, bem como a concessão de repousos semanais remunerados e férias anuais remuneradas. Tais regras objetivam repor as energias perdidas pelo obreiro durante o exercício de suas tarefas e, com isso, evitar a fadiga, uma das principais causas dos acidentes do trabalho e boa parte das doenças ocupacionais. Como a proteção ao meio ambiente de trabalho é um direito dos trabalhadores e um dever dos empregadores, cabe ao Poder Judiciário Trabalhista julgar as ações laborais que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas de higiene e segurança do trabalho. Essa é a orientação do STF, explicitada por meio da Súmula nº 736: SÚMULA Nº 736. Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores. É importante destacar o fato de a legislação laboral referente à segurança do trabalho ser de aplicação extensiva aos estagiários, apesar de não serem empregados, conforme determinação expressa contida no art. 14 da Lei nº 11.788/06. 1.3. Normas regulamentadoras Pela sua importância, as Normas Regulamentadoras, mais conhecidas como NR s, merecem um estudo destacado das demais disposições legais. Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 918 07/07/2016 11:48:41

Cap. X SEGURANÇA, HIGIENE E MEDICINA DO TRABALHO 919 A Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho, aprovou as Normas Regulamentadoras previstas no Capítulo V, Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. São, no total, 36 NR s, que regulamentam atividades específicas, a saber: NR-1 Disposições gerais NR-2 Inspeção Prévia NR-3 Embargo e Interdição NR-4 Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho SESMT NR-5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes NR-6 Equipamentos de Proteção Individual NR-7 Exames Médicos NR-8 Edificações NR-9 Riscos Ambientais NR-10 Instalações e serviços de eletricidade NR-11 Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais NR-12 Máquinas e equipamentos NR-13 Vasos sob pressão NR-14 Fornos NR-15 Atividades e operações insalubres NR-16 Atividades e operações perigosas NR-17 Ergonomia NR-18 Obras de construção, demolição e reparos NR-19 Explosivos NR-20 Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis NR-21 Trabalhos a céu aberto NR-22 Segurança e saúde ocupacional na mineração NR-23 Proteção contra incêndios NR-24 Condições sanitárias dos locais de trabalho NR-25 Resíduos industriais NR-26 Sinalização de segurança NR-27 Registro de Profissionais (Revogada pela Portaria GM nº 262, 29/05/2008) NR-28 Fiscalização e penalidades NR-29 Segurança e Saúde no trabalho portuário NR-30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário NR-31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 919 07/07/2016 11:48:41

920 CURSO DE DIREITO DO TRABALHO José Cairo Júnior NR-32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde NR-33 Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados. NR-34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval NR-35 Trabalho em altura NR-36 Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados Do mesmo modo como ocorre com toda legislação laboral, as Normas Regulamentadoras incorporam-se aos contratos de trabalho, como cláusulas contratuais obrigatórias, constituindo parte do conteúdo mínimo dos referidos pactos laborais. Por conta disso, o seu descumprimento equivale a um inadimplemento contratual e não a um ato ilícito do empregador ou do empregado. ATENÇÃO! Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem inspeção prévia e subsequente aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional competente em matéria de medicina e segurança do trabalho, conforme dispõe o artigo 160 da CLT. Ademais, o artigo 161 da CLT permite ao Delegado Regional do Trabalho, à vista de laudo técnico, a INTERDIÇÃO de estabelecimento, setor de serviço, máquina, etc., ou o EMBARGO de obra, sempre que quaisquer ofereçam grave e iminente risco para o trabalhador. 2. PERICULOSIDADE E INSALUBRIDADE As regras de proteção ao meio ambiente do trabalho visam mantê-lo hígido, de forma a não provocar danos de qualquer ordem à saúde e à vida do trabalhador. Determinadas atividades desenvolvidas pelas empresas podem não atender ao que preconiza as referidas normas de proteção ambiental trabalhista. Nesse passo, os trabalhadores podem, excepcionalmente, desenvolver suas tarefas dentro de um ambiente perigoso ou insalubre, desde que haja autorização legal nesse particular. Diz-se que o ambiente de trabalho é perigoso quando expõem a vida do empregado a risco acentuado, diante do contato permanente ou eventual com explosivos, inflamáveis, eletricidade, roubos ou outras espécies de violência física, radiações ionizantes, substâncias radioativas ou com o uso de motocicleta. Há insalubridade no local de trabalho quando o empregado fica exposto, por determinado período de tempo, a agentes físicos, químicos e biológicos que podem provocar doenças ocupacionais. 