CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO M3 D1 O AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO II GUIA DE ESTUDO PARTE III AULA 28

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO M3 D1 O AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO II GUIA DE ESTUDO PARTE III AULA 28 PROFESSOR AUTOR: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI PROFESSOR TELEPRESENCIAL: MARCELO LIMA COORDENADOR DE CONTEÚDO: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA CAIAFA SALGADO 17 DE SETEMBRO DE 2013 1

SUMÁRIO DISCIPLINA: O AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO II... 3 Ementas... 3 Calendário... 4 Objetivos da Parte III... 4 PARTE III: NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS... 5 1. Introdução... 5 2. Conceito de Primeiros Socorros... 5 3. Finalidades dos Primeiros Socorros... 5 4. Ações de Primeiros Socorros... 7 5. Como agir em situações de emergência... 7 5.1 Hemorragia... 7 5.2 - Queimadura... 8 5.3 - Parada cardiorespiratoria... 11 5.4 - Emergências clínicas... 14 5.5 - Resgate e transporte de acidentados... 19 5.6 - Incêndio...19 5.7 - Afogamento...20 5.8 - Fraturas, Lesões e luxações... 22 5.9 - Acidentes Rodoviários... 23 6. REFERÊNCIAS 25 2

DISCIPLINA: O AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO II EMENTAS A Disciplina O Ambiente e as Doenças do Trabalho II está organizada em três Aulas, nas quais são tratados os conteúdos descritos a seguir. Aula 26 - Fundamentos de Toxicologia. Toxicologia, Meio Ambiente e Saúde. Principais conceitos de toxicologia. Elementos básicos dos efeitos toxicológicos (fatores relacionados com a substância química e fatores da absorção, relacionados com o organismo). Toxicocinética (absorção, distribuição, armazenamento, biotransformação e eliminação).toxicodinâmica. Classificação das intoxicações. Monitoramento biológico. Índice Biológico de Exposição. Limites de Tolerância. Fatores relacionados com o organismo (fatores tóxico-cinéticos e fatores tóxicodinâmicos. Avaliação Toxicológica (toxicidade aguda, toxicidade dinâmica, efeitos neurotóxicos, efeitos carcinogênicos, efeitos teratogênicos, efeitos mutagênicos). Aula 27 - Avaliação toxicológica. Ação e efeito dos grupos tóxicos: A - Químicos: gases, produtos voláteis, metais, agrotóxicos, anions; B Físicos: radiações, pressões, temperatura; C Biológicos: microbiológicas: vírus, bactérias, fungos. Agentes tóxicos, vias de penetração, mecanismos de proteção do organismo, absorção e metabolismo, formas de desintoxicação. Migração e interação dos agentes tóxicos e o meio ambiente. Ação e efeito dos grupos tóxicos químicos, gases, produtos voláteis, metais, agrotóxicos. Agentes biológicos: NR-15, Anexo 14: microbiológicas: vírus, bactérias, fungos. Aula 28 - Noções de primeiros socorros. Pronto socorrismo (leigos) e socorro de urgência (profissionais). Materiais de primeiros socorros. Lesões, queimaduras, hemorragias, fraturas, torções, luxações. Corpos estranhos nos olhos, no nariz e na garganta. Intoxicação e envenenamento. Parada cardíaca e parada respiratória, respiração artificial, massagem cardíaca. Estados de inconsciência. Transporte de acidentados. Equipes de primeiros socorros. 3

CALENDÁRIO O calendário da disciplina encontra-se no quadro a seguir. 2013 Guia de Estudo Textos Complementares de Leitura Obrigatória N o Lista Exercícios Data Postagem Data final Resposta 03 set Aula 26 10 set Aula 27 17 set aula 28 Conceitos em toxicologia ocupacional III Petrobras/Rio de Janeiro. Prof. Elizabeth Nascimento FCP/USP. http://www.sindipetrocaxias.org.br/sind/aposentado riaespecial/prfaelizabeth/toxicocupacionaliii.pdf Exposição ocupacional a cianetos. Cyro Hauaji Zacarias. Disponível em: http://www.intertox.com.br/documentos/v2n3/re v-v02-n03-04.pdf Artigo Primeiros Socorros com choque elétrico disponível em: http://www.webciencia.com/23_choque.htm 26 03 set 16 set 27 10 set 23 set 28 17 set 30 set Prova do Módulo 3: 10 de dezembro 2013 OBJETIVOS DA AULA 28 1. explicar o conceito de Primeiros Socorros 2. identificar as ações de Primeiros Socorros 3. descrever como agir em casos de emergência 4. explicar como se transporta o acidentado 5. explicar as finalidades dos Primeiros Socorros 6. descrever o processo de Primeiros Socorros em parada cardiorespiratória 7. identificar quando é preciso aplicar o pronto atendimento 9. descrever o perfil do Socorrista 10. explicar as etapas do processo de reanimação. 4

AULA 28: NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS 1. INTRODUÇÃO Este Guia de Estudo tem a finalidade de apresentar as informações básicas para os leigos, na aplicação de primeiros socorros a acidentado ou a pessoa acometida de mal súbito até a chegada de socorro médico especializado. Essa ação significa a diferença entre a vida ou a morte da pessoa. 2. CONCEITO DE PRIMEIROS SOCORROS Primeiros socorros são os procedimentos adotados, antes da chegada do médico, de profissional qualificado da área de saúde ou da ambulância, quando uma pessoa é vítima de acidente ou de mal súbito. Anualmente, milhares de pessoas se acidentam nas ruas, rodovias ou em casa e outros milhares são acometidos de mal súbito. Geralmente, são quedas, queimaduras, envenenamentos, cortes, choques, exigindo, na maioria das vezes, socorro imediato. É importante lembrar que, como cidadão, você é responsável por sua segurança e, muitas vezes, também pela segurança de terceiros, principalmente de crianças e idosos, os quais precisam e devem ser protegidos. 3. FINALIDADES DOS PRIMEIROS SOCORROS As finalidades dos primeiros socorros são: Preservar ou salvar uma vida; Restringir os efeitos da lesão; Promover a recuperação da vítima. O socorro à vítima consiste sempre em ações rápidas para: 1 - Reconhecer que se trata de urgência, 2 - Chamar o serviço médico. 3 - Atuar conforme o seu conhecimento. 5

4 - Assistir a vítima até que chegue o socorro médico. É comum que as pessoas se sintam incomodadas e até não gostar de socorrer uma pessoa estranha. Não se esqueça de que você, parentes ou amigos também podem ser vítimas de acidentes ou de um mal súbito. A pessoa que presta os primeiros socorros é chamada de socorrista. Ela deve agir imediatamente, transmitindo sempre segurança e confiança. Para agir rápido e transmitir segurança e confiança, o socorrista deve: Manter o controle de si mesmo e também da situação; Agir com calma e lógica; Usar as mãos delicadamente; Falar com a vítima de modo gentil; Ser objetivo. O Socorrista deve ser uma pessoa bem treinada, atualizado e sempre atento às novas técnicas criadas e tomar as seguintes atitudes: Nunca abandonar alguém em estado grave; Não deixar a vítima sentir-se abandonada; Conversar (se for o caso, com a vítima durante a execução do socorro. Explicar o que vai fazer; Tentar responder às perguntas com franqueza; Procurar mostrar que está ali para ajudar e servir; Localizar os parentes da vítima Se a vítima for criança, ganhar sua confiança. Falar da maneira mais simples possível, olhando-a sempre de frente. Jamais a separe da mãe ou do pai. Os primeiros socorros protegem o paciente contra maiores danos, pela aplicação de algumas ações, tais como: evitando a hemorrogia 6

