Aumento do poder de combate do Batalhão de Infantaria Motorizado em ataque a localidade por meio do emprego de caçadores

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Transcrição:

15 Aumento do poder de combate do Batalhão de Infantaria Motorizado em ataque a localidade por meio do emprego de caçadores Jauro Francisco da Silva Filho* Resumo Apresenta correlação existente entre o emprego de Caçadores na majoração do Poder de Combate de um Batalhão de Infantaria quando inserido em Ataque à Localidade. Discursa sobre como o emprego de Caçadores vem se desenvolvendo no âmbito do Exército Brasileiro. Evidencia a relevância deste sistema de armas no cenário dos conflitos atuais. Discorre sobre como os atuais conflitos ocorridos no mundo têm amplamente se desenvolvido em Localidades. Ressalta as dificuldades deste tipo de combate e algumas técnicas furtivas que o defensor se utiliza, superando, muitas vezes, a tecnologia e os grandes efetivos da força atacante. Apresenta o amplo emprego de Caçadores por forças militares estrangeiras em combates urbanos com algumas particularidades. Versa sobre êxitos e fracassos no emprego ou não emprego de Caçadores em conflitos atuais. Conclui sobre a influência que o Caçador exerce na majoração do Poder de Combate de um Batalhão de Infantaria ao neutralizar meios furtivos de combate que o oponente pode se utilizar no Combate em Localidade e sobre a adequação desta ferramenta neste combate peculiar, sugerindo estudos para que se aumente o número de Caçadores no QO dos BI. Palavras chave: Caçadores. Batalhão de Infantaria Motorizado. Combate em Localidade. 1 Introdução A pesquisa enfocou o emprego de Caçadores nas Operações de Combate em Localidade, examinando com minúcia a estrutura atual do Quadro de Efetivos da Turma de Caçadores proposta nas IP 21-2 (BRASIL, 1988). O estudo limitou-se ao emprego de Caçadores em proveito do BI Mtz nas Operações Ofensivas, especificamente no Combate em Localidade, sendo aí revelado a importância do Caçador quando utilizado em proveito de um Batalhão de Infantaria. Ao longo dos estudos confirmou-se que, no Combate em Localidade, o inimigo defensor possui inúmeras v a ntagens (meios furtivos do tipo ação de guerrilha, emprego de Caçadores etc) que desequilibram sensivelmente o Poder Relativo ' de Combate a seu favor. Desequilíbrio este capaz, inclusive, de superar a tecnologia ou efetivos maiores da força atacante. O Cap Jauro Francisco da Silva Filho, da Turma de 1997 da AMAN, se graduou Mestre em Operações Militares pela EsAO em 2005. Desta forma, a Pesquisa buscou aprofundar-se na doutrinado Caçador, nas peculiaridades do Combate em Localidade, bem como procurou levantar efetivos de Caçadores adotados nos Batalhões de Infantaria de outras forças militares, sejam estas nacionais ou estrangeiras. 2 O Caçador O Caçador é um sistema de armas multiplicador do Poder de Combate eficiente à disposição de um Comandante (BRASIL, 1998, p. l-1). Como guerreiros solitários, trabalhando com o observador, Caçadores podem mudar a equação do campo de batalha. Eles operam de forma invisível e dissimulada, esperando por uma oportunidade de eliminar comandantes inimigos. Eles infiltram com o sistema de Caçador M24, luneta de observação e suprimento em seu equipamento. Podem permanecer em uma missão por dias e levar as forças oponentes ao caos (SNIPER SCHOOL, 2002 apud FERREIRA, 2004, p. 17).

