Análise das Condições de Balneabilidade das Praias de Natal/RN e da Influência da Precipitação

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Transcrição:

Análise das Condições de Balneabilidade das Praias de Natal/RN e da Influência da Precipitação Cati Elisa de Avila Valadão 1, André Luis Calado Araújo 2 1 PPGCC/UFRN Natal RN cati.valadao@gmail.com, 2 IFRN Natal RN RESUMO: Este artigo avalia as condições de balneabilidade das praias do município de Natal/RN com base na quantidade de coliformes fecais (CF) em amostras de água coletadas em 7 estações de monitoramento, ao longo do período de 2004-2011. As praias Barreira d Água (NA06) e Cacimba do Boi (NA05) destacaram-se por apresentar as melhores condições de balneabilidade. Seus percentuais anuais de condições próprias para banho foram superiores a 98% e 92%, respectivamente, para todos os anos analisados. Por outro lado, até 2009 a praia da Mãe Luiza (NA07) continuamente apresentou o número mais provável (NMP) de CF extremamente elevado, caracterizando uma situação de constante contaminação e degradação ambiental. Embora a precipitação seja um dos fatores que podem influenciar a qualidade ambiental de uma praia, não foi possível estabelecer uma relação direta entre precipitação acumulada nas 24h e quantidade de CF para as estações e anos analisados. ABSTRACT: This article evaluates the balneability conditions in Natal/RN based on the determination of density of faecal coliforms (FC) in water samples collected in 7 monitoring points along the coast during the period of 2004-2011. The beaches of Barreira d Água (NA06) and Cacimba do Boi (NA05) presented the best environmental quality showing proper bathing conditions over 98% and 92%, for each year, respectively. In contrast, until 2009 Mãe Luiza (NA07) beach repeatedly presented extremely high most probable number (MPN) of FC, showing a poor balneability condition for most of the period under analysis. Precipitation may be considered one of the factors influencing balneability conditions, however, we could not establish a clear relationship between the 24h-accumulated precipitation and the MPN of FC for the sampling points and years considered. 1 INTRODUÇÃO O Rio Grande do Norte (RN) tem recebido um grande número de turistas atraídos pela beleza natural de suas praias, cujo o principal aporte turístico se dá em Natal. Além disso, Natal tem sofrido uma grande expansão urbana ao longo das duas últimas décadas. Com um contingente populacional e um fluxo turístico cada vez maiores, a demanda por serviços de infra-estrutura urbana ressalta uma série de deficiências quanto ao saneamento, moradias, abastecimento d água e de energia elétrica, segurança, qualidade ambiental e legalização das áreas ocupadas na cidade.

Neste contexto, a avaliação da qualidade das águas destinadas à recreação de contato primário (balneabilidade) se enquadra na gestão ambiental na medida em que é entendida como verificação de critério de uso, instrumento de controle de qualidade e insumo para a formulação de políticas de desenvolvimento. Por recreação de contato primário entende-se aquele contato direto e prolongado com a água (natação, mergulho, esqui-aquático, etc.), onde a possibilidade de ingerir quantidades significativas de água é também expressiva (IDEMA, 2005, 2008; IFRN, 2012). Ao longo dos últimos anos, o RN vem desenvolvendo um monitoramento sistemático das condições de balneabilidade de suas praias através do Programa da Rede Compartilhada de Monitoramento de Qualidade da Água Programa Água Azul, cuja operação é feita pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Norte (IDEMA), Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (IGARN) e Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio Grande do Norte (EMPARN), com o apoio técnico-científico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN) (IFRN, 2012). O estudo das condições de balneabilidade das praias potiguares é feito com base nos critérios estabelecidos em conformidade com as especificações das resoluções nº 020/1986 e nº 274/2000 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) (CONAMA, 1986, 2000). As águas doces, salobras e salinas, destinadas à recreação de contato primário, podem ser classificadas de acordo com a resolução CONAMA nº 274/2000, nas categorias imprópria e própria, podendo ser utilizado como critério de enquadramento da quantidade de coliformes fecais encontrada em um conjunto de cinco amostras, coletadas durante semanas consecutivas. A categoria própria pode ainda se subdividir nas categorias excelente (máx. de 250 em 80% ou mais das amostras), muito boa (máx. de 500 em 80% ou mais das amostras), satisfatória (máx. de 1000 em 80% ou mais das amostras) ou imprópria (acima de 1000 em mais de 20% das amostras). O presente trabalho busca contribuir com o planejamento urbano do município de Natal/RN no contexto de uma sociedade ambientalmente sustentável, através da análise da evolução das condições de balneabilidade de suas praias e sua relação com a precipitação. 2 MATERIAL E MÉTODOS Os dados utilizados foram fornecidos pelo programa Água Azul, e correspondem ao número mais provável (NMP) de microorganismos do tipo bactérias coliformes fecais (FC) encontrado em 100mL de amostra de água, obtidos através das amostras coletadas em 7 estações localizadas em Natal, ao longo de 52 semanas, durante o período de 2004 a 2011. Os dados de precipitação diária de Natal foram fornecidos pela EMPARN. O estudo consistiu da análise da evolução semanal das condições de balneabilidade com base na quantidade de CF para cada estação de monitoramento de Natal ao longo de toda a série, e da evolução percentual anual da condição própria para banho. A

