Manual de Conservação de Acervos Caderno n. 1 Procedimentos Básicos para a Conservação do Acervo do Arquivo Histórico de Joinville



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Transcrição:

Caderno n. 1 Procedimentos Básicos para a Conservação do Acervo do Arquivo Histórico de Joinville Gessonia Leite de Andrade Carrasco

Prefeitura Municipal de Joinville PMJ Prefeito: Marco Antonio Tebaldi Fundação Cultural de Joinville FCJ Diretor-Presidente: Rodrigo Meyer Bornholdt Direção Executiva Diretor: Charles Narloch Gerência de Patrimônio, Ensino e Arte GPEA Gerente: Amarilis Laurenti Arquivo Histórico de Joinville AHJ Coordenador: Afonso Imhof Centro de Preservação de Bens Culturais CPBC Elisangela da Silva, Especialista Cultural Gessonia Leite de Andrade Carrasco, Especialista Cultural Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 2

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO, p. 4 2. MONITORAMENTO, p. 4 3. HIGIENIZAÇÃO MECÂNICA, p. 5 3.1 Métodos e Materiais para Higienização Mecânica, p. 5 3.1.1 Materiais, p. 6 3.1.1.1 Pincéis, p. 6 3.1.1.2 Espátulas metálicas, p. 7 3.1.1.3 Espátulas de bambu, p. 7 3.1.1.4 Aspiradores de pó, p. 8 3.1.1.5 Borrachas e seus derivados, p. 9 3.1.2 Métodos, p. 9 3.2 Restrições para Higienização Mecânica, p. 12 3.2.1 Trabalhos de arte sobre papel, p. 12 3.2.2 Documentos fragmentados, p. 12 3.2.3 Pergaminho, p. 12 3.2.4 Documentos de grandes formatos, p. 12 4. TRATAMENTO QUÍMICO, p. 13 5. CONGELAMENTO PROFUNDO, p. 13 5.1 Recomendações que Devem Ser Seguidas no Congelamento de Documentos, p. 13 6. ACONDICIONAMENTO, p. 15 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS, 16 8. CONTATOS, p. 17 9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA, p. 18 Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 3

1. INTRODUÇÃO As ações para a conservação de documentos que compõem os acervos de arquivos devem respeitar a composição do material que os constituem e seu comportamento em relação ao ambiente em que estão inseridos. Esses acervos são constituídos normalmente de documentos textuais, manuscritos e impressos; documentos iconográficos, fotografias p/b e colorida, desenhos, projetos, plantas e mapas, produzidos em diversas técnicas, além dos diapositivos, negativos rígidos e flexíveis. Tendo em vista os cuidados que se deve tomar no momento em que se faz uma simples limpeza, tanto do ambiente, como dos documentos, apresenta-se este manual com o objetivo de orientar as atividades básicas de conservação do acervo no Arquivo Histórico de Joinville. 2. MONITORAMENTO Tanto o acervo como as áreas de armazenamento e o prédio de um arquivo devem ser periodicamente monitorados quanto às infestações por insetos xilófagos, a contaminação por microorganismos, as contaminações químicas, o calor e a umidade. Regras básicas devem ser seguidas para se evitar situações incontroláveis, observando-se no dia a dia, os seguintes aspectos: a) Evitar a presença de água causada por infiltrações, inundações, baldes com água do serviço de limpeza ou qualquer outra situação semelhante. Assim, quando detectada a presença de umidade de qualquer natureza, medidas devem ser adotadas imediatamente para solucionar o problema; b) Manter as áreas de armazenamento do acervo depósitos, estantes e invólucros externos sempre higienizados, livres de depósitos de poeiras; c) A limpeza das áreas de armazenamento do acervo deve ser realizada com produtos que evaporem rapidamente, preferencialmente, o Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 4

álcool etílico a 70%, que auxilia no controle das contaminações por microorganismos; d) Manter janelas e portas fechadas nas áreas de armazenamento do acervo. Janelas e portas abertas possibilitam a entrada de ar externo e, conseqüentemente, ocorrerão alterações nos índices de temperatura e umidade relativa do ar, provocando oscilações indesejáveis à conservação do acervo; e) Evitar circulação de pessoas nas áreas de armazenamento do acervo, assim como a execução de atividades prolongadas nessas áreas. A presença de pessoas nos depósitos, também provoca oscilações nos índices de temperatura e umidade relativa do ar, além de aumentar a possibilidade do desenvolvimento de doenças alérgicas provocadas por microorganismos, devido à exposição prolongada nesses ambientes; f) Evitar as mudanças constantes de documentos ou caixas de documentos ou, ainda, estantes de lugar. Isso dificulta a localização de focos de infestação de insetos xilófagos e o seu devido controle. Caso haja algum tipo de infestação ou contaminação, essas mudanças facilitarão a proliferação desses agentes, dificultando ou até impossibilitando a erradicação dos mesmos. 3. HIGIENIZAÇÃO MECÂNICA A higienização mecânica ou limpeza superficial é um método de limpeza, a seco, eficiente para remoção de sujidades superficiais de documentos e objetos de arquivos, bibliotecas e museus. 3.1 Métodos e Materiais para Higienização Mecânica Os métodos de limpeza superficial envolvem materiais como: pincéis, espátulas, aspiradores, borrachas, pó de borracha. Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 5