O Caçador opera em dupla (BRASIL, 1998, p. 1-3). Inicialmente, sua missão é a de abater o moral do inimigo, colocando-o sob tensão psicológica, o que influencia suas ações e decisões. Quando os Caçadores estão em determinado local, qualquer movimento deve ser amplamente planejado antes de ser realizado, o que diminui sobremaneira a velocidade dos deslocamentos. Em qualquer momento alguém poderá levar um tiro, o que aumentará a tensão entre a tropa. O Caçador não pode desperdiçar seu tempo com alvos pequenos e sem valor; ele utiliza toda sua habilidade para atingir um alvo importante. Com armas mais potentes e de grande alcance, ele aumenta seu raio de ação e seu poder de fogo, tendo maiores condições de derrubar o inimigo e assim conseguir o êxito na missão. No decorrer da história, a utilidade dos Caçadores foi muito aumentada no combate em áreas urbanas. Eles podem fornecer fogos de precisão de longo ou de curto alcance e serem empregados com eficácia para apoiar companhias e pequenas frações. Além de engajar alvos a ele atribuídos, o Caçador é um recurso valioso ao comandante para proporcionar observação ao longo de vias de acesso e fogos de neutralização durante um assalto (tradução nossa) (ESTADOS UNIDOS, 1994). Atiradores de elite foram usados pelos americanos, com sucesso, em todas as suas operações militares a partir da década de 1980. Os conflitos que ocorreram em Granada, Panamá, Iraque, Somália, Bósnia e Afeganistão são exemplos deste fato. Snipers dos US Rangers eliminaram posições cubanas de morteiros de 120mm em Granada. Terroristas libaneses e guerrilheiros comunistas na América Central foram eliminados por Snipers da Força Delta. Segundo ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS (2003, p.l) as "missões do Caçador" estão assim definidas. - Missão "principal": executar tiros precisos, a "longa distância", em "alvos" inimigos selecionados, seja "de oportunidade", sejam "planejados". - Missão "secundária": "buscar informes" sobre o inimigo e sobre o andamento do combate, relatandoos ao escalão superior, o mais breve possível. A responsabilidade pelo planejamento do emprego dos Caçadores é do comandante da Unidade (ação de conjunto) ou do comandante da fração diretamente apoiada (reforço). O Caçador mais antigo assessora o comandante da Unidade ou o comandante da fração apoiada, a respeito das possibilidades de cada dupla, Caçador/ Observador, e do emprego mais adequado para elas. Os Caçadores devem conhecer o esquema de manobra do escalão superior, fator que poderá tornar-se vulnerabilidade, caso algum Caçador seja aprisionado pelo inimigo (RESENDE JÚNIOR, 2004). 3 O combate em localidade A força que detém inicialmente a localidade sob sua posse aproveita-se das condições favoráveis à defensiva que esta oferece, de tal forma que a superioridade tecnológica e numérica (de pessoal) do atacante seja superada pelo defensor, visto que ele utiliza emboscadas, "escudos humanos", e vias de acesso com grande desenfiamento etc. Nos atuais conflitos, os soldados da força atacante precisam manter um nível especialmente elevado de alerta. Os franco-atiradores e/ ou Caçadores podem atacá-los não só pela frente, pelas costas e pelas laterais, mas são também capazes de se ocultar nos andares superiores ou telhados de edifícios ocupados por civis, ou mesmo em esgotos subterrâneos. A fumaça e o fogo, inevitáveis, fazem com que a localização dos alvos seja muito mais difícil. Cada tiro pode atingir um civil e cada projétil de morteiro destrói a casa de alguém. Esse roldão aumenta ainda mais quando as forças defensoras tiram proveito da existência de população civil (DAVID, 2000). A questão está na possibilidade de conflitos vindouros ocorrerem em localidades com uma maior freqüência futuramente, visto que estudos recentes demonstram que é crescente a tendência de uma elevada migração das massas populacionais em direção aos grandes centros urbanos, e isso leva a crer que em duas décadas, cerca de 85% da população mundial residirá em cidades (BAHIENSE, 2002 apud ROSA, 2004, p. 21). No Combate em Localidade, o consenso atual é que as áreas urbanas tendem a anular as vantagens tecnológicas de forças militares supostamente