categoria PRÓPRIA (%) fim de avaliar a influência das chuvas nas condições de balneabilidade, também foram analisadas as distribuições da precipitação. A análise das correlações considerou a precipitação acumulada nas últimas 24h do dia da coleta das amostras, cuja leitura diária é realizada às 7h (hora local). 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES A análise da Figura 1a evidencia comportamentos bastante distintos entre as estações monitoradas. Nota-se que em algumas semanas as estações NA01 (Ponta Negra/Morro do Careca) e NA03 (Ponta Negra/Free Willy) chegaram a apresentar limites máximos da ordem de 9.000 NMP/100mL. A estação NA02 (Ponta Negra/Acesso Principal) teve valores máximos em torno de 5.000mL, ao passo que a NA04 (Ponta Negra/Final do Calçadão) teve um episódio da ordem de 30.000 NMP/100mL na semana 74 (correspondendo à semana 22/2005, mês de junho). Porém, na maioria das semanas os limites encontrados foram inferiores a 1.000 NMP/100mL. Os valores de CF encontrados nas estações NA05 (Via Costeira/Cacimba do Boi) e NA06 (Via Costeira/Barreira d Água) apresentam um limite máximo de 3.000 NMP/100mL ao longo de toda a série de dados. Já a estação NA07 (Via Costeira/Mãe Luiza) se caracteriza por apresentar limites extremamente altos na maior parte da série. Destaca-se ainda que em várias semanas os limites encontrados são de centenas de milhares de coliformes fecais, cujo pico ocorreu na semana 170 (correspondendo à semana 14/2005, mês de abril) no valor de 900.000 NMP/100mL. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 NA01 100 90 92 89,3 96 88 90 90 NA02 96 90 94 91,5 96 94 92 94 NA03 100 77 86,5 93,6 98 94 94 96 NA04 100 90 94 93,6 98 96 96 98 NA05 100 92 92 100 100 98 92 100 NA06 98 100 98 100 98 96 98 100 NA07 34 0 3,8 0 64,7 50 86,5 86 b) a) Figura 1: a) Evolução semanal da quantidade de coliformes fecais encontrada nas estações de monitoramento de Natal/RN de 2004-2011. A linha tracejada em vermelho indica o limite de 1000 NMP/100mL. b) Evolução percentual anual da condição de própria para banho das praias de Natal/RN. A Figura 1b ilustra os percentuais anuais da classificação própria para banho, obtidos para cada estação. Nota-se que a estação NA07 foi a que apresentou a pior qualidade ambiental ao longo da série. Nos anos de 2005 e 2007 a mesma se encontrou 100% imprópria para banho ao longo de todo o ano. Nos anos de 2010 e 2011 houve uma considerável melhoria, quando o percentual de própria para banho chegou a 86%. As demais praias apresentaram um percentual anual alto de própria para banho, com valores superiores a 90%, excetuando-se apenas NA01 em 2009 com

