Análise de Recalques de Edifícios em Solos Melhorados com Estacas de Compactação

Documentos relacionados
ANÁLISE DE RECALQUES DE EDIFÍCIOS EM SOLOS MELHORADOS COM ESTACAS DE COMPACTAÇÃO

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

ESTACAS PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO ARMADO, TRABALHANDO A COMPRESSÃO, COMO REAÇÃO PARA PROVA DE CARGA ESTÁTICA

MÉTODO PARA PREVISÃO DO AUMENTO DA CAPACIDADE DE CARGA DE SOLOS ARENOSOS DO LITORAL NORDESTINO, APÓS COMPACTAÇÃO DO MESMO COM ESTACAS DE AREIA.

Estimativa de recalques de fundações por tubulões em edifícios assentados no solo da região sul de Minas Gerais

17/03/2017 FUNDAÇÕES PROFESSORA: ARIEL ALI BENTO MAGALHÃES / CAPÍTULO 2 FUNDAÇÕES RASAS

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

Notas de aula prática de Mecânica dos Solos I (parte 4)

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL

Recalques em Estacas. Teoria da Elasticidade

USO DE SONDAGENS COM DPL PARA AVALIAÇÃO DA VARIABILIDADE DO SOLO. Souza, Dorgival Nascimento 1 Conciani, Wilson 2 Santos, Antonio Cezar da Costa 3

CRAVAÇÃO DE ESTACAS METÁLICAS COM MARTELO HIDRÁULICO E INSTALAÇÃO COM MARTELO VIBRATÓRIO - COMPARAÇÃO DE RESULTADOS DE PROVAS DE CARGA ESTÁTICAS

ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA E RECALQUE DE SOLOS DA REGIÃO DO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL 1

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Estudo da Extrapolação do Coeficiente de Reação em Solos Arenosos para Fundações a Partir de Provas de Carga em Placa

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

Previsão Da Capacidade de Carga e Recalque de Uma Fundação por Estacas Tipo Hélice Contínua

Pesquisa do DCEEng, vinculada ao projeto de pesquisa institucional da UNIJUÍ 2

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL. Profª Aline Cristina Souza dos Santos

a 2 transgressão al., 1990). estudo Hélice contínua. Estaca; KEYWORDS: Piles; piles. ( A. D. Gusmão) ISSN:

Notas de aula prática de Mecânica dos Solos II (parte 7)

Métodos Práticos de previsão da carga admissível

Métodos Práticos de previsão da carga admissível

ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA DE SOLOS RESIDUAIS DO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL 1

RECALQUES EM FUNDAÇÕES PROFUNDAS ANÁLISE EM ESTACAS HÉLICE CONTÍNUA

Geotecnia de Fundações TC 041

Eng. Henrique Leoni R. da Cunha Eng. Vinıćius Resende Domingues Eng a Carla de Resende, MSc Eng a Neusa M. B. Mota, DSc

Prova de Carga Estática Prévia em Estaca Escavada de Grande Diâmetro na Praia Grande SP

Lista de Exercícios de Adensamento

Análise de Métodos de Interpretação de Curva Carga x Recalque de Provas de Carga Estática em Fundações Profundas no Nordeste do Brasil

13ª Semana de Tecnologia Metroferroviária Fórum Técnico. Desempenho de Dormentes de Madeira Reforçados com Placas de Aço Embutidos na Camada

Capacidade de Carga de Estacas Escavadas com Bulbos, em Solo Não Saturado da Formação Barreiras.

5. Análise dos deslocamentos verticais

Estudo de Caso de Obra com Análise da Interação Solo Estrutura. Bernadete R. Danziger 1. Eliane M. L. Carvalho 1, Ricardo V.

