EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA MUNICIPAL

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Transcrição:

EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA MUNICIPAL Rosângela Vidal de Negreiros 1 ; Isaldes Stefano Vieira Ferreira 2 ; Tatianne da Costa Sabino 3 ; Cristiana Barbosa da Silva Gomes 4. Universidade Federal de Campina Grande. Email: rosangelavn@ufcg.edu.br; Fisioterapeuta do NASF da Prefeitura Municipal de Guarabira. E-mail: isaldes@hotmail.com; Discente da Universidade Federal de Campina Grande. Email: taty_sabino94@hotmail.com 3 ; Discente da Universidade Federal de Campina Grande. Email: redentor.cristiana@gmail.com 4 RESUMO Ações de promoção e prevenção da saúde são realizadas de forma intersetorial. Com destaque a escola como um ambiente importante para o desenvolvimento das ações preventivas com enfoque para a educação em saúde. O objetivo deste estudo foi relatar a experiência de práticas de educação em saúde com um grupo de adolescentes de uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF). Foram realizadas sete oficinas desenvolvidas a partir das necessidades identificadas no grupo e no território de abrangência da UBSF. Participaram 18 adolescentes, com idades entre 10 e 14 anos. O modelo pedagógico adotado baseou-se na educação problematizadora de Paulo Freire, sustentada pela metodologia participativa e dialogada. Todos os participantes foram sensibilizados a serem multiplicadores dos conhecimentos debatidos. Evidenciaram-se problemáticas quanto ao contexto sociocultural dos alunos, constituindo barreiras para que a sexualidade seja abordada, desde a ausência da escola, aspectos relativos a posicionamentos familiares, religiosos e falta de conhecimento específico; quanto aos profissionais de saúde, evidenciam-se algumas lacunas como, à demanda de trabalho e sensibilidade por não visualizar como prioridade a escuta dos adolescentes, possibilitando a falta de discussão entre os jovens que recebem informações sem objetivos educativos. Assim, percebeu-se a importância da educação em saúde como instrumento de promoção e prevenção de agravos como, gravidez na adolescência, vulnerabilidades às doenças sexualmente transmissíveis e problemas de planejamento familiar. Sendo assim, é necessário estimular os adolescentes através de grupos de promoção à saúde para a aquisição de conhecimentos que favorecerá o exercício da cidadania e transformação da sua realidade social. Palavras-chaves: Educação em saúde, Saúde sexual, Saúde do adolescente. INTRODUÇÃO Após a Conferência de Alma-Ata em 1978, aconteceram as conferências de Promoção da Saúde onde estabeleceu a forma como os países reorganizariam os seus serviços de saúde de acordo

com as suas necessidades e com a realidade local. No Brasil, apenas em 1990, com a criação do SUS (Sistema Único de Saúde) garantiu-se um serviço de saúde mais próximo das pessoas (BRASIL, 2011). Na reorganização da Atenção Básica, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) passou a ser o primeiro lugar de procura para a resolução dos principais problemas de saúde, apresentando, dentre outros aspectos, uma gestão do trabalho orientada por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, atuando em Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), que realizam ações de promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva. Essas ações são desenvolvidas em uma área de abrangência com um número definido de pessoas (BRASIL, 2012). As ações de promoção e de prevenção da saúde são realizadas preferencialmente de forma intersetorial. Nesse contexto, destaca-se a escola como um ambiente importante para o desenvolvimento das ações preventivas com enfoque para a educação em saúde. É nesse ambiente onde a equipe de saúde consegue uma maior interação com crianças e adolescentes para a realização de atividades educativas que podem conscientizá-las e torná-las corresponsáveis pela sua saúde (MACIEL et. al., 2010). Na adolescência a vulnerabilidade pode ser decorrente de inúmeras causas, algumas vezes característicos do ciclo vital, somado ao contexto sociocultural e econômico. Portanto, é necessário conhecer e entender aspectos que tornam os adolescentes vulneráveis, suas preocupações em relação ao corpo, a sexualidade, busca pela identidade, luta pela autonomia, a insegurança de não ser aceito, a onipotência juvenil, entre tantas outras peculiaridades que se apresentam no processo de adolescer (RESSEL et. al., 2009). A adolescência é uma fase da vida que ultrapassa a questão meramente cronológica e caracteriza-se como uma etapa de afirmação da personalidade. É marcada por um período de transição entre a infância e a vida adulta, sendo um processo complexo de transformações individuais, familiares, culturais, econômicas e sociais, cujas características podem atribuir riscos e elevar a vulnerabilidade deste grupo social (BRÊTAS et. al., 2011). Diante deste contexto com base no exposto, o objetivo desse trabalho é relatar a experiência de práticas de educação em saúde com um grupo de adolescentes.