3.1.1 Materiais 3.1.1.1 Pincéis Os pincéis devem ser de cerdas macias e bem flexíveis. Para artefatos de grandes dimensões utilizam-se pincéis largos e para aqueles de pequenas dimensões utilizam-se pincéis mais estreitos. A parte metálica do pincel deve ser protegida com fitas Teflon ou outro material para se evitar que as partes cortantes do metal danifiquem os artefatos. Um pincel pequeno e de cerdas firmes é sugerido para remover sujidades incrustadas. Um pincel soprador é recomendável para áreas dos artefatos muito danificadas ou superfície de fotografias (lado da emulsão = imagem). Jamais utilizar pincéis comuns na limpeza superficial de fotografias, pois os mesmos causam danos irreversíveis nas áreas da emulsão. (Ver Figura n. 1) Figura n. 1 Tipos de pincéis, da esquerda para direita: escova com cerdas macias; pincel japonês com cerdas macias; trincha de cerdas macias; dois pincéis finos de cerdas firmes; pincel soprador. Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 6

3.1.1.2 Espátulas metálicas Espátulas metálicas são eficientes para remoção de grampos ou outros materiais metálicos aderidos aos documentos. É importante que se faça a remoção cuidadosamente para não rasgar o documento. Essas espátulas podem auxiliar na remoção de sujidades incrustadas. (Ver Figura n. 2) Figura n. 2 Espátulas metálicas odontológicas, de cima para baixo: esculpidor Lecron, espátula 70, espátula 31 3.1.1.3 Espátulas de bambu Espátulas de bambu servem para eliminar as dobras nos documentos, assim como aderências superficiais entre as folhas. As dobras em documentos devem ser eliminadas no momento da limpeza superficial. Em caso de aderências resistentes deve se recorrer à ajuda de um conservador/restaurador. (Ver Figura n. 3) Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 7

Figura n. 3 Diferentes formatos de espátulas de bambu 3.1.1.4 Aspiradores de pó Os aspiradores de pó servem para a limpeza do mobiliário estante, mapoteca, arquivo, entre outros e, também, para a limpeza superficial dos livros bordas, capas e lombadas. Os aspiradores de pó devem estar equipados de escovas redondas e cerdas macias, tela fina de proteção no bico do aspirador, na área entre o bico e a escova. (Ver Figura n. 4) Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 8

Figura n. 4 Bico do aspirador de pó com escova de cerdas macias e proteção de tela de tecido entre o bico e a escova. 1 Os aspiradores de pó devem estar equipados, ainda, com filtros de alta eficiência na retenção de particulados (filtro HEPA). Isso assegurará que nem a sujeira, nem os esporos dos fungos retornarão ao ambiente. 3.1.1.5 Borrachas e seus derivados A limpeza superficial com borrachas e seus derivados não será abordada neste manual por ser atividade relacionada diretamente aos procedimentos que precedem à restauração. Esses métodos devem ser realizados pelo conservador/restaurador ou sob sua orientação. 3.1.2 Métodos Sempre que possível utilizar luvas de algodão brancas para segurar ou tocar artefatos de papel. Muitas vezes, essas luvas não são práticas na realização das atividades de limpeza superficial de documentos. Assim, recomenda-se o uso de luvas cirúrgicas descartáveis no tamanho adequado às mãos. Essa recomendação deve ser seguida, imprescindivelmente, porque artefatos de papel absorvem os óleos, os ácidos e os sais produzidos 1 Ilustração do Technical Bulletin 11 do Canadien Conservation Institute, p. 4. Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 9

pela pele. Esses produtos são transferidos para o papel causando danos locais irreversíveis. O documento deve ser colocado sobre uma superfície limpa e cuidadosamente segurado para se proceder a limpeza. O pincel deve ser passado do centro para fora do documento. (Ver Figura n. 5) Figura n. 5 Limpeza de documento na mesa de higienização. Note-se que a sujeira é varrida em direção ao sistema de exaustão da mesa. 2 A higienização superficial de livros pode ser feita com pincel e/ou aspirador, conforme ilustração da Figura n. 6. Figura n. 6 Dois métodos para remoção de poeira e outras sujidades de livros, com pincel e com aspirador de pó, previamente preparado, como está ilustrado na Figura n. 4. 3 2 Ilustração do livro de Spinelli Júnior, Jayme, p. 40. 3 Ilustração do Technical Bulletin 11 do Canadien Conservation Institute, p. 9. Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 10