Níveis de Alerta para Monitoramento de Aterros Sanitários Encerrados

TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES I SERVIÇOS PRELIMINARES TERRAPLANAGEM

Aplicação do Método da Rigidez para Estimativa do Atrito Lateral e Resistência de Ponta em Estaca Escavada

FUNDAÇÕES RASAS INTRODUÇÃO

IMPACTO DAS INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS DE CAMPO EM PROJETOS DE FUNDAÇÕES E MEIO AMBIENTE

Em argilas considera-se que a rigidez é constante com a profundidade. Logo o recalque da sapata pode ser calculado com a seguinte equação:

Estudo de Caso: Comportamento de Recalque PósTratamento Geotécnico CPR, na Lagoa Rodrigo de Freitas

Soil-structure interaction analysis considering concrete creep and shrinkage

UNIDADE II FUNDAÇÕES E OBRAS DE TERRA- PROFESSOR: DIEGO ARAÚJO 1

PROVA DE CARGA INSTRUMENTADA EM PROFUNDIDADE

PLANO DE CURSO. Unidade Acadêmica de Ciências e Tecnologia Ambiental. Disciplina Ofertada Para os Cursos:

Análise da Eficiência da Determinação de Recalques em Fundações Profundas em Solos Silto-Arenosos de Fortaleza

ISSN: ISSN online:

Perda do atrito lateral com a aplicação de sucessivos golpes durante o ensaio de carregamento dinâmico

AULA 12: DEFORMAÇÕES DEVIDAS A CARREGAMENTOS VERTICAIS E A TEORIA DO ADENSAMENTO. Prof. Augusto Montor Mecânica dos Solos

ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS MOLES. Ação contínua de forças dinâmicas provocadas ou não pelo homem

- Divisão de Estruturas. - Divisão de Geotecnia, Mecânica dos Solos e Fundações

Fundações Apresentação da disciplina

Correlações entre compacidade relativa (C r ) e resistência à

Análise da eficiência de uma fundação de aterro tratada com injeção de argamassa e drenos verticais (técnica CPR)

Análise do Desempenho de Fundações em Empreendimento Localizado no Distrito Federal

Reavaliação dos parâmetros dos solos de Fortaleza pelo método Aoki e Velloso (1975) para estacas do tipo raiz

Propriedades Geotécnicas das Argilas Moles da Estrada de Transporte de Equipamentos Pesados do COMPERJ

ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA E RECALQUE DE SOLO RESIDUAL DA CIDADE DE SANTA ROSA RS 1

7 Análise Método dos Elementos Finitos

Laboratório de Mecânica dos Solos. Primeiro Semestre de 2017

FELIPE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUEDES

Avaliação de Métodos de Capacidade de Carga para Análise de Comportamento das Fundações

Compactação Exercícios

Recalques e movimentos na estrutura

SOLUÇÃO PARA RECUPERAÇÃO DE OBRAS DE ARTE, ATRAVÉS DAS ESTACAS INJETADAS AUTOPERFURANTES

SONDAGEM SPT EM MINEIROS-GO

3 Análises probabilísticas associadas a previsões de recalques

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GEOTECNIA I

DEFINIÇÃO. Fundações Rasas. Fundações Diretas Aquelas que transmitem a carga do pilar para o solo, através de tensões distribuídas pela base;

Avaliação de desempenho da fundação de uma obra industrial com estacas Hélice Contínua na Formação Guabirotuba.

Estaca-raiz Um caso de ruptura

PROVAS DE CARGA HORIZONTAIS EM ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO CRAVADAS EM SOLO DE ALTA POROSIDADE

Análise de Estacas Escavada e Hélice Contínua, Carregadas Transversalmente no Topo, em Solo não Saturado de Diabásio

DESENVOLVIMENTO DE UM PENETRÔMETRO MANUAL PARA ESTIMATIVA IN LOCO DA RESISTÊNCIA DE SOLOS

PEF3305 Mecânica dos Solos e das Rochas I Coleção 6 Geomecânica e a Teoria da Elasticidade

Índice. Bibliografia Introdução... 05

ESTUDO DE CAPACIDADE DE CARGA E RECALQUE DO SOLO RESIDUAL DE BASALTO GEOTECNIA

Capacidade de Carga - Estacas

Avaliação do coeficiente de reação vertical dos solos

Investigações Geotécnicas!" " #$"""

ESTUDO DO COLAPSO DOS SOLOS PARA DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

Estimativa de Recalques em Fundações Rasas através de um Software que Implementa o Método de Schmertmann

Recalques em Fundações Superficiais

COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO EXERCÍCIOS PROPOSTOS

ENGENHARIA DE FORTIFICAÇÃO E CONSTRUÇÃO CADERNO DE QUESTÕES

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL. Profª Aline Cristina Souza dos Santos

