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Transcrição:

NOVIDADE ISBN: 978-84-9871-331-2 TITULO: O comboio AUTOR: Silvia Santirosi // Chiara Carrer EDITORA: editora OQO COLECÇAO: Q LUGAR, DATA E Nº DE EDIÇÃO: Pontevedra, fevereiro 2012, 1ª PÁGINAS: 48 ENCADERNADO: capa dura TAMAÑO: 22X28 PREÇO C/IVE: 14,90 TEMÁTICA: infantil IDIOMAS: galego, castellano, francês

OQO editora ISBN 978-84-9871-331-2 9 7 8 8 4 9 8 7 1 3 3 1 2 OQO editora

Edição original: OQO editora do texto das ilustrações da tradução do italiano desta edição Alemaña 72 T +34 986 109 270 portugal@oqo.es Design Impressão Primeira edição ISBN DL Silvia Santirosi 2011 Chiara Carrer 2011 Elisabete Ramos 2012 OQO editora 2012 36162 Pontevedra, Espanha F +34 986 109 356 www.oqo.es Oqomania Tilgráfica II fevereiro 2012 978-84-9871-331-2 PO 666-2011 Reservados todos os direitos Para o Alessio, uma das estrelas mais brilhantes do meu céu. S. S. OQO editora

Com a mão, minha filha, assinalas um ponto luminoso. Descobriste uma nova estrela.

Está longe, muito longe daqui. Dizes-me que não entendes porque, ao fechares um olho, ela parece estar tão perto que quase a podes agarrar, porém ela foge-te. Essa estrela que descobriste, minha filha, não ilumina a noite, a tua noite. Não lhe retira escuridão. Sentados, tu e eu, olhávamos pela janela.

Já tinhas acordado e contavas-me num murmúrio que todas as noites sonhas a mesma coisa.

Tenho que apanhar o comboio, papá. Estou sozinha e não sei como chegar à estação. Então desato a correr. E corro, corro, corro, arrastando uma enorme mala branca.

Quando te perguntei o que trazias lá dentro, olhaste para mim. Que estranhas são, às vezes, as perguntas dos adultos! disseste, e continuaste com o teu sonho.

Chego sempre a tempo, papá. O comboio está parado na linha; mas, de repente, o chefe da estação toca o apito.

Era outubro e tiritavas de frio. Então dei-te a tua camisola favorita, a verde, a que a tua mãe usava quando tu ainda não conhecias o mundo. Eras muito pequena e a tua casa era a barriga dela. Fechaste os olhos por um momento enquanto te ajudava a vesti-la e voltaste a assinalar a estrela.

Como continua o sonho? perguntei-te. E olhaste de novo para mim muito séria, porque, às vezes, as perguntas não servem. Há que esperar. Passado um instante, continuaste outra vez com a tua história.

O comboio está lá parado, papá. Ouve-se o apito do chefe da estação e as portas fecham-se. Deixam-me cá fora, sozinha. Não consegui entrar no comboio. Havia tipo um muro invisível que impedia que eu me mexesse. Agito o meu bilhete no ar. Ponho-me a gritar que tenho que entrar seja como for, apesar de saber que é tarde demais. O comboio parte. Noite após noite, estou sempre a vê-lo desaparecer após uma curva.

Nesse momento, sempre no mesmo momento do sonho, dizes-me que acordas. O que significa, papá? perguntas-me, enquanto te encolhes na tua camisola grande.

Como explicar-te que as pessoas de quem gostamos morrem, deixam-nos e partem? Como explicar-te que o amor e a alegria fazem parte da vida tal como a dor e a tristeza? Que há vermelho, verde, amarelo mas que também há negro? Como explicar-te tudo isto, minha filha? Então conto-te uma história.

Um dia, um homem cego foi ter com o vizinho. Bateu à porta com a bengala e esperou que abrissem. O vizinho convidou-o a entrar. Ofereceu-lhe um copo de leite e bolachas de trigo.

Depois de comer e de beber, o cego começou a falar: Como é a cor branca? Ontem à noite sonhei que via o branco pela primeira vez. O meu sonho parecia tão real O vizinho não sabia o que dizer. Viu o copo e o prato vazios na mesa e disse: O branco é a cor do leite. O cego ficou um momento em silêncio e disse: O branco é quente e fumegante como o leite que tu tomas antes de te deitares.

Não respondeu o vizinho. Não é exatamente assim. Branca é a farinha de trigo. Mais silêncio, e o cego disse: Já percebi. O branco é leve e macio como o tato da farinha entre os dedos. Não percebeste disse o vizinho. Leve e macia é a farinha de trigo, não é o branco! Ele pensou durante um bocado e disse: Assim vais entender: o branco é a cor da neve.

O cego sorriu. É como se o estivesse a ver. Frio e húmido. E quando se pisa faz ruídos Não, não interrompeu o vizinho. Lamento, mas não sou capaz de te explicar como é o branco.

Então o cego levantou-se, deu um aperto de mão ao vizinho e voltou a sorrir. Apoiado na bengala, voltou para casa. Não disse nada mas, por fim, soube que no seu sonho vira o branco, tal como tu sabes que encontraste a estrela. A tua estrela. Era tarde. Bocejaste, minha filha. Olhaste para mim e disseste: Vamos dormir?

Fechei a janela e levei-te para a cama. Dei-te um beijo na testa, como a tua mãe fazia sempre, e fiquei ao teu lado até adormeceres.

O dia seguinte era um domingo. Acordaste tarde, tal como todos os domingos. Enquanto tomávamos o pequeno-almoço, disseste: Papá, ontem à noite apanhei o comboio.

Desde então não voltaste a sonhar com o comboio, minha filha; mas todas as noites vais à janela para veres a tua estrela, a estrela que descobriste no céu. Não retira escuridão à tua noite, mas estará sempre aí. Basta esticares um pouco a mão para a teres contigo. Agora já sabes.