AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA DE DUAS NASCENTES DO ALTO MONJOLINHO (SÃO CARLOS, SP).

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Transcrição:

Belo Horizonte/MG 24 a 27/11/2014 AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA DE DUAS NASCENTES DO ALTO MONJOLINHO (SÃO CARLOS, SP). Fabio Leandro da Silva*, Thaynara Sousa Tavares, Maria Fernanda Franchi de Almeida, Renan Zanitti, Luiza Faresi. * Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Campus São Carlos - SP. E-mail: fabioleodasilva@gmail.com RESUMO Diante dos impactos ambientais decorrentes das atividades antropogênicas, a água se torna objeto de estudo em vários campos da ciência. Visando analisar os impactos de duas nascentes do alto Monjolinho, o presente trabalho investigou a qualidade ambiental destas nascentes, através da aplicação do Índice de Impacto Ambiental de Nascentes durante as visitas. A nascente localizada no bairro Tangará teve o grau de proteção igual a regular, já a nascente localizada no Parque Residencial Douradinho se inseriu na faixa ruim quanto ao grau de proteção. Como principais impactos macroscópicos encontrados, ressalta-se a presença de resíduos sólidos ao redor das nascentes, vegetação alterada, lançamento de esgoto, presença de odor e espumas na água. PALAVRAS-CHAVE: Diagnóstico, Índice, Impacto Ambiental, Perímetro Urbano, Integridade. INTRODUÇÃO A água é um dos bens mais importantes da sociedade humana, ela é imprescindível para todos os seres vivos do planeta. Além da relevância para à vida em si, também é indispensável para as atividades humanas como um todo, sendo muito utilizada no setor industrial e agropecuário. Cerca de 10% do uso da água no mundo é para abastecimento público, 67% para agricultura e 23% na indústria. Os sistemas aquáticos são receptores das descargas resultantes das várias atividades antrópicas nas bacias hidrográficas (MARGALEF, 1983 apud DONADIO, GALBIATTI e PAULA, 2005). Os ecossistemas aquáticos continentais são submetidos a uma infinidade de impactos originados pelas ações antropogênicas (e.g. desmatamento, urbanização, disposição inadequada de resíduos sólidos, lançamento de esgoto). No cenário brasileiro, a ausência da coleta e tratamento de esgotos domésticos resultam na degradação dos rios que atravessam as cidades, configurando um dos principais problemas ambientais brasileiros (CUNHA-SANTINO & BIANCHINI JUNIOR, 2010). A falta de planejamento, crescimento acelerado e desordenado das cidades brasileiras tem desencadeado uma série de impactos para os ecossistemas aquáticos, inclusive na degradação das nascentes (GOMEZ, 2005). As nascentes devem ser preservadas, nosso Código Florestal (Lei n 12.651/12) considera as nascentes como Área de Preservação Permanente (APP) e estabelece um raio de 50 metros para a proteção destes sistemas, indispensáveis para a manutenção do equilíbrio hidrológico. Oliveira (2013) aponta as nascentes como ponto inicial para a gestão de recursos hídricos, pois são sistemas que conectam a água subterrânea com a superfície e correspondem aos rios de primeira ordem, ou seja, contribuem com a rede de drenagem superficial. Sob os impactos ambientais recorrentes às atividades antropogênicas, a água se torna objeto de estudo em várias áreas da ciência, dada sua importância para a manutenção da vida e atividades antropogênicas, sendo a última, a principal responsável pelas alterações observadas na composição química da água (FELIPPE, 2009). Desta forma, os índices se tornam ferramentas que desempenham um papel importante nos programas de monitoramento ambiental e gerenciamento dos recursos hídricos, já que auxiliam na avaliação da integridade de ecossistemas, na realização de diagnósticos e difusão de informações para a população (VARGAS, 2012). Este trabalho tem como objetivo aumentar as informações acerca das nascentes do Alto Monjolinho, auxiliando o poder público na tomada de decisões e adoção de medidas que possam resultar na melhoria da qualidade das nascentes. OBJETIVO O presente trabalho tem como objetivo realizar uma avaliação macroscópica em duas nascentes do alto Monjolinho localizadas no perímetro urbano de São Carlos SP, classificando - as quanto ao grau de proteção. ÁREA DE ESTUDO IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 1

