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5 Regulamentação do Sistema Financeiro Nacional 5.1 Patrimônio de Referência Exigido (PRE) Com a edição da Resolução n 3.490, de 29 de agosto de 2007, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprimorou a estrutura regulamentar do montante de capital a ser mantido pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil, segundo recomendações contidas no documento Convergência Internacional de Mensuração de Capital e Padrões de Capital, conhecido por Basiléia II. O requerimento de capital, antes denominado Patrimônio Líquido Exigido (PLE), passou a ser dado pelo Patrimônio de Referência Exigido (PRE), que consiste na soma das seguintes parcelas: parcela referente às exposições ponderadas por fator de ponderação de risco a elas atribuído (P EPR ); parcela referente ao risco das exposições em ouro, em moeda estrangeira e em operações sujeitas à variação cambial (P CAM ); parcela referente ao risco das operações sujeitas à variação de taxas de juros e classificadas na carteira de negociação (P JUR ); parcela referente ao risco das operações sujeitas à variação do preço de mercadorias (commodities) (P COM ); parcela referente ao risco das operações sujeitas à variação do preço de ações e classificadas na carteira de negociação (P ACS ); parcela referente ao risco operacional (P OPR ). A introdução das parcelas P COM e P ACS conclui a implementação no Brasil da Emenda de 1996 ao Acordo de Basiléia de 1988, juntamente às demais parcelas de requerimento de capital para cobertura do risco de mercado. A apuração do PRE é efetuada de forma consolidada, considerando os integrantes de conglomerado financeiro e de consolidado econômico-financeiro, inclusive as dependências Maio 2008 Relatório de Estabilidade Financeira 127

no exterior. Para as cooperativas de pequeno porte e que não possuam exposição cambial, é facultada a apuração do PRE apenas com base nas parcelas P EPR e P OPR. A Resolução n 3.490, de 2007, faculta ao Banco Central do Brasil determinar a uma instituição a redução do grau de risco de suas exposições e o aumento do valor do seu PRE. É estabelecida a data de 1º de julho de 2008 para que seus dispositivos produzam efeito e atribuam ao Banco Central do Brasil a tarefa de fixar os procedimentos e parâmetros para o cálculo das parcelas do PRE. No caso da parcela P EPR, seus procedimentos e parâmetros foram estabelecidos pela Circular n 3.360, de 12 de setembro de 2007, que incorpora na estrutura de capital brasileira a Abordagem Padronizada Simplificada, constante de Basiléia II. São definidos os critérios para identificação e quantificação das exposições, atribuição do FPR a ser aplicado a cada uma delas, conforme o risco da respectiva contraparte, e tratamento dado à eventual mitigação de risco por meio dos instrumentos admitidos. O montante dos produtos das exposições pelos respectivos FPR (0%, 20%, 35%, 50%, 75%, 100% e 300%) consiste no EPR, que é multiplicado pelo fator F, fixado em 0,11 (onze centésimos), para obtenção da parcela P EPR. Para as cooperativas de crédito, foram estabelecidos valores diferenciados para o fator F, variando entre 0,13 (treze centésimos) e 0,17 (dezessete centésimos), de acordo com o porte da instituição, a sua filiação ou não a cooperativa central e a utilização da faculdade de não apurar as parcelas referentes a risco de mercado. As agências de fomento tiveram seu fator F reduzido de 0,30 (trinta centésimos) para 0,11 (onze centésimos), o mesmo das demais instituições financeiras. Entre as inovações da Circular n 3.360, de 2007, em relação à sistemática anterior para cálculo do capital a ser alocado, destacam-se: incidência de requerimento sobre as exposições relativas aos compromissos de crédito não canceláveis unilateral e incondicionalmente pela instituição, cujo valor é apurado mediante a aplicação do Fator de Conversão de Crédito (FCC) sobre o valor do compromisso assumido, deduzida eventual parcela já convertida em operação de crédito. O FCC é de 20% (vinte por cento) para compromissos com prazo inferior a um ano e de 50% (cinqüenta por cento) para os demais; 128 Relatório de Estabilidade Financeira Maio 2008

