Pesquisa de Conjuntura Econômica do Setor de Alimentação Fora do Lar

Documentos relacionados
Pesquisa de Conjuntura Econômica do Setor de Alimentação Fora do Lar

Pesquisa de Conjuntura Econômica do Setor de Alimentação Fora do Lar

Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário

BOLETIM ECONÔMICO Agosto/2018

Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário

Evolução Setor Foodservice

Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário

Gazeta do Povo, 25 de novembro de 2018

Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário

Boletim de Indicadores Econômicos. Estado de São Paulo

Valor médio por presente R$ 88,50

Sondagem Conjuntural dos Pequenos Negócios BR. Setembro 2017

Sondagem conjuntural dos Pequenos Negócios BR. junho de 2017

Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário

CHEGADA DO NATAL MARCA INTERRUPÇÃO DA SEQUÊNCIA DE ALTAS NA CONFIANÇA DO COMÉRCIO

Balanço Econômico 2011 e Perspectivas 2012 Avaliação do setor de borracha do Rio Grande do Sul

MUNDIAL DE FUTEBOL MOVIMENTARÁ R$ 252 MILHÕES NO SEGMENTO DE BARES E RESTAURANTES NO BRASIL

Setembro/16. PIB do 2º Trimestre e conjuntura recente. Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Conjuntura Econômica do Brasil Agosto de 2013

Carta de Conjuntura do Setor de Seguros

CONFIANÇA DO COMÉRCIO AUMENTA PELA SÉTIMA VEZ NAS VÉSPERAS DO NATAL

A CRISE ECONÔMICA NA VISÃO DOS EMPRESÁRIOS

Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário

Indicador de Confiança do Consumidor

Indicador de Confiança do Consumidor

BOLETIM ECONÔMICO Julho/2015

SINCOR-SP 2017 JULHO 2017 CARTA DE CONJUNTURA DO SETOR DE SEGUROS

Conjuntura econômica fraca persiste no terceiro trimestre. PIB Trimestral em %

Conjuntura Março. Boletim de AGRAVAMENTO DAS CRISES ECONÔMICA E POLÍTICA INDUZ MUDANÇAS NO PAÍS. PIB dos serviços recua 2,1% em 2015

Carta de Conjuntura do Setor de Seguros

Indicador de Confiança do Consumidor

O CENÁRIO ECÔNOMICO ATUAL NA VISÃO DOS CONSUMIDORES

CONJUNTURA. Maio FONTE: CREDIT SUISSE, CNI, IBGE e BC

Crise econômica faz aumentar espera de desempregados por nova vaga

Empresários esperam queda de cerca de 10% no valor do presente para o Dia das Crianças

03/11 SEGUNDA-FEIRA - Boletim FOCUS/Banco Central - Indicadores Industriais / CNI

>> Sondagem Industrial Mato Grosso do Sul >> Outubro 2018

PIB trimestral tem crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior após 3 anos

>> Sondagem Industrial Mato Grosso do Sul >> Janeiro 2019

Consultoria. Conjuntura Econômica e Perspectivas Setembro/2016. Juan Jensen

Carta de Conjuntura do Setor de Seguros

Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário

O SETOR DE PRÉ-FABRICADOS

PESQUISA FEBRABAN DE PROJEÇÕES MACROECONÔMICAS E EXPECTATIVAS DE MERCADO

SINCOR-SP 2016 AGOSTO 2016 CARTA DE CONJUNTURA DO SETOR DE SEGUROS

PERSPECTIVAS DE NEGÓCIOS

Sondagem Conjuntural. Pequenos Negócios. Dezembro 2017

Produto Interno Bruto - PIB Var. 12 meses contra 12 meses anteriores (%) Atividades selecionadas, 2016

A semana em revista. Relatório Semanal 08/06/2015

SUMÁRIO. Empresas no Simples. Inadimplência. Síntese. Inflação PIB. Crédito. Empreendedorismo. Juros. Expediente. Emprego. Confiança.

Resultados de julho 2015

ESTUDOS MUNICIPAIS. Setor de Serviços lidera demissões em Araraquara

Resultados de dezembro

Carta de Conjuntura do Setor de Seguros

>> Sondagem Industrial Mato Grosso do Sul >> Fevereiro 2017

Intenção de compras para o Dia dos Pais 2013

VISÃO GERAL DA ECONOMIA

Carta Econômica Mensal - Abril de Ainda Incertezas...