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014 O município de São Carlos se insere em duas grandes bacias hidrográficas pertencentes ao Estado de São Paulo, sendo a Bacia Hidrográfica do Rio Mogi-Guaçu e a Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré (SANTOS, 2011). As duas nascentes selecionadas (figura 1) para a realização do estudo pertencem a Sub-bacia hidrográfica do Rio Monjolinho, situada na região centro-norte do Estado de São Paulo, entre os paralelos 21 57 22 06 S e 47 50 48 05 W (SOUZA, 2011). Figura 1: Localização Geográfica das nascentes avaliadas Fonte: Imagem modificada do satélite Digital Glob de Google Earth A sub-bacia do Rio Monjolinho possui aproximadamente 275 km², possui maior parte de sua área inserida no município de São Carlos e uma pequena parcela se insere no município de Ibaté. Esta bacia hidrográfica é marcada pelo desenvolvimento urbano de São Carlos, seu principal efluente é o Rio Monjolinho, que possui 43,25 km e nasce próximo aos Bairros Jardim São Rafael e o Parque Residencial Douradinho (Planalto de São Carlos) (ESPÍNDOLA, 2000 apud CAMPANELLI, 2012). O clima é classificado de acordo com a sistemática de Koppen como Cwb (subtropical de inverno seco), marcado por duas estações bem definidas: um inverno seco e um verão chuvoso. A precipitação média anual gira em torno de 1500 mm. Os principais solos encontrados na bacia hidrográfica são os latossolos (vermelho amarelo, vermelho escuro e roxo), areias quartzosas profundas, solos litológicos, terra roxa estruturada e solos hidromórficos. As principais formas vegetacionais encontradas são: Floresta Estacional Semidecidual, Cerradão, Cerrado e Capoeiras (CAMPANELLI, 2012). 2 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Belo Horizonte/MG 24 a 27/11/2014 METODOLOGIA Durante o mês de julho de 2014 ocorreu a coleta de dados nas nascentes, localizadas nos bairros Jardim Tangará (Nascente São Rafael) e no Residencial Parque Douradinho (Nascente Douradinho), ambas inseridas na área urbana de São Carlos. Com o auxílio do Sistema de Informação Geográfica Mapinfo v. 10, as nascentes foram identificadas e mapeadas. A hidrografia foi adquirida da base do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), composta pela carta topográfica de São Carlos (SF-23-Y-A-I-1) em escala 1: 50.000, Projeção Geográfica Universal Transversa de Mercator (Fuso 23). Foi constatado que a carta topográfica do IBGE não possui a localização correta das nascentes. Buscando avaliar o impacto ambiental macroscópico e o grau de proteção das nascentes selecionadas, utilizou-se o Índice de Impacto Ambiental de Nascentes (IIAN), elaborado por Gomes (2005), adaptado por Felippe (2009) e empregado por Oliveira et al. (2013). O IIAN é composto por 11 parâmetros (tabela 1), cada parâmetro possui um atributo definido (bom, médio ou ruim) que posteriormente, é convertido em um escore, o somatório dos escores resulta no grau de proteção da nascente avaliada (tabela 2). Tabela 1: Parâmetros macroscópicos a serem avaliados Fonte: Gomes (2005), adaptado por Felippe (2009) METODOLOGIA DO ÍNDICE DE IMPACTO AMBIENTAL MACROSCÓPICO EM NASCENTES Parâmetro Macroscópico Ruim (1) Médio (2) Bom (3) Cor da água Escura Clara Transparente Odor da água Forte Com odor Não há Lixo ao redor da nascente Muito Pouco Não há Materiais flutuantes (lixo na água) Muito Pouco Não há Espumas Muito Pouco Não há Óleos Muito Pouco Não há Esgoto na nascente Visível Provável Não há Vegetação Degradada ou ausente Alterada Bom estado Usos da nascente Constante Esporádico Não há Acesso Fácil Difícil Sem acesso Equipamentos urbanos A menos de 50 metros Entre 50 e 100 m A mais de 100 m Tabela 2: Classificação das nascentes quanto aos impactos macroscópicos Fonte: Gomes (2005), adaptado por Felippe (2009) CLASSIFICAÇÃO DAS NASCENTES QUANTO AOS IMPACTOS MACROSCÓPICOS Classe Grau de proteção Pontuação A Ótimo 31 33 B Bom 28 30 C Razoável 25 27 D Ruim 22 24 E Péssimo < 21 RESULTADOS OBTIDOS A tabela 3 traz os resultados obtidos com a aplicação do IIAN, que somente foi possível com a realização das visitas a campo. Tabela 3: Aplicação do IIAN e o grau de proteção das nascentes avaliadas Fonte: Autor do Trabalho PARÂMETRO MACROSCÓPICO Nascente São Rafael Nascente Douradinho Cor da água 3 1 Odor da água 3 2 Lixo ao redor da nascente 2 1 Materiais flutuantes (lixo na água) 2 2 Espumas 3 2 Óleos 3 3 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 3

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014 Esgoto na nascente 3 1 Vegetação 2 2 Usos da nascente 2 3 Acesso 2 2 Equipamentos urbanos 2 2 Classificação Razoável Ruim Nascente São Rafael Bairro Jardim Tangará A água apresentou uma coloração transparente, não apresentou odor, sem óleos e espumas. Não foi verificado nenhum despejo de esgoto na nascente, mas foi observada a presença de lixo (sacolas plásticas, embalagens, papéis, latarias, restos de alimentos) e materiais flutuantes na água (embalagens plásticas). O afloramento de água tem a vegetação ao seu redor alterada, composta principalmente por gramíneas e a área correspondente a parte inicial da APP encontra-se em recuperação, onde a Prefeitura Municipal de São Carlos realizou um plantio de mudas. Uma casa rudimentar foi construída em uma área próxima a nascente, sendo que a utilizam para a obtenção de água. Para se ter acesso a nascente é necessário descer um terreno íngreme. Existe uma distância de 50 à 100 metros entre a nascente e as residências. Figura 2: Vegetação alterada na Nascente São Rafael. Fonte: Autor do Trabalho Nascente Douradinho Residencial Parque Douradinho A água apresentou coloração acinzentada, odor fraco de matéria orgânica em decomposição, sem a presença de óleos e com poucos flocos de espuma branca. Logo, no início da nascente foi verificado o despejo de esgoto, também se observou embalagens plásticas ao redor da nascente e flutuando na água. A vegetação encontra-se alterada, já que foi suprimida em alguns trechos e parte da APP não está condizente com o Código Florestal (Lei n 12.651/12). O acesso a nascente não foi considerado fácil, é necessário a entrada no fragmento florestal que apresenta cerca em grande parte da sua área de borda, mas após a entrada no fragmento foi encontrada uma trilha que leva a nascente. A distância entre os equipamentos urbanos e a nascente está entre 50 e 100 metros. 4 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Belo Horizonte/MG 24 a 27/11/2014 Figura 2: Lançamento de esgoto in natura na Nascente Douradinho. Fonte: Autor do Trabalho CONCLUSÕES Uma rápida expansão urbana em São Carlos trouxe consigo uma série de impactos ambientais. O município de São Carlos possui muitas nascentes em seu perímetro urbano, a avaliação destes corpos d água é indispensável, pois são suscetíveis a degradação ambiental resultante do desenvolvimento urbano. As nascentes São Rafael e Douradinho são enquadradas na classificação razoável e ruim respectivamente, porém