METODOLOGIA A partir de uma parceria entre a secretaria de saúde e a secretaria de educação do município de Campina Grande/PB foram planejadas estratégias para atuação nas escolas através do Programa Saúde na Escola. O projeto começou a ser desenvolvido a partir de reuniões realizadas entre as secretarias citadas e profissionais da equipe da ESF onde foi determinado o período de realização das ações. Ficou estabelecido que a equipe atuasse nas uma escola da área de abrangência da UBSF. De acordo com dados da UBSF, existe elevado número de adolescentes grávidas, jovens envolvidos com drogas lícitas e ilícitas, prostituição e alto índice de DST, que vem preocupando a equipe de saúde, que almeja atuar de forma efetiva e intensiva, pois as intervenções realizadas anteriormente, não atingiram os objetivos propostos, devido à baixa adesão dos adolescentes, ausência de um planejamento prévio e fundamentação nas políticas públicas (UBSF MUTIRÃO, 2014). Assim, a equipe da ESF realizou reuniões com a coordenação da escola para definição dos temas a serem tratados, datas e horários, além de discussão sobre as principais necessidades. A saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes foi estabelecida como necessidades prioritárias já que a área de abrangência é de grande vulnerabilidade socioeconômica, o que leva a um alto risco de doenças sexualmente transmitidas (DST). De acordo com dados da UBSF do estudo, existe elevado número de adolescentes grávidas, jovens envolvidos com drogas lícitas e ilícitas, prostituição e alto índice de DST, que vem preocupando a equipe de saúde, que almeja atuar de forma efetiva e intensiva, pois as intervenções realizadas anteriormente, não atingiram os objetivos propostos, devido à baixa adesão dos adolescentes, ausência de um planejamento prévio e fundamentação nas políticas públicas (UBSF MUTIRÃO, 2014). A partir da determinação do tema e das datas a serem realizadas, os profissionais se reuniram com o coordenador da escola participante, a fim de conversarem sobre como seria realizada a atividade e qual o melhor método de expor o tema para os adolescentes, levando em

consideração a faixa etária a ser trabalhada. Após a reunião com o coordenador da escola, os membros da equipe de saúde decidiram utilizar o método de oficinas e apresentação verbal dando ênfase na participação dos escolares, onde seria trabalhado o tema proposto. A integração entre a equipe do PET-Saúde, da ESF e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) foi importante para a divisão de trabalhos, onde os profissionais do NASF ficaram responsáveis por escolher os materiais a serem utilizados nas oficinas e os outros membros da equipe elaboraram as dinâmicas. Foram realizadas sete oficinas durante o segundo semestre de 2014, iniciando em Setembro e ocorrendo quinzenal, pela manhã, com duração de 180 minutos, na Secretaria Municipal de Educação. O grupo foi composto por 18 adolescentes, sendo 10 do sexo feminino e 8 masculinos, entre 10 e 14 anos de idade. A execução das oficinas foi desenvolvida de forma dinâmica a partir de explanações, atividades lúdicas, reflexões e verbalizações. Como recursos didáticos foram utilizados bonecos, miniaturas dos órgãos genitais femininos e masculinos, figuras, cartazes, músicas, fotos, microcomputador, data show e desenhos. Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico acerca do assunto relacionado ao estudo, afim de que se obtivesse o embasamento necessário para uma reflexão com a experiência vivenciada por um fisioterapeuta do município. Assim, foram relatadas as oficinas com o grupo de adolescentes, levando-se em consideração as limitações existentes, para que os objetivos fossem alcançados com êxito. O modelo pedagógico adotado baseou-se na educação problematizadora de Paulo Freire, sustentada pela metodologia participativa e dialogada que favorece uma relação crítica e transformadora dos indivíduos envolvidos. (FREIRE, 1996). RESULTADOS O primeiro encontro foi realizado no inicio de Setembro, de forma dinâmica objetivando socialização, iniciando com uma sondagem sobre a temática, percebida a fragilidade de

