Filipa Rente Ramalho O Acto Administrativo: Conceito, estrutura, objecto e conteúdo Trabalho para a Disciplina de Direito Administrativo Orientador: Professor António Francisco de Sousa UNIVERSIDADE DO PORTO FACULDADE DE LETRAS 2007
Sumário Introdução... 3 1. Conceito de Acto Administrativo... 4 1.1. Evolução... 4 1.2. Tipos... 4 1.3. Elementos... 5 2. Estrutura do Acto Administrativo... 6 3. Objecto e Conteúdo do Acto Administrativo... 7 Conclusão... 8 Bibliografia... 9 Pág.2/9
Introdução Este trabalho foi realizado no âmbito da cadeira de Direito Administrativo, que pertence ao Plano de Estudos do Curso de Licenciatura de Ciência da Informação (2º Ano, 2º Semestre), no corrente ano lectivo (2006/2007), com o objectivo de falar sucintamente sobre o tema O Acto Administrativo: conceito, estrutura, objecto e conteúdo. Este tema foi escolhido por mim entre todos os outros temas apresentados por considerar que a matéria sobre o acto administrativo é de grande importância para a disciplina e seria uma boa forma de me preparar para o exame final já que o objectivo do trabalho era falar sucintamente e considerar os aspectos mais importantes, o que obriga a que se faça uma boa análise do tema. Assim sendo o meu primeiro objectivo foi de recolher toda a informação importante para este tema e selecciona-la devidamente de forma a não prescindir do indispensável e prescindir do que não tem importância devida. Depois necessitei de dividir o trabalho em partes distintas, para que conseguisse fazer um trabalho claro e consequentemente uma melhor apresentação e compreensão do tema. Desta maneira numa primeira parte falo sobre o conceito de Acto Administrativo, mencionando a sua evolução, os seus tipos e os seus elementos. Depois, num segundo capítulo, explico sucintamente a estrutura do Acto Administrativo. Numa terceira parte passo a falar do objecto e conteúdo do Acto Administrativo. Por fim, faço uma conclusão do trabalho realizado. Devo, por último acrescentar que para a realização deste trabalho consultei fundamentalmente a bibliografia indicada pelo docente da cadeira assim como os meus apontamentos das aulas. Pág.3/9
1. Conceito de Acto Administrativo 1.1. Evolução O acto Administrativo surgiu com o moderno Direito Administrativo. Em finais do século XIX, surgiu em França a figura do acto administrativo como acto executório, aquele que dizia respeito às decisões da administração que tinha a força própria de auto execução. O conceito surge primeiro em França com Maurice Hourriou que restringiu o acto administrativo às decisões executórias da Administração. Depois Surge na Alemanha, com Otto Mayer que desenvolve o conceito com base no modelo da sentença judicial. Já em Portugal, surge a teoria do acto administrativo com Marcelo Caetano, muito influenciado pelo sistema francês. O conceito de acto administrativo passa então por ser a decisão que regula o caso concreto e que tem força executória própria. Esta definição tem vindo a evoluir pouco e mantém-se ao longo dos tempos segundo a definição de Marcello Caetano. A positivização do conceito apenas se dá em 1992 com o art. 120º do Código do Procedimento Administrativo. Neste artigo está o conceito legal de Acto Administrativo, embora possamos recorrer à doutrina para clarificar e esclarecer. Assim e, conforme o CPA actos administrativos são ( ) as decisões dos Órgãos da Administração que ao abrigo de normas de direito Público visem produzir efeitos jurídicos numa situação individual e concreta 1 1.2. Tipos Porque são diversos os tipos de actos administrativos, vou apenas mencionar aqueles que considero mais relevantes. Acto colectivo é um acto que afecta diversas pessoas que fazem parte de um grupo; Acto plural é aquele que afecta, de igual maneira pessoas diferentes, isto é pessoas entre as quais não há qualquer tipo de relação; Acto Geral é o acto que afecta uma pluralidade de pessoas determinadas ou determináveis, afectando, por isso várias pessoas sem qualquer relação entre si; Acto impositivo é o acto que impõe uma dada ordem a uma dada pessoa; Acto permissivo pode ser um acto que atribui vantagens como o de autorização, concessão, admissão, delegação, licença e subvenção; ou então um acto que elimina ou reduz encargos como o de dispensa e renúncia; Acto de decisão é um acto que resulta de um órgão singular; Acto de deliberação é um acto que resulta de um órgão colegial; 1 Código do procedimento Administrativo), artigo 120º Pág.4/9
Acto de pré-decisão é o acto que procede outro acto; Acto de execução instantânea é o acto em que o cumprimento do mesmo se consome num acto; Acto de execução continuada é o acto que não acaba num só momento, numa determinada execução; 1.3. Elementos Acto jurídico: um acto administrativo é um acto jurídico, isto é, acção voluntária que, por sua vez origina efeitos jurídicos; Acto Unilateral: um acto administrativo, sendo um acto jurídico resulta de um autor cuja declaração é perfeita mesmo que as intenções de outros sujeitos sejam diferentes, isto é a Administração Pública não precisa da vontade de mais ninguém para ser perfeita porque ela já o é; Acto praticado por um Órgão Administrativo: é um acto organicamente administrativo, isto é, é um acto praticado por um órgão da administração pública; Acto do poder Administrativo: só é um acto administrativo aquele que é praticado no exercício de um poder público praticado em aplicação de Direito Administrativo; Acto que versa sobre uma situação individual e concreta: o acto administrativo distingue entre todos os actos adminitrativos os que têm conteúdo individual e concreto e as normas jurídicas emanadas da Administração pública, isto é, que têm conteúdo geral e abstracto. Em síntese o acto administrativo é o acto jurídico unilateral praticado, no exercício de poder administrativo, por um órgão da Administração ou por uma entidade pública ou privada para tal habilitada por lei, e que traduz uma decisão tendente a produzir efeitos jurídicos sobre uma situação individual e concreta. 2 2 AMARAL, Diogo Freitas do Curso de Direito Administrativo. Coimbra, 2001. Vol II Pág.5/9
