POTENCIAL DE MEMBRANA E POTENCIAL DE AÇÃO

Documentos relacionados
ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO FUNÇÕES BÁSICAS DAS SINAPSES E DAS SUBSTÂNCIAS TRANSMISSORAS

O POTENCIAL DE AÇÃO 21/03/2017. Por serem muito evidentes nos neurônios, os potenciais de ação são também denominados IMPULSOS NERVOSOS.

Papel das Sinapses no processamento de informações

Potencial de membrana e potencial de ação

Tema 07: Propriedades Elétricas das Membranas

EXCITABILIDADE I POTENCIAL DE MEMBRANA EM REPOUSO POTENCIAL DE MEMBRANA EM REPOUSO POTENCIAL DE MEMBRANA EM REPOUSO POTENCIAL DE MEMBRANA EM REPOUSO

13/08/2016. Movimento. 1. Receptores sensoriais 2. Engrama motor

Bioeletricidade e Bioeletrogênese

FISIOLOGIA HUMANA UNIDADE II: SISTEMA NERVOSO

Sistema Nervoso Central Quem é o nosso SNC?

FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR DISCIPLINA: FISIOLOGIA I

POTENCIAIS ELÉTRICOS DAS CÉLULAS

Origens do potencial de membrana Excitabilidade celular

Funções do Sistema Nervoso Integração e regulação das funções dos diversos órgãos e sistemas corporais Trabalha em íntima associação com o sistema end

Tema 07: Propriedades Elétricas das Membranas

POTENCIAIS DE MEMBRANA: POTENCIAL DE REPOUSO E POTENCIAL DE AÇÃO. MARIANA SILVEIRA

Sistema Nervoso e Potencial de ação

FISIOLOGIA I. Potencial de Membrana e Potencial de Ação. Introdução

BIOELETROGÊNESE. Propriedade de certas células (neurônios e células musculares) gerar e alterar a diferença de potencial elétrico através da membrana.

CURSO DE EXTENSÃO. Neurofisiologia. Profa. Ana Lucia Cecconello

Potencial de Repouso e Potencial de Ação. Profa. Dra. Eliane Comoli Depto de Fisiologia da FMRP-USP

Bioeletricidade. Bioeletrogênese. Atividade elétrica na célula animal

GÊNESE E PROPAGAÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO

Bioeletrogênese 21/03/2017. Potencial de membrana de repouso. Profa. Rosângela Batista de Vasconcelos

Introdução ao estudo de neurofisiologia

Origens do potencial de membrana Excitabilidade celular

Eletrofisiologia 13/03/2012. Canais Iônicos. Proteínas Integrais: abertas permitem a passagem de íons

BIOELETROGÊNESE. Capacidade de gerar e alterar a diferença de potencial elétrico através da membrana. - Neurônios. esqueléticas lisas cardíacas

TRANSMISSÃO DE INFORMAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA. Hormônios. Disciplina: Bioquímica 7 Turma: Medicina

Fisiologia do Sistema Nervoso 1B

Bioeletricidade. Bioeletrogênese. Atividade elétrica na célula animal

CURSO DE EXTENSÃO. Neurofisiologia I. Giana Blume Corssac

Sistema Nervoso Central - SNC Sistema Nervoso Central Quem é o nosso SNC?

INTRODUÇÃO A ELETROFISIOLOGIA

1) Neurônios: Geram impulsos nervosos quando estimulados;

FISIOLOGIA INTRODUÇÃO ORGANISMO EM HOMEOSTASE ORGANISMO EM HOMEOSTASE ORGANISMO EM HOMEOSTASE

FISIOLOGIA Est s ud u o do fu f n u cio i nam a en e to no n rm r a m l a l d e d e um u

FISIOLOGIA HUMANA. Prof. Vagner Sá UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

FISIOLOGIA E TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA CELULAR

FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR DISCIPLINA: FISIOLOGIA I

Bioeletricidade. Bioeletrogênese. Atividade elétrica na célula animal

Fisiologia da motilidade

SINAPSE: PONTO DE CONTATO ENTRE DOIS NEURONIOS SINAPSE QUIMICA COM A FENDA SINAPTICA SINAPSE ELETRICA COM GAP JUNCTIONS

Regulação nervosa e hormonal nos animais

Propriedades eléctricas dos neurónios

Transmissão de Impulso Nervoso

Bioeletrogênese = origem da eletricidade biológica.