aplicação do FPR de 0% (zero por cento) para exposições aos organismos multilaterais e Entidades Multilaterais de Desenvolvimento (EMD) elencados em Basiléia II, incluindo garantias prestadas e operações que tenham como ativo objeto os títulos por eles emitidos; aplicação do FRP de 20% (vinte por cento) para operações interfinanceiras em moeda nacional com vencimento em até três meses; introdução do FPR de 35% (trinta e cinco por cento) para financiamentos para aquisição de imóvel residencial e financiamentos garantidos por hipoteca de imóvel residencial, com valor contratado inferior a 50% (cinqüenta por cento) da garantia, na data de concessão do crédito. Os certificados de recebíveis imobiliários com lastro nesses financiamentos recebem o mesmo FPR; aplicação do FPR de 50% (cinqüenta por cento) para financiamentos para aquisição de imóvel residencial e financiamentos garantidos por hipoteca de imóvel residencial, com valor contratado entre 50% (cinqüenta por cento) e 80% (oitenta por cento) da garantia, na data de concessão do crédito. O mesmo FPR é aplicado aos certificados de recebíveis imobiliários com lastro nesses financiamentos; introdução do FPR de 75% (setenta e cinco por cento) para as exposições relativas às operações de varejo, definidas como as que atendam cumulativamente aos requisitos estabelecidos e à contraparte, granularidade, valor da operação e destinação específica; aplicação do FPR de 100% (cem por cento) às exposições relativas a cotas de fundos de investimento, facultando-se a aplicação de FPR equivalente à média ponderada dos FPR aplicáveis às operações integrantes da carteira do fundo, caso possam ser identificadas; reconhecimento de instrumentos mitigadores de risco, com o efeito da atribuição do FPR do instrumento à parcela da exposição coberta. Os procedimentos para apuração da parcela do PRE relativa ao risco de mercado em operações com exposição à variação das taxas de juros prefixadas foram estabelecidos pela Circular n 3.361, de 12 de setembro de 2007, com base na metodologia de Valor em Risco (Value at Risk VaR), cujos parâmetros referentes às volatilidades e correlações são atualizados diariamente em função dos preços de mercado. Essa circular consolida a regulamentação sobre o assunto, preservando e aperfeiçoando a metodologia Maio 2008 Relatório de Estabilidade Financeira 129

já adotada e incorporando maior sensibilidade ao risco. Destacam-se as inovações: restrição do escopo de aplicação às operações sujeitas à variação das taxas de juros classificadas na carteira de negociação (trading book); segmentação das operações de longo prazo em vértices específicos, em decorrência da tendência de alongamento dos prazos das operações; adoção de famílias de volatilidade (volatilidade máxima de curto, médio e longo prazo) em vez da volatilidade máxima de todos os vértices. As parcelas do PRE destinadas à cobertura do risco de mercado em exposições sujeitas à variação de cupons cambiais (P JUR[2] ), cupons de índices de preços (P JUR[3] ) e cupons de taxas de juros (P JUR[4] ) têm seus procedimento de apuração estabelecidos, respectivamente, pelas Circulares n os 3.362, 3.363 e 3.364, todas de 12 de setembro de 2008. A apuração dessas parcelas fundamenta-se na metodologia Maturity Ladder, prevista em Basiléia II para modelos padronizados, a qual considera as diferenças entre descasamentos verticais e horizontais ao longo de prazos de vencimentos, segmentados por fator de risco. Também considera diferenças consolidadas entre agrupamentos de prazos, denominados zonas de vencimento. No caso da parcela P JUR[2], é considerada a variação de cupons do dólar dos EUA, euro, franco suíço, iene e libra esterlina separadamente, desde que superiores a 5% do total das exposições. O requerimento para as demais moedas estrangeiras poderá ser calculado conjuntamente. Para a parcela P JUR[3], devem ser consideradas separadamente as exposições sujeitas às variações dos cupons do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), desde que superiores a 5% do total das exposições em cupons de índices de preços. O requerimento das exposições sujeitas à variação das demais taxas dos cupons de índices de preços poderá ser calculado conjuntamente. Quanto à parcela P JUR[4], devem ser consideradas separadamente as exposições sujeitas às variações dos cupons de Taxa Referencial (TR), Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e Taxa Básica Financeira (TBF), desde que superiores a 5% do total dessas exposições. As demais exposições poderão ser tratadas conjuntamente. A Circular n 3.368, de 12 de setembro de 2007, regulamenta os procedimentos para apuração da parcela do requerimento de capital incidente sobre exposições em commodities (P COM ), anteriormente inexistente. Seu escopo 130 Relatório de Estabilidade Financeira Maio 2008

