JORNALISMO DE MODA NA BAHIA: CULTURA E COMPORTAMENTO EM PAUTA 1. Larissa Molina Alves 2 UFRB Renata Pitombo Cidreira 3 UFRB

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1 JORNALISMO DE MODA NA BAHIA: CULTURA E COMPORTAMENTO EM PAUTA 1 Resumo Larissa Molina Alves 2 UFRB Renata Pitombo Cidreira 3 UFRB A pesquisa verifica como o jornalismo de moda revela aspectos da cultura, comportamento, bem como sua aproximação com o jornalismo cultural. Foram selecionadas matérias e editoriais de moda, veiculados entre novembro de 2013 a novembro de 2014, no caderno Bazar, publicação semanal do jornal Correio, de Salvador, Bahia. Observa-se, ainda, o movimento deste conteúdo para a web. Palavras-chave: Jornalismo; Moda; Cultura; Comportamento. Introdução A moda tem demonstrado ocupar um espaço significativo na cultura contemporânea, cada vez mais unida às mídias. Buscando consolidar ainda mais o diálogo entre moda, comunicação e cultura, a presente pesquisa tem o objetivo de verificar como o jornalismo de moda revela aspectos da cultura e comportamento e a sua aproximação com o jornalismo cultural. Mais relacionado ao entretenimento, cobertura dos fatos e a crítica das produções artísticas da música, teatro, cinema etc., o jornalismo cultural também tem 1 Trabalho apresentado no GT Comunicação, Sensibilidades e Performance do I RECOM Comunicação e Processos Históricos, realizado de 29 de setembro a 01 de outubro de 2015, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cachoeira, BA. 2 Graduada em Comunicação Jornalismo pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Corpo e Cultura (CNPq). E-mail: larimolina@gmail.com 3 Professora Adjunta da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Líder do Grupo de Pesquisa Corpo e Cultura (CNPq). E-mail:pitomboc@yahoo.com.br

2 entre as suas tarefas, falar da cultura de maneira mais ampla. Piza (2004) e Gadini (2009) identificam como o jornalismo brasileiro com o tempo adquiriu novos enfoques para a cultura e assinalam a abertura para a moda, gastronomia, turismo e decoração, além da importância e os desafios da crítica. Piza (2004) destaca que o jornalismo cultural também deve refletir sobre novos comportamentos, hábitos e outros fenômenos da realidade. Nesse sentido, aproximar moda, cultura e jornalismo é reconhecer no jornalismo de moda a capacidade de problematizar o papel do corpo, de inserir a moda na cultura, além de resgatar sua história e pensar que a mídia funciona como um espaço de exposição/difusão, não apenas de coleções sazonais de roupas, mas de tendências, modismos, estilos, comportamentos (HINERASKY, 2006, p.04). Foi feito um estudo de caso no conteúdo publicado entre novembro de 2013 a novembro de 2014, no caderno Bazar, veiculado aos domingos no jornal Correio, de Salvador-Bahia. O caderno aborda temas como decoração, turismo, gastronomia, e moda. Conta com 16 páginas, em formato Berliner e se destaca no cenário atual do jornalismo de moda da Bahia. Procurou-se observar também, diante do cenário de convergência das mídias, o movimento deste conteúdo para web. Utiliza-se como procedimentos metodológicos, a análise de conteúdo de acordo com Bardin (2000), que busca compreender o sentido da comunicação (como se fosse o receptor normal), mas também e principalmente desviar o olhar para uma outra significação (BARDIN, 2000, p. 41) e possui três fases: pré-análise, exploração do material e análise e interpretação dos resultados. Também foram realizadas entrevistas com jornalistas responsáveis pela publicação. Para pensar a relação da moda com cultura, privilegiamos as abordagens a partir de Geertz (1978) e Simmel (2005), que consideram a cultura mais especificamente como sistemas simbólicos partilhados, o que compreende regras sobre