3 O conceito legal de insalubridade está insculpido no art. 189 da Consolidação das Leis do Trabalho: 3. TST. SDI-1. OJ Nº 171. Adicional de Insalubridade. Óleos Minerais. Sentido do Termo Manipulação. Para efeito de concessão de adicional de insalubridade não há distinção entre fabricação e manuseio de óleos minerais Portaria nº 3.214 do Ministério do Trabalho, NR 15, Anexo XIII. 01c_Parte 1_capVIII-X_Curso de Direito do Trabalho.indd 920 01/08/2016 12:09:55

Cap. X SEGURANÇA, HIGIENE E MEDICINA DO TRABALHO 921 Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. 2.1. Legalidade estrita Na sistemática normativa vigente, em regra, só são consideradas atividades insalubres aquelas que estão discriminadas em rol produzido pelo órgão competente do Ministério do Trabalho. Desse modo, ainda que, de fato, determinada atividade exponha a saúde do empregado a um ou vários agentes insalubres, só será considerada, legalmente, como insalubre, se constar do quadro de atividades e operações insalubres aprovados pelo órgão da administração pública federal. A Súmula nº 448 do Tribunal Superior do Trabalho contém semelhante entendimento: SÚMULA Nº 448 ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 4 da SBDI-1 com nova redação do item II). I Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho. II A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 danr-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano. No mesmo sentido é a Súmula nº 460 do Supremo Tribunal Federal: SÚMULA Nº 460. Para efeito do adicional de insalubridade, a perícia judicial, em reclamação trabalhista, não dispensa o enquadramento da atividade entre as insalubres, que é ato da competência do Ministro do Trabalho e Previdência Social. É possível, também, que o intérprete e o aplicador do direito utilizem-se da analogia, para reconhecer como perigosa ou insalubre as atividades semelhantes àquelas que constam da regulamentação expedida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, na forma do entendimento adotado pela OJ nº 347 do TST: OJ Nº 347. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA. LEI Nº 7.369, DE 20.09.1985, REGULAMENTADA PELO DECRETO Nº 93.412, DE 14.10.1986. EXTENSÃO DO DIREITO AOS CABISTAS, INSTALADORES E REPARADORES DE LINHAS E APARELHOS EM EMPRESA DE TELEFONIA. DJ 25.04.2007. É devido o adicional de periculosidade aos empregados cabistas, instaladores e reparadores de linhas e aparelhos de empresas de telefonia, desde que, no exercício de suas funções, fiquem expostos a condições de risco equivalente ao do trabalho exercido em contato com sistema elétrico de potência. O TST flexibilizou seu entendimento quanto a necessidade de previsão legal para gerar o direito à percepção de tais adicionais. Verifica-se esse processo com a modificação da Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 921 07/07/2016 11:48:41

922 CURSO DE DIREITO DO TRABALHO José Cairo Júnior redação da OJ nº 173 da SDI-1, que trata do trabalho a céu aberto e também conforme a decisão a seguir: OJ Nº 173. TST. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. ATIVIDADE A CÉU ABERTO. EXPOSIÇÃO AO SOL E AO CALOR. (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) Res. 186/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. I Ausente previsão legal, indevido o adicional de insalubridade ao trabalhador em atividade a céu aberto, por sujeição à radiação solar (art. 195 da CLT e Anexo 7 da NR 15 da Portaria Nº 3214/78 do MTE). II Tem direito ao adicional de insalubridade o trabalhador que exerce atividade exposto ao calor acima dos limites de tolerância, inclusive em ambiente externo com carga solar, nas condições previstas no Anexo 3 da NR 15 da Portaria Nº 3214/78 do MTE. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. DEVIDO. LIMPEZA, HIGIENIZAÇÃO E RECOLHIMENTO DE LIXO DE BANHEIROS DE UNIVERSIDADE. ITEM II DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 4 DA SBDI-I. NÃO ENQUADRAMENTO. A limpeza e o recolhimento de lixo de banheiros de universidade, frequentado por público numeroso, enquadra-se na hipótese do Anexo 14 da Instrução Normativa 15 do MTE, ensejando, portanto, o pagamento do adicional de insalubridade. Trata-se de situação diversa da prevista no item II da Orientação Jurisprudencial nº 4 da SBDI-I, a qual se restringe à higienização de banheiros em residências ou escritórios, cuja circulação é limitada a um grupo determinado de pessoas. Com esse entendimento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos da reclamante, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhes provimento para restabelecer o acórdão do Regional no tópico. 