Alterações ao Código do Trabalho A partir de 1 de Agosto de 2012 A Lei nº 23/2012, de 25 de Junho procede à terceira alteração ao Código do Trabalho, aprovado pela Lei nº 7/2009, de 12 de Fevereiro. Principais alterações: 1. Banco de Horas Prevê-se a possibilidade de fixação do regime do Banco de Horas Individual, instituído por acordo entre o empregador e o trabalhador. Neste caso o período normal de trabalho pode ser aumentado até 2 horas diárias e atingir 50 horas semanais, com o limite de 150 horas por ano. O acordo celebrado deverá regular o regime de compensação do trabalho prestado em acréscimo, que pode ser feita mediante, pelo menos, uma das seguintes modalidades: a) Redução equivalente do tempo de trabalho; b) Aumento do período de férias; c) Pagamento em dinheiro. O referido acordo deve ainda regular a antecedência com que o empregador deve comunicar ao trabalhador a necessidade de prestação de trabalho e, caso opte pela modalidade identificada em a), o período em que a redução do tempo de trabalho para compensar trabalho prestado em acréscimo deve ter lugar, bem como a antecedência com que qualquer das partes deve informar a outra da utilização dessa redução. 1 Este acordo pode ser outorgado pelas partes ou pode ser celebrado mediante proposta por escrito pelo empregador, necessitando da aceitação do trabalhado, que será tácita caso não haja oposição decorridos 14 dias. 2. Intervalo de Descanso Estabelece que quando o período de trabalho exceder 10h, pode e deve ser interrompido por um intervalo de duração não inferior a 1h, nem superior a 2h, de modo a que o trabalhador não preste mais de 6h de trabalho consecutivo. 3. Trabalho Suplementar Declara como nulas quaisquer disposições de IRCT s que disponham sobre descanso compensatório por trabalho suplementar prestado em dia útil, dia de descanso semanal complementar ou dia feriado O trabalho suplementar passa a ser pago pelo valor da retribuição horária com os seguintes acréscimos:
a) 25% na primeira hora ou fracção e 37,5% por hora ou fracção subsequente, em dia útil; b) 50% por cada hora ou fracção, em dia de descanso semanal, obrigatório ou complementar, ou em dia feriado. Estas medidas têm carácter imperativo relativamente aos IRCT s e contratos de trabalho, pelo que ficam suspensas durante dois anos, a contar da entrada em vigor da presente Lei (01/08/2012), as disposições que disponham sobre acréscimos de pagamento de trabalho suplementar superiores aos estabelecidos pelo Código do Trabalho e sobre retribuição do trabalho normal prestado em dia feriado, ou descanso compensatório por essa mesma prestação, em empresa não obrigada a suspender o funcionamento nesse dia. Nestes termos, ficam suspensas durante dois anos as seguintes cláusulas do CCT da ANAREC: 17ª; 30ª e 31ª, na parte em que disponham sobre acréscimos de pagamento de trabalho suplementar superiores aos estabelecidos pelo Código do Trabalho e sobre retribuição do trabalho normal prestado em dia feriado, ou descanso compensatório por essa mesma prestação, em empresa não obrigada a suspender o funcionamento nesse dia. Decorridos estes dois anos, se as referidas cláusulas não tiverem sido ainda alteradas, os montantes por ela previstos são reduzidos para metade, não podendo, contudo, ser inferiores aos estabelecidos pelo Código do Trabalho. 2 4. Feriados Redução do número de Feriados com eliminação do Corpo de Deus, 5 de Outubro, 1 de Novembro e 1 de Dezembro, a partir de 1 de Janeiro de 2013. 5. Férias Para efeitos de férias, nos casos em que os dias de descanso do trabalhador coincidam com dias úteis, passarão a ser considerados para efeitos do cálculo dos dias de férias, em substituição daqueles, os sábados e os domingos que não sejam feriados. No que respeita à majoração das férias procede-se à eliminação do acréscimo de até 3 dias de férias em caso de inexistência ou de número reduzido de faltas. 6. Despedimentos Na Extinção do Posto de Trabalho as Entidades Empregadoras deixam de estar sujeita à menor antiguidade como critério de selecção, sendo este substituído por qualquer outro que seja relevante e não discriminatório. É também eliminada a obrigação de colocar o trabalhador num posto compatível com a sua categoria profissional.
