HIDROFILIDADE EM FIBRAS DE ALGODÃO BRANCO E NATURALMENTE COLORIDO

Documentos relacionados
INFLUÊNCIA DO CONDICIONAMENTO HIGROSCÓPICO NO CÁLCULO DE RENDIMENTO FIBROSO DO ALGODÃO DE FIBRA COLORIDA BRS 200 MARROM.

POTENCIALIDADES TECNOLÓGICAS DE FIBRA DISPONÍVEIS NOS PROGRAMAS DE MELHORAMENTO GENÉTICO DA EMBRAPA ALGODÃO NOS ESTADOS DO CEARÁ E DO MATO GROSSO

ALGODÃO BRANCO E COLORIDO SUBMETIDO À ADUBAÇÃO SILICATADA: QUALIDADE DA FIBRA

Características da Fibra de Algodão Produzida nas Regiões Norte e Nordeste de Mato Grosso do Sul

FIABILIDADE E TECNOLOGIA DA FIBRA DE CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO

QUALIDADE DA FIBRA DO ALGODÃO SUBMETIDO À ADUBAÇÃO SILICATADA

LINHAGENS FINAIS DE ALGODÃO NO VALE DO IUIU, SUDOESTE DA BAHIA, SAFRA 2009/10. 1 INTRODUÇÃO

TECNOLOGIA DE FIBRA DAS CULTIVARES DE ALGODÃO COLORIDO SUBMETIDO AO BENEFICIAMENTO EM DIFERENTES DESCAROÇADORES

Plantio de Algodão Ultra-Estreito - : Experiência do Grupo Itaquerê Engº Agrônomo Eurico Brunetta Dir. Agroindustrial Grupo Itaquerê

QUALIDADE DA FIBRA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE PLANTIO DA SEMENTE DE ALGODÃO LINTADA, DESLINTADA E DESLINTADA E TRATADA *

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 1663

CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DA FIBRA DO ALGODÃO HERBÁCEO EM RESPOSTA A IRRIGAÇÃO

IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO INSTRUMENTAL PARA A INDÚSTRIA TEXTIL. Hans Jorg Ruckriem CONSULTOR

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO NO SUDOESTE DA BAHIA, REGIÃO DO VALE DO YUYU

Ensaio de Valor de Cultivo e Uso (VCU 2005) do programa de melhoramento da Embrapa no Cerrado

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DA FIBRA DA BRS 200 MARROM A NÍVEL DE GRANDES CAMPOS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES

QUALIDADE DA FIBRA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO E DO ESTRESSE HÍDRICO (*)

ENSAIO REGIONAL DE LINHAGENS E CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO DO NORDESTE

ENSAIO DE ALGODÃO COLORIDO NO NORDESTE. Aldo Arnaldo de Medeiros¹; José Expedito Pereira Filho²; Marcelo Gurgel Medeiros³

Capulhos com fibra em plantação de algodão. (Foto: José Medeiros)

DESEMPENHO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO ESTADO DO CEARÁ *

ENSAIOS REGIONAIS DO CERRADO CONDUZIDOS NO CERRADO DA BAHIA NA SAFRA 2004/05 1

CARACTERÍSTICAS DE FIBRA EM UMA POPULAÇÃO F 2 SEGREGANTE PARA A COLORAÇÃO VERDE DA FIBRA (*)

CAUSAS DA PRODUÇÃO DE FIBRAS CURTAS NAS FAZENDAS

COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SEMENTES DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODÃO HERBÁCEO.

PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO ADUBADO COM ESCÓRIA SIDERÚRGICA

LINHAGENS FINAIS DE ALGODÃO DE FIBRAS MÉDIAS E LONGAS NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA

ENSAIO DE VALOR DE CULTIVO E USO (VCU 2004) DO PROGRAMA DE MELHORAMENTO DA EMBRAPA NO CERRADO

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ALGODÃO NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA 2009/10. 1 INTRODUÇÃO

ALGODÕES COLORIDOS NO BRASIL. Luiz Paulo de Carvalho Embrapa Algodão

AVALIAÇÃO DE NOVAS LINHAGENS ORIUNDAS DE CAMPOS DE SEMENTES GENÉTICAS DE ALGODÃO EM BARBALHA- CE RESUMO

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE ALGODOEIROS FIBRA LONGA NA FAZ. SUCURI GRUPO SACHETTI EM ITIQUIRA MT 2004

FISIOLOGIA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO SUBMETIDO À ADUBAÇÃO SILICATADA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ALGODÃO ARMAZENADAS EM FUNÇÃO DO PROCESSO DE DESLINTAMENTO QUÍMICO.

TECNOLOGIA DA FIBRA DE CULTIVARES DE ALGODÃO SUBMETIDAS AO BENEFICIAMENTO EM DISTINTOS DESCAROÇADORES

Hotel Ritz Lagoa da Anta - Maceió - AL 30 de julho a 03 de agosto de 2017

O material proveniente de cada colheita foi analisado no laboratório da Seção de Tecnologia de Fibras, Instituto Agronômico, determinando-se o

MÉTODOS DE APLICAÇÃO DE URÉIA NO ALGODOEIRO IRRIGADO: I QUALIDADE DA FIBRA DA CULTIVAR BRS 201

ANÁLISE EXATA CLASSIFICAÇÃO PADRÃO O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO E ANÁLISE DA FIBRA

COMPORTAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DA FIBRA DO ALGODÃO BRS 200 MARROM ARMAZENADA EM DUAS MICRORREGIÕES PARAIBANAS.

LINHAGENS DE ALGODOEIRO DE FIBRAS ESPECIAIS NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA 2008/09. 1

AVALIAÇÃO TECNICA E ECONOMICA DAS NOVAS CULTIVARES DE ALGODÃO NO CERRADO DA BAHIA.

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 18

Documentos. ISSN Junho, Avaliação de Cultivares de Algodoeiro no Cerrado da Bahia - Safra 2014/2015

TESTES PARA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE ALGODÃO ARMAZENADAS EM CONDIÇÕES AMBIENTAIS

O FENÔMENO DA HISTERESE NAS CURVAS DE RETENÇÃO DA ÁGUA NO SOLO E NO MANEJO DA IRRIGAÇÃO 1

INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS DE CÁLCIO E FERRO NA QUALIDADE DA FIBRA DO ALGODÃO NO ESTADO DE GOIÁS. I. ENSAIOS COM DOSES CRESCENTES DE Ca E Fe (*)

QUALIDADE DA FIBRA DE CULTIVARES DE ALGODOEIRO HERBÁCEO EM DIFERENTES NÍVEIS DE ADUBAÇÃO NITROGENADA NO AGRESTE DO ESTADO DE ALAGOAS

MELHORAMENTO DO ALGODOEIRO NO ESTADO DE GOIÁS ESTÁGIO DO PROGRAMA NA SAFRA 2002/2003 (*)

Ivo Neitzel; UEM - Universidade Estadual de Maringá Maringá - PR; Valquiria Demarchi; COCAMAR Cooperativa Agroindustrial Maringá PR

COMPORTAMENTO DA REFLECTANCIA E GRAU DE AMARELAMENTO DA FIBRA DO ALGODÃO BRS 200 MARROM ARMAZENADA EM DUAS MICRORREGIOES PARAIBANAS

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE PATOS-PB

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS CONTROLADAS

V Congresso Brasileiro de Algoão Sala 10 Classificação do Algodão

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Algodão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Circular. Técnica. Autores. Qualidade Global da Fibra de Algodão Produzida no Cerrado Brasileiro. Campina Grande, PB Agosto, 2006

INFLUÊNCIA DO ESTÁDIO DE MATURAÇÃO DA SEMENTE E DA PROFUNDIDADE DE SEMEADURA II: CRESCIMENTO VEGETATIVO

Documentos EB A. Desempenho de Cultivares de Algodoeiro no Cerrado do Estado da Bahia, Safra 2013/2014. ISSN Junho, 2015

CENTRO TREINAMENTO DA ABAPA PARCEIROS DA TECNOLOGIA

EFICIÊNCIA COMPARATIVA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA NA QUALIDADE DA FIBRA DO ALGODÃO CULTIVADO NO MUNICÍPIO DE SALGADO DE SÃO FÉLIX-PB

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Algodão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ESTIMATIVA DA HETEROSE EM ALGODOEIRO HERBÁCEO IRRIGADO NO NORDESTE

ÁGUA RESIDUÁRIA E ADUBAÇÃO NITROGENADA EM ALGODOEIRO HERBÁCEO. EFEITOS NAS CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DA FIBRA *

CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DA FIBRA DO ALGODÃO 'BRS 200' MARROM ARMAZENADA EM DUAS MICRORREGIÕES PARAIBANAS 1

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 701

CAPACIDADE GERAL E ESPECIFICA DE COMBINAÇÃO EM ALGODOEIRO HERBÁCEO

Caracterização da reflectância e grau de amarelamento da fibra do algodão BRS 200 Marrom armazenada

EFEITO DA APLICAÇÃO FRACIONADA DE URÉIA SOBRE A QUALIDADE DE FIBRA DO ALGODOEIRO IRRIGADO *

EFEITO DO CONDICIONAMENTO OSMÓTICO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ALGODÃO COLORIDO (Gossypium hirsutum L. )

Água de adesão = faixa de umidade que vai de 0% a aproximadamente 30%.

