CÁLCULO DO VALOR DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL DE ACORDO COM O DECRETO 6.848 Gabriel Teixeira Silva Araújo CEPEMAR - Serviços de Consultoria em Meio Ambiente Ltda.
SUMÁRIO 1 OBJETIVO 2 INTRODUÇÃO 3 VALOR DOS ÍNDICES 4 CÁLCULO DO VALOR DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL 5 CONCLUSÃO 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OBJETIVO O presente trabalho objetiva exemplificar a utilização da planilha para cálculo do Valor da Compensação Ambiental, elaborada a partir do disposto no Decreto 6.848, de 14 de maio de 2009. Para este fim foi tomado como exemplo um empreendimento fictício, de caráter portuário, em área exaustivamente estudada no litoral do Espírito Santo.
INTRODUÇÃO Para o cálculo do Valor da Compensação Ambiental, instituído pelo Decreto 6.848, é necessário definir seis índices, de acordo com os atributos do empreendimento e do local de implantação. Estes índices são, juntamente com o somatório dos investimentos necessários à implantação, os dados de entrada da planilha de Compensação Ambiental. A seguir serão explicitados e devidamente explicados os valores atribuídos a cada um deles.
IUC: Influência em Unidade de Conservação Classificação Valor Atributo G1 0,15% Parque (nacional, estadual e municipal), reserva biológica, estação ecológica, refúgio de vida silvestre e monumento natural G2 0,10% Florestas (nacionais e estaduais) e reserva de fauna G3 0,10% Reserva extrativista e reserva de desenvolvimento sustentável G4 0,10% Área de proteção ambiental, área de relevante interesse ecológico e reservas particulares do patrimônio natural G5 0,05% Zonas de amortecimento de Unidades de Conservação
VALOR DOS ÍNDICES IUC (Influência em UC s) Influência sobre Zonas de Amortecimento de UC s: Parque Natural Municipal David Victor Farina 0,05%. IUC = 0,05%
IB: Índice Biodiversidade Valor Atributo 0 Biodiversidade se encontra muito comprometida 1 Biodiversidade se encontra medianamente comprometida 2 Biodiversidade se encontra pouco comprometida 3 Área de trânsito ou reprodução de espécies consideradas endêmicas ou ameaçadas de extinção
VALOR DOS ÍNDICES IB (Índice Biodiversidade) A Área de Influência mais abrangente do empreendimento está inserida na única área de desova da Tartaruga de Couro (Dermochelys coriacea) no Brasil. Sendo esta uma espécie com status, nacional e internacionalmente, Criticamente em Perigo, de acordo com o estabelecido pelo Decreto 6.848, o valor aplicável ao IB é 3. IB = 3
IA: Índice Abrangência Atributos para Atributos para empreendimentos Atributos para Valor empreendimentos terrestres, fluviais e lacustres marítimos ou localizados concomitantemente nas faixas terrestre e marítima da Zona Costeira empreendimentos marítimos (profundidade em relação à lâmina d água) 1 Impactos limitados à área de uma microbacia Impactos limitados a um raio de 5 Km Profundidade maior ou igual a 200 metros Impactos que ultrapassem a 2 área de uma microbacia limitados à área de uma Impactos limitados a um raio de 10 Km Profundidade inferior a 200 e superior a 100 metros bacia de 3ª ordem Impactos que ultrapassem a 3 área de uma bacia de 3ª ordem e limitados à área de Impactos limitados a um raio de 50 Km Profundidade igual ou inferior a 100 e superior a 50 metros uma bacia de 1ª ordem Impactos que ultrapassem a Impactos que ultrapassem o raio de Profundidade inferior ou igual 4 área de uma bacia de 1ª 50 Km a 50 metros ordem
VALOR DOS ÍNDICES IA (Índice Abrangência) O raio da Área de Influência mais abrangente do meio biótico é de 5 Km, portanto, de acordo com o estabelecido pelo Decreto 6.848, o valor que deve ser atribuído ao IA é1. IA = 1
IT: Índice Temporalidade Valor Atributo 1 Imediata: até 5 anos após a instalação do empreendimento 2 Curta: superior a 5 e até 15 anos após a instalação do empreendimento 3 Média: superior a 15 e até 30 anos após a instalação do empreendimento 4 Longa: superior a 30 anos após a instalação do empreendimento
VALOR DOS ÍNDICES IT (Índice( Temporalidade) Levando em conta a resiliência do ambiente em que se insere o empreendimento, principalmente no que se refere à atividade de supressão de vegetação, pode-se classificar como curta a persistência dos impactos ambientais negativos, recebendo o IT o valor 2.