abrange tanto as operações classificadas na carteira de negociação quanto aquelas ali não classificadas, excluindo-se as exposições em commodities do cálculo da parcela P EPR. A parcela P COM é apurada segundo a metodologia padrão simplificada de Basiléia II, que trata todas as commodities como tendo o mesmo risco no mercado à vista. O valor dessa parcela é calculado em duas etapas. Na primeira, que contempla o risco de variação dos preços das mercadorias no mercado à vista, um fator de 0,15 (quinze centésimos) é aplicado ao valor absoluto da exposição líquida em cada tipo de mercadoria. A segunda etapa do cálculo refere-se aos demais riscos de mercado das operações com commodities, aplicando-se um fator de 0,03 (três centésimos) à exposição bruta (somatório dos valores absolutos, em reais, de cada posição comprada e cada posição vendida). Os procedimentos para apuração da parcela P ACS são regulamentados pela Circular n 3.366, de 12 de setembro de 2007, abrangendo as exposições em ações incluídas na carteira de negociação (trading book). As exposições em ações não classificadas na carteira de negociação são consideradas na apuração da parcela P EPR. A metodologia de cálculo da parcela P ACS resulta na soma de dois valores, um relacionado ao risco específico e o outro relacionado ao risco geral. O valor relativo ao risco específico é obtido mediante a aplicação do fator de 8% (oito por cento) ao somatório dos valores absolutos das exposições líquidas de cada emitente. Por sua vez, o valor referente ao risco geral é obtido por meio da multiplicação do fator também igual a 8% (oito por cento), conforme recomendado em Basiléia II, mas redutível para 4% (quatro por cento) no caso de carteiras diversificadas, ao valor absoluto do somatório das exposições líquidas em ações de cada emitente. A Circular n 3.367, de 12 de setembro de 2007, consolida a regulamentação relativa ao tratamento do risco cambial e introduz aprimoramento voltado ao risco de conversibilidade existente em operações realizadas no exterior. Na apuração do montante de exposição cambial, são consideradas três componentes, cuja soma é multiplicada pelo fator F, atualmente fixado em 1,00 (cem centésimos), para obtenção do requerimento de capital para esse determinante de risco. Para a apuração da primeira componente da exposição cambial, é empregada a metodologia conhecida Maio 2008 Relatório de Estabilidade Financeira 131

por posição agregada bruta, que consiste na soma dos valores absolutos das exposições líquidas em ouro e em cada moeda estrangeira, apurada de modo consolidado. As posições em dólar dos EUA, euro, franco suíço, iene, libra esterlina e ouro são consideradas conjuntamente, como uma única moeda. A segunda componente da exposição cambial é obtida mediante a aplicação do fator H, fixado em 0,70 (setenta centésimos) sobre o montante das posições opostas nas moedas acima especificadas, como reconhecimento de correlação imperfeita entre elas. A terceira componente está associada ao reconhecimento de que, embora a compensação entre posições no País e no exterior seja adequada para apuração do risco consolidado do grupo, é necessário observar que podem eventualmente existir significativos riscos e desequilíbrios intragrupo que deixam de ser capturados na primeira componente. Seguindo recomendações de Basiléia II, as exposições que tenham sido compensadas entre instituições de um mesmo conglomerado, no País e no exterior, devem continuar recebendo tratamento específico. Os dispositivos da Circular n 3.367, de 2007, vigoram a partir da sua edição e, entre seus aprimoramentos, destacam-se ainda: apuração das exposições pela cotação de venda das moedas estrangeiras, conforme prática do mercado; permissão para que as próprias instituições determinem as moedas que comporão a exposição comprada associada à posição vendida decorrente de participação estrangeira, desde que sujeitas a determinadas condições que evitem o uso da prerrogativa como incentivo para adoção de estratégias especulativas no mercado cambial; consideração do valor das operações vendidas em moeda estrangeira, correspondente a hedge de participações em investimentos no exterior, como proteção da referida exposição comprada em moeda estrangeira, também computando os efeitos fiscais. 5.2 Mensuração de Risco das Operações não Classificadas na Carteira de Negociação (Banking Book) Embora Basiléia II não estabeleça metodologia específica para apuração e alocação de capital relativo ao risco de mercado existente nas posições não classificadas na carteira de negociação (trading book), o documento 132 Relatório de Estabilidade Financeira Maio 2008

