Qualidade água na confluência dos rios Bugres e Paraguai, Mato Grosso Quality water in the confluence of rivers Bugres and Paraguay, Mato Grosso CRUZ, Josiane São Bernardo 1 ; SOUZA, Célia Alves de 2 ; OLIVEIRA JUNIOR, Ernandes Sobreira 3. BÜHLER, Beatriz Ferraz 4 1 Mestranda Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais UNEMATjosiane_bernardo05@hotmail.com; 2 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO UNEMAT, celiaalvesgeo@globo.com; 3 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO, ernandesunemat@hotmail.com; 4 Mestranda Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais UNEMAT, bfbuhler@gmail.com. Seção Temática: Biodiversidade e Bens Comuns Resumo O presente trabalho visa analisar a sedimentação e a qualidade da água na confluência do rio dos Bugres com o rio Paraguai. A pesquisa foi realizada por intermédio da observação da área, coletas de amostras d água. As amostras de água foram analisadas em laboratório especializado para determinação do índice de qualidade da água. A ocupação dessa área é muito intensa, pois as margens dos rios possuem pequenas faixas de vegetação nativas. Em relação à qualidade da água, algumas variáveis apresentaram valores acima do permitido pela Resolução CONAMA 357/2005, sendo que um dos fatores responsáveis por essa desconformidade pode estar relacionado à urbanização desordenada nas margens dos rios. Palavras-chave: Cabeceira do Pantanal. Hidrosedimentologia. Qualidade da água. Abstract The present work analyzes of the water quality at the confluence of the Bugres river with the Paraguai river. The fieldwork was conducted to observe the area and collections of as water samples. Water samples were analyzed in a specialized laboratory. The occupation of this area is very intense, because the river shores have small groups of native vegetation. Regarding water quality, some variables had values above those allowed by CONAMA Resolution 357/2005, being one of the factors responsible for these chaotic urbanization rivershores. Keywords: Spring of Pantanal. Hidrosedimentology. Water Quality. Introdução A água é um dos mais importantes recursos naturais de que a sociedade dispõe, sendo indispensável para a sua sobrevivência. Dentre os vários usos da água doce, destacam-se aqueles empregados para abastecimento humano e industrial, higiene pessoal e doméstica, irrigação, geração de energia elétrica, navegação, preservação da flora e fauna, aqüicultura e recreação. Desses usos, o abastecimento humano é considerado prioritário (FREITAS, 2000).
Para Tundisi (2003), as principais causas da deterioração dos recursos hídricos do planeta são: crescimento populacional e rápida urbanização; diversificação dos usos múltiplos; gerenciamento não coordenado dos recursos hídricos disponíveis; não reconhecimento de que a saúde humana e a qualidade da água são interativas; peso excessivo das políticas governamentais nos serviços de água (fornecimento de água e tratamento de esgotos) e degradação do solo por pressão da população, aumentando a erosão e a sedimentação de rios, lagos e reservatórios. A qualidade de determinada água se dá em função do uso e da ocupação do solo na bacia hidrográfica, ao serem relacionadas à indicadores de qualidade da água, podem refletir a intensidade das alterações antrópicas, principalmente no âmbito da bacia hidrográfica (GERGEL et al., 2002). A qualidade da água de um curso d água é resultado de todos os fenômenos naturais e antrópicos presentes em uma bacia hidrográfica, ou seja, a qualidade da água de uma determinada região depende das condições naturais e do uso e da ocupação da terra. As interferências antrópicas podem intensificar o escoamento superficial e ainda introduzir compostos sobre o solo, refletindo sobre os cursos d água (VON SPERLING, 2007). A qualidade da água está intimamente relacionada com o uso do solo no seu entorno, de maneira que as atividades desenvolvidas na agricultura, ou mesmo as domésticas, nas últimas décadas têm permitido a introdução de materiais nocivos nas águas e nos solos (FUNASA, 2002). Esta pesquisa objetiva analisar a qualidade da água na confluência entre o rio dos Bugres e o rio Paraguai na cidade de Barra do Bugres-MT. Materiais e método Área de estudo A unidade adotada para a pesquisa pertence a um trecho da bacia do Alto Paraguai na cidade de Barra dos Bugres, especificamente na confluência dos rios dos Bugres e do Paraguai. A variável limnológica sólidos em suspensão foi analisada no Laboratório de Pesquisa em Geomorfologia Fluvial da UNEMAT, por intermédio do método de evaporação e as outras variáveis limnológicas foram analisadas em laboratório especializado (tabela 1). Resultados e discussões A montante da confluência dos rios Bugres e Paraguai forma uma ilha onde encontra-se a reserva indígena dos índios Umutina, no município de Barra do Bugres, Sua margem esquerda possui pequenos trechos de vegetação preservada, sendo grande parte ocupada com fazendas. À jusante da confluência, as margens (direita e esquerda) são áreas onde a intervenção antrópica é intensa, há área de