conhecimento dos adolescentes, onde entendia a sexualidade como sinônimo de ato sexual, não havendo, também, diálogo com os pais e escola, dúvidas sobre métodos contraceptivos, DST, além de muito constrangimento nas discussões. Ao final, foi utilizada uma dinâmica anônima para que os adolescentes expusessem suas dúvidas, que foram sanadas posteriormente nas oficinas. Nesta ocasião, também se realizou a dinâmica caça ao tesouro, onde o mapa foi escondido e informado que o procurassem. Ao encontrá-lo seguiram as instruções das outras pistas, na primeira foi abordado o conceito de sexualidade, que não deve ser entendido como sinônimo de ato sexual, mas como construção sociocultural que sofre influência dos valores de uma determinada cultura, no tempo e o espaço. Então, seguiu-se para a próxima pista que apontava a importância de abordar saúde sexual e reprodutiva, informando ser um elemento inerente para formação, sua negligência pode acarretar inúmeras complicações como, vulnerabilidade a DST, gravidez na adolescência, abandono à escola, além de preocupações e conflitos. Após esta pista encontraram o tesouro e foram entregues brindes e finalizaram-se as atividades. Neste contexto, levou-se em consideração a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento realizada no Egito em 1994, no qual foram criados os conceitos de saúde sexual e reprodutiva. Sendo saúde sexual a integração dos aspectos somáticos, intelectuais e sociais do ser sexual, de maneira a enriquecer positivamente e a melhorar a personalidade, a capacidade de comunicação com outras pessoas e o amor. O propósito dos cuidados da saúde sexual deve ser o melhoramento da vida e das relações interpessoais e não meramente orientação e cuidados relacionados à procriação e DST. Enquanto que a saúde reprodutiva se conceitua com sendo o estado de bem-estar físico, mental e social em todos os aspectos relacionados ao sistema reprodutivo, às suas funções e processos e não a mera ausência de patologias implica que os indivíduos sejam capazes de desfrutar uma vida sexual segura e satisfatória, com liberdade para decidir se querem ou não ter filhos, a quantidade e em que momento da vida gostaria de tê-los (BRASIL, 2010). A segunda oficina foi realizada no dia 17 de Setembro, sendo abordados os sistemas

reprodutores. Para isso, inicialmente dividiu-se a turma em dois grupos: masculino, sendo discutido o sistema reprodutor masculino e o feminino sendo abordado o seu sistema, discutindo-se anatomia e a fisiologia, sendo realizada dinâmica com peças anatômicas, a maioria referiu conhecer parcialmente, principalmente quanto aos órgãos e estruturas externas, após a conclusão foi realizada a troca entre as oficinas. A terceira oficina ocorreu no inicio de Outubro, tratou sobre mudanças na adolescência, objetivando facilitar a compreensão acerca das mudanças anatômicas, fisiológicas e psicológicas comuns na puberdade. Inicialmente, foi exibido um vídeo Transformações da puberdade, da série Geração Saúde, posteriormente foi realizada discussão do tema e problematizado questionamentos. A quarta oficina ocorreu no dia 22 de Outubro, abordando a temática DST e a vulnerabilidade na adolescência no intuito de proporcionar compreensão das patologias e suas complicações e as principais formas de prevenção e promoção da saúde. A quinta oficina aconteceu no dia 05 de Novembro com o tema gravidez na adolescência e suas consequências, enfatizando a importância da discussão sobre sexualidade e métodos contraceptivos pela família, escola, setor saúde e sociedade, no intuito de sensibilizá-los foi assistido um documentário reflexivo de adolescentes grávidas, finalizamos com roda de conversas e dinâmicas integrativas. A sexta oficina ocorreu em Novembro, sendo debatido a temática: Abuso e assédio sexual e Álcool e outras drogas, contamos com a participação da psicóloga e do assistente social, realizando abordagem conceitual da temática, discussões coletivas, exibição de vídeos educativos. A última oficina, em Dezembro, ocorreu conversação da importância dos temas debatidos para a vida dos adolescentes, posteriormente foram realizadas atividades de encerramento e confraternização. Ficou evidente que a educação em saúde na escola é um fator de grande importância na formação de adolescentes, corrigindo hábitos que levem a comportamentos adequados para melhoria da qualidade de vida.