reconhece a necessidade de aporte de capital para esse fim, apurado conforme metodologia interna de cada instituição, sujeita à avaliação da autoridade reguladora, de acordo com alguns critérios mínimos de mensuração de risco. A Circular n 3.365, de 12 de setembro de 2007, introduz as recomendações de Basiléia II, estabelecendo os critérios mínimos para mensuração do risco de taxa de juros nas operações não classificadas na carteira de negociação. Os sistemas internos devem refletir a natureza das operações realizadas, a complexidade dos produtos e a dimensão da exposição ao risco da instituição. Devem incluir todas as operações sensíveis a variações das taxas de juros; utilizar técnicas de mensuração de risco e conceitos financeiros amplamente aceitos; considerar dados relativos a taxas, prazos, preços, opcionalidades e demais informações adequadamente especificadas; definir premissas adequadas para transformar posições em fluxos de caixa; medir a sensibilidade a mudanças na estrutura temporal das taxas de juros, entre diferentes estruturas de taxas e nas premissas; estar integrados às práticas diárias de gerenciamento de risco; permitir a simulação de condições extremas de mercado (testes de estresse); e estimar o montante de Patrimônio de Referência (PR) compatível com os riscos identificados. 5.3 Limite para exposição cambial Como resultado do processo de aprimoramento normativo, foi adotada a sistemática de tratar cada assunto em normativo específico, com vistas à uniformidade e facilidade de referência. Assim, o limite para exposição cambial, anteriormente tratado em conjunto com as regras para apuração do requerimento de capital, passa a ser disciplinado pela Resolução n 3.488, de 29 de agosto de 2007, que manteve em 30% (trinta por cento) do PR o limite para a exposição em ouro, em moeda estrangeira e em operações sujeitas a variação cambial. 5.4 Ouvidoria Com o objetivo de aprimorar a regulamentação que disciplina o relacionamento entre as instituições do sistema financeiro e a sociedade, o CMN estabeleceu, por meio da Resolução n 3.477, de 26 de julho de 2007, a obrigatoriedade de constituição de componente organizacional de ouvidoria pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas Maio 2008 Relatório de Estabilidade Financeira 133

a funcionar pelo Banco Central do Brasil. Regras idênticas foram estendidas às administradoras de consórcio pela Circular n 3.359, de 23 de agosto de 2007. A atuação do componente de ouvidoria deve se pautar pela transparência, independência, imparcialidade e isenção, com vistas a assegurar a estrita observância das normas legais e regulamentares relativas aos direitos do consumidor e de atuar como canal de comunicação entre essas instituições e os seus clientes e usuários de produtos e serviços financeiros, inclusive na mediação de conflitos. Foi instituída a obrigatoriedade de elaboração de relatório semestral pelo diretor responsável pela ouvidoria, voltado às atividades da ouvidoria nas datas-bases de 30 de junho e 31 de dezembro e sempre que identificada ocorrência relevante. Tais relatórios devem ser encaminhados ao Banco Central do Brasil, devidamente acompanhados da manifestação da auditoria externa, de parecer da auditoria interna e referendado pelo comitê de auditoria, quando existente, até sessenta dias após a data-base ou a ocorrência de fato relevante. A Circular n 3.370, de 23 de outubro de 2007, estabeleceu as informações mínimas acerca das atividades da ouvidoria que devem constar no relatório a ser encaminhado ao Banco Central pelo diretor responsável por esse componente organizacional. A Resolução n 3.489, de 29 de agosto de 2007, introduziu novos dispositivos destinados a preservar a equanimidade de exigência entre as instituições alcançadas pela norma. Entre as principais alterações, destacam-se: extensão às sociedades de crédito imobiliário, às sociedades corretoras de câmbio, às sociedades de arrendamento mercantil que não fazem parte de conglomerado e às associações de poupança e empréstimo da faculdade de utilização, mediante convênio, do serviço de atendimento e assessoramento prestado por associação de classe; inserção da possibilidade de as sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários e as sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários que não fazem parte de conglomerado utilizarem, mediante convênio, serviço de atendimento e assessoramento prestado por associação de classe a que sejam filiadas, além da faculdade já prevista de utilização de mesmo serviço prestado pelas bolsas de valores e de mercadorias e futuros; exclusão da exigência de constituição de ouvidoria para as cooperativas centrais de crédito, uma vez 134 Relatório de Estabilidade Financeira Maio 2008