O local de trabalho deve estar sempre limpo. A higienização superficial deve ser feita em mesas especiais, equipadas com sistema de exaustão, para se evitar a contaminação do ambiente (Ver Figura n. 7). No caso da higienização de documentos de grande formato é necessário que a sala de higienização seja devidamente adequada a essa atividade, ou seja, que se faça um projeto de exaustão sobre as mesas de trabalho. Essa medida reduzirá as chances de contaminação do ambiente, mas é importante salientar que não as eliminam completamente, por isso, a necessidade do uso de equipamentos de proteção individuais descartáveis. Figura n. 7 Higienização mecânica sendo realizada na mesa de higienização. Observe-se que a parte metálica do pincel deveria estar protegida com Teflon ou material similar. É importante ter às mãos todos os instrumentos indicados anteriormente: pincéis de tamanhos diferenciados, espátulas metálicas e de madeira, aspiradores de pó. Sempre que terminar a atividade do dia, as mesas de higienização devem ser minuciosamente limpas com um pano umedecido e, por último, álcool etílico a 70%. Os instrumentos de uso na higienização superficial Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 11

devem ser deixados devidamente organizados e limpos em local previamente determinado. 3.2 Restrições para Higienização Mecânica 3.2.1 Trabalhos de arte sobre papel Os trabalhos de arte sobre papel como desenhos, pinturas, gravuras e fotografias merecem cuidados especiais para sua higienização superficial. Esse trabalho deve ser realizado pelo conservador/restaurador ou sob a sua orientação. 3.2.2 Documentos fragmentados É bem comum nos arquivos e bibliotecas documentos em processo de degradação avançado. Documentos fragmentados por diversas razões como: papel quebradiço devido à qualidade inferior dos materiais de fabricação (papéis para jornais, por exemplo); ou danificados por insetos xilófagos ou, ainda, contaminação por microorganismos devem ser higienizados somente com a orientação de um profissional especializado: o conservador/restaurador. 3.2.3 Pergaminho Em hipótese alguma, documentos em pergaminho devem ser higienizados da mesma forma que os documentos sobre papel. Esse material requer tratamento especializado e, por isso, deve ser encaminhado ao conservador/restaurador. 3.2.4 Documentos de grandes formatos Mapas, plantas, posters e projetos de arquitetura devem ser higienizados pelo conservador/restaurador ou sob sua orientação. Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 12

4. TRATAMENTO QUÍMICO O tratamento químico é aquele que envolve processos mais complexos de intervenção e está no campo da restauração e deve ser realizado somente pelo conservador/restaurador ou sob sua orientação. 5. CONGELAMENTO PROFUNDO O congelamento profundo de documentos é um método para eliminar infestações de insetos xilófagos sem riscos de contaminação química como é o caso de tratamentos tradicionais de desinfestação. Não oferece riscos ao operador, nem ao ambiente de trabalho. Entretanto, o congelamento profundo pode oferecer riscos à integridade física dos artefatos quando feito de maneira inadequada. Os equipamentos e materiais necessários ao congelamento profundo de documentos são: um freezer horizontal, uma seladora de alimentos com sistema a vácuo, sacos plásticos de 20 micras e de diversas dimensões, etiquetas para identificação. Neste manual não será tratado de outro material para o congelamento profundo que não seja o papel. Assim, para o congelamento profundo de documentos sobre o suporte de papel com o objetivo de eliminar insetos xilófagos são necessários alguns cuidados que serão descritos mais adiante. Salienta-se que sempre que possível recorrer à ajuda do conservador/restaurador para realização desse procedimento. 5.1 Recomendações que Devem Ser Seguidas no Congelamento de Documentos a) Verificar se existe um outro material, além do papel, no documento ou volume a ser congelado como: metal, marfim, couro entre outros. Caso apresente um outro material buscar a ajuda de um conservador/restaurador; Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 13