6.4 - Métodos Diretos para Cálculo da Capacidade de Carga por meio do SPT

Muro de Contenção Portante em Solo Reforçado

CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS HÉLICE CONTÍNUA PREVISÃO POR MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS versus PROVAS DE CARGA

Estaca Escavada de Grande Diâmetro, sem Uso de Fluido Estabilizante, com Limpeza de Fuste e Ponta

7 Apresentação e análise dos resultados

INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO. Rômulo Castello H. Ribeiro

Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Índices Físico. Disciplina: Geotecnia 1. Prof a. : Melina Freitas Rocha. Geotecnia I

ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA E RECALQUE DE SOLO RESIDUAL DA CIDADE DE PALMEIRA DAS MISSÕES

Estudo da Interação Solo-Estrutura em um difício com Patologias de Fundações na Região Metropolitana

III UMA ANÁLISE COMPARATIVA DE RECALQUES SUPERFICIAIS E EM PROFUNDIDADE NO ATERRO DA MURIBECA

Aula 03 Tensão Admissível Prof:

Projeto de Aterro Para Posto de Pesagem na BR-116-RJ - km131

FUNDAÇÕES. Apresentação do Plano de Curso e diretrizes da disciplina. Prof. MSc. Douglas M. A. Bittencourt. Fundações SLIDES 01

Transcrição:

Análise de Recalques de Edifícios em Solos Melhorados com Estacas de Compactação Wanessa Cartaxo Soares Mestranda, Departamento de Geotenia, Universidade de São Paulo, São Carlos, Brasil José Carlos A. Cintra Professor Titular, Departamento de Geotenia, Universidade de São Paulo, São Carlos, Brasil Valdês Borges Soares; Wilson Cartaxo Soares Copesolo Estacas e Fudações Ltda., João Pessoa, Brasil RESUMO: As estacas de compactação são freqüentemente utilizadas como método de melhoria de solos arenosos em cidades do litoral nordestino, principalmente João Pessoa e Recife. O processo promove efeitos como o aumento de capacidade de carga e redução de recalques, possibilitando a utilização de sapatas em casos de edifícios em regiões que não permitiriam este tipo de fundação. Neste trabalho é analisada a eficácia do processo de melhoria do solo na redução dos recalques, por meio do monitoramento de cinco edifícios sobre solo melhorado com estacas de compactação na cidade de João Pessoa. Por isso, são comparados os resultados obtidos por meio do monitoramento com recalques estimados para a situação hipotética dos edifícios em solo natural, sem compactação. PALAVRASCHAVE: Estacas de Compactação, Recalques, Método Aoki Lopes. 1 INTRODUÇÃO As estacas de compactação constituem um processo de melhoria de solos no qual uma mistura de materiais como areia, cimento e/ou brita é introduzida em terrenos arenosos por meio de aplicação de grandes energias de compactação. Esta prática é muito comum em algumas cidades do litoral nordestino, principalmente João Pessoa e Recife, onde a execução da estaca é pelo método de vibrodeslocamento. O processo de compactação promove a densificação do solo adjacente, assim como um aumento de resistência e diminuição de compressibilidade. Tais efeitos contribuem para uma majoração de capacidade de carga e redução de recalques, possibilitando a utilização de fundações por sapatas em alguns casos de edifícios em regiões que não permitiriam este tipo de fundação. Em João Pessoa, apesar da grande utilização em diversas obras, são poucos os trabalhos a abordar o comportamento de solos melhorados com tais estacas. Assim, os projetos são baseados principalmente na experiência profissional dos engenheiros atuantes na área. Além de sondagens SPT executadas antes e após a compactação, poucos ensaios insitu ou monitoramento com medições de recalque dos pilares têm sido realizados. Conseqüentemente, tornamse raros os dados disponíveis que permitam a avaliação do desempenho das obras, assim como um melhor entendimento dos efeitos da melhoria. Em pesquisa anterior, realizada por Soares (), comprovouse a majoração da capacidade de carga dos solos compactados por meio de prova de carga em placa. Neste trabalho, são analisados os recalques de cinco edifícios sobre solo melhorado com estacas de compactação na cidade de João Pessoa PB. É analisada a eficácia desse processo de melhoria do solo na redução do recalque dos edifícios. A cota de apoio das estacas variou de 3 a 5 metros de profundidade, e a distância de eixoaeixo das mesmas ficou entre e 11 cm, com disposições que extrapolaram a região sob as sapatas até quase toda a área de projeção do prédio.

