Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Documentos relacionados
ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO PARALELA 1º Bimestre

Sistema muculoesquelético. Prof. Dra. Bruna Oneda

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

LEI Nº 5.555, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2015

05/04/2017. Avaliação inicial (screening do estado de saúde) EFB Medidas e Avaliação da Atividade Motora. Objetivos da aula: Por onde começar?

CREF13/BA MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS DE ATIVIDADES FÍSICAS

Nome: D.N. / / Sexo: Feminino Masculino Tel 1: ( ) Tel 2: ( ) ANAMNESE GERAL. 1) Objetivos a serem atingidos 2) Condicionamento Físico atual

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

PROGRAMA DE TREINAMENTO DE VOLEIBOL DESTINADO À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA

SINTOMAS DE ESTRESSE EM ATLETAS DE VÔLEI DE PRAIA DE ALTO RENDIMENTO

O ANO DE NASCIMENTO DETERMINA A ESCOLHA DO ESTATUTO POSICIONAL EM JOGADORES DE FUTEBOL NAS CATEGORIAS DE BASE?

O que você precisa saber antes de treinar seu novo cliente. P r o f ª M s. A n a C a r i n a N a l d i n o C a s s o u

ANÁLISE DE PRONTIDÃO PARA ATIVIDADE FÍSICA EM PRATICANTES DE JIU-JITSU DA GRACIE BARRA CATOLÉ.

INFLUÊNCIA DA CAMINHADA ORIENTADA EM PARÂMETROS FISIOLÓGICOS E PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS 1

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. ISSN versão eletrônica

ESTUDO DAS RESPOSTAS CARDIOVASCULARES DURANTE AULAS DE BODY PUMP

Liga de Puericultura. League childcare

Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N Diciembre de 2006

EXERCÍCIO FÍSICO E IDOSOS

Epidemiologia. Recomendações para a prática de atividade física. Prof. Dr. Matheus M. Gomes

HIGHER BRIDGE COMPANY. Partindo de uma história familiar com mais de 30 anos de experiência no

Instruções para a realização da Avaliação Física

A Estratégia Clube, é uma Empresa do Grupo Chebatt & Niklis especializado em Eventos Esportivos, Eventos Corporativos, Atividades Físicas, Lazer e

Explicação dos Testes & Cronograma das Avaliações para a Equipe de Voleibol Master. Street Volei / Barra Music

CENTRO DE MEMÓRIA DO ESPORTE ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROJETO GARIMPANDO MEMÓRIAS RENATO.

ESTUDO ANALÍTICO REFERENTE AO GANHO DE RESISTÊNCIA MUSCULAR DE MEMBROS INFERIORES ENTRE HOMENS E MULHERES PRATICANTES DE BODY PUMP

Cresce o número de pessoas acompanhando o Capixabão

- REGIMENTO INTERNO. Secretaria de Esportes e Lazer. Leis nº 6.529/05 e nº 6.551/06, Decretos nº /06, nº /06 e nº 16.

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular EXERCÍCIO E SAÚDE Ano Lectivo 2010/2011

Aula 2 Introdução a Medidas e Avaliação. Prof.ª Ma. ANA BEATRIZ M DE C MONTEIRO CREF /G

Informações de Impressão

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA Centro de Educação do Planalto Norte CEPLAN DISCIPLINA: EDUCAÇÃO FÍSICA CURRICULAR I

Questões dos 8 anos

5 INDICADORES E 22 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO

PROJETO BIRIBOL FUTURO. O projeto

Prof. Me Alexandre Rocha

Pernambuco Futebol de Primeira

Saúde do Atleta AUT AUTORIZAÇÃO DE USO TERAPÊUTICO

PORTUGAL FOOTBALL SCHOOL. Capacitar e qualificar os agentes desportivos com vista à promoção e ao desenvolvimento do Futebol em Portugal

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

REGULAMENTO ESPECÍFICO DE ANDEBOL

Sugestão da divisão do voleibol por categorias de estatura

FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular EXERCÍCIO E SAÚDE Ano Lectivo 2018/2019

A MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DE TÊNIS: UM ESTUDO COM TENISTAS PARANAENSES DE CLASSES

INDEPENDENTE ESPORTE CLUBE

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇA CORONARIANA DOS SERVIDORES DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

MIDIA KIT MASTER 2019 Jaguariúna Futebol Clube

Escrito por Administrator Qui, 17 de Novembro de :29 - Última atualização Qui, 17 de Novembro de :30

ANALISE DA APTIDÃO FÍSICA PARA O DESEMPENHO ESPORTIVO NOS ALUNOS INICIANTES DA ESCOLINHA DE FUTEBOL EDVALDO DO Ó.

RELATÓRIO DE AÇÃO ÉPOCA DESPORTIVA 2015/2016

SUPERINTENDÊNCIA DO PARÁ

REGULAMENTO GERAL FUTEBOL TAÇA PAULO ROBERTO TRIVELLI 2017 FASE ESTADUAL

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

DEPARTAMENTO DE ESPORTES

11º Congreso Argentino y 6º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias CAPACIDADE DE SPRINTS DE FUTEBOLISTAS NA PRÉ-TEMPORADA

CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

TORNEIO DE FUTSAL JUSTIFICATIVA

REGULAMENTO GERAL 11ª COPA UNIFAE DE FUTEBOL CATEGORIAS DE BASE 2017

APRENDIZAGEM PROFISSIONAL: histórias de vida de treinadores de futebol

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

ESTILO DE VIDA DE PRATICANTES DE MOUNTAIN BIKE

ATIVIDADE FÍSICA PARA TODOS? UM ESTUDO SOBRE OS LOCAIS E PROGRAMAS DE ATIVIDADES FÍSICAS EXISTENTES EM NOVA FLORESTA-PB

A EDUCAÇAO FÍSICA ESCOLAR NA PERPECTIVA DO ESTILO DE VIDA ATIVO 1

PROMOÇÃO DE SAÚDE NAS ESCOLAS: NOÇÕES BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS PARA PROFESSORES

FUT RUA - Disseminando práticas de futebol educativo para o desenvolvimento

VASCO ACADEMY. Jogue como um gigante

PROJETO INTERPERIFERIAS DO FUTEBOL

DECRET0 Nº 2.207, DE 22 DE ABRIL DE 2008

BILHARSINDE. Mais e Melhor Competição para todos. Competição ao mais alto nível na modalidade de Pool Português.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Calendário Nacional Remo Brasil 2018

Regulamento Geral 2019 Torneio de Vôlei Sesc Girl Power Torneio de Vôlei Masculino Sesc é + Amor

GAZETA DE LIMEIRA 20 A. EDIÇÃO COPA GAZETA DE FUTEBOL SUB 11 I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO PUBLICIDADE E PROPAGANDA A ASCENSÃO MIDIÁTICA DO VOLEIBOL NO BRASIL. Luan Leite Nascimento

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº, DE 2015 (Do Sr. Andres Sanchez)

A proposição foi distribuída a três Comissões: Esporte; Educação; e Constituição e Justiça e de Cidadania.

ANÁLISE DO PERFIL DO ESTILO DE VIDA DAS BENEFICIÁRIAS DA ACADEMIA BOA FORMA DE SÃO JOSÉ DO INHACORÁ-RS 1

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Psicólogo do Esporte: a percepção de atletas sobre a importância desse profissional.