VALOR DOS ÍNDICES IT (Índice( Temporalidade) Isso se explica pelo fato da vegetação existente na área de implantação do empreendimento, de acordo com as análises realizadas e apresentadas no diagnóstico ambiental, ser formada por fragmentos florestais remanescentes da vegetação de restinga com alto grau de antropização. IT = 2
ICAP: Índice Comprometimento de Áreas Prioritárias Valor Atributo Inexistência de impactos sobre áreas prioritárias ou impactos em áreas prioritárias 0 totalmente sobrepostas a Unidades de Conservação 1 Impactos que afetem áreas de importância biológica alta 2 Impactos que afetem áreas de importância biológica muito alta Impactos que afetem áreas de importância biológica extremamente alta ou classificadas 3 como insuficientemente conhecidas
VALOR DOS ÍNDICES ICAP (Índice( Comprometimento de Áreas Prioritárias) rias) As áreas prioritárias compreendidas na Área de Influência mais abrangente do meio biótico são: MaZc351 - REVIS Santa Cruz/ APA Costa das Algas (prop.); MaZc363 - Área marinha contígua a Foz do Rio Doce; e MaZc368 - Proposta de UC de US da Foz do Rio Doce.
VALOR DOS ÍNDICES ICAP (Índice Comprometimento de Áreas Prioritárias) Uma vez que todas as três áreas são classificadas como de importância ambiental extremamente alta, de acordo com o Decreto 6.848, o valor aplicável ao ICAP é 3. ICAP = 3
IM: Índice Magnitude Valor Atributo 0 Ausência de impacto ambiental significativo negativo 1 Pequena magnitude do impacto ambiental negativo em relação ao comprometimento dos recursos ambientais 2 Média magnitude do impacto ambiental negativo em relação ao comprometimento dos recursos ambientais 3 Alta magnitude do impacto ambiental negativo
VALOR DOS ÍNDICES IM (Índice Magnitude) De acordo com metodologia própria, utilizando uma planilha elaborada para valoração dos impactos ambientais, considerando somente os impactos negativos do meio físico e biótico, foi concluído que o presente empreendimento apresenta média magnitude do impacto ambiental negativo em relação ao comprometimento dos recursos ambientais. Portanto, IM = 2. IM = 2
CÁLCULO DO VALOR DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL Uma vez definido o valor de cada índice, resta apenas um dado de entrada para a planilha de cálculo do Valor da Compensação Ambiental, que é o somatório dos investimentos necessários para a implantação do empreendimento.
CÁLCULO DO VALOR DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL Este dado foi retirado da seguinte tabela presente no EIA do empreendimento em questão, que informa o total de investimentos e impostos previstos a serem arrecadados na fase de implantação do mesmo: DESCRIÇÃO TOTAL (MIL R$) Dragagem/Terraplanagem Quebra-mar Obras Marinhas Licenciamento e Concessões Custos Indiretos Contingências Impostos Total 100.000 40.000 100.000 15.000 30.000 45.000 80.000 410.000
CÁLCULO DO VALOR DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL VR (Somatório dos investimentos necessários para a implantação do empreendimento (R$)) VR = 410.000.000,00
CÁLCULO DO VALOR DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL De posse de todos os dados de entrada necessários, incluindo-os na planilha de Compensação Ambiental, o Valor da Compensação Ambiental desejado será obtido, como mostrado na figura a seguir:
CÁLCULO DO VALOR DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
CONCLUSÃO Foi obtido o Valor da Compensação Ambiental de: R$ 1.435.000,00. Utilizando o procedimento preconizado pelo parágrafo 1º do art. 36 da Lei 9.985 de 2000, e do parágrafo único do art. 31 do Decreto 4.340, quando o Valor da Compensação Ambiental era fixado em a partir de 0,5% dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, o Valor da Compensação Ambiental seria no mínimo R$ 2.050.000,00. A metodologia apresentada preconiza a sistematização do procedimento de determinação dos índices e consequentemente do Valor da Compensação Ambiental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, 2009. Decreto nº 6.848, de 14 de maio de 2009. Altera e acrescenta dispositivos ao Decreto no 4.340, de 22 de agosto de 2002, para regulamentar a compensação ambiental. BRASIL, 2002. Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. Regulamenta artigos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, e dá outras providências. BRASIL, 2000. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MMA, 2007. Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira: Atualização - Portaria MMA n 9, de 23 de janeiro de 2007. MMA, 2003. Instrução Normativa MMA nº 03, de 27 de maio de 2003. Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção.
OBRIGADO! Gabriel Teixeira Silva Araújo gabriel.teixeira@cepemar.com 2121-6567