SUMÁRIO. Empresas no Simples. Inadimplência. Síntese. Inflação PIB. Crédito. Empreendedorismo. Juros. Expediente. Emprego. Confiança.

Mercado de Trabalho: Um Caminho Difícil pela Frente

Retração do PIB apresenta tímida melhora

SONDAGEM DATAS COMEMORATIVAS - DIA DOS PAIS

SUMÁRIO. Empresas no Simples. Inadimplência. Síntese. Inflação PIB. Crédito. Empreendedorismo. Juros. Expediente. Emprego. Confiança.

Situação da economia e perspectivas. Gerência-Executiva de Política Econômica (PEC) 18 de fevereiro de 2014

Neste balanço apresentaremos indicadores do setor da Construção Civil nos últimos anos e previsões para o fechamento de 2017.

Produto Interno Bruto por setor de atividade

O próximo ano será melhor para o varejo (mas nem tanto) SÃO PAULO, 13 DE NOVEMBRO DE 2014 POR REDAÇÃO DC.

Sondagem Mensal da Indústria de Autopeças

SINCOR-SP 2016 JULHO 2016 CARTA DE CONJUNTURA DO SETOR DE SEGUROS

PERCEPÇÃO SOBRE AS CONTAS PÚBLICAS BRASILEIRAS

RELATÓRIO PREVI NOVARTIS. 1- Overview Macroeconômico. 18 de março de 2016

REVISÃO DE EXPECTATIVAS

Julho de 2013 Deterioração da conjuntura leva a nova revisão da taxa de crescimento para 2013 Gráfico 1 Componentes do IPCA,

Contexto externo. Impactos da crise econômica nos planos desaúde. - Retração da economia, desemprego e queda do poder aquisitivo;

Boletim de Inteligência Estratégica

INTENÇÃO DE CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA PARA O FIM DE ANO

Perfil dos consumidores

Principal meta dos brasileiros para 2016 é sair do vermelho, mostra SPC Brasil

>> Sondagem Industrial Mato Grosso do Sul >> Abril 2017

Resultados de outubro

Setor de Panificação 100 ANOS AIPAN

informa NOTÍCIAS Indústria de transformação plástica prevê alta de 1% na produção em 2013 ante pág 03

Desemprego em São Paulo tem leve recuo e passa de 17,5% em setembro para 17,2% em outubro

Nota de Crédito PF. Outubro Fonte: BACEN

Carta de Conjuntura do Setor de Seguros

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 2º trimestre de 2013

Resultados de novembro

Indicador de Confiança do Consumidor

A atividade industrial registra queda de 2,2% em julho

ATA DE REUNIÃO DO COMITÊ DE INVESTIMENTOS - COMIN COMIN - Nº 17/2016

Senhores Conselheiros, Gestores e Membros do Comitê de Investimentos,

Carta de Conjuntura do Setor de Seguros

Confiança do Empresário do Comércio Índice e Subíndices

Indicadores da Economia Brasileira: Confiança e Expectativas Observatório de Políticas Econômicas 2016

ILAESE. ANÁLISE ECONÔMICA Janeiro de 2015

O desempenho dos principais indicadores da economia brasileira em 2008

SINCOR-SP 2016 SETEMBRO 2016 CARTA DE CONJUNTURA DO SETOR DE SEGUROS

Relatório de Intenção de Compras do Dia dos Pais 2015

BOLETIM ECONÔMICO Fevereiro/2017

Brasília, 16 de dezembro de 2015 BALANÇO DE 2015 E PERSPECTIVAS PARA 2016

Transcrição:

Pesquisa de Conjuntura Econômica do Setor de Alimentação Fora do Lar Introdução A crise no setor de alimentação, que teve início no primeiro trimestre de 2015 e se agravou muito no segundo semestre do ano passado, parece ter atingido o seu momento mais dramático no primeiro trimestre de 2016. Um impressionante número de empresas afirma estar operando com prejuízo: 34% - ou seja, uma em cada três, um número que não parou de crescer nas seis edições da pesquisa. Começou com 5% no último trimestre de 2014, foi a 15% no primeiro trimestre de 2015, rondou os 25% do segundo ao quarto trimestre de 2015 e agora chega aos 34%. O agravamento da crise traz ao menos uma boa notícia para o consumidor: os preços praticados pelo setor que, durante uma década subiram bem acima da inflação média do país, se alinharam com esta em 2015 e caíram à metade (1,33%) da inflação medida pelo IPCA no primeiro trimestre de 2016 (2,62%). O quadro acima e o ambiente de enormes incertezas políticas têm derrubado as expectativas dos empresários com relação ao faturamento em 2016, mesmo com a clara desaceleração da queda das vendas dessazonalizadas (-0,85%) no primeiro trimestre, o que parece indicar que chegamos ao fundo do poço. A Abrasel continua mantendo a sua previsão de que o ano de 2016 apresentará um crescimento real nulo e um crescimento nominal da ordem de 7,5%, alinhado com a nossa expectativa para inflação geral do país. Este cenário considera que as perdas dos dois primeiros trimestres serão decrescentes e que o setor retomará de forma lenta o crescimento a partir do terceiro trimestre e encerrará o ano com um faturamento de 160 bilhões de reais. Os duros reflexos da crise levarão muitas empresas a fechar suas portas ainda este ano e o setor deverá fechar algo em torno de 250 mil postos de trabalho. De todo o orçamento que o brasileiro destina à alimentação, em média, um terço é gasto com alimentação fora do lar, um setor que emprega mais de 6 milhões de pessoas e que representa 2,7% do PIB do país. Faturamento: Os novos hábitos de consumo do brasileiro, que incorporou de maneira definitiva ao seu estilo de vida o hábito de comer fora de casa, seja por conta de uma renda que cresceu na década passada, seja pela maior presença da mulher no mercado de trabalho ou pelo aumento do custo de contratar empregadas domésticas, garantiu a presença do consumidor nos bares e restaurantes.

Se não resta dúvida de que o consumidor não abandonou os bares e restaurantes, também é claro que este reduziu os seus gastos e promoveu uma intensa migração de faixa de gasto mais alto para as faixas de gasto mais baixas. Enquanto os estabelecimentos com tíquete por cliente na faixa de R$25 a R$70 apresentam queda de faturamento de até 30%, os com tíquetes abaixo de R$15 chegam a faturar até 15% a mais. Comportamento das vendas por faixa de tíquete médio por cliente: Valor (R$) Variação (%) Tíquete > 70 Estável 25 a 70 Queda de até 30% 15 a 25 Estável < 15 Crescendo de 5 a 15% Encontramos queda generalizada de faturamento no 1º trimestre de 2016. Importante observar que a maior parte desta queda deve-se a uma sazonalidade histórica, na qual o primeiro trimestre do ano apresenta uma redução média de 6% em relação ao último trimestre do ano anterior. Dessa forma, a queda em termos reais dessazonalizados é de -0,85%.

Quadro de pessoal A busca incessante do consumidor por gastar menos tem pressionado o setor a se reinventar, numa luta frenética por produzir mais com menos. A redução no quadro de pessoal, que já supera os 10% nos últimos dois anos, veio acompanhada de investimentos em automação e qualificação de mão de obra, além de melhorias de processos. A redução no quadro de pessoal anunciada por 64% das empresas indica que o setor continuará demitindo e deverá terminar o ano com algo em torno de 250 mil empregos a menos. No recorte, as empresas com prejuízo acima de 5% - as mais vulneráveis e com perspectiva de fechar nos próximos 12 meses - preveem, como era de se esperar, a intenção de demitir quase três vezes mais do que as demais empresas, indicando que um importante conjunto de empresas (77%) parece estar finalizando um ciclo de redução de quadro de funcionários.

Rentabilidade A grande maioria das empresas (79%) informa que seus custos operacionais continuam subindo acima da inflação geral do país. Para os outros 13%, o aumento de custos acompanha a inflação. A pressão dos consumidores por preços mais acessíveis não tem permitido que o setor repasse os aumentos de custos na totalidade, o que pressiona o resultado das empresas, fazendo com que uma em cada três esteja operando com prejuízo. Chama especial atenção o crescimento expressivo da parcela das empresas que estão realizando prejuízos superiores a 5% - elas já somam 23% do total. Prejuízos dessa ordem não são suportáveis por períodos longos e neste grupo estão as empresas e empregos mais ameaçados.