2. Estrutura do Acto Administrativo São quatro as ordens de elementos que compõem a estrutura do acto administrativo: os elementos subjectivos, os elementos formais, os elementos objectivos e os elementos funcionais. Os elementos subjectivos são o autor e o destinatário, ou seja, o acto administrativo relaciona dois sujeitos: A administração Pública e um particular ou, por vezes pessoas colectivas públicas. Os elementos formais são a forma e as formalidades, isto é, o acto administrativo tem obrigatoriamente uma forma, uma maneira de como manifesta a conduta voluntária; por outro lado temos as formalidades que são os parâmetros que a lei manda observar com intenção de garantir a correcta formação do acto administrativo ou o respeito pelos direitos e interesses legítimos dos particulares. Os elementos objectivos são o conteúdo e o objecto, ou seja, o conteúdo é a parte da conduta voluntária em que o acto consiste e o objecto é a parte exterior onde o acto recai. Os elementos funcionais são a causa, os motivos e o fim. A causa é um elemento sobre o qual não subsiste unanimidade entre os autores. O professor Freitas do Amaral fala, por isso, em duas vertentes: a objectiva, sendo a função jurídico-social de cada tipo de acto administrativo; e a subjectiva sendo o motivo imediato de Ada acto administrativo. Os motivos são tudo aquilo que leva a Administração pública a praticar um dado acto administrativo; existem motivos típicos e atípicos, próximos e remotos, principais e acessórios, imediatos e mediatos, etc. O fim é o objectivo a alcançar através de um dado acto administrativo. Para concluir esta breve explicação sobre a estrutura do acto é importante distinguir elementos de requisitos e pressupostos. Nos elementos podemos dizer que são fundamentos que integram o próprio acto e dividem-se em elementos essenciais (sem eles o acto não existe) e em elementos acessórios (podem ou não estar no acto). Os requisitos são os parâmetros que a lei enuncia para cada um dos elementos do acto e dividem-se em requisitos de validade (sem eles o acto é inválido) e os requisitos de eficácia (sem eles o acto é ineficaz). Os pressupostos são situações prévias que são exigidas para que o acto seja praticado. Pág.6/9
3. Objecto e Conteúdo do Acto Administrativo Como referi no capítulo anterior, o objecto do acto administrativo é a parte exterior onde o acto incide, por sua vez o acto incide sobre um acto administrativo primário, uma coisa ou uma pessoa. Consultando o Código de Procedimento Administrativo poderemos ver as Menções do acto que são a/o: Designação da autoridade que pratica e a menção de delegação ou subdelegação de poderes, quando há; Reconhecimento adequado do destinatário ou destinatários; Declaração dos factos ou actos a que deram origem, quando relevantes; Justificação, quando exigível; Conteúdo ou sentido da decisão e o respectivo objecto; Data em que é executado; A assinatura do autor do acto e do presidente do órgão colegial de que derive. O conteúdo do acto administrativo é constituído pela decisão essencial tomada pela Administração, pelas cláusulas acessórias e pelos fundamentos da decisão tomada. Depois de sabermos o que constitui o conteúdo do acto administrativo, é importante distinguir conteúdo acessório de conteúdo principal. Aquilo que permite identificar o acto, aquilo que tem que constar do acto constitui o conteúdo principal. Já o conteúdo acessório é tudo aquilo que é optativo e equivale aos elementos que a Administração Pública pode adicionar aos elementos do conteúdo principal. Pág.7/9
Conclusão Em primeiro lugar devo dizer que o tema do acto administrativo é um tema bastante extenso e, por isso, apenas referi estes aspectos do acto de uma maneira muito simplificada já que foi o pedido. Como um dos meus objectivos era preparar-me para o exame final da cadeira primeiramente li toda a informação do tema do acto administrativo tanto nas lições do professor Freitas do Amaral como no livro do professor da disciplina. Após estudar, e também porque ainda não tínhamos acabado a matéria nas aulas, senti alguma dificuldade em escolher os aspectos que iria referir neste trabalho e também em começar a resumir a informação já que era difícil discernir o que era mais importante daquilo que era menos importante. No final do trabalho, penso que alcancei os meus objectivos e consegui duma maneira simplificada e directa falar do conceito, da estrutura, do objecto e conteúdo do acto. Em jeito de conclusão posso ainda referir que o acto Administrativo é bastante importante para o Direito Administrativo já que este serve para regular a Administração e as suas principais características são a subordinação à lei, a presunção da legalidade, a imperatividade, a revogabilidade, a sanabilidade, a autoridade, a condição necessária do uso da força e a impugnabilidade contenciosa. Outro tema bastante interessante para falar num outro trabalho: as características e a natureza do acto administrativo. Pág.8/9
Bibliografia AMARAL, Diogo Freitas do Curso de Direito Administrativo. Coimbra, 2001. vol. II SOUSA, António Francisco de - Direito Administrativo em geral. Porto, 2006. Código do Procedimento Administrativo Pág.9/9