4 2.2. Perícia Além da previsão in abstrato na lei, em regra, exige-se a realização de uma perícia em cada ambiente de trabalho para verificar se, de fato, há insalubridade ou periculosidade, conforme mandamento contido no art. 195 da CLT: Art. 195. A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. Em algumas situações excepcionais em juízo, é dispensada a constatação da insalubridade por meio de perícia: TST. SÚMULA Nº 453. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PAGAMENTO ESPONTÂNEO. CARACTERIZAÇÃO DE FATO INCONTROVERSO. DESNECES- SÁRIA A PERÍCIA DE QUE TRATA O ART. 195 DA CLT. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 406 da SBDI-1) O pagamento de adicional de periculosidade efetuado por mera liberalidade da empresa, ainda que de forma proporcional ao tempo de exposição ao risco ou em percentual inferior ao máximo legalmente previsto, dispensa a realização da prova técnica exigida pelo art. 195 da CLT, pois torna incontroversa a existência do trabalho em condições perigosas. Observe-se também que, por sua própria natureza, dispensa-se a realização de perícia para constatação de periculosidade nos casos de condução de motocicleta e roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial, previstos no 4º e inciso II, do art. 193 da CLT. 4. TST. E-RR-102100-02.2007.5.04.0018. SBDI-I. Rel. Min. Brito Pereira. 15.8.2013. Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 922 07/07/2016 11:48:41

Cap. X SEGURANÇA, HIGIENE E MEDICINA DO TRABALHO 923 ATENÇÃO! Quando em demanda trabalhista o empregado postula o adicional de insalubridade ou periculosidade, o Magistrado tem a obrigação de determinar a realização de perícia, salvo se esta for impraticável. Os honorários desse perito, em regra, deverão ser adimplidos pela parte sucumbente na pretensão, salvo se for beneficiário da Justiça Gratuita. Exemplo de questão sobre o tema (TRT 3 Juiz do Trabalho Substituto 3ª região/2014) São consideradas atividades ou operações perigosas expressamente enumeradas no art. 193 da CLT, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a, EXCETO: (A) inflamáveis. (B) radiações ionizantes. (C) explosivos. (D) energia elétrica. (E) roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. Resposta: B 2.3. Adicional de periculosidade e de insalubridade Como forma de inibir o trabalho em condições de insalubridade ou de periculosidade, ou seja, condições anormais de trabalho, a legislação trabalhista impõe ao empregador o pagamento de um adicional sobre o salário. Apesar do 2º, art. 193 da CLT vedar a cumulação de ambos adicionais, em decisão recente da 7ª Turma do TST, entendeu-se pela inaplicabilidade do referido dispositivo celetista, em face do mandamento constitucional que não impõe qualquer limitação à percepção em conjunto dos dois adicionais, bem como pelo fato da prevalência, no plano do ordenamento jurídico interno, das Convenções nºs 148 e 155 da OIT que tratam na matéria: RECURSO DE REVISTA. CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. POSSIBILIDADE. PREVALÊNCIA DAS NORMAS CONS- TITUCIONAIS E SUPRALEGAIS SOBRE A CLT. JURISPRUDÊNCIA CONSOLI- DADA DO STF QUANTO AO EFEITO PARALISANTE DAS NORMAS INTERNAS EM DESCOMPASSO COM OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS. INCOMPATIBILIDADE MATERIAL. CONVENÇÕES NOS 148 E 155 DA OIT. NORMAS DE DIREITO SOCIAL. CONTROLE DE CONVENCIONALI- DADE. NOVA FORMA DE VERIFICAÇÃO DE COMPATIBILIDADE DAS NORMAS INTEGRANTES DO ORDENAMENTO JURÍDICO. A previsão contida no artigo 193, 2º, da CLT não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que, em seu artigo 7º, XXIII, garantiu de forma plena o direito ao recebimento dos adicionais de penosidade, insalubridade e periculosidade, sem qualquer ressalva no que tange à cumulação, ainda que tenha remetido sua regulação à lei ordinária. A possibilidade da aludida cumulação se justifica em virtude de os fatos geradores dos direitos serem diversos. Não se há de falar em bis in idem. No caso da insalubridade, o bem tutelado é a saúde do obreiro, haja vista as condições nocivas presentes no meio ambiente de trabalho; já a periculosidade traduz situação de perigo iminente que, uma vez ocorrida, pode ceifar a vida do trabalhador, sendo este o bem a que se visa proteger. A regulamentação complementar prevista no citado preceito da Lei Maior deve se pautar pelos princípios e valores insculpidos no texto constitucional, como forma de alcançar, efetivamente, a finalidade da norma. Outro fator que sustenta a inaplicabilidade do preceito celetista é a introdução no sistema jurídico interno das Convenções Internacionais Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 923 07/07/2016 11:48:41

