A liberalização do sector postal

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A liberalização do sector postal Jornada APOCEEP, Lisboa José Ferrari Careto Novembro 2007

A liberalização do sector postal ÍNDICE A. Quadro legal nacional e comunitário B. Liberalização gradual do sector C. Terceira Directiva Postal D. Dados sobre o sector em Portugal E. Perspectivas de evolução F. Conclusão

A. Quadro legal nacional e comunitário

A. Quadro legal nacional e comunitário Directivas 97/67/CE e 2002/39/CE Lei de Bases 102/99 Bases da concessão (DL 448/99) e Convénios associados Preços (desde 1993 ligada a Qualidade de serviço desde 1995) Qualidade de serviço (desde 1995) Desenvolvimento da rede (em negociação) Regime de prestação dos serviços liberalizados (DL 150/2001)

A. Quadro legal nacional e comunitário Princípios do quadro legal Liberalização gradual e controlada Garantia do serviço universal (conjunto mínimo de serviços de qualidade especificada a preços acessíveis) Garantia de condições de concorrência efectiva (controlo de subsidiação cruzada; condições para prestação de serviços liberalizados; acesso à rede) Harmonização (técnica e de medição da qualidade de serviço) Independência das autoridades reguladoras

B. Liberalização gradual do sector

B. Liberalização gradual do sector Serviço mínimo universal e área passível de ser reservada: Preço Área: Serviço Universal 5x tarifa 1º escalão C. Priorit. 3x tarifa 1º escalão C. Priorit. 2,5x tarifa 1º escalão C. Priorit. Área reservada Área reservada até 2003* (Directiva 97/67) Área reservada até 31/12/2005* (Directiva 2002/39 Área reservada desde 2006.01.01* (Directiva 2002/39) O mais tardar até 2010.12.31 0 50g 100g 350g - 2Kg correspondências e jornais - 20Kg encomendas - Envios registados e com valor declarado *Publicidade endereçada e correio transfronteiriço de saída, na medida necessária à garantia da prestação do SU. Peso

C. 3ª Directiva Postal

C. 3ª Directiva Postal Evolução e ponto de situação: 18/10/2006: Proposta da Comissão Europeia (Procedimento de co-decisão) 11/07/2007: 1ª Leitura do Parlamento Europeu 08/11/2007: Adopção de Posição Comum pelo Conselho Início de 2008: 2ª Leitura do Parlamento Europeu e conclusão do procedimento de co-decisão

C. 3ª Directiva Postal Elementos principais Eliminação de direitos exclusivos ou especiais até 2010.12.31 (com algumas derrogações e cláusula de reciprocidade) Manutenção da salvaguarda de nível comum de serviço universal de qualidade (incluindo recolha e distribuição diárias) e a preços acessíveis Possibilidade de imposição de tarifa uniforme para determinados envios (ex.: correio remetido por particulares), por razões de interesse público

C. 3ª Directiva Postal Elementos principais (cont.) Garantia do serviço universal pode ser efectuada através da designação ex-ante de um ou vários prestadores de serviço universal: para a totalidade ou parte do território para as suas diversas componentes Princípios sobre avaliação dos custos líquidos do serviço universal (considerando custos e benefícios directos e indirectos, tangíveis e intangíveis, da sua prestação) e seu financiamento (auxílios estatais, contratos públicos, fundo de compensação comparticipado por operadores e/ou utilizadores)

C. 3ª Directiva Postal Elementos principais (cont.) Aplicação de procedimentos de reclamação a todos os operadores postais (como já previsto em Portugal) e não só aos prestadores do serviço universal Possibilidade de definir condições de acesso transparentes e não discriminatórias a serviços e elementos da infra-estrutura, como por exemplo: sistema de código postal sistema de informação sobre alteração de moradas serviços de redireccionamento e devolução ao remetente apartados

C. 3ª Directiva Postal Elementos principais (cont.) Proibição de limitar número de entidades licenciadas para a prestação de serviços que integram o serviço universal Proibição de impor às entidades licenciadas duplo requisito de: obrigações de serviço universal contribuição para mecanismo de partilha de custos do serviço universal

D. Dados sobre o sector em Portugal

D. Dados sobre o sector em Portugal N.º 40 30 20 10 0 Prestadores habilitados a prestar serviços postais 11 10 7 4 4 4 36 38 38 6 8 9 2002 2003 2004 2005 2006 2ºT 07 Serviço correio expresso Serviço não enquadrado no correio expresso Quotas de tráfego postal - Grupo CTT % 100 80 60 40 20 0 2002 2003 2004 2005 2006 2ºT 07 Serviço correio expresso Serviço não enquadrado no correio expresso Fonte: ANACOM. Fonte: ANACOM. Quota do Grupo CTT no segmento expresso abaixo de 50% e próximo de 99% no segmento dos serviços não enquadrados na categoria de correio expresso (inclui área reservada).

D. Dados sobre o sector em Portugal Tráfego postal (Milhões de objectos) 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 2002 2003 2004 2005 2006 Tráfego total Tráfego serviços liberalizad Fonte: ANACOM. Pela primeira vez desde o início da segunda fase de liberalização (2003), verifica-se uma redução do tráfego em 2006 (-5%) O peso do tráfego liberalizado no total do tráfego tem vindo a aumentar (em função da redução da área reservada)

D. Dados sobre o sector em Portugal Emprego nos serviços postais 20000 15000 10000 5000 0 2002 2003 2004 2005 2006 O emprego nos serviços postais tem apresentado uma tendência ligeiramente decrescente, acompanhando evolução verificada no Grupo CTT. Total Grupo CTT Outros prestadore Fonte: ANACOM.

E. Perspectivas de evolução

E. Perspectivas de evolução A nível comunitário: nova directiva postal em aprovação final A nível nacional: implementação da nova directiva

E. Perspectivas de evolução A nível nacional Análise de opções de liberalização para período de transição Desenvolvimento do quadro legal e regulatório Âmbito do serviço universal e obrigações Avaliação de custos e financiamento do SU Condições de acesso à rede Condições de acesso a serviços/elementos da infra-estrutura Reavaliação do contrato de concessão e dos convénios

F. Conclusão