APLICAÇÃO DO JOGO PROBABÍLISTICO NO ÂMBITO DO PIBID Ediane PORTILHO, UEPA Joyce REIS, UEPA Rodrigo SILVA (Orientador), UFPA Eixo 2 Formação continuada e desenvolvimento profissional de professores da educação básica edianeportilho6@gmail.com 1. Introdução A probabilidade é um componente curricular da disciplina de matemática, que muitas vezes é ignorada pelos professores e alunos, porém a probabilidade se faz necessária em muitas áreas do conhecimento, e sua utilização é constante no dia a dia das pessoas, no entanto poucas se dão conta de sua importância. Assim, ao nos depararmos com essa realidade, ficamos interessadas em explorar esse tema, primeiramente em nosso Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), e nos meandros desse trabalho, ficamos interessadas em trabalhar também no âmbito do PIBID, o que consequentemente gerou esse artigo. Desse modo, no decorrer de nossas pesquisas para a elaboração do TCC, surgiram diversas metodologias para aplicar e superar dificuldades no processo de ensino e aprendizagem de probabilidade, entre elas o Jogo Probabilístico se destaca como sendo um mecanismo facilitador do conhecimento. Perante as diversas propostas sobre metodologias para o ensino e aprendizagem de probabilidade, o jogo se mantém como uma alternativa pedagógica e dinâmica, para o ensino deste conteúdo. Nesse ponto de vista, o presente trabalho vem retratar sobre a aplicação do jogo probabilístico em uma turma do 3 ano do ensino médio. Onde temos como objetivo discorrer a respeito do ensino e aprendizagem de probabilidade, a importância de se trabalhar com o lúdico na aprendizagem de probabilidade, e ainda relatar como essa proposta foi posta em ação. Vale ressaltar, que a aplicação da proposta do ensino através do lúdico, bem como as experiências relatadas neste artigo, foram realizadas em uma escola vinculada ao PIBID, sendo esta a Escola Estadual de Ensino Médio Prof Bertoldo Nunes, localizada no município de Vigia de Nazaré/PA. 1254
2. O Desafio De Ensinar Probabilidade Ensinar o conteúdo de probabilidade é um desafio para a maioria dos professores, principalmente em escolas públicas do País. Este fato se torna relativo pela pouca exploração desse conteúdo matemático, além disso, a probabilidade é um conteúdo curricular pouco trabalhado em licenciaturas de matemática. Dessa forma, o professor que em sua formação não recebeu as devidas disciplinas sobre probabilidade, consequentemente terá dificuldade em desenvolver este conteúdo para os seus futuros alunos, o que gera a falta de conhecimento probabilístico. Nesse ponto de vista, pode-se dar ênfase sobre a maneira que as aulas de probabilidade são abordadas no ensino médio na maioria das escolas públicas, pois, estas são de forma fragmentada e limitada, visto que, o professor escreve no quadro o que acredita ser necessário para o aprendizado, e o aluno faz a sua parte copiando no caderno aquilo que está no quadro. Sendo este um cenário tão comum, porém, com poucos significados na vida pessoal do educando. Então dessa forma, o aluno passa a acreditar que a matemática é uma ciência que não deve ser questionada, tornando esse um dos fatores principiais da dificuldade do ensino do conteúdo de probabilidade. Nesta concepção sobre o ensino tradicional de probabilidade, se faz necessário utilizar novos recursos didáticos, de tal forma que os educadores estejam dispostos a oferecer oportunidades de seus alunos participarem da construção de seu próprio conhecimento, a partir de situações que exijam criatividade, motivação em desenvolver ou solucionar problemas probabilísticos, bem como, o educando venha a compartilhar os seus novos conhecimentos com outras pessoas. Para isso, a abordagem do lúdico se destaca em promover a aprendizagem através da concentração, habilidades matemáticas, curiosidade e a autoconfiança, podendo ainda auxiliar o educando agir livremente sobre suas ações e decisões fazendo com que ele desenvolva além do conhecimento matemático, também a linguagem, pois em muitos momentos será instigado a posicionar-se criticamente frente a alguma situação. (CABRAL, 2006) 1255