Fisiologia. Iniciando a conversa. 1. Princípios Gerais. Comunicação celular

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO

Sinapses. Comunicação entre neurônios. Transmissão de sinais no sistema nervoso

21/03/2016. NEURÓGLIA (Células da Glia) arredondadas, possuem mitose e fazem suporte nutricional aos neurônios.

Fisiologia celular I. Fisiologia Prof. Msc Brunno Macedo

INSETICIDAS NEUROTÓXICOS MECANISMOS DE AÇÃO

Células da Glia Funções das células da Glia

GUARANTÃ DO NORTE» AJES FACULDADE NORTE DE MATO GROSSO POTENCIAL DE AÇÃO

Anatomia e Fisiologia Humana NEURÔNIOS E SINAPSES. DEMONSTRAÇÃO (páginas iniciais)

Sinapse. Permitem a comunicação e funcionamento do sistema nervoso. Neurónio pré-sináptico (envia a informação)

Neurônio. Neurônio 15/08/2017 TECIDO NERVOSO. corpo celular, dendrito e axônio

Bioeletrogênese-Origens do potencial de membrana. Prof. Ricardo M. Leão. FMRP-USP

TECIDO NERVOSO (parte 2)

Organização do Sistema Nervoso e Sinapses. Fonte:

Organização geral. Organização geral SISTEMA NERVOSO. Organização anatómica. Função Neuromuscular. Noções Fundamentais ENDÓCRINO ENDÓCRINO

I Curso de Férias em Fisiologia - UECE

H 2 O. Força de Van Der Waals

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM Disciplina de Fisiologia. O Músculo Estriado Esquelético

BIOLOGIA - 2 o ANO MÓDULO 14 SISTEMA NERVOSO

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM Disciplina de Fisiologia. O Músculo Estriado Esquelético

EXERCÍCIOS SOBRE MEMBRANA, TRANSPORTE E BIOELETROGÊNESE 1- MEMBRANA PLASMÁTICA E TRANSPORTE

SINAPSE E TRANSMISSÃO SINÁPTICA

Excitabilidade elétrica

SISTEMA NERVOSO MORFOLOGIA DO NEURÓNIO IMPULSO NERVOSO SINAPSE NERVOSA NATUREZA ELECTROQUÍMICA DA TRANSMISSÃO NERVOSA INTERFERÊNCIA DE SUBSTÂNCIAS

Tecido nervoso. Ø A função do tecido nervoso é fazer as comunicações entre os órgãos do corpo e o meio externo.

Excitabilidade elétrica

Prof. Adjunto Paulo do Nascimento Junior Departamento de Anestesiologia da Faculdade de Medicina de Botucatu

Potencial de Repouso

BIOLOGIA. Identidade do Seres Vivos. Sistema Nervoso Humano Parte 2. Prof. ª Daniele Duó

Transporte através de membranas celulares. Tipos de transporte. Exemplos. Importância fisiológica

BLOCO SISTEMA NERVOSO (SN)

Fisiologia Aula 1 SIDNEY SATO, MSC

Comunicação entre neurônios. Transmissão de sinais no sistema nervoso

21/08/2016. Fisiologia neuromuscular

MEMBRANAS PLASMÁTICAS

Prof. João Ronaldo Tavares de Vasconcellos Neto

Tema 06: Proteínas de Membrana

Embriologia (BMH120) - Biologia Noturno. Aula 1

Transmissão Sináptica

Transporte através de membranas celulares. Tipos de transporte. Exemplos. Importância

Tecido Nervoso. 1) Introdução

Prof. João Ronaldo Tavares de Vasconcellos Neto

Colégio FAAT Ensino Fundamental e Médio

d) Aumento da atividade da bomba hidrogênio-potássio e) Aumento da atividade da fosfatase miosínica

Contração e Excitação do Músculo Liso

Funções das glicoproteínas e proteínas da membrana :

Membrana celular: Transporte Processos de Transporte

Bases celulares da motilidade gastrintestinal

POTENCIAL ELÉTRICO.

SINAPSE. Sinapse é um tipo de junção especializada, em que um neurônio faz contato com outro neurônio ou tipo celular.

PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO CORAÇÃO

Transmissão sináptica

Transcrição:

POTENCIAL DE MEMBRANA E POTENCIAL DE AÇÃO AULA 3 DISCIPLINA: FISIOLOGIA I PROFESSOR RESPONSÁVEL: FLÁVIA SANTOS

Potencial de membrana Separação de cargas opostas ao longo da membrana plasmática celular Células excitáveis são capazes de gerar variações nos impulsos eletroquímicos em suas membranas Nervosas e musculares

Potencial de Membrana x Processos Celulares (a) Transportes iônicos e, consequentemente, de água através das membranas celulares e entre compartimentos orgânicos; (b) Transporte de numerosos nutrientes, para dentro e para fora das células; (c) Transporte de nutrientes acoplados ao sódio, nos enterócitos; (d) Secreção de cloreto, por epitélios;

Potencial de Membrana x Processos Celulares (e) Sinalização celular; (f) Sinalização elétrica nas células excitáveis; (g) Geração de potencial de ação pós-sináptico; (h) Função cerebral, incluindo-se os processos cognitivos;

Potencial de Membrana x Processos Celulares (i) Percepção sensorial; (j) Contração muscular; (l) Secreção hormonal e (m) Proliferação e ciclo celular

Células vivas em repouso: Meio intracelular negativo extracelular em relação ao meio Origem desse potencial de membrana: Mecanismos de transporte de íons Processos de difusão (potenciais de difusão) e os transportes ativos (potenciais de bombas eletrogênicas) Difusão passiva: Mais importante causa de manifestação elétrica em sistemas biológicos

Característica de todas as células vivas: Diferença de potencial existente entre os fluidos intra e extracelulares. Varia entre 10 e 100 milivolts (mv) Interior da célula eletronegativo em relação ao exterior.

Principais íons participantes da geração do potencial de membrana: K +, Na + e Cl - Gradiente de concentração de íons através da Membrana determina a voltagem do potencial da membrana. Grau de importância do íon na determinação da voltagem é proporcional à permeabilidade da membrana para o íon.

Gradiente de concentração iônica determina a carga iônica no interior da membrana: 1. > concentração íon positivo no interior da célula

Nas fibras nervosas e nas células musculares a relação entre o potássio intra e extracelular determina a excitabilidade neuromuscular.

Potenciais de Membrana resultante da difusão

Potencial de repouso da membrana dos nervos Membrana em repouso = Ausência de transmissão de sinais nervosos Potencial no interior fibra nervosa 90 mv mais negativo que no líquido extracelular (- 90 mv)

Potencial de repouso da membrana dos nervos Bomba sódio potássio: 3 sódio -> fora 2 potássio -> dentro Carga negativa intracelular

Potencial de repouso da membrana dos nervos Gradiente de concentração proporcionado pela bomba sódio potássio: Sódio (exterior) = 142 meq/l Sódio (interior) = 14 meq/l Potássio (exterior) = 4 meq/l Potássio (interior) = 140 meq/l

Potencial de repouso da membrana dos nervos Proporção sódio e potássio dentro e fora da célula: Sódio interior/sódio exterior = 0,1 Potássio interior/potássio exterior = 35,0

Potencial de repouso da membrana dos nervos Vazamento potássio e sódio através da membrana: Canais mais permeáveis ao potássio

Origem do potencial de repouso normal da membrana Contribuição do potencial de difusão do potássio: Grande permeabilidade de membrana Potencial de membrana intracelular = - 94 mv Contribuição do potencial de difusão do sódio: Pequena permeabilidade de membrana Potencial de membrana intracelular = + 61 mv Equação de Goldman = Potencial interno da membrana (-86 mv)

Contribuição da Bomba Na + K + ao potencial de repouso Principal função: Manter ativamente uma maior concentração de Na + extracelular e uma maior concentração de K + intracelular. 3 íons sódio exterior e 2 íons potássio interior: Perda carga positiva no interior membrana Negatividade adicional = - 4 mv Efetivo potencial de membrana = - 90 mv

Potencial de ação neural Sinais nervosos: Transmitidos por potenciais de ação Variações do potencial de membrana Potencial negativo normal -> potencial positivo -> potencial negativo

