MONITORAMENTO ENTOMOLÓGICO E EDUCAÇÃO EM DENGUE EM CAMPOS DOS GOYTACAZES



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Transcrição:

MONITORAMENTO ENTOMOLÓGICO E EDUCAÇÃO EM DENGUE EM CAMPOS DOS GOYTACAZES Gabriela Calegario 1 ; Lívia Ferreira da Silva 1 ; Diana Rangel de Azeredo 1 ; Maurício Gonçalves da Silva 1 ; Marilvia Dansa de Alencar Petretski 1 1- Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro-Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB)-Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos (LQFPP)-email: uenfdengue@gmail.com; marilvia@uenf.br Resumo: A dengue é uma doença infecciosa que acomete o homem tendo ocorrência em áreas tropicais e subtropicais cujas condições climáticas favorecem a proliferação do inseto vetor, o mosquito Aedes aegypti nas Américas e Aedes albopictus na África e Ásia. A transmissão de dengue por mosquitos do gênero Aedes ocorre através da picada em indivíduos virêmicos. É muito difícil controlar ou eliminar mosquitos A. aegypti, porque eles se adaptam facilmente ao ambiente, o que os tornam altamente resistentes. Assim, é essencial o foco no planejamento urbano e a educação em saúde. Nesse contexto, o objetivo principal deste trabalho é promover uma ação educativa direcionada para populações humanas em risco imediato, vivendo em áreas de alta incidência da doença, proporcionando informação e suporte à comunidade local sobre a importância da prevenção através da eliminação dos locais propícios para a reprodução do mosquito. Através de atividades participativas, palestras e folders os alunos e a população tomará ciência da importância da participação ativa da mesma para a redução da incidência de dengue nos bairros e distritos do município de Campos dos Goytacazes. O projeto está sendo direcionado a escolas e organizações sociais não governamentais. Palavras-chave: Aedes aegypti; vetor; saúde. Introdução A dengue é uma doença infecciosa que acomete o homem tendo ocorrência em áreas tropicais e subtropicais cujas condições climáticas favorecem a proliferação do inseto vetor, o mosquito Aedes aegypti nas Américas e Aedes albopictus na África e Ásia (Claro et al,. 2004; Kow et al., 2001). A oviposição ocorre em ambiente preferencialmente escuro e úmido e ao entrar em contato com água, o ovo eclode originando a larva que passa por 4 ínstares (ou sofre 4 ecdises) até alcançar o estágio de pupa, da qual emerge o mosquito adulto alado (Matheson, 1932 ). Somente a fêmea do mosquito adulto alimenta-se de sangue e, a partir daí a oviposição ocorre de 2 a 5 dias após o respasto sanguíneo. Uma única fêmea pode colocar de 60-100 ovos na postura inicial (OMS, 1995). Estudos laboratoriais indicam que a sobrevivência dos mosquitos de A. aegypti adultos é de 20 e 30 dias para machos e fêmeas, respectivamente (WHO, 1995). A transmissão de dengue por mosquitos do gênero Aedes ocorre através da picada em indivíduos virêmicos, e a transferência, pela picada, do vírus ao homem encerra um ciclo de transmissão (Sardagna et al., 2003). O vetor é encontrado, principalmente em ambientes doméstico e peridoméstico, utilizando-se de recipientes que armazenam água e recipientes descartáveis que acumulam água de chuvas para postura dos ovos (Câmara et al., 2007). O A. aegypti é o principal vetor devido à sua antropofilia, seus hábitos urbano-domésticos (domiciliares) e sua alta eficiência na transmissão do vírus dengue. É uma espécie de atividade diurna, alimenta-se dentro e fora das casas durante todo o tempo, especialmente em dias nublados (Gubler, 1998). 1