Se o consumidor poderá se prejudicar com o fechamento de um estabelecimento que frequenta, para ele a boa notícia é que toda esta pressão feita por gastar menos fez com que o setor reajustasse os seus preços no primeiro trimestre de 2016 bem abaixo da inflação no período. Depois de passar uma década reajustando seus preços acima da inflação média do país, o setor acompanhou a inflação em 2015 e, no primeiro trimestre de 2016, corrigiu seus preços pela metade da inflação no período: 1,33% contra 2,62% do IPCA geral. Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) Brasil AFL 1ºtrim/2016 2,62 1,33 2015 10,65 10,38 2014 6,41 9,79 2013 5,91 10,07 2012 5,84 9,51 2011 6 10,49 2010 5,91 9,82 2009 4,31 7,75 2008 5,9 11,99 2007 4,46 7,67 2006 3,14 5,9 2005 5,69 6,89 Fonte:IBGE

Concorrência Como poderíamos imaginar, o ambiente econômico adverso e um consumidor buscando gastar menos provocou um acirramento da concorrência de maneira que uma em cada duas empresas percebem uma concorrência crescente. Quando fazemos a análise de concorrência com o recorte de localização na rua ou em shopping center fica evidente a maior pressão da concorrência em shopping centers, com 58% enxergando aumento, enquanto nas empresas de porta pra rua, a percepção de aumento fica em 44%.

Continuidade do negócio Questionados sob as perspectivas de manutenção do negócio nos próximos 12 meses, o número de empresários que prevê se desfazer do seu negócio salta dos altíssimos 16% da pesquisa do quarto trimestre de 2015 para um impressionante número de 19%, ou seja, um em cada cinco entrevistados sinaliza não ter condições de manter o seu negócio. Reclamações trabalhistas Quatro em cada dez entrevistados tiveram pelo menos uma reclamação trabalhista nos últimos 12 meses, número que permaneceu estável. Porém, ao observarmos o valor pago ao trabalhador vimos que o percentual de ações com valor superior a R$ 15 mil, que era de 4% na pesquisa realizada no 4º trimestre de 2014, subiu para 8% no 4º trimestre de 2015 e atinge 12% no primeiro trimestre deste ano. Este aumento constante sugere que as posições de chefia - que representam a mão de obra mais qualificada e que as empresas se empenharam em preservar nos primeiros momentos de dificuldades - passaram a engrossar as estatísticas de desemprego no setor.

Previsões Quadro de Pessoal A maior parte do ajuste no quadro de pessoal parece ter acontecido em 2015, conforme mostrado na pesquisa anterior. Mas ainda há ajustes sendo feitos: no primeiro trimestre deste ano, metade das empresas disseram prever redução no quadro de pessoal, com uma queda média nacional de 4,08%, indicando que 250 mil postos de trabalho deverão ser extintos.

Custos operacionais A grande maioria dos empresários acredita que seus custos operacionais crescerão acima da inflação em 2016 mantendo a visão de pressão sobre a rentabilidade que foi observada na pesquisa anterior. Ambiente de Negócios O agravamento da crise no segundo semestre de 2015 e suas consequências sobre o faturamento, emprego e a rentabilidade das empresas fizeram com que a grande maioria dos empresários (66%) passassem a prever um 2016 pior, sendo que, dentre eles, 28% preveem um ano muito pior. Por outro lado, se antes apenas 10% previam um ano melhor, desta vez 16% responderam que acreditam que o ambiente de negócios vai melhorar em 2016. Ou seja, há mais gente vendo luz no fim da crise. O fechamento de um conjunto expressivo de empresas acabará por favorecer as que sobreviverem e, acreditamos, boa parte das empresas que preveem um 2016 um pouco pior (38%) poderá aparecer nos próximos trimestres entre as que preveem melhoras.

Visão do próprio negócio O pessimismo geral com o setor agora aparece em uma intensidade parecida quando se questiona o desempenho individual dos negócios. Mais da metade dos empresários (55%) acredita que o faturamento do seu negócio este ano será pior que em 2015 o pessimismo é sentido em todas as regiões em intensidade similar.