17 superiores em Poder de Combate, forçando-as, conseqüentemente, a adotar métodos não conhecidos ou de reduzida tecnologia para travar a guerra. Inimigos operando em áreas urbanas podem utilizar uma grande variedade de métodos assimétricos para reduzir o ritmo das operações militares, criar um grande número de baixas e através de uma variedade de meios, tentarão quebrar a vontade do oponente de continuar a luta. Ao invés de procurar chegar à vitória, o inimigo precisa apenas evitar a derrota (HANH, 2002 apud ROSA, 2004, p. 21). Segundo HAHN (2002), o ambiente urbano é uma fonte riquíssima em opções de defesa. São muitas as características específicas da localidade que podem facilmente anular uma provável vantagem sobre a força defensora. Dentro das cidades avultam as dificuldades tais como a restrição dos campos de tiro, a dificuldade das comunicações, o que restringe o poder de ataque, dificultando sua orientação e coordenação. As avenidas, ruas e vielas canalizam o movimento de viaturas de qualquer natureza, orientando-as, muitas vezes, diretamente aos fogos das armas anticarro do oponente. As áreas urbanas são o terreno ideal para a equipe de Caçadores, onde pode ocupar diversas posições (ESTADOS UNIDOS, 1994). A conjuntura atual do século XXI, de ameaça difusa, tem exigido dos Exércitos modernos a capacidade de reação a uma imensa gama de ameaças. Tendo em vista isso, surge uma necessidade premente aos Comandantes Militares de adquirir-se flexibilidade de resposta. Os Caçadores estão afetos a esta conjuntura, na medida em que, seu emprego é altamente flexível, específico e pontual. O Caçador se revela como um dos elementos operacionais mais versáteis com que podem contar os Exércitos, estando capacitados a operarem desde a área rural até em operações urbanas, num quadro de GLO ou até mesmo em crises geradas pelo terrorismo; podendo operarem qualquer ambiente operacional onde sua especialidade seja necessária. Esta gama de possibilidades nos levou a refletir que devemos capacitar nossos Caçadores a se colocarem no mesmo patamar que se encontram os Caçadores dos Exércitos mais avançados (RESENDE JÚNIOR, 2004). Desta forma, o homem vem cada dia mais incrementando novas formas de majorar seu Poder de Combate. Utiliza-se das tecnologias disponíveis para o desenvolvimento do combate noturno, de avançados equipamentos de Guerra Eletrônica, de modernos meios de transporte e também do Caçador, sistema de armas que se torna fator multiplicador do Poder de Combate, especialmente no Combate em Localidade. Coerente com a idéia acima, pensou-se em alguma forma de contrabalançar ou, pelo menos, compensar o Poder de Combate do inimigo. No Combate em Localidade uma das formas de se desequilibrar este Poder Relativo de Combate seria utilizando-se de meios furtivos de combate, visto que o avanço tecnológico e os grandes efetivos até o presente não têm se mostrado amplamente eficaz. Tais meios estão vinculados a táticas semelhantes ao combate irregular. Uma das formas de se ampliar a possibilidade de vitória sobre o defensor inimigo é a ampla utilização de Caçadores, sejam estes atiradores de armamento antipessoal ou antimaterial. Cabe ainda ressaltar que no Ataque à Localidade comumente um BI Mtz recebe uma Zona de Ação que comporta 4 (quatro) quarteirões de frente, profundidade variável de acordo com a missão e altura em função da localidade. Nesta última dimensão, ressaltase a complexidade de vasculhamento de um sem número de pequenos becos e entradas. Posto isso, observa-se que a Área de Operações que um BI Mtz atuará no Cmb Loc não é pequena. Por conseguinte, os objetivos táticos traçados pelo Comando serão deveras maior que em uma Zona de Ação de Operações em Área Rural, em virtude de sua amplitude tridimensional, atipicamente influenciando desta forma no Poder de Combate do BI Mtz devido às peculiaridades deste ambiente operacional. Além disso, é lícito citar que o inimigo usufruirá as características favoráveis à defensiva que uma Localidade proporciona. A utilização de técnicas de Combate assimétrico possibilita que o oponente consiga suplantar a superioridade numérica e tecnológica do atacante. 4 Conclusão O presente estudo verificou a que medida o efetivo de Caçadores influencia no Poder de Combate de um Batalhão de Infantaria Motorizado quando em