3. O Jogo Matemático A matemática foi repassada de geração em geração da mesma forma, sem muitas alterações didáticas, ou seja, uma matemática mecanizada onde o professor é o ator principal, que retém todo o conhecimento, e o aluno é um mero espectador. Porém, muita coisa mudou, e com o passar do tempo se faz necessário um ensino significativo tanto aos alunos que tem a necessidade de aprender para futuramente entrar no mercado de trabalho, como também aos professores, pois, aprendemos quando lidamos com desafios novos. A cada dia que passa as informações se tornam mais acessíveis, e podem ser obtidas de inúmeras formas, mas o que se faz com elas que é relevante. Se o sujeito não começar a interagir com as informações, certamente as esquecerá e consequentemente essas informações não se transformaram em conhecimento. Portanto, o educador pode preparar seu plano de aula, mas se não inovar metodologicamente, essa se tornará cansativa e desgastante para seus alunos. Desse modo, porque não levar para a sala de aula uma metodologia que vem se destacando, entre os mais variados trabalhos educacionais das diversas áreas do conhecimento? Estamos nos referindo aos jogos, especificamente os jogos probabilísticos. Nesse sentido, Bayer et al. afirma que: O trabalho com probabilidade na escola deve iniciar com jogos e atividade construtivistas que despertem no aluno o interesse e a curiosidade de resolver os problemas propostos. Experiências com materiais como moedas, bolas, dados, urnas, etc., são uma forma eficaz de familiarizar o aluno com as questões sobre a aleatoriedade de um experimento, bem como trabalhar com os conceitos referentes a eventos possíveis, impossíveis, prováveis, muito prováveis, certos. (Bayer, Bittencourt, Rocha e Echevest, p. 09) O jogo matemático sem dúvida vem se tornando uma alternativa didática que auxilia o professor a apresentar tópicos matemáticos, onde possibilita ao educador propor desafios aos educandos. E se bem trabalhados, ou seja, com um propósito a ser alcançado, o jogo pode vir a ser um mecanismo de ligação entre o conteúdo de matemática, que muitas vezes é considerado pelos educandos desnecessário, chato, terrível, difícil entre outros, com o lúdico que se torna atraente aos olhos e a imaginação. 1256
A respeito disso convém ainda destacar que essa metodologia se faz presente nos PCN (1998): Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações; possibilitam a construção de uma atitude positiva perante os erros, uma vez que as situações sucedem-se rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural, no decorrer da ação, sem deixar marcas negativas (BRASIL, 1998, p.46). O propósito de se trabalhar o jogo matemático é desenvolver nos alunos habilidades estratégicas, levá-los a raciocinar na melhor maneira de ganhar a jogada, e o melhor plano de ação a se seguir. Desse modo, o educador ajuda os seus educandos na construção do seu próprio conhecimento, e de maneira diferenciada e divertida. A partir do jogo é viável o desenvolvimento de conceitos de um determinado assunto matemático, possibilitando ao aluno perceber o significado dos conteúdos, tais significados que muitas vezes são excluídos por não ter relevância em sua vida fora da escola. 4. Resultados: Aprendendo Probabilidade Através Do Lúdico. Com o PIBID foi possível colocar em prática a proposta do lúdico para a aprendizagem de probabilidade, pois, os acadêmicos bolsistas do programa ficaram responsáveis em orientar os educandos de uma turma do 3 ano do ensino médio, a pesquisarem e a confeccionarem jogos probabilísticos, tendo o propósito de colocar em prática o que tinham aprendido na 2 avaliação de matemática, visto como, o conteúdo de probabilidade foi assunto abordado nessa avaliação. Desse modo, as orientações ocorreram no decorrer de 3 semanas, tanto no período da manhã como também no contra turno do horário de aulas dos educandos. Assim, a turma foi dividida em três equipes, sendo que duas equipes ficaram responsáveis exclusivamente pela busca e desenvolvimento dos jogos, e uma equipe ficou responsável por pesquisar a história do surgimento do conceito probabilístico, pois consideramos a história da matemática um componente didático essencial para o desenvolvimento de qualquer conceito dessa ciência. Além disso, os educandos teriam que apresentar aos alunos de outras turmas, os conceitos de probabilidade presentes nos materiais produzidos. 1257