924 CURSO DE DIREITO DO TRABALHO José Cairo Júnior nos 148 e 155, com status de norma materialmente constitucional ou, pelo menos, supralegal, como decidido pelo STF. A primeira consagra a necessidade de atualização constante da legislação sobre as condições nocivas de trabalho e a segunda determina que sejam levados em conta os riscos para a saúde decorrentes da exposição simultânea a diversas substâncias ou agentes. Nesse contexto, não há mais espaço para a aplicação do artigo 193, 2º, da CLT. Recurso de revista de que se conhece e a que se nega provimento. 5 A. Adicional de insalubridade O adicional de insalubridade, de acordo com o art. 192 da Consolidação das Leis do Trabalho, varia entre 10%, 20% e 40% do salário mínimo, a depender se o grau de risco da empresa ou do setor no qual o empregado exerce suas atividades for considerado mínimo, médio ou máximo. 6 O Supremo Tribunal Federal entendeu que o adicional de insalubridade não pode ter como base de cálculo o salário mínimo, em virtude de expressa vedação constitucional e, ao mesmo tempo, vedou a possibilidade da decisão judicial alterar esse parâmetro (Súmula Vinculante nº 4), fato que implicou a alteração da redação da Súmula nº 228 do TST. 7 Todavia, enquanto perdurar o vazio legislativo, ou diante da ausência de pactuação por meio de instrumentos normativos negociados, deve prevalecer a base de cálculo histórica, qual seja, o salário-mínimo: [...] no julgamento que deu origem à mencionada Súmula Vinculante n 4 (RE 565.714/ SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, Sessão de 30.4.2008 Informativo nº 510/STF), esta Corte entendeu que o adicional de insalubridade deve continuar sendo calculado com base no salário mínimo, enquanto não superada a inconstitucionalidade por meio de lei ou convenção coletiva. Dessa forma, com base no que ficou decidido no RE 565.714/SP e fixado na Súmula Vinculante n 4, este Tribunal entendeu que não é possível a substituição do salário mínimo, seja como base de cálculo, seja como indexador, antes da edição de lei ou celebração de convenção coletiva que regule o adicional de insalubridade. 8 B. Adicional de periculosidade O adicional de periculosidade 9 é invariável e corresponde a 30% do salário-base do empregado (art. 193, 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho). 10 5. TST. 7ª T. 1072-72.2011.5.02.0384. Rel. Cláudio Brandão. DEJT 03.10.2014. 6. CLT. Art. 192: O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. 7. TST. Súmula nº 228. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO. A partir de 9 de maio de 2008, data da publicação da Súmula Vinculante nº 4 do Supremo Tribunal Federal, o adicional de insalubridade será calculado sobre o salário básico, salvo critério mais vantajoso fixado em instrumento coletivo. O Ministro Gilmar Mendes, em sede de liminar, suspendeu a aplicação da referida Súmula do TST, na parte em que permite a utilização do salário básico para calcular o adicional de insalubridade (RCL nº 6266). 8. STF. Rcl 6266-DF. Rel. Min. Gilmar Mendes. DJU 5.8.2008. 9. Fórmula para o cálculo do adicional de periculosidade: S x 0,3 (S = salário). 10. CLT. Art. 193, 1º. O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 924 07/07/2016 11:48:42

Cap. X SEGURANÇA, HIGIENE E MEDICINA DO TRABALHO 925 O referido adicional é devido quando o empregado exercer atividades ou operações perigosas, assim entendidas como aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem exposição permanente a: a) inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; b) roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. c) atividades de trabalhador em motocicleta. O exercício de determinadas profissões confere o direito à percepção do aludido adicional, como acontece com o frentista de posto de gasolina, por exemplo: TST. SÚMULA Nº 39. PERICULOSIDADE. Os empregados que operam em bomba de gasolina têm direito ao adicional de periculosidade (Lei nº 2.573, de 15.08.1955). (RA 41/1973, DJ 14.06.1973). A Portaria Ministério do Trabalho e Emprego nº 1.885/13, regulamentou o art. 193 da CLT e listou as atividades e operações que oferecem risco de roubo ou de outras espécies de violência física relativamente aos profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. Assim, são considerados profissionais de segurança: a) empregados das empresas prestadoras de serviço nas atividades de segurança privada ou que integrem serviço orgânico de segurança privada, devidamente registradas e autorizadas pelo Ministério da Justiça, conforme Lei nº 7102/1983 e suas alterações posteriores. b) empregados que exercem a atividade de segurança patrimonial ou pessoal em instalações metroviárias, ferroviárias, portuárias, rodoviárias, aeroportuárias e de bens públicos, contratados diretamente pela administração pública direta ou indireta. As atividades ou operações perigosas a que podem estar submetidos os profissionais mencionados, são as seguintes: Atividades ou operações Vigilância patrimonial Segurança de eventos Segurança nos transportes coletivos Segurança ambiental e florestal Transporte de valores Escolta armada Segurança pessoal Supervisão/fiscalização Operacional Telemonitoramento/ telecontrole Descrição Segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio em estabelecimentos públicos ou privados e da incolumidade física de pessoas. Segurança patrimonial e/ou pessoal em espaços públicos ou privados, de uso comum do povo. Segurança patrimonial e/ou pessoal nos transportes coletivos e em suas respectivas instalações. Segurança patrimonial e/ou pessoal em áreas de conservação de fauna, flora natural e de reflorestamento. Segurança na execução do serviço de transporte de valores. Segurança no acompanhamento de qualquer tipo de carga ou de valores. Acompanhamento e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos. Supervisão e/ou fiscalização direta dos locais de trabalho para acompanhamento e orientação dos vigilantes. Execução de controle e/ou monitoramento de locais, através de sistemas eletrônicos de segurança. Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 925 07/07/2016 11:48:42

926 CURSO DE DIREITO DO TRABALHO José Cairo Júnior Já a Portaria do MTE nº 1.565/14, regulamentou a classificação do trabalho perigoso com o uso de motocicletas, inclusive com a exclusão de algumas atividades, por meio do seu anexo 5: 1. As atividades laborais com utilização de motocicleta ou motoneta no deslocamento de trabalhador em vias públicas são consideradas perigosas. 2. Não são consideradas perigosas, para efeito deste anexo: a) a utilização de motocicleta ou motoneta exclusivamente no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela; b) as atividades em veículos que não necessitem de emplacamento ou que não exijam carteira nacional de habilitação para conduzi-los; c) as atividades em motocicleta ou motoneta em locais privados. d) as atividades com uso de motocicleta ou motoneta de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. A Lei nº 2.573/55, em seu art. 2º, lista as atividades em contato permanente com inflamáveis consideradas perigosas, tais como: transporte, da carga e descarga de inflamáveis, do reabastecimento de aviões ou de caminhões-tanques e de postos de serviço, enchimento de latas e tambores, dos serviços de manutenção e operação em que o trabalhador se encontre sempre em contato com inflamáveis, em recintos onde estes são armazenados e manipulados ou em veículos em que são transportados. 11 Sobre a mesma matéria trata a Súmula nº 39 do TST: Os empregados que operam em bomba de gasolina têm direito ao adicional de periculosidade. A base de cálculo do adicional de periculosidade, segundo o posicionamento do Tribunal Superior do Trabalho, é o salário básico, sem acréscimo de qualquer outro adicional. No caso do eletricitário, o adicional de periculosidade incidia sobre todas as verbas de natureza salarial, na forma prevista pelo art. 1º da Lei nº 7.369/85: 12 Art. 1º. O empregado que exerce atividade no setor de energia elétrica, em condições de periculosidade, tem direito a uma remuneração adicional de trinta por cento sobre o salário que receber. Contudo, a Lei nº 12.740/12 revogou expressamente essa norma específica e alterou o art. 193 da CLT, que passou a incluir a hipótese do trabalho do eletricitário. 11. TST. SDI-1. OJ Nº 385. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. DEVIDO. ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL NO PRÉDIO. CONSTRUÇÃO VERTICAL. É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical. 12. TST. Súmula nº 70. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. O adicional de periculosidade não incide sobre os triênios pagos pela Petrobras. SÚMULA Nº 191. ADICIONAL. PERICULOSIDADE. INCIDÊNCIA Nova redação Res. 121/2003, DJ 21.11.2003. O adicional de periculosidade incide apenas sobre o salário básico e não sobre este acrescido de outros adicionais. Em relação aos eletricitários, o cálculo do adicional de periculosidade deverá ser efetuado sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial. TST. SDI-1 OJ Nº 279. Adicional de Periculosidade. Eletricitários. Base de Cálculo. Lei nº 7.369/85, Art. 1º. Interpretação. O adicional de periculosidade dos eletricitários deverá ser calculado sobre o conjunto de parcelas de natureza salarial (nota do autor: com a edição da Lei nº 12.740/12, o TST deve modificar a redação desses verbetes). Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 926 07/07/2016 11:48:42

Cap. X SEGURANÇA, HIGIENE E MEDICINA DO TRABALHO 927 O adicional de periculosidade também é devido quando o empregado exercer atividades de risco em potencial concernentes a radiações ionizantes ou substâncias radioativas, como estabelecido pela Portaria do MTE nº 518/03. 13 O valor do adicional de periculosidade, pago ou devido com habitualidade pelo empregador, deve ser levado em consideração para efeito do cálculo das demais verbas devidas por conta da execução e extinção do pacto laboral, inclusive das horas extras: TST. SÚMULA Nº 132. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INTEGRAÇÃO. (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nº 174 e 267 da SDI-1) Res. 129/2005 DJ 20.04.2005: I O adicional de periculosidade, pago em caráter permanente, integra o cálculo de indenização e de horas extras. (ex-prejulgado nº 3). (ex-súmula nº 132 RA 102/1982, DJ 11.10.1982/ DJ 15.10.1982 e ex-oj nº 267 Inserida em 27.09.2002); 14 II Durante as horas de sobreaviso, o empregado não se encontra em condições de risco, razão pela qual é incabível a integração do adicional de periculosidade sobre as mencionadas horas. (ex-oj nº 174 Inserida em 08.11.2000). O entendimento do TST, inserido no inciso II da Súmula nº 364, era no sentido de ser possível flexibilizar o pagamento do adicional de periculosidade, por meio de convenção ou acordo coletivo do trabalho. A mudança de posicionamento decorreu depois de várias decisões em sentido contrário, no âmbito das Turmas daquele Tribunal, que culminou com o cancelamento, em 24.05.2011, do inciso II da Súmula nº 364: SÚMULA Nº 364. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, PERMANENTE E INTERMITENTE (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 5, 258 e 280 da SBDI-1) Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. I Faz jus ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. (ex-ojs da SBDI-1 nºs 05 inserida em 14.03.1994 e 280 DJ 11.08.2003). II A fixação do adicional de periculosidade, em percentual inferior ao legal e proporcional ao tempo de exposição ao risco, deve ser respeitada, desde que pactuada em acordos ou convenções coletivos. (item cancelado em 24.05.2011). Posteriormente, para deixar mais claro o posicionamento do TST, o inciso II foi reinserido no referido verbete para afastar, expressamente, a possibilidade de flexibilização do pagamento do adicional de periculosidade: SÚMULA Nº 364. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, PERMANENTE E INTERMITENTE (inserido o item II) - Res. 209/2016. 13. TST. OJ Nº 345. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RADIAÇÃO IONIZANTE OU SUBSTÂNCIA RADIOATIVA. DEVIDO. A exposição do empregado à radiação ionizante ou à substância radioativa enseja a percepção do adicional de periculosidade, pois a regulamentação ministerial (Portarias do Ministério do Trabalho nºs 3.393, de 17.12.1987, e 518, de 07.04.2003), ao reputar perigosa a atividade, reveste-se de plena eficácia, porquanto expedida por força de delegação legislativa contida no art. 200, caput, e inciso VI, da CLT. No período de 12.12.2002 a 06.04.2003, enquanto vigeu a Portaria nº 496 do Ministério do Trabalho, o empregado faz jus ao adicional de insalubridade. 14. Como a expressão hora extra não engloba o conceito de adicional de horas extras, o adicional de horas extras não deve ser calculado com base nessa última parcela, sob pena de se configurar o pagamento de adicional sobre adicional, apesar de este não ser o entendimento do TST, conforme se observa do teor da OJ nº 259 da SDI-1: de periculosidade deve compor a base de cálculo do adicional noturno, já que também neste horário o trabalhador permanece sob as condições de risco. Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 927 07/07/2016 11:48:42