18 20 um Ataque à Localidade. Dentre as várias dimensões do Quadro de Efetivos de Caçadores sobre o Poder de Combate de um Batalhão de Infantaria Motorizado este estudo privilegiou o estudo de Caçadores em Operações Ofensivas sucedidas em localidade, especificamente ataque. A pesquisa abordou especificamente o Quadro de Efetivos da Turma de Caçadores a serem aproveitados por um Batalhão de Infantaria Motorizado inserido no contexto de combate em localidade. Não abrangeu estudos sobre o Caçador em proveito dos Batalhões de Infantaria Blindado, Leve, Pára-quedista, Montanha ou de Selva. É importante lembrar que o Trabalho Monográfico foi efetivado com base nas atividades desenvolvidas pelo Exército Brasileiro e por forças militares de outros países (basicamente a norte-americana, a argentina e a russa). Foi estudada a influência que o efetivo de Caçadores exerce sobre o Poder de Combate de um Batalhão de Infantaria Motorizado no Ataque à Localidade, não abrangendo efetivo de Caçadores em Operações Convencionais em ambiente rural, Operações Defensivas, Operações Complementares, Operações de Garantia da Lei e da Ordem, Combate da Resistência, Operações sob condições especiais de ambiente e Operações com características especiais, excetuando-se neste caso, Operações em Localidades. O período em estudo do Caçador remontou desde a época de seu surgimento até os dias atuais. Todavia, o ponto focal do estudo voltou-se para o final do século XX e início do século XXI. Ao final da pesquisa bibliográfica observou-se a vasta utilização de Caçadores por diversos exércitos do mundo. Segundo Ferreira (2004, p. 59), grande parte dos exércitos desenvolvidos emprega amplamente o Caçador em combate. Cita que este combatente participou, desde a Primeira Guerra Mundial, em missões de reconhecimento em todos os conflitos do século passado. Por meio da pesquisa bibliográfica pôde-se constatar que os conflitos modernos têm-se desenvolvido com considerável freqüência. Averiguou-se que exércitos estrangeiros, quando em conflitos dados em localidade, têm empregado maciçamente os caçadores. Durante o desenvolvimento da pesquisa, percebeuse controvérsias entre o efetivo de Caçadores previsto pelas IP 21-2 (BRASIL, 1998) ante as necessidades táticas de um BI, em Atq Loc, quanto às missões específicas do Caçador. Quanto ao foco central da pesquisa, apreciar o Quadro de Efetivos de Caçadores, cabe citar que existe a necessidade de se realizarem estudos no intuito de que sejam testados novos Quadros de Efetivos de Caçadores, visando a atingir um nível de operacionalidade maior. Até o momento, tem-se que o quantitativo do sistema de armas não tem atendido às necessidades táticas do Btl quando em exercícios no terreno. Seguem-se no Quadro 1 efetivos adotados por diversas forças militares do Brasil e estrangeiras: Segundo Cap Candian, em pesquisa de campo, o 62 BI já vem testando e trabalhando no adestramento de uma Turma a 3 (três) Eq Cçd, sendo distribuídas 1 Eq para cada companhia de fuzileiros. Cabe observar que o Exército Brasileiro é uma das Forças Armadas que adota o menor efetivo de Cçd por BL Todavia, também é lícito citar que algumas das forças militares acima mencionadas utilizam Caçadores com a concepção de atirador de elite, visto a pequena probabilidade de se conseguir obter por Batalhão de Infantaria 40 ou 50 militares com alto nível de adestramento e em condições de exercer a função de Caçador. É conveniente que o efetivo seja pouco maior do que o previsto pelas IP 21-2 (Ed de 1998), porém não será interessante adotar um efetivo demasiadamente grande, visto o risco de se ganhar em quantidade e se perder em qualidade. Se o efetivo crescer excessivamente, poderá se perder o foco das missões do Caçador e se passar a encará-lo como atirador de elite. O exército boliviano adota efetivo que parece se adequar tanto para operações em área rural como urbana. Para a primeira situação, adota 2 (duas) Eq de Cçd por BI, porém para a segunda adeqüa o sistema de armas, aumentando o efetivo de Cçd para 5 (cinco) Eq. Baseado no resultado das pesquisas de campo a maioria dos Caçadores considera que o efetivo mais adequado para atender às necessidades táticas de um BI em Atq Loc seria de 5 Eq Cçd por BI, sendo uma Turma Cçd (a 2 Eq) na Cia C Ap e 1 Eq Cçd para cada Cia Fuz.