3 relações e modos de comportamento, a interação do homem com o próprio homem, com os outros ou com coisas. Para Geertz é através do fluxo do comportamento - ou mais precisamente da ação social que as formas culturais encontram articulação (GEERTZ, 1978, p.12). E seus significados emergem no papel que desempenham no padrão de vida decorrente das relações que mantem umas com as outras. E para Simmel (2005), a cultura pode ser entendida como possibilidade e seu sentido específico sé preenchido quando o homem inclui algo que lhe é exterior como valores e séries que não são em si subjetivos e interiores, entre eles, arte e moral, ciência, religião e normas sociais. Já para pensar a relação entre moda, comunicação e cultura, tem se como ponto de partida a noção de moda a partir de Lipovestky (1989) e Cidreira (2005). Lipovestky (1989) apresenta a constituição do fenômeno moda enquanto um sistema, que composto por um movimento circular que introduziu a novidade como um valor na cultura ocidental. Além disso, vai evidenciar como os meios de comunicação contribuíram significativamente para o estabelecimento dessa dinâmica na cultura das sociedades modernas. Partindo de uma noção complementar, Cidreira (2005) relaciona a moda também ao comportamento, maneira de ser, viver e se vestir. Partimos, portanto, de uma perspectiva que compreende a moda como dinâmica, gosto pela novidade, mas também como expressão cultural, parte do modo de vida. E observa-se que a cultura são criações da alma convertidas em significações simbólicas partilhadas, que se articulam nos comportamentos. E a moda, enquanto maneira de expressão e dinâmica de mudança, participa dos processos comunicacionais e da mídia, expressando valores, hábitos e comportamentos. Foram analisadas 16 matérias e 08 editoriais de moda. A seleção utilizou como principais categorias, as noções operacionais para reflexão do jornalismo de moda de Comportamento, segundo Joffily (1991), que interessam a um público maior, insere a moda na atualidade, nas correntes sociais e culturais e com sua história, preocupação

4 estética, e sua simetria com os fatos (JOFFILY, 1991, p.98). E a de Moda Cultural, segundo Cidreira (2011), que se refere à maneira de ver a moda no jornalismo enquanto manifestação simbólica. Moda, Cultura e Comportamento em Pauta As matérias e editoriais de Comportamento e Moda Cultural são menos frequentes. Procuram refletir sobre a moda, o corpo e aparência, aspectos do comportamento, tendências da moda, cuidados com a beleza e o estilo. Associando-se com as abordagens da Moda Fashion, Tendência e Serviço (Cidreira, 2011 e Joffily, 1991), que demonstram a moda relacionada à dinâmica de mudança e prestam serviço ao leitor. É recorrente a exibição da relação simbólica que as pessoas estabelecem com suas vestimentas e acessórios. Os textos procuram refletir, principalmente, sobre comportamentos de pessoas ou grupos que tem a aparência como meio de comunicar sua maneira de ser. Personagens têm suas histórias de vida e estilo apropriado para ilustrar, problematizar os temas e inspirar o leitor. Figura 1 e 2: Matérias sobre comportamento, aparência e estilo. (http://www.facebook.com/bazar), 2013.

5 Algumas matérias e editoriais falam sobre estilos que são considerados tendência, caracterizado pela utilização de algumas peças ou elementos específicos, para revelar certos traços identitários, como por exemplo, os estilos Normcore, Boho, Tribal e Gipsy. Nos editoriais, compostos principalmente por fotos, ilustram dicas para a leitora aderir a estilos relacionados também a uma conduta ou maneira de viver com liberdade, originalidade e criatividade. Figura 3 e 4: Editoriais com os estilos Gipsy e Tribal (http://www.facebook.com/bazar), 2014. Outras matérias exploram o comportamento e relacionam a moda com as relações afetivas, identidade de gênero, étnica e problematiza o uso de bermuda no ambiente de trabalho. Outras ainda associam bem a abordagem da Moda Cultural, tematizando mais diretamente, algumas tradições ou fenômenos culturais, sob o ponto de vista da moda: comportamentos e a aparência relacionada aos orixás, aos góticos e ao rock, e editoriais tiveram como referência elementos e tradições da cultura brasileira, baiana, mexicana, vestes dos anos vinte e dos ciganos. Sempre apontando o diálogo existente entre a moda e esses traços culturais na atualidade, bem como com suas dinâmicas ao longo da história.

6 Figura 5 e 6: Editorial sobre a volta dos anos 1920 na moda e em homenagem a Iemanjá (http://www.facebook.com/bazar), 2014. Outras já trazem a percepção da moda enquanto um fenômeno cultural global, que possui uma cultura universal estimulada pela união entre moda, consumo e mídia, mas que podem ser adaptados a cada realidade regional ou cultural. Neste sentido, torna-se relevante, apontar as ligações da Bahia e de baianos nesse contexto de tendências da moda do momento, pessoas principalmente de Salvador que estão conectadas com este mundo. O material analisado também encontra abertura na web, num movimento efetuado hoje pelos veículos impressos. Do total de 24 publicações, 21 encontram-se na página do caderno no Facebook 4, que funciona como proximidade e maneira de atrair leitores, e 16 na página do Bazar no portal Correio24horas 5, onde a presença exige certa atualidade nos temas e os títulos e o design são adaptados, há mais espaço e melhor visualização para textos e fotos. 4 www.facebook.com/bazarcorreio 5 www.correio24horas.com.br/bazar

7 Considerações Finais O conteúdo demonstra bem a moda a partir da perspectiva de Lipovestky (1989) como dinâmica de mudança periódica de estilo, gosto pela novidade, e com a aparência em lugar de destaque. E de Cidreira (2005, 2011) da moda como expressão cultural, parte do modo de vida, busca pela identidade e espaço de mediação entre indivíduos. Podemos perceber que a moda participa das significações simbólicas que compõem a cultura e o comportamento como explica Geertz (1978), e da interação entre sujeito e objeto em busca do desenvolvimento pessoal da alma, abordada por Simmel (2005). O encontro entre o jornalismo de moda e cultural existe principalmente quando questiona aspectos da cultura e comportamento, como a utilização do corpo e da indumentária como expressão. Uma postura crítica e interpretativa que problematiza o papel do corpo e relaciona a moda com os fenômenos culturais, história, religiões e tradições. Deste modo, o jornalismo de moda revela o seu lado mais criativo e também reflexivo sobre a realidade. A perspectiva da aproximação através da crítica de moda se efetiva na seleção dos assuntos que vão ser pautados e nos produtos utilizados na produção de moda dos editoriais. A equipe de produção do caderno afirma seleciona-los, a partir principalmente da qualidade das peças e com o cuidado de exibir produtos de variados preços. Também afirmam não ter como prioridade a crítica de moda, e sim um conteúdo informativo de qualidade. Consideram importante explorar a relação entre moda e comportamento, pela ligação com o cotidiano e para aproximar da cultura local. O que exerce, em certa medida, uma crítica de moda, porém não na expectativa de um texto crítico com critérios específicos. É importante destacar que o material analisado, se refere a uma parte do

8 conteúdo do caderno onde a moda divide espaço com outros temas que também envolvem comportamento e cultura. Por isso notamos que através da produção do caderno Bazar, o jornalismo de moda da Bahia, acompanha a tendência do jornalismo cultural brasileiro de mostrar a cultura relacionada principalmente com entretenimento. Notamos no conteúdo veiculado na web, a presença de elementos do jornalismo online mencionados por Palacios (2003). Principalmente a Interatividade a partir dos comentários, da Personalização de Conteúdo do portal ao dedicar uma página específica para o caderno, além da Hipertextualidade, Memória e Atualização Contínua, que configura o formato. As tecnologias em rede transformaram a forma de lidar com a moda e na web existe muita busca e compartilhamento por informação sobre o tema. Nesse sentido, acredita-se que o jornalismo tem demonstrado ser a fonte mais confiável de informação sobre a moda na internet e pode ser também de maior capacidade de reflexão. É importante destacar também que, a partir do que explica Gadini (2009), a princípio não seria possível pensar informação jornalística que não fosse interpretativa, pois deste modo, também é crítica. De certo modo, se é jornalismo e informação, de alguma maneira está se falando de fatos ou fenômenos da realidade construída a partir das interações entre os homens, e da sua cultura. Daí que podemos perceber essa relação de interdependência entre cultura e comunicação. Por todos esses aspectos, acreditamos que a pesquisa identifica, em certa medida, a relação da moda com a cultura e comportamento na comunicação, trazendo um aprofundamento sobre o jornalismo produzido na mídia baiana. Além disso, a identificação de características que podem ser expressas também para o cenário contemporâneo do jornalismo de moda produzido por outros jornais brasileiros.

9 Referências BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2000. CIDREIRA, Renata Pitombo. Os sentidos da moda: (vestuário, comunicação e cultura). São Paulo: Annablume, 2005.. A sagração da aparência: o jornalismo de moda na Bahia. Salvador: EDUFBA, 2011. GADINI, Sergio Luís. Interesses Cruzados: a produção da cultura no jornalismo brasileiro. São Paulo: Paulus, 2009. GEERTZ, Clifford James. A interpretação da Cultura. In: Uma Descrição Densa: Por uma teoria interpretativa da cultura. Rio de Janeiro: Zahar Editoriais, 1978.. HINERASKY, Daniela Aline. Jornalismo de moda no Brasil: questionamentos da cena brasileira. In: XXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 2006, Brasília, Anais. Disponível em: < http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2006/resumos/r1428-1.pdf>. Acesso em 10. mar. 2014. JOFFILY, Ruth. O jornalismo e produção de moda. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. Trad. Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. PALACIOS, Marcos. Ruptura, Continuidade e Potencialização no Jornalismo Online: o Lugar da Memória. In: Modelos de Jornalismo Digital. MACHADO, Elias e PALACIOS, Marcos. Salvador: Calandra, 2003. PIZA, Daniel. Jornalismo cultural. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2004. SIMMEL, Georg. O conceito e a tragédia da cultura. In: SOUZA, Jessé; ÖELZE, Berthold. (Orgs.). Simmel e a modernidade. 2. ed. Brasília: UnB, 2005.