PERCENTUAL DE GORDURA E RELAÇÃO CINTURA QUADRIL EM FUNCIONÁRIOS FEDERAL DE SANTA MARIA DADOS PARCIAIS

PLANO DE AÇÃO ÉPOCA DESPORTIVA 2016/2017

ESPECIFICIDADE TÉCNICA NO BASQUETEBOL: CLUBES X SELEÇÕES

NOTA OFICIAL 001/ DESCRIÇÃO E FORMATOS DA DISPUTA CONFERÊNCIA REGIONAL VALE DO PARAÍBA

Atividades Físicas e idosos

DIMENSÕES ECONÔMICAS E ADMINISTRATIVAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE

CRITÉRIOS DE CONVOCAÇÃO SELEÇÃO BRASILEIRA SÊNIOR CICLO TOKYO 2020

PANATHLON BRASIL. Administração

DESENVOLVIMENTO DO RUGBY BRASILEIRO: panorama de 2009 a 2012

EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 211, Diciembre de MOTIVAÇÃO DE ATLETAS BRASILEIROS DE FUTEBOL AMERICANO

RELAÇÃO ENTRE A FAIXA ETÁRIA DE TUTORES DE CÃES E GATOS E A PERCEPÇÃO DE ZOONOSES, EM BELÉM, PARÁ

EXERCÍCIO FÍSICO NA TERCEIRA IDADE: NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DOS ALUNOS DA UNIVERSIDADE ABERTA A MATURIDADE EM LAGOA SÊCA/PB

CREMEPE CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO

CAMPEONATO CITADINO P R O J E T O

VÔLEI: A IMPORTÂNCIA DA MODALIDADE DESPORTIVA PARA OS JOVENS DA CIDADE DE AFONSO BEZERRA-RN.

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

Regulamento Técnico Pé na Bola 2019

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO Ano Lectivo 2016/2017

Nesse sentido, as políticas públicas de lazer têm, além de muitas outras funções, a de ser um dos indicadores de qualidade de vida de um povo.

Transcrição:

258 versão eletrônica FATORES DE RISCO RELACIONADOS À SAÚDE EM JOGADORES DE FUTEBOL DE VÁRZEA DA CATEGORIA MÁSTER DE PORTO ALEGRE Amilco Diamantino Pereira Neto 1, Luis Coimbra Meneghello 1 RESUMO A partir de 2012, passa a integrar o Campeonato Municipal de Futebol de Várzea de Porto Alegre a categoria Máster (jogadores acima de 48 anos). Esta faixa etária exige que os cuidados relacionados à saúde sejam intensificados, visto que o corpo humano passa a ser mais suscetível a doenças e lesões. Este artigo tem como objetivo verificar se os jogadores que atuam na categoria máster do referido campeonato estão submetidos a algum fator de risco relacionado à saúde quando da disputa da referida competição. Foi aplicado o Questionário de Prontidão para Atividade Física - PAR-Q em 12 jogadores que participam da competição. Os resultados obtidos comprovam que 83,3% dos jogadores que responderam ao questionário apresentam algum fator de risco relacionado à saúde e que, desta forma, necessitam de avaliação médica prévia. Palavras-chave: Várzea. Máster. Saúde. Fator de risco. ABSTRACT Risk factors related to health in football players of the category Várzea Master of Porto Alegre From 2012, has joined the football league hall of Porto Alegre Várzea the masters category (players above 48 years). This age group requires special care to health are intensified, as the body becomes more susceptible to illness and injury. This article aims to determine if players operating in master category of that championship are subject to some risk factor related to health when the dispute of that contest. Was applied Physical Activity Readiness Questionnaire - PAR-Q. In 12 players of the competition. The results show that 83,3% of the players who responded to be questionnaire have some risk factor related to health and thus require medical evaluation prior. Key words: floodplain. Máster, health. Risk factor. 1-Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Futebol e Futsal: As Ciências do Esporte e a Metodologia do Treinamento E-mail: amilco@terra.com.br luiscm@terra.com.br Endereço para correspondência: Rua Carobá, 525 Condomínio Cantegril Bairro São Lucas - Viamão (RS)

259 versão eletrônica INTRODUÇÃO O Brasil, por sua formação étnica, social e cultural, e por suas dimensões geográfico-continentais tornou-se, no panorama mundial, talvez o país com o maior contingente da população que pratica, acompanha e vive o futebol. O futebol hoje em dia contempla algumas manifestações. Há futebol de alto rendimento que é praticado pelos clubes profissionais nas diferentes divisões ou séries vinculados a federações e confederações. E, estes clubes também tem suas categorias de base, que perseguem os mesmos conceitos do esporte de alto rendimento. Há também o futebol praticado por crianças e adolescentes nos campinhos improvisados ou, simplesmente, jogado no meio da rua onde pedestres, carros e os muros das casas não raras vezes fazem parte do jogo. Uma manifestação importante deste esporte é o futebol desenvolvido nas aulas de educação física ministradas nas escolas. Enfim, os diferentes futebóis têm extrema relevância nos seus contextos e não carecem de comparação quanto ao nível de importância para seus participantes. O presente artigo trata especificamente do futebol comunitário, às vezes também chamado de futebol amador. Na maioria das cidades brasileiras este futebol é chamado de futebol de várzea. É praticado em campos públicos ou privados de bairros populares e de periferia de quase todas as cidades do Brasil. Estes campos de futebol são localizados em áreas planas, algumas vezes alagadiças, conhecidas como várzea. Segundo Damo (2003), no futebol de várzea ou amador há a presença de quase todos os componentes do futebol profissional, porém diferindo em escala. Conforme Stigger (1997), para entender a realidade do futebol de várzea é preciso conviver algum tempo dentro dessa realidade, acompanhando e participando dos jogos, para realmente se perceber a importância que este futebol tem para pessoas envolvidas, tanto os jogadores, como a comunidade no geral. Pois, para quem nele está envolvido, a motivação e o interesse podem ser comparados ao futebol profissional. O futebol de várzea é uma tradição popular histórica que envolve não só os atletas como também seus familiares, vizinhos e comunidade em geral. A existência de clubes e agremiações de futebol pressupõe uma organização social e a existência de uma estrutura administrativa de autofinanciamento. E, existe por parte das comunidades carentes que residem nas proximidades destes campos um respeito ético de preservação destes espaços. A Várzea de Porto Alegre A Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA), através da Secretária Municipal de Esportes, Recreação e Lazer (SME) desde 1993 vêm realizando o mapeamento dos campos de futebol da cidade e verificando a situação destes equipamentos, iniciando, dessa forma, a consolidação de uma política para este importante segmento da cultura esportiva de nossa cidade. Nesse mapeamento, foi constatada a existência de mais de cinquenta campeonatos de futebol de várzea que acontecem nestes locais. Estes campeonatos são organizados por Agremiações, Associações de Clubes e Ligas Independentes nas diferentes regiões da cidade e são cadastrados, supervisionados e acompanhados pela SME, que auxilia nas questões técnicas e promove fóruns e encontros, com o objetivo de gradualmente, estabelecer a parceria entre o Poder Público e a comunidade. O principal resultado alcançado é a abrangência deste trabalho da SME, que conta com a participação de todas as regiões da cidade de Porto Alegre, do norte ao extremo sul, envolvendo desde o inicio de cada ano um universo de mais de 50.000 cidadãos, entre jogadores, dirigentes, familiares, torcedores e comunidade em geral. A partir de 2012, passa a integrar o Campeonato Municipal de Futebol de Várzea de Porto Alegre a categoria Máster, com jogadores de idade superior a 48 anos. Essa faixa etária exige que os cuidados com a saúde sejam intensificados, visto que o corpo humano passa a ser mais suscetível a doenças e lesões. Através desta pesquisa, pretendo contribuir para que esse público esteja mais atento a possíveis sintomas de doenças coronarianas e/ou outras

260 versão eletrônica limitações à atividade física e aos cuidados com a saúde. Dessa forma, o objetivo é verificar se os jogadores que atuam na categoria máster do Campeonato Municipal de Futebol de Várzea de Porto Alegre estão submetidos a algum fator de risco relacionado à saúde quando da disputa da referida competição. MATERIAIS E MÉTODOS Para que o objetivo desta pesquisa fosse atingido foi realizada uma pesquisa descritiva com os jogadores que atuam na categoria máster (acima de 48 anos de idade) do Campeonato Municipal de Futebol de Várzea de Porto Alegre. Pesquisa descritiva é um estudo que, através da observação, análise e descrição, verifica se os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas. Na pesquisa descritiva o método mais comum é o estudo exploratório, que inclui questionários ou entrevistas pessoais (Thomas e Nelson, 2002). O instrumento utilizado para a coleta dos dados para posterior análise foi o Questionário de Prontidão para Atividade Física - PAR-Q que, segundo Carvalho e colaboradores (1996), tem sido sugerido como padrão mínimo de avaliação pré-participação, pois pode indicar, por alguma resposta positiva, os que necessitam de avaliação médica prévia. Segundo o protocolo, os sujeitos que responderem NÃO a TODAS as perguntas do teste 1, e possuírem MENOS de DOIS FATORES DE RISCO no teste 2, não precisam de exame médico prévio e já podem buscar um profissional de Educação Física para orientá-los em alguma atividade física. Já os sujeitos que responderem SIM a alguma pergunta no teste 1 ou possuírem dois ou mais fatores de risco no teste 2, devem procurar um médico para uma avaliação prévia, antes de iniciar algum programa de treinamento (ACMS, 2000). A amostra deste artigo foi constituída por 12 jogadores de futebol que jogam na categoria máster do Campeonato Municipal de Futebol Amador de Porto Alegre, competição organizada e dirigida pela Gerência de Futebol da Secretaria de Esportes, Recreação e Lazer do município de Porto Alegre. A escolha dos respondentes deu-se por conveniência do pesquisador que aproveitou o momento inicial do Congresso Técnico da categoria máster para esclarecer o caráter da pesquisa e solicitar a participação dos mesmos. Cada jogador representava uma equipe das mais variadas regiões da cidade. Foi apresentado aos respondentes um termo que continha claramente os objetivos desta pesquisa, e que esclarecia também aos participantes que qualquer documento publicado ou apresentado a partir dos resultados deste estudo não identificaria seus participantes, mantendo desta forma a confidencialidade dos dados. RESULTADOS E DISCUSSÃO A seguir, apresentamos, analisamos e discutimos os resultados desta pesquisa. Gráfico 1 - Questionário de Prontidão para Atividade Física (PAR-Q) Jogadores Submetidos a Fatores de 16,7% Sofrem Fator de 83,3% Não Sofrem Fator de

261 versão eletrônica Conforme se pode observar no gráfico 1, 83,3% dos entrevistados estão submetidos a algum fator de risco relacionado à saúde. Esse percentual pode ser considerado elevado, visto que qualquer desses fatores pode desencadear problemas graves à saúde desses jogadores. Segundo Carvalho e colaboradores (1996) os profissionais da área da saúde devem incluir em sua anamnese questionamentos específicos sobre atividade física regular, desportiva ou não, conscientizando as pessoas a esse respeito e estimulando o incremento da atividade física, através de atividades informais e formais. Em função disso, deve-se ressaltar a importância de que sejam divulgadas informações relevantes a esse respeito e deve-se também implementar programas de prevenção para uma prática de futebol que tenha a preocupação de minimizar possíveis fatores de riscos relacionados à pratica deste esporte. Gráfico 2 - Teste 1: PAR-Q Teste 1: PAR-Q 100% 80% 60% 40% 20% Sofrem Fatores de Não Sofrem Fatores de 0% 1 2 3 4 5 6 7 Número das Questões Gráfico 3 - Fatores de para Doença Coronariana (ACSM, 2000). Teste 2: Fatores de de Doença Coronariana 100% 80% 60% 40% 20% Sofrem Fatores de Não Sofrem Fatores de 0% 1 2 3 4 5 6 7 8 Número das Questões De acordo com gráfico 2 acima, que nos mostra as respostas referentes ao Questionário de Prontidão para Atividade Física - PAR-Q, referente a questão (1) 75% dos entrevistados afirmaram que nunca haviam sido alertados por algum médico sobre problemas de coração; (2) 100% dos entrevistados afirmaram que não sentem dores no peito quando praticam atividade física; (3) 01 dos entrevistados (8,4%) afirma