88%, e NA03 nos anos de 2005 e 2006 com 77% e 86,5%, respectivamente. Salienta-se ainda que a estação NA06 apresentou condições de própria para banho com valores acima de 96% para cada ano. As demais estações apresentaram uma queda de qualidade de 2004 para 2005 e uma ligeira queda de 2008 para 2009, onde NA01 e NA07 apresentaram as piores qualidades. De uma maneira geral, pode-se dizer que, exceto por NA07, todas as estações apresentaram pequenas oscilações ao longo do período, mantendo sua condição como própria para banho. Sales (2006) ao estudar a balneabilidade das praias urbanas de Natal durante o ano de 2005 sugeriu que o NMP de CF apresentou-se elevado para aqueles dias em que houve alta incidência de chuvas coincidindo e/ou antecedendo as coletas de amostras. Uma análise da distribuição de precipitação em Natal foi feita visando avaliar se houve influência desta na qualidade ambiental das praias, no período de 2004-2011. Natal se caracteriza por apresentar uma estação chuvosa que tem início em março e se estende até agosto, cujo principal período chuvoso ocorre de abril a julho. Os totais mensais e anuais de precipitação observados na cidade encontram-se na Tabela 1. Tabela 1- Totais mensais e anuais de precipitação (mm) de Natal/RN do período de 2004 a 2011. O retângulo verde destaca a estação chuvosa e, em negrito, os anos mais chuvosos. 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Jan 383,9 2,0 4,2 86,3 69,4 162,1 71,3 326,1 Fev 283,0 36,4 87,2 65,9 22,4 245,7 81,4 76,5 Mar 252,0 186,3 157,4 260,3 270,9 220,6 69,9 146,7 Abr 167,8 144,0 427,9 245,4 409,2 364,3 191 368,3 Mai 160,7 548,2 115,3 120,9 212 372,3 262,7 413 Jun 642,9 761,3 375,1 560,4 538 304,5 153,9 445,4 Jul 393,4 126,9 133,3 191,8 473,1 347,9 150,5 170,4 Ago 90,1 134,4 90,3 95,8 401,1 229,2 95,3 118 Set 44,4 43,9 45,2 46,2 37,8 76,7 40,3 33,3 Out 13,0 31,6 13,4 20,2 31,8 1 8,2 16 Nov 10,1 1,2 83,5 45,2 9,5 6,7 13,2 44 Dez 4,8 10,4 49,8 16,0 0,4 9,5 54,7 21,9 Total anual 2446,1 2026,6 1582,6 1754,4 2475,6 2340,5 1192,4 2179,6 Percebe-se que, em termos de totais anuais, o ano de 2008 foi o mais chuvoso da série seguido por 2004 e 2009. A fim de avaliar as relações entre a distribuição das chuvas e a balneabilidade, foi feita uma representação gráfica qualitativa da evolução semanal das condições de balneabilidade (Figura não mostrada). Apesar de janeiro e fevereiro de 2004 terem sido bastante chuvosos, apenas 3 estações apresentaram condições impróprias para banho, sendo uma delas a NA07. Todavia, esta estação apresentou condições impróprias na maioria das semanas analisadas, independentemente da época do ano. O ano de 2004 apresentou precipitações significativas ao longo de período chuvoso, porém, com exceção da NA07, nenhuma outra estação apresentou condições impróprias. Embora o ano de 2008 tenha valores mensais superiores aos da estação chuvosa de 2004, apenas 2 estações apresentaram condição imprópria para banho. Já o ano de 2005 apresentou maior ocorrência de praias em condições impróprias exatamente no período chuvoso, com exceção da estação NA06, com 1 semana com condição muito boa e as demais excelentes. A análise da evolução semanal da quantidade de CF (Figura 1a) evidenciou que a maioria das estações apresentou índices de CF

bastante elevados em 2005, principalmente, nos meses de maio e junho os quais foram extremamente chuvosos naquele ano. A análise dos coeficientes de correlação para 2005 revelou que o maior coeficiente encontrado foi com a estação NA05, com correlação moderada (0,6), seguido de correlação fraca (0,4; 0,3 e 0,3) com NA06, NA01 e NA02, respectivamente. Nenhuma correlação foi encontrada com as estações NA03, NA04 e NA07 em 2005. Nos demais anos as correlações encontradas foram todas fracas e, no máximo, com 3 estações de monitoramento. Nenhuma correlação foi encontrada com os anos de 2006, 2008 e 2010. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados indicaram que, de forma geral, as praias de Natal possuem boa qualidade ambiental, onde apenas a praia da Via Costeira/Mãe Luíza (NA07) apresentou continuamente elevados índices de contaminação, mantendo, portanto, as piores condições para banho. Relatórios emitidos pelo programa Água Azul apontam como causa principal a deficiência ou inexistência de um sistema de coleta e tratamento de esgotos domésticos, com a consequente descarga destes na praia (IDEMA, 2005, 2008). Já as praias da Via Costeira, Barreira d Água (NA06) e Cacimba do Boi (NA05), destacaram-se como praias com as melhores condições ambientais, apresentando percentagens anuais de própria para banho superiores em 98% e 92%, respectivamente. Apenas a distribuição da precipitação não foi capaz de explicar a grande variabilidade apresentada nas condições de balneabilidade das praias urbanas de Natal. As altas quantidades de CF encontradas podem estar associadas ao lançamento clandestino de esgotos na rede de drenagem pluvial de Natal. Todavia, uma análise mais detalhada, envolvendo este e outros fatores, foge ao escopo deste trabalho. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao programa Água Azul e à EMPARN por terem gentilmente cedido os dados de balneabilidade e de precipitação, respectivamente. A primeira autora agradece à CAPES pela concessão da bolsa de doutorado. REFERÊNCIAS CONAMA. Resolução CONAMA Nº 20, de 18 de junho de 1986. Brasília-DF (Brasil), Conselho Nacional de Meio Ambiente, Ministério do Meio Ambiente, 1986. CONAMA. Resolução CONAMA Nº 274, de 29 de novembro de 2000. Brasília-DF (Brasil), Conselho Nacional de Meio Ambiente, Ministério do Meio Ambiente, 2000. IDEMA. Comportamento da balneabilidade das praias potiguares durante o ano de 2004: relatório síntese. Natal-RN, 26p., 2005. IDEMA. Tomo II Monitoramento das condições de balneabilidade das praias do Rio Grande do Norte no período de agosto a novembro de 2008. Natal-RN, 20p., 2008. IFRN. Programa Água Azul. 2012. Disponível em:<http://www.programaaguaazul.rn.gov.br>. Acesso em: jul. 2012. SALES, T E. A. Estudo da balneabilidade das praias urbanas do município de Natal-RN durante o ano de 2005. Dissertação (mestrado em Eng. Sanitária), UFRN, Natal-RN, 108p., 2006.