928 CURSO DE DIREITO DO TRABALHO José Cairo Júnior I Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. (ex-ojs da SBDI-1 nºs 05 - inserida em 14.03.1994 - e 280 DJ 11.08.2003) II Não é válida a cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho fixando o adicional de periculosidade em percentual inferior ao estabelecido em lei e proporcional ao tempo de exposição ao risco, pois tal parcela constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantida por norma de ordem pública (arts. 7º, XXII e XXIII, da CF e 193, 1º, da CLT). O resumo a seguir destaca as atividades perigosas e os agentes insalubres: Perigoso Explosivos Inflamáveis Eletricidade Radiações ionizantes Substâncias radioativas Roubos Outras espécies de exposição a atos de violência física Trabalho com o uso de motocicleta Insalubre Agentes químicos Agentes físicos Agentes biológicos Exemplos de questões sobre o tema (FCC - Juiz do Trabalho Substituto 24ª região/2015) Considerando a jurisprudência consolidada do Colendo Tribunal Superior do Trabalho e as normas da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, relativamente às atividades insalubres, considere: I. A verificação mediante perícia de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, prejudica o pedido de adicional de insalubridade. II. Os tripulantes e demais empregados em serviços auxiliares de transporte aéreo que, no momento do abastecimento da aeronave, permanecem a bordo não têm direito ao adicional de periculosidade a que aludem o art. 193 da CLT e o Anexo 2, item 1, c, da NR 16 do MTE. III. Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho. IV. A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR 15 da Portaria do MTE nº 3.214/1978 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano. V. O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I, II, III e IV. (B) II, III, IV e V. (C) III, IV e V. (D) IV e V. (E) I e V. Resposta: B Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 928 07/07/2016 11:48:42

Cap. X SEGURANÇA, HIGIENE E MEDICINA DO TRABALHO 929 (FCC - Juiz do Trabalho Substituto 15ª região/2015) Conforme entendimento pacificado do TST em matéria de Segurança e Medicina do Trabalho, é INCORRETO afirmar que (A) o adicional de insalubridade já remunera os dias de repouso semanal e feriados. (B) o adicional de periculosidade deve compor a base de cálculo do adicional noturno, já que também neste horário o trabalhador permanece sob as condições de risco. (C) a realização de perícia é obrigatória para a constatação de insalubridade, sendo permitido ao julgador a utilização de outros meios de prova, quando impossível sua realização, como em caso de fechamento da empresa. (D) a eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo não exclui a percepção do respectivo adicional, dependendo de perícia a apuração de tal fato. (E) em face de ausência de previsão legal, é indevido o adicional de insalubridade ao trabalhador em atividade a céu aberto por sujeição à radiação solar. Resposta: D (FCC - Juiz do Trabalho Substituto 15ª região/2015) Em uma empresa em que se constata apenas exposição a um agente perigoso, trabalham Messias, João e Carlos, sendo que Messias trabalha diretamente com o transporte de material inflamável, de modo permanente, nas dependências da empresa. João faz a rendição de Messias durante o intervalo para alimentação e descanso e, no restante do tempo, exerce a função de chefe de almoxarifado. Carlos também exerce a função de chefe de almoxarifado, entretanto, no seu intervalo para alimentação pega carona com João no transporte de inflamáveis, cujo trajeto dura cerca de cinco minutos. Diante dessa situação, com base na legislação aplicável e no entendimento pacificado do TST, o direito ao recebimento de adicional de periculosidade é de (A) Messias, que faz jus ao adicional de periculosidade integral; João, ao proporcional ao tempo de exposição ao inflamável e Carlos não tem direito ao referido adicional. (B) Messias, apenas, que lida diretamente com produtos inflamáveis em toda a jornada de trabalho. (C) Messias e João, mas Carlos não possui qualquer direito. (D) Messias, João e Carlos. (E) Messias, que faz jus ao referido adicional e tanto João quanto Carlos devem recebê-lo de forma proporcional, tendo em vista seu grau de exposição ao agente perigoso. Resposta: C (PROCURADOR DO TRABALHO MPT 2013) Considerando-se a jurisprudência do TST em relação à saúde e segurança dos trabalhadores, assinale a alternativa CORRETA: (A) Não tem direito ao adicional de insalubridade o trabalhador que exerce atividade exposto ao calor acima dos limites de tolerância em ambiente externo com carga solar. (B) O art. 195 da CLT exige que o adicional de periculosidade seja apurado por laudo pericial elaborado por engenheiro do