FIBRAS NÃO-NATURAIS OU QUÍMICAS

Análise de absorção de água em compósito de poliméro reforçado com fibras naturais

ESTUDO DO DESGASTE ABRASIVO DE AÇO CARBONITRETADO EM DIFERENTES RELAÇÕES AMÔNIA/PROPANO

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE CAMPINA GRANDE-PB

GENÓTIPOS DE PORTE MÉDIO DE MAMONA AVALIADOS EM IRECÊ (BA) PARA TEOR DE ÓLEO E PRODUTIVIDADE*

CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE ALGODÃO COLORIDO. RESUMO

RENDIMENTO DE SUCO E TEOR DE SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS EM GENÓTIPOS DE MARACUJAZEIRO AMARELO

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO NO ESTADO DE SÃO PAULO: ANO AGRÍCOLA 2001/02 1 RESUMO

SELEÇÃO MASSAL PARA PERCENTAGEM DE FIBRA EM UMA CULTIVAR DE ALGODOEIRO DE FIBRA COLORIDA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICA DA FIBRA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE FIBRA COLORIDA IRRIGADO COM ÁGUA RESIDUÁRIA E ADUBADO COM LODO DE ESGOTO

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DA FIBRA DE ALGODÃO EM ALGUNS ESTADOS SELECIONADOS DO BRASIL.

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES COMERCIAIS NO CERRADO DO MATO GROSSO SAFRA 2001/2002 *

Adubação foliar nitrogenada e boratada na qualidade da fibra do algodão colorido (Gossypium hirsutum L.)

AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE LINHAGENS FINAIS DE ALGODÃO PARA LANÇAMENTO DE CULTIVARES, SAFRA 2008/09. 1 INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DE COBERTURAS VEGETAIS SEMEADAS NA PRIMAVERA E SUAS INFLUÊNCIAS SOBRE O ALGODOEIRO 1

EFEITO DO ESPAÇAMENTO E DENSIDADE DE PLANTAS SOBRE O COMPORTAMENTO DO ALGODOEIRO (*)

EFEITO DE GENÓTIPOS E DO AMBIENTE NA FORMAÇÃO DE NEPS NA FIBRA DE ALGODÃO 1

ENSAIOS DE ALGODOEIROS DE FIBRAS COLORIDAS NO VALE DO IUIU 1 INTRODUÇÃO

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR NORDESTINA, SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO.

Mini-curso - Análise e melhoria da qualidade operacional nas fazendas e algodoeiras.

Documentos. Resultados do Ensaio Nacional de Cultivares de Algodoeiro Herbáceo nas Condições do Cerrado Safra 2013/2014. ISSN Dezembro, 2015

ESTUDO DE AMOSTRAGENS DE CAPULHOS EM CANTEIROS EXPERIMENTAIS DE ALGODÃO ( 1 )

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE PARA A REGIÃO DO PONTAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

EVALUATION OF QUANTITATIVE (PHYTOMASS AND ECONOMICAL PRODUCTION) AND QUALITATIVE (FIBRE AND THREAD) DEVELOPMENT OF COTTON CROP, CV

TINGIMENTO DE FIBRAS DE ALGODÃO COM CORANTES REATIVOS

DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DE SEMENTE DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) VARIEDADE EMGOPA OURO

ESTIMATIVA DE VIDA SOB FLUÊNCIA DE FIOS DE POLIETILENO DE ALTO MÓDULO ATRAVÉS DA METODOLOGIA DE LARSON- MILLER

Transcrição:

HIDROFILIDADE EM FIBRAS DE ALGODÃO BRANCO E NATURALMENTE COLORIDO Ruben Guilherme da Fonseca. (Embrapa Algodão / rguilher@cnpa.embrapa.br). RESUMO - Hidrofilidade é o nome atribuído à capacidade que a fibra de algodão possui de absorver e reter água. A celulose é a principal responsável por este fenômeno, entretanto, tratamentos químicos potencializam tal propriedade. Neste estudo objetivou-se primeiramente, quantificar a hidrofilidade natural da fibra do algodão por meio de dois parâmetros: conteúdo de umidade e índice de retenção de água e, em seguida, identificar correlações com as características tecnológicas intrínsecas à fibra. Foram avaliados dois cultivares de fibra branca (BRS Camaçari e BRS 201) e dois naturalmente coloridos (BRS 200 e BRS Safira). O estudo foi realizado em dezesseis amostras, quatro por variedade, previamente condicionadas em atmosfera-padrão que, paralelizadas na forma de feixes, foram parcialmente imersas em uma solução de água destilada e agente tensoativo por período de quatro horas, com observações horárias. Concluiu-se que a BRS 201 apresentou a maior capacidade de absorção de água, enquanto a BRS Safira a menor. A BRS Safira apresentou maior capacidade de retenção de água. A metodologia proposta não proporcionou altos níveis de correlação Pearson, contudo, foi possível concluir que, enquanto o UHM e o CSP são diretamente proporcionais ao conteúdo de umidade, a resistência à ruptura e o micronaire o são em relação à retenção de água. Palavras-chave: hidrofilidade, HVI, algodão colorido. FIBRE HIDROPHILICITY IN WHITE AND NATURALLY COLORED COTTON ABSTRACT - Hidrophilicity is the name given to the cotton fibre s ability to absorb and retain water. The cellulose is the main responsible for this phenomenon; nevertheless, chemical treatments may enhance this property. The goal of the present work was, firstly, to quantify the fibre s inner hidrophilicity by means of two parameters: moisture content and water retention, and then to identify correlations with the fibre s intrinsic technological characteristics. Two cultivars of white (BRS Camaçari e BRS 201) and two naturally colored fibres (BRS 200 Marrom e BRS Safira) were analyzed. The study was conducted on sixteen samples, four samples per cultivar, prior conditioned on standard atmospheric conditions which, parallelized in beard shape were partially immerged in a solution of distilled water with a tensoactive agent by a period as long as for hours. In conclusion, it was verified that BRS 201 presented the highest water absorption ability, whereas BRS Safira presented the lowest. The BRS Safira has also presented the highest water retaining level. The proposed methodology did not returned high Pearson correlation levels, in the other hand, it was possible to conclude that while UHM and CSP were directly proportional to moisture content, the strength and micronaire were to water retaining level. Key words: hidrophilicity, HVI, colored cotton.

INTRODUÇÃO A fibra de algodão é formada por diversos constituintes, dentre eles a celulose, podendo representar mais de 95% da massa seca em uma fibra madura. Este polímero natural, cujo monômero original é a glicose, é depositado em anéis concêntricos na parede secundária da fibra em arranjos diferentes de paralelismo, ou cristalinidade. Uma mesma cadeia celulósica pode ser identificada como cristalina ou amorfa por conter, respectivamente, regiões com alto ou baixo nível de paralelismo. Segundo estudos datados do ano de 1955, relatados por Cotton Research Committee of Texas (1983), as regiões amorfas da cadeia celulósica permitem a passagem de moléculas de água com maior facilidade do que as cristalinas. Estas moléculas, quando unidas aos grupamentos hidroxila (OH - ) presentes na celulose, são responsáveis por alterações importantes nas propriedades físicas da fibra (REED, 2001). O teor de água contido na fibra do algodão pode ser caracterizado conforme três parâmetros (PASSOS, 1977): umidade constitucional inerente à própria fibra e independente de fatores externos; umidade higroscópica que pode ser absorvida pela fibra, variável em função do ambiente e umidade intersticial adsorvida por tensão superficial à cutícula da fibra. As unidades utilizadas para expressar o teor de umidade na fibra são o regain%, obtido em função da massa seca, e o conteúdo de umidade (U%), obtido em função da massa condicionada em atmosfera-padrão, tornando dispensável, portanto, a utilização de uma estufa. Esta capacidade de retenção de água, quando avaliada em função do tempo, é expressa em termos de índice de retenção de água Ir% (COTTON RESEARCH COMMITTEE OF TEXAS,1983). O conhecimento deste índice específico para cada variedade, pode abrir novas perspectivas de aplicação, bem como de redução de custos nos processamentos têxteis de natureza química. Variedades com melhor hidrofilidade reduziriam os custos relativos aos acabamentos químicos industriais e conseqüentemente as emissões de efluentes tóxicos. Uma vez que o conteúdo de celulose na fibra é definido por estímulos ambientais e genéticos (SANTANA et al., 1998) propõe-se contemplar, do ponto de vista do melhoramento genético, mais esta variável. Tal constatação motivou a execução deste trabalho para variedades de algodão brasileiras, convencionais e naturalmente coloridas. MATERIAL E MÉTODOS Foram selecionados quatro cultivares, dois de cor branca (BRS 201 e BRS Camaçari) e dois de fibra naturalmente colorida (BRS 200 Marrom e BRS Safira). Para cada variedade foram produzidas quatro amostras-padrão submetidas, cada uma, a quatro repetições a intervalos de uma hora, para determinação de seus conteúdos de umidade e índice de retenção de água. Após um período de 48 horas de condicionamento em atmosfera-padrão, as amostras foram ensaiadas em HVI para avaliação de suas características tecnológicas (ZELLWEGER USTER, 1999) e, em seguida, foram paralelizadas em forma de feixes, pesadas em uma balança de precisão, e imersas em uma solução de água destilada contendo agente tensoativo a 1% em volume. O período total de imersão para cada amostra foi de quatro horas com observações realizadas a intervalos de uma hora, perfazendo um total de quatro observações para cada amostra. O conteúdo médio de umidade foi calculado com base na relação descrita por Araújo (1984). As correlações com as características tecnológicas de fibra foram feitas utilizando-se somente os dados da primeira hora. Um índice de retenção de água foi obtido, para cada cultivar, calculando-se a variação de massa entre a quarta e a