que seus clientes são constituídos somente de cooperativas singulares filiadas, possuindo, portanto, público distinto a que se destina a ouvidoria. 5.5 Acessibilidade Como decorrência das discussões estabelecidas com o Ministério Público Federal, especialmente com a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), a Circular n 3.369, de 19 de outubro de 2007, determina que as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem obter laudo técnico firmado por profissional legalmente habilitado, atestando que as instalações de suas agências e postos de atendimento bancário (PAB) atendam aos requisitos de acessibilidade previstos no Decreto n 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Essa comprovação pode também ser efetuada por meio dos documentos relativos à certificação citados no art. 13, 1º e 2º, do referido Decreto, que tratam da adequação de habite-se e de alvará de funcionamento, expedido pelos órgãos competentes. Com relação às agências e PABs já instalados na data de entrada em vigor do normativo, foi estabelecido prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias para que possam obter a documentação. 5.6 Tarifas bancárias No âmbito das discussões travadas em diversos fóruns de debates, entre eles o grupo de trabalho criado pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, que contou com a participação de integrantes daquela comissão e do Banco Central do Brasil, do Ministério da Fazenda, do Ministério da Justiça e do Ministério Público Federal; e, visando propiciar transparência nas relações contratuais entre as instituições financeiras e os seus clientes e usuários, a Resolução n 3.516, de 6 de dezembro de 2007, revogou o art. 2º da Resolução n 3.401, de 6 de novembro de 2006, que dispunha sobre o valor máximo, em reais, da tarifa eventualmente cobrada em decorrência de liquidação antecipada de contratos de concessão de crédito ou de arrendamento mercantil, objeto de inúmeros questionamentos jurídicos. A Resolução determina ainda que, sobre os contratos firmados a partir da data da sua entrada em vigor, está vedada a cobrança de tarifa pela liquidação antecipada de operações de crédito e de arrendamento mercantil financeiro, Maio 2008 Relatório de Estabilidade Financeira 135

contratadas com pessoas físicas e com microempresas e empresas de pequeno porte de que trata a Lei Complementar n 123, de 14 de dezembro de 2006, e estabelece critérios para o cálculo do valor presente dos pagamentos, para fins de amortização ou liquidação antecipada desses contratos. A Resolução n 3.517, de 6 de dezembro de 2007, introduziu a obrigatoriedade de as instituições informarem previamente o Custo Efetivo Total (CET) da operação para o tomador, na contratação de operações de crédito e de arrendamento mercantil financeiro com pessoas físicas, expresso na forma de taxa percentual anual. A medida visa facilitar a comparação entre as ofertas de crédito disponíveis no mercado, contribuindo para o aperfeiçoamento das relações entre instituições financeiras e os seus clientes e usuários de serviços e produtos financeiros. Nova disciplina para a cobrança de tarifas pelas instituições financeiras foi dada pela Resolução n 3.518, de 6 de dezembro de 2007, que estabelece, entre outras medidas, as condições básicas para a sua cobrança, a ampliação do rol de serviços para os quais não é permitida a cobrança de tarifas e a padronização da nomenclatura das tarifas referentes aos serviços considerados prioritários passíveis de cobrança de pessoas físicas. Isso permitirá maior comparabilidade por parte do público consumidor, incentivando a concorrência entre as instituições e a melhor precificação dos valores cobrados pelos serviços. Essas medidas passarão a ter efeito a partir de 30 de abril de 2008, observando que as regras atuais determinadas pela Resolução n 2.303, de 25 de julho de 1996, com as alterações dadas pela Resolução n 2.747, de 28 de junho de 2000, permanecerão em vigor até 29 de abril de 2008. A Circular n 3.371, de 6 de dezembro de 2007, complementou as medidas adotadas pelo CMN, definindo os serviços prioritários, relacionados a contas de depósitos, transferências de recursos, operações de crédito e cadastro, estabelecendo a padronização de nomes e canais de entrega, a identificação por siglas e a descrição dos respectivos fatos geradores, bem como os itens componentes e a quantidade de eventos do pacote padronizado de serviços prioritários para pessoas físicas, cuja oferta passou a ser obrigatória. 136 Relatório de Estabilidade Financeira Maio 2008