EDIFÍCIOS MONITORADOS De fevereiro de 1 a fevereiro de, monitoraramse três edifícios, com medições que começaram alguns meses após o início da construção dos mesmos. Foram feitas leituras até o fim das construções dos três, e um pouco além em dois deles. De setembro de a junho de 5, outros dois edifícios foram monitorados, desde o início de suas construções. As leituras foram feitas em três pilares de cada prédio, e os nomes e pavimentos dos edifícios são mostrados na Tabela 1. Tabela 1. Edifícios monitorados e quantidade de pavimentos. Edifício Número de pavimentos Maison des Princes 3 Vale Verzasca Maison Elizabeth 1 Boulevard Manaíra 1 Edifício 17 As Tabelas a mostram o período de monitoramento de cada edifício. Tabela. Início e fim do monitoramento dos edifícios. Edifício Início do Fim do monitoramento monitoramento Fevereiro/1 Fevereiro/ V.Verzasca Fevereiro/1 Fevereiro/ Fevereiro/1 Outubro/ Setembro/ Fevereiro/ Junho/5 Junho/5 Tabela 3. Duração das construções e início de medidas. Edifício Duração da construção Início do monitoramento meses 1º. Mês de construção V.Verzasca 37 meses 9º. Mês de construção 1 meses 5º. Mês de construção 1º. Mês de construção 1º. Mês de construção Tabela. Monitoramento durante e após as construções. Meses Meses monitorados Edifício monitorados após a construção durante a construção 3 V.Verzasca 3 9 Nos locais onde os edifícios foram construídos, observouse a predominância de solo arenoso ao longo da profundidade. As Figuras 1 e mostram os valores de N SPT obtidos em sondagens realizadas antes e após a compactação dos terrenos. Profundidade (m) (a) (b) Figura 1. N SPT s das sondagens realizadas antes da compactação. Profundidade (m) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 1 15 5 3 35 N SPT antes da compactação V. Verzasca N SPT após a compactação 5 1 15 5 3 35 5 5 55 (a) V. Verzasca Figura a. N SPT s das sondagens realizadas após a compactação dos terrenos do Maison des Princes, Vale Verzasca e Maison Elizabeth. 3 RESULTADOS E ANÁLISES 1 1 1 1 1 5 1 15 5 3 35 5 5 As Figuras 3 a 7 exibem as curvas tempo x

recalque das sapatas cujos pilares foram monitorados. Profundidade (m 1 1 1 1 1 N SPT após a compactação 5 1 15 5 3 35 5 5 55 (b) Figura b. N SPT s das sondagens realizadas após a compactação dos terrenos do Boulevard Manaíra e. Maison des princes 1 3 5 Tempo de construção (meses) 1 15 5 3 35 5 5 S S S13 Fim da construção Figura 3. Maison des Princes: curvas tempo x recalque de três sapatas (S e S13: sapatas centrais, S: sapata de Os recalques das sapatas centrais foram maiores que os das de extremidade em todos os cinco casos. Não foi observado nenhum tipo de dano relacionado a essa ordem de grandeza de recalque nos edifícios mencionados, mesmo decorridos mais de dois anos da última leitura e do fim das construções. Para uma análise da evolução dos recalques monitorados de acordo com a aplicação de carga, foi adotada a distribuição de cargas admitida por Gusmão et al.(). Figura. Vale Verzasca: curvas tempo x recalque de três sapatas (S, S3 e S1: sapatas de Maison Elizabeth Vale Verzasca Figura 5. Maison Elizabeth: curvas tempo x recalque de três sapatas (S11: sapata central, S17 e S: sapatas de Boulevard Manaíra Tempo de construção (meses) 1 1 3 5 1 3 5 1 Tempo de construção t (meses) 9 1 19 9 3 39 9 Fim da construção Tempo de construção t (meses) 5 1 15 5 3 35 5 S1 S7 S1 S S3 S1 S11 S17 S Fim da construção Figura. Boulevard Manaíra: curvas tempo x recalque de três sapatas (S7: sapata central, S1 e S1: sapatas de A Figura mostra o gráfico tempo de moitoramento x carregamento das sapatas dos edifícios. As curvas de tempo de monitoramento x velocidade média dos recalques são exibidas