DISCUSSÃO Os dados da pesquisa permitiram avaliar as oficinas sob a ótica de promoção e prevenção da saúde como promissor, configurando-se como estratégia para vencer os mitos e tabus que estão relacionados ao sexo e a sexualidade, diminuindo o número de vulnerabilidade, agregando conhecimentos e reflexão, podendo considerar que atuem como multiplicadores de informações e discussões, possibilitando maior autonomia diante das situações. Constatou-se ao longo do acompanhamento dos adolescentes, significativo avanço quanto ao nível de conhecimento acerca da saúde sexual e reprodutiva, destacando a aceitação como ponto fundamental, passando a visualizar a temática com interesse. Evidenciaram-se inúmeras problemáticas com base no contexto sociocultural dos alunos que constituem barreiras para que a sexualidade seja abordada, dentre as quais, a ausência da escola, aspectos relativos a posicionamentos familiares, religiosos e falta de conhecimento específico, quanto aos profissionais de saúde, evidenciam-se algumas lacunas devido à demanda de trabalho e sensibilidade por não visualizar como prioridade a escuta dos adolescentes, quanto a sua vida sexual, possibilitando a falta de discussão entre os jovens que recebem informações sem objetivos educativos, tornando-se vulneráveis às complicações. Diante desse panorama, torna-se clara a necessidade da intervenção da escola, no que concerne à Educação Sexual. Para tanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, prevê a educação sexual como um dos temas transversais a serem incluídos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), em todas as áreas do conhecimento, do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. CONCLUSÕES Assim, percebe-se a necessidade de multiplicar e fortalecer a escola como espaço para discussões e debates, no entanto, não atribuindo unicamente a esta, deve-se considerar a

importância do profissional de saúde especialmente no caso da atenção básica, devido ao seu estreito vínculo com a comunidade, como facilitador, oferecendo não somente informações, mas também, possibilitando o exercício da reflexão e da autonomia de maneira responsável e cidadã. Quanto às dificuldades encontradas identificou-se certa resistência pelos gestores e professores, em aceitar estas temáticas como relevantes e levar para a sala de aula tais abordagens educativas, por motivos como insegurança e a falta de formação nas áreas; além do mais, as famílias também negligenciam seu papel de educadores e agentes ativos e, os profissionais de saúde devido a demandas de trabalho e despreparos não pautam como prioridade, possibilitando a falta de discussão entre os jovens que recebem informações sem objetivos educativos, tornando-se vulneráveis às complicações. Torna-se importante que haja mudanças na prática profissional dos integrantes da atenção básica à saúde e da rede intersetorial, de forma a incorporar a assistência integral aos adolescentes de forma efetiva. Fazendo-se necessário um esforço em conjunto entre as equipes e gestores objetivando o estabelecimento da qualidade desta atenção. Percebe-se então, a necessidade de incorporação de processos de qualificação como forma de subsidiar estes profissionais para assistir as populações vulneráveis de suas abrangências. Devido à relevância da temática tanto a nível local quanto nacional e internacional, da experiência positiva no desenvolvimento e execução das oficinas e dos resultados, pretende-se fortalecer e ampliar este grupo de educação em saúde na UBSF no intuito de maximizar as discussões e subsidiar perspectiva para a população alvo, de informações e conhecimentos educativos, objetiva-se ainda, estender a outras UBSF, mediante realização de PST, através de diálogos e planejamentos com toda a rede intersetorial de assistência. A promoção da saúde propicia o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo, reforçando a responsabilidade e os direitos dos indivíduos e da comunidade pela sua própria saúde. Atuando a favor da promoção da saúde, a educação em saúde inclui políticas públicas, ambientes apropriados e reorientação dos serviços de saúde para além dos tratamentos clínicos e curativos, assim como propostas pedagógicas, orientando-se para ações de qualidade de

vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Sistema Único de Saúde / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Brasília: CONASS, 2011.. Ministério da Saúde. Secretaria de vigilância em saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Sexualidades e Saúde Reprodutiva. Brasília, DF, 2010. BRÊTAS, J.R.S; et al. Aspectos da sexualidade na adolescência. Ciência Saúde Coletiva, 2011. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/csc/vn16n7/21.pdf. Acesso: 20 de Outubro de 2014. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia e saberes necessários a prática educativa. Editora: EGA, p.18, 1996. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/pdf. Acesso em: 13 de Outubro de 2014. UBSF MUTIRÃO. Dados estatísticos da Unidade Básica Saúde da Família Mutirão. Guarabira/PB, 2014. MACIEL, E. L. N. et al. Projeto Aprendendo Saúde na Escola: a experiência de repercussões positivas na qualidade de vida e determinantes da saúde de membros de uma comunidade escolar em Vitória, Espírito Santo. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 389-396, July 2012. RESSEL, L.B. et al. Representações culturais de saúde, adolescência e vulnerabilidade sob a ótica de mulheres adolescentes. Esc Anna Nery Rev Enferm, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v13n3/v13n3a14.pdf. Acesso em: 13 de Setembro de 2014.