b) Verificar se o freezer que será utilizado no congelamento está funcionando adequadamente. O aparelho deve permitir o congelamento a -18ºC, pelo menos; c) Os documentos devem ser embalados em sacos plásticos de 20 micras e selados em seladoras com sistema a vácuo. Dentro das embalagens deve conter uma etiqueta de identificação do material, bem como a data do congelamento. Deve-se, também, fazer uma ficha de controle do congelamento que terá um número de ordem. Esse mesmo número deve ser colocado na ficha de identificação. d) Deve-se cuidar para realização de um vácuo bem feito nas embalagens, retirando-se o máximo possível de oxigênio do interior da embalagem. A vedação da embalagem deve ser perfeita para se manter o vácuo; e) O tempo de congelamento depende do tipo de inseto e da sua fase no ciclo de crescimento. Os últimos congelamentos realizados no Arquivo Histórico de Joinville exigiram um tempo de 60 dias de congelamento profundo para eliminação de brocas na fase adulta. Mas é importante a inspeção cuidadosa no momento da limpeza mecânica, no sentido de verificar se há alguma espécie, ainda, com vida; f) A quantidade de material dentro do freezer deve ser observada no sentido de não sobrecarregar o equipamento e com isso prejudicar o congelamento, especialmente, quanto à temperatura indicada para o tratamento; g) O descongelamento é uma das etapas mais importantes do processo e requer muita atenção para que não ocorra a condensação de água no interior das embalagens, o que pode provocar danos irreversíveis aos documentos. Assim, é imprescindível que se faça o descongelamento lentamente. Caso todo o material do freezer possa ser descongelado no mesmo dia, desliga-se o aparelho e deixe-o por dois dias até o completo descongelamento. Seque as embalagens e retire os documentos e os coloque em local arejado para se iniciar a limpeza mecânica dos mesmos. Salienta-se que é importante, no momento da higienização, verificar se houve a completa eliminação dos insetos; Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 14

h) Caso o material congelado deva ser descongelado em épocas diferentes, recorra à orientação de um conservador/restaurador. Nunca retire o documento congelado do freezer, colocando-o de imediato na temperatura ambiente, isso provocará a condensação de água no interior da embalagem e dos documentos, danificando-os. 6. ACONDICIONAMENTO Os documentos depois de higienizados devem ser acondicionados em embalagens adequadas à sua conservação. Assim recomenda-se a utilização de papéis de ph neutro ou alcalino, dependendo do material de composição do documento, para a confecção das embalagens que estiverem em contato direto com o mesmo. O desenho da embalagem deve ser adequado ao formato dos documentos. Quanto aos papéis adequados a cada situação, deve se recorrer à orientação do conservador/restaurador. Os instrumentos e materiais necessários para a confecção de embalagens são: estiletes, réguas de metal, dobradeiras de osso, lapiseira ponta 0,5mm, borracha branca, uma mesa de trabalho grande revestida com vidro. (Ver Figura n. 8) Figura n. 8 Instrumentos para confecção de embalagens: lapiseira ponta 0,5mm, espátula de osso, estilete lâmina larga, régua de aço, borrachas brancas. Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 15

Ter sempre papéis alcalinos e neutros de diversas gramaturas. Evite o uso de colas, mas quando inevitável, utilizar colas neutras e reversíveis como, por exemplo, a metilcelulose. O adesivo deve ser preparado em diversas concentrações que serão utilizadas conforme a necessidade de cada situação, a ser avaliada pelo conservador/restaurador. O invólucro externo, aquele que não está em contato direto com os documentos pode ser confeccionado com cartão de ph neutro ou alcalino. Quando a aquisição desse material não for possível, devido ao seu alto custo, podem ser utilizadas caixas prontas de polipropileno natural ou confeccionar embalagens a partir de placas do mesmo material. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora a documentação do acervo do Arquivo Histórico de Joinville esteja passando por uma avaliação prévia minuciosa no sentido de separar os documentos que estão contaminados com inseticidas organoclorados daqueles que não estão, é necessária a devida atenção para esse aspecto durante a limpeza mecânica. A limpeza mecânica deve ser interrompida na detecção de qualquer substância em pó nos documentos e o fato deve ser comunicado imediatamente aos responsáveis pelo Núcleo de Conservação Preventiva do AHJ e/ou Centro de Preservação de Bens Culturais CPBC. Todas as dúvidas relacionadas à conservação do acervo devem ser direcionadas ao Núcleo de Conservação Preventiva do AHJ e/ou ao Centro de Preservação de Bens Culturais CPBC. Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 16

8. CONTATOS Arquivo Histórico de Joinville AHJ Núcleo de Conservação Preventiva Sra. Valéria König Esteves Centro de Preservação de Bens Culturais CPBC Sra. Elisangela da Silva Sra. Gessonia Leite de Andrade Carrasco Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 17

9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BARUKI, Sandra; COURY, Nazareth. Treinamento em conservação fotográfica: a orientação do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da FUNARTE. Cadernos Técnicos de Conservação Fotográfica 1. Rio de Janeiro: Ministério da Cultura, FUNARTE, 1997. SPINELLI JUNIOR, Jayme. Conservação de Acervos Bibliográficos e Documentais. Rio de Janeiro: Ministério da Cultura, Fundação Biblioteca Nacional, Departamento de Processos Técnicos, 1997. CANADIAN CONSERVATION INSTITUTE. Technical Bulletin 11: Dry Methods for Surface Cleaning Paper. Ottawa, Canadá: Minister of Public Works and Government Services, Canadian Conservation Institute, 2001. Gessonia Leite de Andrade Carrasco Página 18