nas Figuras 9 e 1. 1 Tempo de construção (meses) 1 S5 S7 S13 Figura 7. : curvas tempo x recalque de três sapatas (S7: sapata central, S5 e S13: sapatas de Carga (%) 1 1 V. Verzasca 1 3 Tempo de monitoramento (meses) Figura. Tempo de monitoramento x carregamento dos edifícios. As velocidades não chegaram a ultrapassar a taxa de µm/dia, valor mencionado por Alonso (1991) como aceitável para construções sobre fundações diretas por sapatas. As sapatas do Boulevard Manaíra atingiram taxas de 71 µm/dia, assim como a velocidade das sapatas do chegou a 77 µm/dia. Como os recalques das construções do Maison des Princes, Vale Verzasca e Maison Elizabeth não foram medidos desde o início, foi necessário inferir um valor do recalque ocorrido até o início do monitoramento. Para isso, foi utilizada a expressão de Massad (19), desenvolvida do método gráfico de Asaoka (197): ρ = ρ f {1 e (at + b) } (1) em que ρ = recalque, t = tempo, ρ f = recalque estabilizado, e a e b são constantes que definem a forma da curva. Velocidade média de recalque (µm/dia) 1 1 1 Tempo de monitoramento(meses) 1 3 V. Verzasca Figura 9. Gráfico tempo de monitoramento x velocidade média de recalque das sapatas do Maison des Princes, Vale Verzasca e Maison Elizabeth. Velocidade média de recalque (µm/dia) Tempo (meses) 1 Figura 1. Gráfico tempo de monitoramento x velocidade média de recalque das sapatas do Boulevard Manaíra e. Ajustandose essa expressão aos pontos medidos na monitoração, obtevese uma dupla extrapolação para cada curva. A extrapolação no sentido decrescente do tempo, até t =, caracteriza a parcela de recalque não monitorado. A extrapolação no sentido crescente do tempo permite avaliar o provável recalque estabilizado. Esse tipo de ajuste que conduz à estabilização dos recalques foi o que forneceu os melhores coeficientes de correlação múltipla (R ) em comparação a outros tipos de polinomiais, quadráticos etc. As Figuras 11 a 13 apresentam as curvas ajustadas. As equações obtidas para cada extrapolação são mostradas na Tabela 5, assim como o R de cada regressão. As parcelas de recalque obtidas com as extrapolações são mostradas na Tabela.

Maison des Princes Tempo de construção t (meses) 5 1 15 5 Recalque ρ (mm) 1 S S S13 Figura 11. Maison des Princes: curvas ajustadas. Vale Verzasca Tempo de construção t (meses) 5 1 15 5 Recalque ρ (mm) 1 S S3 S1 Figura 1. Vale Verzasca: curvas ajustadas. Maison Elizabeth Tempo de construção t (meses) 5 1 15 5 Recalque ρ (mm) 1 S11 S17 S Edifício Sapata Equação R S ρ =, (1 e,t ),9 S ρ = 75,17 (1 e,5t ),9 S13 ρ = 7,5 (1 e,5t ),9 V.Verzasca S ρ = 71, (1 e,t ),99 S3 ρ = 9,1 (1 e,t ),99 S1 ρ = 3,1 (1 e,t ),95 S11 ρ = 5,1 (1 e,t ),9 S17 ρ = 31, (1 e,7t ),9 S ρ = 35, (1 e,5t ),9 Tabela. Recalques obtidos com o ajuste. t = até Edifício/ início do Final da sapata Estabilizado monitoramento construção S 1 5 S 5 75 S13 7 75 V.Verzasca S 19 7 S3 9 57 9 S1 57 3 S11 1 51 53 S17 9 31 S 3 35 A partir dos recalques medidos nos casos em que ainda houve monitoramento após o término da obra, calcularamse os acréscimos de recalque, em termos percentuais, em relação ao considerado como ocorrido até o fim das construções. Estes são comparados aos valores de acréscimo em relação ao recalque imediato indicados por Schmertmann (197) por meio do fator tempo C, na Figura 1. Acréscimo de recalque (%) 15 1 5 Tempo (meses) 1 V. Verzasca Schmertmann (197) Figura 13. Maison Elizabeth: curvas ajustadas. Tabela 5. Equações obtidas com as regressões e R. Figura 1. Acréscimos de recalque. REDUÇÃO DE RECALQUES