Com os jogos já confeccionados, como também, a criação de quadros com fotos das principais personalidades matemáticas responsáveis pelo desenvolvimento do conceito probabilístico, foi possível a realização da 1 Feira de Matemática da Escola Bertoldo Nunes, na qual continha esses trabalhos, como também, outros trabalhos de conceitos de matemática desenvolvidos também com a ajuda dos bolsistas do PIBID juntamente com os alunos do 3 ano. Desse modo, a feira aconteceu no dia 27 de Novembro de 2015, com a presença do Coordenador, dos Supervisores e dos Acadêmicos Bolsistas. Além disso, a exposição foi aberta ao público da escola, ou seja, o corpo docente e o corpo estudantil. Segue abaixo fotos retiradas no dia do evento, com os materiais confeccionados pelos alunos. Figura 1 Jogos probabilísticos construído pelos educandos. Fonte: Acervo pessoal. 1258
Figura 2 Jogo do bingo construído pelos educandos. Fonte: Acervo pessoal. Figura 3 Jogo dos Times construídos pelos educandos. Fonte: Acervo pessoal. 1259
Figura 4 Jogo da roleta construído pelos educandos. Fonte: Acervo pessoal. Figura 5 Público interagindo com os jogos de probabilidade na 1 Feira de Matemática na Escola Bertoldo Nunes. Fonte: Acervo pessoal. 1260
Figura 6 Personalidades que tiveram influência na história e nos jogos de probabilidade. Fonte: Acervo pessoal. Figura 7 Alunos da Escola Bertoldo Nunes na 1 Feira de Matemática. Fonte: Acervo pessoal. 1261
5. Conclusões Sabe-se que hoje se faz necessário promover uma educação para a vida, pois um cidadão consciente e bem informado consegue tomar decisões equilibradas. A utilização dos jogos de azar em sala de aula garante aos educandos tomarem ciência das possibilidades de um apostador por exemplo, ganhar na mega sena, acertar no bingo, ganhar uma partida de bilhar e entre outros, além de possibilitar a construção do ensino matemático consistente. A proposta de uma aula dinâmica pode vir a ser uma alternativa para o ensino tradicional e obsoleto, que se fez, e ainda muitas vezes se faz presente nas aulas de matemática. Porém deve-se abordar o jogo com um objetivo a ser seguido, e nunca deve-se deixar de esclarecer aos alunos o seu real proposito, ou seja, sua função para o conteúdo matemático na qual está sendo trabalhado, viabilizando desse modo uma aprendizagem significativa é concreta. Para vias de esclarecimento, um fato a se falar é que só foi possível propor aos alunos a busca e a confecção de jogos probabilístico, diante da conclusão do conteúdo de Probabilidade pelo professor da turma. A partir de então foram realizadas as orientações aos alunos, o que tornou possível identificar que os mesmos sentem grande dificuldade em lidar com problemas de carácter probabilístico, o que ocasionou a incompreensão de como esse conteúdo está inserido no jogo, ou seja, eles não conseguiam conceituar o espaço amostral e também os números de casos favoráveis que cada jogo poderia obter. Porém, no decorrer das orientações os educandos se mostraram interessados em confeccionar os jogos, bem como, entender as suas aplicações, o que gerou a curiosidade pelo conhecimento probabilístico, e assim manipula-los e apresenta-los na 1 feira de matemática da Escola Bertoldo Nunes. 1262
Referências Bibliográficas BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998. BAYER, Arno et al. Probabilidade na Escola. Disponivel em http://exatas.net/artigo_ciem2.pdf. Acessado 20 Jan. 2016. CABRAL, Marcos Aurélio. A utilização de jogos no ensino de matemática. 51 f. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. PORTILHO, Ediane Antônia Amorim; REIS, Joyce Kelle Corrêa dos. Ensino e Aprendizagem De Probabilidade: aplicação de uma sequência didática no 2º ano do Ensino Médio da Escola Bertoldo Nunes, Vigia/PA. 2016. 75f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Licenciatura em Matemática) Universidade Estadual do Pará, 2016. 1263