A Dengue é uma infecção re-emergente que vem preocupando mundialmente as autoridades sanitárias (Teixeira et al., 2001). É a arbovirose de maior incidência no mundo, sendo endêmica em aproximadamente 100 países das Américas, África, Ilhas do PCÍFICO, Ásia e Mediterrâneo. Cerca de dois terços da população mundial vive em áreas infestadas com o mosquito vetor. Os sintomas da doença vão desde febre e sintomas comuns, como dor de cabeça, náusea, mialgia, dor retro orbital; até formas hemorrágicas (dengue hemorrágica FDH), síndrome de choque associada ao dengue (DSS) e outras manifestações graves da doença (Singhi et al., 2007). Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-se que 50-100 milhões de casos de dengue ocorram anualmente em todo o mundo e que cerca de 500.000 casos evoluem para as formas mais graves da doença (Stephenson, 2005). Não existe vacina disponível contra a dengue e nem medicamentos específicos para tratar a infecção (CDC, 2009). Dessa forma, a prevenção e controle da dengue dependem do combate do A. aegypti em torno dos domicílios onde mais ocorre a transmissão. Inseticidas em sprays para mosquitos adultos não são eficazes, a não ser que sejam usados dentro de casa. O caminho mais eficaz para o controle do mosquito é a redução larval nos domicílios (Gubler, 1998).Os ovos de A. aegypti possuem a capacidade de resistir à dessecação, sobrevivendo vários meses sob condições de seca em um estado de dormência no final do desenvolvimento embrionário, dificultando o controle (Christophers, 1960; Clements,1961; Kliewer, 1961). A erradicação da Dengue só se tornará uma realidade se houver um trabalho que inclua, conhecimento da doença do ponto de vista epidemiológico e clínico, conhecimento do vírus dengue do ponto de vista molecular e evolutivo, conhecimento do vetor e sua interação com o vírus. Somado a isso é essencial o foco no planejamento urbano e a educação em saúde. Neste contexto, este estudo tem por objetivo atacar duas dessas frentes. Por um lado, o mapeamento das populações naturais de A. aegypti quanto a sua suscetibilidade ao vírus dengue e seu potencial epidemiológico. Por outro lado, uma ação educativa direcionada para populações humanas em risco imediato, vivendo em áreas de alta incidência da doença, proporcionando informação e suporte à comunidade local sobre a importância da prevenção através da eliminação dos locais propícios para a reprodução do mosquito. Assim, a população tomará ciência da importância da participação ativa da mesma para a redução da incidência de dengue nos bairros e distritos do município de Campos dos Goytacazes. O projeto será direcionado a escolas e organizações sociais não governamentais. Metodologia 1- Coleta de dados de incidência de Dengue e escolha dos locais de ação Inicialmente foi realizada a coleta de dados sobre a taxa de incidência de Dengue do município de Campos dos Goytacazes nos últimos anos. Os dados de incidência de Dengue foram obtidos junto à Secretaria Municipal de Saúde. Também foi levantado o índice de densidade das populações de Aedes aegypti (IIP) no Município, através do CCZ. Após a realização dos levantamentos, os locais de ação foram escolhidos com base nos valores mais elevados de incidência de Dengue, sendo assim foram selecionados alguns bairros e distritos bem como as escolas neles localizadas. 2- Avaliação a priori e a posteriori Para avaliação a priori foi elaborado e confeccionado um questionário. Este questionário teve como objetivo levantar informações sobre o conhecimento da comunidade acerca da dengue, incluindo sintomas da doença, transmissão e biologia do vetor. No final do projeto, este questionário será modificado e aplicado para avaliação dos objetivos atingidos, dos problemas encontrados e da evolução das informações recebidas pela comunidade. 2

O questionário a ser aplicado foi confeccionado utilizando o método da Escala de Likert. A escala de Likert, ou escalas Somadas, requerem que os entrevistados indiquem seu grau de concordância ou discordância com declarações relativas à atitude que está sendo medida. Atribui-se valores numéricos (escala de 1 a 5) e/ou sinais às respostas para refletir a força e a direção da reação do entrevistado à declaração. As declarações de concordância devem receber valores altos enquanto as declarações das quais discordam devem receber valores baixos (Baker, 2005). 3- Banco de dados e confecção de materiais O banco de dados vem sendo construído, a partir de referências bibliográficas e de informações provenientes de levantamento epidemiológico e entomológico do município, junto à prefeitura, além de informações adquiridas junto à comunidade local. O banco de dados será disponibilizado ao público através de um site a ser criado e divulgação por agendamento de palestras em escolas municipais e estaduais do município de Campos dos Goytacazes e organizações não governamentais, a partir de identificação de áreas de risco ou agendamento voluntário (uenfdengue@gmail.com). Foi criado também um blog para disponibilização de informações sobre dengue (http://dengueuenf.blogspot.com.br/). Nas escolas, as atividades referentes ao projeto envolverão o mosquito A. aegypti, a dengue e maneiras de reduzir a incidência da doença. A conscientização dos alunos será realizada por meio de palestras, mesas redondas, painéis, apresentação e orientação de cartilhas, oficinas a partir de material teórico-prático e saídas a campo nas regiões próximas, para identificação de criadouros e focos potenciais do mosquito. A participação de escolas em projetos de conscientização permite envolver os alunos em uma construção de conhecimento integrada às práticas vividas, onde o aluno constrói sua autonomia e se forma como sujeito ativo na sociedade. Resultados e Discussão 1- Levantamento de Dados Após a realização do levantamento de dados de incidência de Dengue junto à Secretária de Saúde do Município de Campos dos Goytacazes, foram selecionados quatro bairros e dois distritos cujos números foram mais alarmantes (Tabelas 1 e 2). Tabela 1: Número de casos de Dengue em bairros do município de Campos dos Goytacazes em 2011. Bairros N de casos Centro 453 Penha 332 Parque Guarus 365 Jockey Club 347 (Secretária Municipal de Saúde de Campos dos Goytacazes/Dados de 2011) Tabela 2: Número de casos de Dengue em dois distritos de Campos dos Goytacazes em 2011. Distritos/Escolas N de Casos Goytacazes 702 Travessão 911 (Secretária Municipal de Saúde de Campos dos Goytacazes/Dados de 2011) 3

Dentro de cada um desses bairros e distritos, uma escola pública foi escolhida para a realização do projeto, já que a Escola é em uma ferramenta fundamental da Educação para Saúde que: [...] consiste basicamente no planejamento e na execução de atividades que visam prevenir doenças e suprimir carências das populações, como práticas inadequadas de higiene [...] (Candeias, 1997 apud Nunes, 2009). De acordo com Gobbo (2005), a infância e a adolescência são fases decisivas na construção da conduta, desta forma, a Escola deve assumir de maneira clara e concisa a responsabilidade pela Educação para a Saúde. 2- Questionário Inicialmente foi construído um questionário direcionado aos alunos das escolas selecionadas, com o objetivo de verificar o nível de conhecimento dos mesmos em relação a Dengue (Tabela 3). Para a confecção do questionário utilizou-se o método da Escala Likert. As principais vantagens deste método em relação aos outros, segundo Mattar (2001) é a simplicidade de construção; o uso de afirmações que não estão explicitamente ligadas à atitude estudada, permitindo a inclusão de qualquer item que se verifique, empiricamente, ser coerente com o resultado final; e ainda, a amplitude de respostas permitidas apresenta informação mais precisa da opinião do respondente em relação a cada afirmação. Tabela 3: Questionário a ser aplicado aos alunos das escolas selecionadas, a priori. Discordo Concordo mais Não mais do Mais ou do que concordo que menos discordo concordo Concordo totalmente O agente transmissor da Dengue é o mosquito Aedes aegypti. A dengue é causada por um vírus Alguns dos sintomas da dengue são: dor de cabeça, náusea, dor na região dos olhos e manchas pelo corpo. A dengue pode levar a morte. O agente transmissor da dengue põe ovos na água somente no verão O agente transmissor da dengue passa por diferentes fases antes de alcançar a forma adulta. A larva é uma das fases do ciclo de A dengue vida é desse contraída agente após transmissor. o indivíduo ser picado pelo agente transmissor somente se ele estiver contaminado com o virus. Pneus, copos plásticos, caixas d água e até mesmo tampinhas de garrafa são potenciais 3- Material de apoio O ensino de Ciências enfrenta alguns problemas quanto à superação dos modelos tradicionais, que priorizam a transmissão de conteúdos aos alunos, sem evidenciar as dúvidas e opiniões, que fazem parte do processo de ensino-aprendizagem e contribuem para o avanço 4

do conhecimento científico (Ramos e Struchimer, 2009). Assim, é interessante a utilização de um folder, pois sua linguagem e forma de construção aproximam o conteúdo à realidade do aluno. Um folder contendo informações básicas sobre dengue foi confeccionado para que as principais dúvidas recorrentes em relação ao vetor, à doença e ao tratamento mais recomendado para a mesma se tornasse disponível aos alunos e consequentemente a seus familiares. O folder contém as seguintes informações: principais sintomas da Dengue (clássica, hemorrágica com complicações, os medicamentos adequados ao tratamento dos sintomas da doença, as formas de combate ao vetor. Além disso, o folder também disponibiliza sites onde possíveis dúvidas podem ser sanadas. Este material de apoio é uma importante ferramenta para auxiliar os trabalhos de conscientização dos alunos, atingindo consequentemente a população em geral, já que o mesmo será levado pelos alunos aos familiares agindo como multiplicadores. Assim, esperase como resultado do trabalho, que haja um recrutamento de pessoas para a participação ativa no combate ao vetor, já que por ser o A. aegypti um mosquito domiciliado, seu combate exige um grande esforço do setor da saúde e da população para ser controlado. Conclusões O município de Campos dos Goytacazes apresenta locais com altos índices de Dengue. Desta forma, este trabalho visa contribuir através da Educação em Saúde, conscientizando professores, alunos e em escala multiplicativa a comunidade em torno das escolas, sobre o papel de cada um no combate à dengue. Referências Bibliográficas Claro, L. B. L., Tomassini, H. C. B., ROSA, M. L. G. (2004) Prevenção e Controle do Dengue: uma revisão de estudos sobre conhecimentos, crenças e práticas da população. Caderno de Saúde Pública, 20 (6): 1447-1457. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, CDC. [s.d]. Disponível em http://www.cdc.gov/dengue/clinicallab/index.html Acesso junho de 2009. Gubler, D. J., (1998) Dengue and Dengue Hemorrhagic Fever. Clinical Microbiology Reviews, 11(3): 480-496. Christophers, S. R. (1960) Aedes aegypti (L) The Yellow Fever Mosquito. Its Life History, Bionomics and - Structure. Cambridge: Cambridge University Press. Clements, A. N. (1992) The biology of mosquitoes. Development, nutrition and reproduction. London: Chapman and Hall. Câmara, F. P., Theophilo, G. R. L., Santos, G. T., Pereira, S. R. F. G., Câmara, D. C. P., Matos, R. R. C. (2007) Regional and dynamics characteristics of dengue in Brazil: a retrospective study. rev. Sociedade Brasileira de Med. Tropical, 40 (2): 192-196. Gubler, D. J., (1998) Dengue and Dengue Hemorrhagic Fever. Clinical Microbiology Reviews, 11(3): 480-496. Kow, C. Y, Koon, L.L, YIN, F. P. (2001) Detection of Dengue viruses in field aught male Aedes aegypti and Aedes albopictus (Díptera: Culicidae) in Singapore by type- specific PCR. Journal of Medical Entomology, 38: 475-479. Matheson, R. (1932). The utilization of aquatic plants as aids in mosquito control. Rep. Smithson. Instn: 413-30. WORLD HEALTH ORGANIZATION. (1995) Guidelines For Dengue Surveillance and mosquito control. <http://www.wpro.who.int/publications/pub_9290610689.htm>. Acesso em 30/04/09. Sardagna, A. A. (2003). Caracterização molecular de Dengue Vírus sorotipo 1 autóctones ao Distrito Federal- Brasil. Dissertação (Mestrado em Ciências enômicas e Biotecnologia). Brasília, Distrito Federal. Universidade Católica de Brasília, pp. Teixeira, M. G., Costa, N. M. G., Barreto, M. L., Barreto, F. R. (2001) Epidemiologia do dengue em Salvador- Bahia,1995-1999. Rev. Soc. Bras.de Med. Trop., 34(3): 269-274. Stephenson, J. R. (2005) Understanding dengue pathogenesis: implications for vaccine design. Bull World Health Organization, 83(4): 308-14. Kliewer, J. W. (1961) Weight and hatchability of Aedes aegypti eggs. Ann Entomol Soc Am, 54:912-917. 5