primeira hora, dividindo-se o resultado obtido pelo número de horas em imersão. Este índice indica, portanto, a variação do conteúdo de água, absorvido e adsorvido à massa de fibras ao longo do tempo. Em suma, enquanto o conteúdo de umidade é um valor discreto, instantâneo, o índice de retenção de água tem uma natureza probabilística. Os dados obtidos foram analisados com auxílio dos softwares Microsoft Excel e SAS System. Para a realização destas medições foi utilizada uma balança munida de capela, com precisão igual a 0,0001g. As limitações práticas à adoção da metodologia proposta neste estudo residem, principalmente, na manutenção de uma atmosfera-padrão por um longo período de tempo e na capilaridade intersticial, condições fundamentais para minimização dos efeitos decorrentes da histerese natural da fibra do algodão. O experimento foi conduzido no laboratório de tecnologia de fibras e fios da Embrapa Algodão, em Campina Grande-PB. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 estão relacionados os índices de hidrofilidade (conteúdo médio de umidade U% e índice de retenção de água - I r %) obtidos para cada cultivar. A variedade BRS 201 apresentou o mais alto conteúdo de umidade, entretanto, a partir da primeira hora verificou-se a perda de parte desta umidade para o ambiente. Uma vez que este comportamento não foi verificado nas outras variedades estudadas tem-se, provavelmente, uma fibra mais dinâmica em termos de absorção e evaporação da umidade, o que pode se refletir em melhor rendimento nos beneficiamentos químicos e nos processos de secagem, além de maior conforto para um potencial usuário. Tabela 1. Índices de hidrofilidade de cultivares de fibra branca e colorida. Tempo BRS 200 BRS Camaçari BRS 201 (horas) Marrom BRS Safira 1 7,60737 12,18908 9,80773 6,34269 2 6,20307 11,72710 10,60433 6,31799 3 6,83205 11,49260 9,26001 6,07825 4 8,35616 10,92275 11,62848 8,58964 U% 7,2497 11,5829 10,3251 6,8321 Ir% 8,9609-11,5935 15,6577 26,1589 Dentre os cultivares de fibras naturalmente coloridas, o BRS Safira apresentou o maior índice de absorção de água, enquanto o BRS 200 Marrom apresentou o maior conteúdo de umidade. Cabe salientar que, na BRS Safira há uma menor ocorrência de fibras de cor branca, o que permite supor que a capacidade de retenção de água estaria relacionada à cor da fibra que, por sua vez, interfere na cristalinidade das cadeias celulósicas da parede secundária. Encontram-se relacionados na Tabela 2, os dados de, encontrados para a cor e demais características mensuradas em instrumento HVI. Verifica-se, em virtude do sinal negativo, que quanto maior o grau de amarelecimento da fibra (+b) e o índice de fibras curtas (SFI), menor a capacidade da fibra em absorver água. A natureza positiva da correlação entre o comprimento médio (UHM) e o conteúdo de umidade indica que, quanto mais longas as fibras, maior será a capacidade de absorver

água. O mesmo se observa para o índice de fiabilidade (CSP), a uniformidade de comprimento (Unf), o índice micronaire (Mic) e a reflectância (Rd). Tabela 2. Correlação (Pearson) entre os índices de hidrofilidade e as características tecnológicas em cultivares de fibras brancas e naturalmente coloridas. Str UHM SFI Mic Mat CSP Rd +b Unf U% 0,50* 0,56** -0,30 n.s 0,46* 0,38 n.s 0,55* 0,44* -0,43 n.s 0,54* Ir% -0,59** -0,32 n.s 0,44 n.s -0,53* -0,39 n.s -0,26 n.s -0,36 n.s 0,40 n.s -0,33 n.s * Significativo para α= 0,05. ** Significativo para α= 0,01 pelo teste t. Quanto à capacidade de retenção de água, avaliada segundo o Ir%, foram verificadas correlações com a resistência da fibra à ruptura (STR) e o índice micronaire (Mic). Ambos de natureza negativa, permitindo concluir que a capacidade da fibra de reter umidade ao longo do tempo é inversamente proporcional a tais parâmetros. Percebe-se também que a capacidade de absorver água é inversamente proporcional à capacidade de reter esta umidade ao longo do tempo, ou seja, quanto mais rápido a fibra absorve água, mais rápido ela a devolverá ao ambiente. Isto pode ser verificado na Figura 1. 0,8 Hidrofilidade 0,6 0,4 0,2 0-0,2 Str UHM SFI Mic Mat CSP Rd +b Unf -0,4-0,6-0,8 Conteúdo de umidade-u% Índice de retenção de água-ir% Figura 1. Hidrofilidade em função das características tecnológicas de fibra. A metodologia proposta neste estudo, embora dispense a utilização de equipamentos adicionais (centrífuga, estufa etc.) não retorna altos níveis de correlação, entretanto, mostra-se eficiente quando utilizada para comparar a hidrofilidade de diferentes matérias-primas antes do processamento têxtil. Este procedimento permite reduzir os custos inerentes aos beneficiamentos químicos têxteis, bem como a emissão de efluentes nocivos ao meio-ambiente e ao homem. Na figura 2 observa-se uma amostra de fibras, paralelizadas em formato de feixe e imersas na solução para avaliação da hidrofilidade.

Figura 2. Amostra em imersão parcial para avaliação da hidrofilidade. (Foto: Ruben G. da Fonseca, 2005). CONCLUSÔES 1. O cultivar BRS 201 apresentou maior capacidade de absorver água; 2. O BRS Safira apresentou a maior capacidade de retenção de água ao longo do tempo; 3. O grau de amarelecimento e o índice de fibras curtas são inversamente proporcionais à capacidade da fibra em absorver água; 4. O comprimento médio (UHM), o índice de fiabilidade (CSP), a uniformidade de comprimento (Unf) e o índice micronaire (Mic) são diretamente proporcionais à capacidade da fibra em absorver água; 5. A resistência à ruptura (Str) e o índice micronaire (Mic) são inversamente proporcionais à capacidade da fibra em reter água; 6. Quanto mais rapidamente a fibra absorver umidade, mais rapidamente ela tenderá a devolvê-la ao ambiente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, M. de; CASTRO, E.M. de. Manual de engenharia têxtil. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, v.1, 1984. COTTON RESEARCH COMMITTEE OF TEXAS. Effects of moisture on cotton strength. Texas: Cotton Research Committee of Texas, v. 11, n. 7, 1983. (Textile Topics). HOFFMAN, R; VIEIRA, S. Análise de regressão: uma introdução à econometria. São Paulo: HUCITEC/EDUSP. 1977. 339 p. PASSOS, S. M. de G. Algodão. São Paulo: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1977. 424 p. REED, J. Turnout and fiber quality are enhanced with the cotton moisture control system. Cotton Farming. Disponível em: < http://www.cottonfarming.com/home/archive/2001_febcfm2.html >. Acesso em: 06 de abril de 2005.

ZELLWEGER USTER. Uster HVI Spectrum: application handbook. [S.l.], 1999. CD ROM