ressalta-se a importância da realização de estudos mais detalhados. A degradação observada nos corpos hídricos se deve a proximidade com as residências e contato com a população. É necessária uma revisão na tubulação de esgoto, corrigindo as falhas existentes e direcionando todo o esgoto gerado nos bairros Jardim Tangará e Residencial Parque Douradinho para a Estação de Tratamento de Esgoto de São Carlos. Um trabalho de educação ambiental deve ser desenvolvido com a população que vive próxima as duas nascentes, mostrando a importância destes sistemas para a sociedade e ecossistema, além de abordar o nosso papel para preservalas. A existência de resíduos sólidos pode ser explicada pela impermeabilização, o fluxo da água pluvial carrega para os corpos hídricos os resíduos. Recomenda-se a elaboração de um inventário limnológico das nascentes estudadas, para que ocorra o monitoramento ambiental dos corpos hídricos. As áreas de APPs devem ser isoladas para que o acesso as nascentes seja dificultado e consequentemente diminua as quantidades de lixo que chegam aos corpos d água. Aponta-se também a necessidade de relocação dos indivíduos que vivem próximo a nascente do Bairro Jardim Tangará. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Código Florestal. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em 12 de jul. de 2014. 2. CAMPANELLI, L. C. Zoneamento (Geo)ambiental analítico da Bacia Hidrográfica do Rio Monjolinho - São Carlos (SP). Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 2012. 3. CUNHA-SANTINO, M. B.; BIANCHINI JUNIOR, I. Ciências do Ambiente conceitos básicos em ecologia e poluição. Coleção UAB - UFSCar. São Carlos: EDUFSCar, 179 p, 2010. 4. FELIPPE, M. F. Caracterização e tipologia de nascentes em unidades de conservação de Belo Horizonte com base em variáveis geomorfológicas, hidrológicas e ambientais. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais, 2009. 5. DONADIO, N. M. M.; GALBIATTI, J. A.; PAULA, R. Qualidade da água de nascentes com diferentes usos do solo na bacia hidrográfica do córrego Rico, São Paulo, Brasil. Revista Eng. Agríc., Jaboticabal, Volume 25 n.1 jan/abr. 2005, pp. 115-125. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 5

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014 6. GOMES, P. M.; MELO, C.; VALE, V. S. Avaliação dos impactos ambientais em nascentes na cidade de Uberlândia-MG: análise macroscópica. Sociedade & Natureza, Uberlândia, pp. 103-120, 2005. 7. GOMES, P. M.; MEDLO, C.; VALE, V. S. Avaliação dos impactos ambientais em nascentes na cidade de Uberlândia: análise macroscópica. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=321327186009>. Acesso em 12 set. de 2014. 8. OLIVEIRA, M. C. P.; OLIVEIRA, B. T. A.; DIAS, J. S.; MOURA, M. N.; SILVA, B. M.; SILVA, S. V. B.; FELIPPE, M. F. Avaliação macroscópica da qualidade das nascentes do Campus da Universidade Federal de Juiz de Fora. Revista de Geografia - v. 3, nº 1, 2013. 9. SANTOS, M. G. Decomposição aeróbia de Myriophyllumaquaticum (Vell) Verdc. e caracterização limnológica na bacia hidrográfica do Rio do Monjolinho (São Carlos, SP, Brasil). Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos São Paulo, 2009. 10. SOUZA, A. B. Avaliação da qualidade ambiental nas nascentes do rio Monjolinho na porção à montante da estação de captação de água do Espraiado, São Carlos SP. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos São Paulo, 2011. 11. VARGAS, J. R. A.; FERREIRA JÚNIOR, P. D. Aplicação de um Protocolo de Avaliação Rápida na Caracterização da Qualidade Ambiental de Duas Microbacias do Rio Guandu, Afonso Cláudio, ES. Revista Brasileira de Recursos Hídricos Volume 17 n.1-2012, pp. 161-168. 6 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais