MOTIVAÇÃO PARA O USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR IDOSOS PORTADORES DE CÂNCER ATENDIDOS NA FAP CAMPINA GRANDE/PB

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Transcrição:

MOTIVAÇÃO PARA O USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR IDOSOS PORTADORES DE CÂNCER ATENDIDOS NA FAP CAMPINA GRANDE/PB Karla Lourrana Cavalcante Pontes (1); Cristina Ruan Ferreira de Araújo (2); Ariadne Messalina Batista Meira (3); Mirella Dias Marinho (4); Camilla de Melo Silva (5). (1) Universidade Federal de Campina Grande; karla_lourrana@hotmail.com. (2) Universidade Federal de Campina Grande; profcristinaruan@gmail.com (3) Universidade Federal de Campina Grande; ariadne.messalina@gmail.com (4) Universidade Federal de Campina Grande; mirelladias94@hotmail.com. (5) Universidade Federal de Campina Grande; camillameloslv@gmail.com. INTRODUÇÃO A modernidade trouxe para o homem novas formas de visão em relação ao cotidiano assim como às questões referentes ao humano, trazendo mudança a uma série de paradigmas de seu comportamento. Nesse contexto, o imediatismo é requerido para a resolução de alguns problemas, principalmente doenças, que trazem um atraso na produtividade diária. Sendo assim, o modo de cuidar da sua saúde vem sofrendo uma crescente medicalização, a fim de buscar maneiras de restaurar em curto espaço de tempo a energia e o vigor perdidos. 1 Porém, algumas pessoas buscam alternativas menos agressivas ao organismo e com menor custo, justamente por terem uma sapiência diferenciada que as permite a consideração de novas formas de cuidado. Obviamente, há casos que necessitam de um tratamento feito com base em fármacos industrializados, mas esse fato não descarta a possibilidade de uma medicina complementar ser incluída como parte desse tratamento. 2 O uso de plantas medicinais é uma sabedoria passada através de gerações através da cultura e tornou-se ao longo do tempo um campo que pode e deve ser estudado pela ciência, transformando-se assim em algo passível de inserção nos cuidados com a saúde da população. 3

Tomando como ponto de partida a difusão desse campo através do tempo, há a constatação a partir do imaginário cultural de que pessoas mais idosas possuem uma experiência mais aguçada de tal terapêutica, podendo ser consideradas pessoas com propriedade no assunto. Sabe-se que população idosa tem crescido consideravelmente nas últimas décadas, devido a uma melhoria na qualidade de vida, porém ainda há a presença patologias que ainda hoje são vistas como um desafio para medicina, entre elas o câncer. É sabido que a busca pela cura dessa condição requer um comprometimento considerável devido aos fortes medicamentos e ao constante desgaste relacionado às sessões de quimioterapia, radioterapia, entre outras formas de cuidado. Contudo, há uma crença presente em várias pessoas de que a possibilidade da associação de uma terapêutica menos agressiva e alternativa possa ser incluída nesse tratamento, dentre elas o uso de plantas medicinais. 4 O conhecimento da motivação para a prática medicinal a partir das plantas incentiva os pesquisadores a testarem novas formas de uso ou até mesmo o início de pesquisas a respeito de diferentes compostos presentes nesse recurso. A finalidade de tal levantamento se embasa justamente na possibilidade de conhecer as diferentes motivações que fazem o indivíduo ser usuário dessa terapêutica, o que é importante para um direcionamento dos estudos que venham a ser elaborados a posteriori sobre o perfil desses sujeitos, por exemplo. Traz ainda um objetivo de identificar pistas sobre a aquisição da informação a respeito das plantas medicinais, uma vez que, sabendo a motivação para o uso, têm-se uma noção da origem dessa referência. E ainda pelo fato das plantas medicinais se caracterizarem como uma prática muito difundida no contexto popular e cultural, há a curiosidade de se investigar qual a explicação para tal conduta. Utilizar idosos como amostra se baseia na ideia de uma busca pela origem desse saber, uma vez que essa pôde acompanhar a evolução da cultura ao longo dos tempos, assim como geralmente possuem jardins em suas casas, facilitando o acesso a tal recurso. 5

METODOLOGIA O estudo foi feito com base num recorte de uma pesquisa sobre idosos portadores de câncer atendidos na Fundação Assistencial da Paraíba (FAP) e o uso de plantas medicinais, que tinha caráter quantitativo, como um estudo transversal do tipo exploratório e descritivo. A partir de tal estudo foi possível fazer um levantamento das razões que motivam os pacientes a fazerem uso de tais plantas medicinais, abrindo possibilidade para um estudo com abordagem qualitativa acerca das informações colhidas. A amostra utilizada no estudo original foi de 224 pessoas, que foram submetidas ao preenchimento de formulários para a coleta dos dados. Foram analisadas as respostas referentes à motivação dos pacientes para o uso de plantas medicinais. Desse total de pessoas, 60 pessoas se encontram na faixa etária de 58 a 67 anos, 47 pessoas de 68 a 77 anos, 23 na faixa de 78 até 87 e apenas uma pessoa com 88 anos. Sendo assim, a amostra utilizada foi de 131 pessoas com idades entre 58 a 88 anos. A forma de analisar qualitativamente os dados obtidos foi baseada na análise de conteúdo, trazendo aspectos ligados a uma hermenêutica, revisando cada resposta obtida a fim da construção de um contexto geral ou de um sentido para os discursos, podendo adquirir um resultado satisfatório baseado na amostra utilizada. 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO Com análise dos dados colhidos foi possível obter resultados acerca da motivação do uso das plantas medicinais por portadores de câncer da FAP, obtendo discursos que se caracterizam por três vias: a primeira das pessoas que não fazem uso e a segunda de pessoas que são usuárias. Os discursos da primeira parte se mostram baseados em diferentes perspectivas, mas principalmente na não indicação a partir do médico de tais plantas, pois buscam não se responsabilizar pelo uso principalmente pelo fato de achar que pode contribuir negativamente para o tratamento, a partir de efeitos colaterais, por exemplo. Há ainda o pensamento de que o uso não deve ser feito devido a um não conhecimento por parte dos usuários, podendo acarretar adversidades para os mesmos.