Força Armada Efetivo de Caçadores Observações I Exército Brasileiro 1 Tu Cçd a 2 Eq -Total 4 Cçd por BI Conforme previsto nas IP 21-2, O Caçador Marinha do Brasil Não previsto nos QO dos Btl Inf Especificamente BI de Fuzileiros Navais Exército dos Estados Unidos Marinha dos Estados Unidos 3 Eq Cçd por Btl - Total: 6 Cçd 1 Pel Sniper por Regimento do US Marine Corps 01 Ten, 01 Sgt Adi, 01 Mec Armt e 09 Eq Cçd Exército Russo 1 Caçador por Pel Fuz - Exército Francês Força militar Chechena Exército Argentino 44 Cçd por Btl Inf 1 Pel Cçd (com 15 a 21 homens divididos em Eq de 3 homens) por tropa valor Btl 1 Companhia de Caçadores por Brigada de Montanha 36 Cçd AP distribuídos em 4 Cia Fuz e 8 Cçd AM na Cia Ap Fração adotada nos confrontos ocorridos em Grozny Exército Uruguaio 24 Cçd por Btl Inf Especificamente os BI Mtz e BI Mec Exército Paraguaio Não previsto nos QO dos Btl Inf Exército Boliviano 5 Eq Cçd por BI-Total: 10 Cçd Efetivo adotado para Atq Loc Exército Venezuelano 54 Cçd por Btl Cçd Existem 8 Btl Cçd no exército venezuelano Exército Equatoriano Não previsto nos QO dos Btl Inf Existem Cçd no GEO que atuam em proveito do exército equatoriano corno um todo Quadro 1: Efetivos de Caçadores no Brasil e no mundo Fonte: O autor. La apreciación del efectivo de cazadores relacionada al poder de combate de un batallón de infantería motorizó en el ataque en localidad Resumen Prescrita Ia correlación existente entre el empleo de cazadores en el aumento del Poder de Combate de un Batallón de Infantería cuando insertó en el Ataque al Localidad. Hace los discursos adelante como el empleo de cazadores que está desat - rollando si en el ámbito del Ejército Brasileno. Evidencia Ia relevancia de este sistema de ]as armas en el paisaje de los conflictos actuales. Diserta adelante como los conflictos actuales pasó en ei globo tiene completamente si desarrolló a Ias Localidad. Sefiala Ias dificultades de este combate teclee y algunas técnicas furtivas que el defensor se usa, mientras superando, muchos tiempos, Ia tecnología y los grandes efectivos del asaltador de fuerza. Presenta el empleo ancho de cazadores para Ias fuerzas del ejército extranjeros en ]os combates urbanos con un poco de peculiaridades. Enciende êxitos y fracasos en el empleo o no el uso de cazadores en los conflictos actuales. Concluye en Ia influencia que el cazador ejerce en el aumento del Poder de Combate de un Batallón de Infantería al neutralizar medios furtivos de combate que el antagonista puede usarse en el Combate en el Localidad y sobre Ia adaptación de esta herramienta en este combate peculiar. Palabras-chave: Poder de Combate. Batallón de Infantería. Ataque al Localidad. Empleo de Cazadores. Referências ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS. Seção de Tiro. Emprego tático do caçador. Resende, 2003. BRASIL. Exército. Comando de Operações Terrestres. 1. Subchefia. Lições aprendidas. Brasília, DF, 2002.

BRASIL. Exército. Estado-Maior. C 7-10: Companhia de Fuzileiros. Brasília, DF, 1973.. C 7-15: Companhia de Comando e Apoio. Brasília, DF, 2002.. C 7-20: Batalhões de Infantaria. Brasília, DF, 2003.. IP 21-2: O Caçador. Brasília, DF, 1998. CENTRO DE AVALIAÇÃO E ADESTRAMENTO DO EXÉRCITO (Brasil). Relatório do 1 Simpósio de Combate em Área Edificada. Rio de Janeiro, 1999. DAVID, Carlos. Atirador de elite. [2000?]. Disponível em: <www.tropasdeelite.hpg.ig.com.br>. Acesso em: 19 set. 2004. ESTADOS UNIDOS. Department of the Army. Headquarters. Field Manual 23-10: Sniper Training. Washington, D.C., 1994. FERREIRA, Guilherme Guimarães. A busca de alvos de artilharia de campanha pelo caçador orgânico dos Batalhões de Infantaria. 2004. Dissertação (Mestrado em Operações Militares)-Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Rio de Janeiro, 2004. RESENDE JÚNIOR, Márcio Nunes de. A infiltração do caçador de operações especiais nas operações de eliminação. 2004. Dissertação (Mestrado em Operações Militares)-Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Rio de Janeiro, 2004. RODRIGUES, Alessandro Basílio. O emprego tático do caçador em reforço às subunidades em primeiro escalão na progressão no interior de uma localidade. 2004. Dissertação (Mestrado em Operações Militares)-Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Rio de Janeiro, 2004. ROSA, Fernando Barcellos da. A capacidade do caçador do Batalhão Motorizado dotado com fuzil IMBEL-AGLC 7,62mm em engajar alvos altamente seletivos, durante a progressão no interior de uma'localidade. 2004. Dissertação (Mestrado em Operações Militares)-Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Rio de Janeiro, 2004.