lazer, construção de tanque para reservatório de água e, somente próximo ao canal, pequenas faixas de vegetação nativa. A qualidade da água nas três seções foi comparada entre si e seus valores estão representados na tabela 4. O Índice da Qualidade da Água nas seções foi considerado como regular, pois a seção 1 (rio dos Bugres) apresentou valor de 43,73; na seção 2 (rio Paraguai), o valor foi 40,56 e na seção 3 (confluência dos rios dos Bugres e Paraguai) 41,67. Variáveis encontradas foi o ph na seção III, que se apresentou ligeiramente abaixo da Resolução Conama 357/05, enquanto DBO, Fósforo total e Coliformes Termotolerantes apresentaram valores superiores aos recomendados por essa Resolução, resultado que pode ter determinado a qualidade das águas analisadas neste estudo. Os valores encontrados para Coliformes Termotolerantes foram muito superiores àqueles determinados pela Resolução, sugerindo que o influxo de dejetos possa estar contribuindo para a qualidade da água não se apresentar boa de acordo com o IQA. Vale ressaltar que o período de amostragem compreendeu o de águas altas, em que os rios da Bacia do Alto Paraguai recebem maior quantidade de águas. Dados obtidos por Barros et al. (2011), em rio da mesma Bacia, demonstraram que nesse período o rio André foi considerado como regular no que tange ao seu IQA. Essa característica pode ser explicada devido ao fato do sistema receber uma grande quantidade de material proveniente da cabeceira desses rios, influenciando suas características ambientais, o que, associado à falta de preservação da mata ciliar, ocupação das margens e despejo de matéria orgânica proveniente do município de Barra do Bugres, afeta diretamente a qualidade das águas. Considerações finais As variáveis analisadas apresentaram variações nos valores entre as seções coletadas. Com base nos padrões da qualidade da água superficiais dos corpos d água, apresentados pelo CONAMA/Resolução nº 357/2005, algumas seções constataram valores fora do padrão permitido, situação que poderá estar relacionada à ocupação das margens e aos lançamentos de dejetos no canal fluvial. O Índice da Qualidade da Água no município de Barra do Bugres apresentou-se como regular, indicativo que pode estar relacionado ao lançamento de esgotos domésticos e agrotóxicos, resultando em grande concentração de coliformes termotolerantes nas amostras de águas. Tabela 1: Listas de variáveis limnológicas analisadas. Variável Método analítico
Temperatura ph Turbidez DBO5 DQO Oxigênio Dissolvido Condutividade Elétrica Alcalinidade Total Fósforo Total Nitrato Nitrogênio Total Amônia Sólidos Dissolvidos Sólidos em Suspensão Coliformes Termotolerantes Termômetro Eletrométrico-poteniometrico Potenciometria Incubação Volumetria Potenciometria Volumetria Kjeldahl Gravimetria Gravimetria Membrana Filtrante Fonte: Laboratório Analítica Análises Químicas e Controle de Qualidade Tabela 2: Variáveis limnológicas analisadas rio dos Bugres Seção I), rio Paraguai (seção II) e Confluência do rio dos Bugres com o rio Paraguai (seção III). Variáveis Hídricas Seção I Seção II Seção III CONAMA¹ Temperatura do ar (ºC) 35 38 39 Temperatura da água (ºC) 30,7 33 27,4 Turbidez (UNT) 35 45 13 100 PH 6,71 6,88 5,99 6 a 9 DBO5 (mg/l) 9,0 3,0 4,0 5 DQO(mg/l) 28,0 10,0 13,0 --- Cond. Elétrica (μs/cm) 32 40 16 --- Alcalinidade Total (mg/l) 8,0 10,0 4,0 --- Fósforo Total (mg/l) 0,15 0,04 0,03 0,1 Nitrato (mg/l) 0,10 0,02 0,02 10 Nitrogênio Total (mg/l) 1,60 1,20 0,80 --- Amônia (mg/l) 0,13 0,06 0,05 Até 3,5 mg/l ( ph abaixo de 7,5 Oxigênio Dissolvido (mg/l) 5,47 5,72 5,88 >5 Coliformes Termotolerante (UFC / 100 ml) 6,4 x 10³ 1,8 x 10 4 9,5 x 10³ 1000 ¹ VMP = Valor Máximo Permitido, conforme Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005 / Artigo 15º Classe 2 Águas Doces. Fonte: Da Cruz (2013)
Referências BRASIL. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. nº 357 de 17 de março de 2005- CONAMA/MMA. 23p. 2005. FREITAS, A. J. Gestão de recursos hídricos. In: SILVA, D. D. & PRUSKI, F. F. (Eds.) Gestão de recursos hídricos: aspectos legais, econômicos, administrativos e legais. Brasília: Secretaria de Recursos Hídricos; Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa; Porto Alegre: Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 659p. 2000. GERGEL, S. E. et al. Landscape indicators of human impacts to riverine systems. Aquatic Science, v.64, p.118-128, 2002 FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Textos de Epidemiologia para a Vigilância Ambiental em Saúde. Brasília, 2002. TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: RiMa, IIE, 2003. VON SPERLING, M. Princípios do tratamento biológico de águas residuais: estudo e modelagem da água de rios. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais, 2007.