trabalho. (C) A inobservância da obrigação de instruir os empregados e expedir ordens de serviço quanto às precauções a tomar em relação aos riscos ergonômicos, pode caracterizar a culpa do empregador e sua responsabilidade subjetiva pela doença ocupacional dela advinda. (D) A constatação de insalubridade na atividade de limpeza de residências e escritórios, com a respectiva coleta de lixo, apurada por laudo pericial, demanda o pagamento do respectivo adicional, a despeito de não se encontrar dentre aquelas classificadas como lixo urbano pela Portaria do Ministério do Trabalho. (E) Não respondida. Resposta: C (TRT 3 Juiz do Trabalho Substituto 3ª região/ 2013) Relativamente à insalubridade e à periculosidade, considerando o direito legislado e a jurisprudência dominante, é incorreto afirmar: (A) A limpeza em residências e escritórios e a respectiva coleta de lixo não podem ser consideradas atividades insalubres, ainda que constatadas por laudo pericial, porque não se encontram dentre as classificadas como lixo urbano na Portaria do Ministério do Trabalho. (B) Os empregados que operam em bomba de gasolina têm direito ao adicional de periculosidade. Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 929 07/07/2016 11:48:42

930 CURSO DE DIREITO DO TRABALHO José Cairo Júnior (C) Também são atividades periculosas, nos termos da lei, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. (D) Durante as horas de sobreaviso, o empregado não se encontra em condições de risco, razão pela qual é incabível a integração do adicional de periculosidade sobre as mencionadas horas. (E) A reclassificação ou a descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade competente, não repercute na satisfação do respectivo adicional, sob pena de ofensa a direito adquirido ou violação ao princípio da irredutibilidade salarial. Resposta: E (TRT 15 Juiz do Trabalho Substituto 15ª região/ 2013) Ainda no que tange a medidas jurídicas ligadas à proteção da saúde no ambiente de trabalho, é incorreto dizer: (A) do ponto de vista da legislação, o adicional de periculosidade foi primeiro direcionado exclusivamente às atividades que implicassem contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado; depois, foi estendido ao empregado que exerce atividade no setor de energia elétrica, em condições de periculosidade; e agora abrange, igualmente, as atividades relacionadas a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial; (B) é entendimento sumulado do TST que os empregados que operam em bomba de gasolina têm direito ao adicional de periculosidade, caso não fornecido o EPI adequado; (C) aplica-se ao estagiário a legislação relacionada à saúde e segurança no, trabalho, sendo sua implementação de responsabilidade da parte concedente do estágio; (D) aplicam-se ao trabalhador rural as normas de medicina e segurança do trabalho; (E) o repouso semanal remunerado deverá coincidir, pelo menos uma vez no período máximo de três semanas, com o domingo, respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho e outras a serem estipuladas, em negociação coletiva. Resposta: B 2.4. Natureza jurídica Os adicionais de insalubridade e periculosidade servem para compensar o labor do empregado em condições adversas, ou seja, quando se encontrar exposto a agentes insalubres ou sob risco de vida. Além disso, tem como objetivo inibir o empregador de exigir o trabalho em condições insalubres ou perigosas ou no sentido de adotar medidas para diminuir ou eliminar os agentes causadores dessa anormalidade no meio ambiente de trabalho. Em que pese existir essa compensação legal, os aludidos adicionais tem natureza salarial, pois são devidos em decorrência do trabalho e não como forma de recompor o patrimônio econômico do empregado pelo exercício do seu trabalho, características das verbas indenizatórias. Por conta do seu caráter salarial, os adicionais de periculosidade e de insalubridade incorporam-se à remuneração para todos os efeitos legais, enquanto recebidos. Desse modo, o cálculo das demais parcelas devidas em face da execução e extinção do pacto laboral, como aviso prévio indenizado, FGTS, remuneração de férias, 13º salário etc., devem levar em consideração o valor dos referidos adicionais. O TST manifesta-se sobre o assunto, por meio da Súmula nº 139: SÚMULA Nº 139. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 102 da SDI-1) Res. 129/2005 DJ 20.04.2005. Enquanto percebido, o adicional de insalubridade integra a remuneração para todos os efeitos legais. (ex-oj nº 102 Inserida em 01.10.1997). Cairo Jr.-Curso de Dir Trabalho-12ed.indb 930 07/07/2016 11:48:42