Estimaramse os recalques dos edifícios pelo método Aoki Lopes (1975), que permite a consideração da influência de todas as sapatas da fundação, nas estimativas de recalque de cada uma delas. Comparandose os valores obtidos da extrapolação com os recalques estimados, foi feita a retroanálise para ajustar a correlação do módulo de deformabilidade com o índice de resistência à penetração das sondagens SPT (N SPT ). Utilizandose essa correlação ajustada mais os valores de N SPT das sondagens realizadas no solo nãocompactado, foi possível estimar os recalques dos mesmos edifícios na situação hipotética de ausência de melhoria do solo. Esses valores foram comparados aos obtidos com o monitoramento e extrapolações, com o intuito de se analisar a redução de recalques entre as situações de solo natural e solo compactado. Os recalques dos edifícios Maison des Princes e Vale Verzasca sofreram reduções em torno de e 5%, respectivamente. O Maison Elizabeth sofreu a menor redução média de recalques, cerca de 3%. O seu terreno natural era mais compacto que o dos outros, o que torna o processo de compactação menos eficaz (Soares, ). CONCLUSÃO Foram analisados os recalques de cinco edifícios sobre solo melhorado com estacas de compactação, monitorados na cidade de João Pessoa PB. Apesar de alguns valores medidos se mostrarem bastante expressivos, não foi observado nenhum tipo de dano relacionado a recalques mesmo decorridos mais de dois anos da última leitura e do fim das construções. Avaliaramse as velocidades de recalques de acordo com o carregamento, assim como foram feitas extrapolações das curvas tempo x recalque medidas. Comparandose os recalques estimados para a situação hipotética de três edifícios em solo natural com os recalques obtidos por meio da extrapolação dos medidos dos mesmos edifícios, avaliouse a redução de recalque entre os dois casos. Observaramse reduções médias em torno de % e 5% para os edifícios Maison des Princes (com 3 pavimentos) e Vale Verzasca (com pavimentos), respectivamente. O solo natural (anterior a compactação) apresentavase pouco compacto, com valores de N SPT menores que 1, o que favoreceu uma maior eficácia ao processo de melhoria. A menor redução obtida foi de 33%, referente ao Maison Elizabeth, que tem 1 pavimentos. Neste caso, o solo natural se mostrou mais compacto em relação aos outros. AGRADECIMENTOS A CAPES pela bolsa concedida para o desenvolvimento dessa pesquisa. REFERÊNCIAS Alonso, U. R. (1995). Previsão e controle das fundações, 1ª. Reimpressão, Ed. Edgard Blutcher Ltda, São Paulo, 1 p. Aoki, N. e Lopes, F.R. (1975). Estimating stress and settlements due to deep foundation, V Conf. Panam. Soil Mechanics and Foundation Engineering, Buenos Aires, Vol 1, p. 3773. Asaoka, A. (197). Observational Procedure of Settlement Prediction, Soils and Foundations, Japanese Society of Soil Mechanics and Foundation Engineering, 1 (), Dec. 197. p.711. Gusmão, A. D.; Gusmão Filho, A. J.; Maia, G. B. (). Medições de recalque de um prédio em Recife, Simpósio Interação EstruturaSolo Em Edifícios, São Carlos. CD ROM. Massad, F. (19). Método Gráfico Para o Acompanhamento da Evolução dos Recalques com o Tempo, VII Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações, Olinda/Recife, Anais x, p.31331. Schmertmann, J. H. (197). Static cone to compute static settlement over sand, Journal of the Soil Mechanics and Foundations Division, ASCE, v.9, n.sm.3, pg. 11113. Soares, W.C. (). Estacas de compactação para melhoria de solo, Dissertação de Mestrado, Programa de PósGraduação em Geotecnia, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 133p.