Já a segunda parte, aquela que faz uso, ainda se subdivide em outras partes, como o bem-estar causado pela utilização de componentes naturais em seu tratamento ou até mesmo da melhora de sintomas causados pelos procedimentos. Ainda há a parcela que vê o uso das plantas medicinais como uma forma de buscar outra alternativa de cura, tendo seu discurso pautado na tentativa de cura a partir de todas as oportunidades possíveis. E a terceira via ainda se caracteriza por uma ignorância em relação ao saber sobre as plantas, não se posicionando a favor ou contra justamente por não ter conhecimento adequado a respeito. A fala dos participantes está muito intrínseca à confiança em uma cura para a sua condição, até mesmo aqueles que não fazem uso pautam seus discursos numa possibilidade de efeito adverso que possa se dar a partir de uma interação medicamentosa. Discursos como tem que buscar todas as opções possíveis reforçam o imaginário coletivo de que o portador de câncer é uma pessoa que luta pela sua vida, pesquisando e trazendo para si todas as alternativas que a ciência pode trazer para melhorar sua condição e principalmente, trazer a cura desse mal. O não conhecimento sobre plantas medicinais advindo de uma parcela da amostra traz uma necessidade da propagação de ações educativas para o público em geral, mas principalmente para os idosos, visto que esse público possui um dos maiores números de risco de interação medicamentosa devido a um uso inadequado de tais recursos. 7 A busca por um significado para o uso de uma medicina alternativa se mostra muito interligada com uma afirmação por uma crença singular de a cura pode estar ao seu alcance, e que para isso, irá buscar diferentes formas de tratamento, até mesmo os que não são indicados pelo médico, e sim passados popularmente. Mostra a presença de um modelo biopsicossocial que possa estar presente nessa união entre esferas diferentes do cotidiano. Os motivos do uso nem sempre são padronizados entre os pacientes, toda essa questão pode ser baseada em diferentes crenças, que possuem valor singular a cada um dos que acreditam. A utilização de plantas medicinais não pode ser mais vista apenas como uma característica cultural que é passada de gerações em gerações, e sim como uma ciência que está sendo cada vez mais estudada e aperfeiçoada ao longo das últimas décadas, principalmente. 8 É crescente a utilização de tratamentos alternativos por pacientes com doenças crônicas 9, pois é um grupo que vive em constante submissão a procedimentos médicos e fármacos de acordo

com cada situação. A medicina tradicional se mostra como uma das formas de atender a demanda por diferentes necessidades de cada paciente, desde a busca por novas maneiras de se tratar até o alívio de efeitos iatrogênicos dos procedimentos e medicamentos. CONCLUSÃO Complementar o cuidado com o câncer se mostra como uma possibilidade de novos caminhos para o bem-estar dos pacientes acometidos pela patologia, podendo apresentar um menor dano para a saúde do paciente e também um maior espaço para o conhecimento popular dentro do campo médico. A crença num tratamento diferenciado mostra a vontade de enfrentar a doença e persistir na luta em favor da vida. Traz para o campo da medicina novos horizontes, pois quando há a presença de uma busca pela motivação e por um sentido, está presente também a influência de campos mais filosóficos do saber, como a psicologia. A influência de tais ciências humanas traz para o pesquisador formas de identificar pontos que vão além da informação, podendo assim perceber que há uma natureza subjetiva por detrás de cada discurso a ser estudado. Visto isso, o levantamento de dados sobre os motivos que levam ao uso de plantas medicinais traz também uma possibilidade de explorar também as crenças subjetivas que foram construídas por cada indivíduo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. TESSER CD. Medicalização social (I): Medicalização social (I): o excessivo Medicalização social (I):sucesso do epistemicídio moderno na saúde. Interface - Comunic., Saúde, Educ., jan/jun 2006, v.10, n.19, p.61-76. [acesso em 2015 jul 24]. Disponível em http://www.scielosp.org/pdf/icse/v10n19/a05v1019.pdf 2. TESSER CD, BARROS NF. Medicalização social e medicina alternativa e complementar: pluralização terapêutica do Sistema Único de Saúde. Rev Saúde Pública 2008;42(5):914-20. [acesso em 2015 jul 24]. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0034-89102008000500018

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