262 versão eletrônica que no último mês sentiu dores no peito quando praticava atividade física; (4) 91,6% dos entrevistados não apresentaram desequilíbrio devido à tontura e/ou perda de consciência; (5) 33,3% dos entrevistados afirmaram possuir algum problema ósseo ou articular que poderia ser piorado pela atividade física; (6) 33,3% afirmou tomar atualmente algum medicamento para pressão arterial e/ou problema de coração e (7) 91,6% afirma não saber de alguma outra razão pela qual não deve realizar atividade física. Em relação aos fatores de risco para doença coronariana de acordo gráfico 3 acima, as respostas foram as seguintes: (1) 100% dos entrevistados é homem e tem mais de 45 anos de idade; (2) 25% dos entrevistados afirma ter taxa de colesterol acima de 240mg/l ou desconhecê-la; (3) 33,3% afirma ter pressão arterial acima de 140/90mmgHg, desconhecêla ou usar medicamento para controlá-la; (4) 8,4% dos entrevistados afirma ser fumante; (5) 8,4 % afirma ter diabetes de qualquer tipo; (6) do total de entrevistados, 16,7 % afirma possuir, em seu histórico familiar, ocorrência de ataque cardíaco em pai ou irmão antes dos 55 anos ou mãe e irmã antes dos 65 anos de idade; (7) 25% dos entrevistados afirma exercer atividade profissional sedentária e menos de 30 minutos de atividade física pelo menos três vezes por semana e (8) 50% dos entrevistados afirma ter mais de 10 Kg de excesso de peso. Estes dados nos remetem a discussão da importância de se identificar, principalmente nesta categoria (acima de 48 anos), os jogadores que necessitam realizar avaliação médica prévia antes de participarem da competição. Há também a necessidade de se procurar realizar algum programa regular de exercícios físicos ou mesmo atividades informais que incrementem a atividade física dos indivíduos (Carvalho e colaboradores 1996). E, cabe aos gestores do campeonato, de alguma forma, procurar minimizar esta situação. Além dessa avaliação de préparticipação, poderiam ser adotadas algumas medidas preventivas, tais como: substituições livres, podendo o atleta substituído retornar ao campo de jogo quantas vezes a equipe considerar necessário; reduzir o tempo de jogo e utilizar campos de menor tamanho. REFERÊNCIAS 1-American College of Sports Medicine. Guidelines for exercise testing and exercise prescription. 6ª ed. Philadelphia. Lippencott, Williams & Wilkins. 2000. 2-Carvalho, T.D.; Nóbrega, A.C.L.; Lazzoli, J.K.; Magni, J.R.T.; Rezende, L.; Drummund, F.A.; Oliveira, M.A.B.; De Rose, E.H.; Araújo, C.G.S.; Teixiera, J.A.C. Revista Brasileira de Medicina Esporte. Vol. 2. Núm. 4. 1996. 3-Damo, A. S. Monopólio estético e diversidade configuracional no futebol brasileiro. Revista Movimento. Porto Alegre. Núm. 2. 2003. 4-Stigger, M. P. Futebol de Veteranos: um estudo etnográfico sobre o esporte no cotidiano urbano. Revista Movimento. Porto Alegre. Núm. 7. 1997. 5-Thomas J.R.; Nelson, J.K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3ª edição. Artmed. Porto Alegre. 2002. Recebido para publicação em 01/09/2012 Aceito em 12/10/2012 CONCLUSÃO O grupo de jogadores que participa da categoria Máster do Campeonato Municipal de Futebol de Várzea/2012 de Porto Alegre apresenta um considerável risco de que aconteça algum tipo de acidente durante a competição.