Introdução a comunicação neural Membrana polarizada (Etapa de repouso): Potencial de membrana negativo (-90mV) Despolarização da Membrana: Intensidade do potencial negativo é reduzida Membrana muito permeável ao sódio Potencial de membrana tendendo ao valor positivo

Introdução a comunicação neural Repolarização da Membrana: Fechamento dos canais de sódio Abertura dos canais de potássio Difusão potássio para o exterior Estabelecimento do potencial negativo

Introdução a comunicação neural

Papel de outros íons durante o potencial de ação Bomba de Cálcio: Cálcio interior -> exterior MC Canais cálcio ativados lentamente Músculo cardíaco e liso

Papel de outros íons durante o potencial de ação Íons cálcio e os canais de sódio: Cálcio liga-se à molécula ptc do canal sódio Alteração do estado elétrico da ptn do canal de sódio Alteração da voltagem necessária p/ abertura comporta de sódio

Papel de outros íons durante o potencial de ação Déficit de íons cálcio: Ativação suplementar do canais de sódio Fibras mais excitadas

Início do potencial de ação Entrada sódio maior que saída de potássio na membrana Limiar para estimulação: Potencial de ação de - 65 mv

Início do potencial de ação Feedback positivo: Estímulo -> abertura canal sódio -> Influxo sódio -> Aumento potencial membrana -> abertura canais sódio voltagem dependente -> influxo sódio interior da fibra nervosa Todos canais sódio voltagem dependente abertos -> início do fechamento dos canais de sodio + abertura canais potássio

Propagação do potencial de ação

Inibidores da excitabilidade Alta concentração íons cálcio no líquido extracelular: Diminui permeabilidade de íons sódio Anestésicos locais: Agem sobre as comportas de ativação do canal de sódio Procaína e tetracaína

Sinapses Estímulos (Impulsos Nervosos) que passam de um neurônio para o seguinte através da fenda sináptica

Tipos de Sinapses Elétrica: Conduzem eletricidade entre as células Química: Secreção de neurotransmissores

Potencial ação x Liberação de transmissores Papel dos íons cálcio: Membrana pré-sináptica Canais de cálcio controlados por voltagem Cálcio ligado a moléculas ptcs Sinalização para liberação do neurotransmissor

Potencial ação x Liberação de transmissores Proteínas receptoras: Membrana pós-sinaptica Ptns receptoras (componente fixação ou ionóforo)

Potencial ação x Liberação de transmissores Ionóforo: Canal iônico: Passagem de íons específicos através MC Ativador de segundo mensageiro: Ativa substâncias dentro do neurônio pós-sináptico

Canal iônico: Catiônico: e/ou cálcio Permite passagem de sódio (prioritariamente), potássio Canal de sódio: Canais revestidos de cargas negativas Aumentam para internalizar sódio hidratado

Canal iônico: Aniônico: Diâmetro para passagem de cloro Bloqueio de sódio, potássio e sódio

Segundo mensageiro Alterações neurais pós-sinápticas prolongadas 1. Abertura de canais iônicos específicos 2. Ativação do monofosfato cíclico de adenosina (camp) 3. Ativação de enzimas intracelulares

Receptores excitatórios na membrana pós-sináptica 1. Abertura de canais de sódio: Potencial de membrana na direção positiva Estimula a excitação

Receptores excitatórios na membrana pós-sináptica 2. Depressão da condução pelos canais de cloreto e potássio: difusão de cloreto (-) para interior neurônio póssináptico difusão de potássio (+) para exterior do neurônio póssináptico Potencial interno da membrana mais positivo = excitatório

Receptores inibitórios na membrana pós-sináptica 1. Abertura de canais iônicos de cloreto através da membrana receptora: Difusão cloreto (-) exterior neurônio pós-sináptico -> Interior neurônio pós-sináptico Cargas negativas no interior = efeito inibitório

Receptores inibitórios na membrana pós-sináptica 2. Aumento da condutividade de potássio através do receptor: Potássio (+) -> exterior Cargas negativas no interior = efeito inibitório

Receptores inibitórios na membrana pós-sináptica 3. Ativação de enzimas receptoras: Aumentam número de receptores sinápticos inibitórios Diminuem número de receptores sinápticos excitatórios

Efeito da excitação sináptica sobre a membrana póssináptica