O Despedimento por Inadaptação passa a ser possível mesmo que não tenham sido introduzidas alterações no posto de trabalho. O despedimento por inadaptação pode ser aplicado quando haja modificação substancial da prestação de trabalho que se traduza, por exemplo, na redução continuada de produtividade ou de qualidade. Assim, este despedimento poderá passar a ter lugar pelo incumprimento de objectivos, desde que os objectivos tenham sido fixados após a entrada em vigor destas alterações. Compensações devidas pela cessação de contrato de trabalho: - Contratos celebrados a partir de 01/11/2011 (já em vigor com a publicação da Lei nº 53/2011, de 14 de Outubro) a) a compensação devida corresponderá a 20 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, sendo o valor diário calculado através da divisão por 30 da retribuição mensal e diuturnidades; b) o valor da retribuição base mensal e diuturnidades a considerar para efeitos de cálculo não poderá, em caso algum, ser superior a 20 vezes a retribuição mínima mensal garantida (actualmente de 485, pelo que o valor limite será de 9.700 ); c) o montante global final da compensação não poderá ser superior a 12 vezes a retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador; este limite será, contudo, de 240 vezes o valor da retribuição mínima mensal garantida (116.400 ) no caso do montante considerado para efeitos de cálculo ter sido alvo da redução acima referida em b); 3 d) em caso de fracção de ano o montante da compensação é calculado proporcionalmente. - Contratos celebrados antes de 01/11/2011: A compensação é calculada da seguinte forma: 1) Em relação ao período de duração do contrato até 31/10/2012, o montante da compensação corresponde a um mês de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade. 2) Em relação ao período de duração do contrato a partir de 31/10/2012 aplicam-se as regras acima enunciadas: a) a compensação devida corresponderá a 20 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, sendo o valor diário calculado através da divisão por 30 da retribuição mensal e diuturnidades;
b) o valor da retribuição base mensal e diuturnidades a considerar para efeitos de cálculo não poderá, em caso algum, ser superior a 20 vezes a retribuição mínima mensal garantida (actualmente de 485, pelo que o valor limite será de 9.700 ); c) o montante global final da compensação não poderá ser superior a 12 vezes a retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador; este limite será, contudo, de 240 vezes o valor da retribuição mínima mensal garantida (116.400 ) no caso do montante considerado para efeitos de cálculo ter sido alvo da redução acima referida em b); d) em caso de fracção de ano o montante da compensação é calculado proporcionalmente. 3) O montante total da compensação não pode ser inferior a 3 meses de retribuição base e diuturnidades. 4) Quando da aplicação do disposto na alínea 1) resulte um montante de compensação que seja igual ou superior a 12 vezes a retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador ou a 240 vezes a retribuição mínima mensal garantida, não é aplicável o disposto na alínea 2). 5) Quando da aplicação do disposto na alínea 1) resulte um montante de compensação que seja inferior a 12 vezes a retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador ou a 240 vezes a retribuição mínima mensal garantida, o montante global da compensação não pode ser superior a estes valores. 4 - Caducidade de contrato de trabalho a termo (mesmo o que tenha sido objecto de renovação extraordinária) celebrado antes de 01/11/2011: A compensação é calculada da seguinte forma 1) Em relação ao período de duração do contrato até 31/10/2012 ou até à data da renovação extraordinária, caso seja anterior a 31/10/2012, o montante da compensação corresponde a 3 ou 2 dias de retribuição base e diuturnidades por cada mês de duração, consoante a duração total do contrato não exceda ou seja superior a 6 meses, respectivamente; 2) Em relação ao período a partir de 31/10/2012 o montante da compensação é calculado da seguinte forma: a) a compensação devida corresponderá a 20 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, sendo o valor diário calculado através da divisão por 30 da retribuição mensal e diuturnidades;
b) o valor da retribuição base mensal e diuturnidades a considerar para efeitos de cálculo não poderá, em caso algum, ser superior a 20 vezes a retribuição mínima mensal garantida (actualmente de 485, pelo que o valor limite será de 9.700 ); c) o montante global final da compensação não poderá ser superior a 12 vezes a retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador; este limite será, contudo, de 240 vezes o valor da retribuição mínima mensal garantida (116.400 ) no caso do montante considerado para efeitos de cálculo ter sido alvo da redução acima referida em b); d) em caso de fracção de ano o montante da compensação é calculado proporcionalmente. 7. Obrigações perante a ACT Autoridade para as Condições do Trabalho i) Dispensa do envio à ACT do Regulamento Interno da Empresa, passando este produz efeitos após a publicitação do seu conteúdo na sede da empresa e nos locais de trabalho, de modo a possibilitar o seu pleno conhecimento, a todo o tempo, pelos trabalhadores; 5 ii) Dispensa do dever de comunicar os elementos relativos à empresa antes do início de actividade e respectivas alterações; iii) Deferimento tácito da autorização para redução ou exclusão de intervalo de descanso, desde que o empregador comunique cópia da declaração escrita de concordância do trabalhador, faça prova da comunicação à comissão de trabalhadores da empresa e à associação sindical respectiva e a ACT não se pronuncie no prazo máximo de 30 dias; iv) Dispensa do dever de comunicação do mapa de horário de trabalho; v) Dispensa do dever de comunicação prévia do acordo de isenção de horário de trabalho. Julho de 2012 Departamento Jurídico da ANAREC Sede Nota: Por vontade da signatária, o presente texto não foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.