mantendo a respiração impedindo o agravamento da lesão prevenindo o estado de choque protegendo as áreas do corpo queimadas mantendo a estrutura óssea o mais próximo de sua posição normal transportando cuidadosamente o paciente 4. AÇÕES DE PRONTO-ATENDIMENTO As ações de pronto-atendimento podem ser necessárias diante de inúmeras situações inusitadas, tais como: hemorragia, Ferimentos, Bandagem. Contusões, Estado de choque, Desmaio, Queimaduras, Parada Respiratória, Parada do coração, Envenenamento, Mordidas de cobras venenosas, Picadas de escorpião, aranha e demais aracnídeos, Mordida de animais raivosos, Picadas e ferroadas de insetos, fraturas, lesões, entorses, luxações e contusões, Distúrbios provocados pelo calor, Distúrbios provocados pelo frio, Convulsões, Perturbação mental, Ataque cardíaco, Corpos estranhos nos olhos, Dor de ouvido, Dor de dente, Parto súbito, Transporte de acidentados e Cuidados com doente em casa, entre outras situações. 5. COMO AGIR EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA 5.1. Hemorragia É a perda de sangue devido ao rompimento de um vaso sanguíneo (veia ou artéria). Toda hemorragia deve ser controlada imediatamente. A hemorragia abundante e não controlada pode causar a morte em 3 a 5 minutos. Não perca tempo! Como estancar a hemorragia Use uma compressa limpa e seca de gaze, pano ou mesmo de lenço limpo. Coloque a compressa sobre o ferimento Pressione com firmeza Use atadura, uma tira de pano, gravata ou outro recurso que tenha à mão para amarrar a compressa e mantê-la bem firme no lugar. Caso não disponha de uma compressa, feche a ferida com o dedo e comprima com a mão, de encontro ao osso, nos pontos onde a veia ou artéria são mais fáceis de encontrar. OBSERVAÇÃO Se o ferimento for nos braços ou nas pernas, sem fratura, a hemorrogia será controlada mais facilmente levantando-se a parte ferida. Se o ferimento for na perna, dobre o joelho. 7

Se o ferimento for no antebraço, dobre o cotovelo. Mas, sempre tendo o cuidado de colocar por dentro da parte dobrada, bem junto à articulação, um chumaço de pano, algodão ou papel. ATENÇÃO Em caso de hemorragia abundante em braços ou pernas, APLIQUE TORNIQUETE Os torniquetes são usados para controlar a hemorragia quando a vítima teve o braço ou a perna amputados, esmagados ou dilacerados. Em caso de hemorragia nasal, ponha o paciente sentado, com a cabeça voltada para trás, e aperte-lhe a narina durante cinco minutos. Caso a hemorragia não ceda, coloque um tampão de gaze or dentro da narina e um pano ou toalha fria sobre o nariz. Se possível, use um saco de gelo. Se a hemorragia continuar, chame o socorro médico. 5.2 Queimaduras As queimaduras são lesões causadas por calor, substâncias corrosivas, líquidos e vapores. Podem ocorrer também pelo frio intenso e por radiação, inclusive solar e elétrica. Quando apenas a pele é afetada, chamamos de queimadura superficial. Ocorrem vermelhidão, inchaço e até bolhas. Se o tecido subcutâneo é comprometido, a queimadura é profunda, ficando a pele muito vermelha ou escura, podendo, inclusive, soltar água. Considerando a profundidade, as queimaduras são classificadas em: Primeiro grau: quando a lesão é superficial. Aparecerão vermelhidão, inchaço e dor. Segundo grau: quando a ação do calor é mais intensa. Além da vermelhidão, aparecem bolhas ou umidade na região afetada. A dor é mais intensa também. Terceiro grau: há destruição da pele. Atingem gordura, músculo e até ossos. Pela destruição das terminações nervosas, ocorre pouca ou nenhuma dor. A pele apresenta-se esbranquiçada ou carbonizada. A extensão da área queimada é, muitas vezes, mais importante do que a profundidade da lesão para determinar a gravidade. É o caso de uma queimadura de primeiro grau, que, por exemplo, pode atingir uma ampla área do corpo. 8

A extensão é medida em porcentagem da área total da superfície do corpo. É a regra dos nove, que divide o corpo em áreas de aproximadamente 9%, utilizada para calcular a extensão da queimadura e decidir o tipo de tratamento. A queimadura exige sempre socorro imediato. Se a roupa estiver pegando fogo, abafe com um cobertor e mantenha a pessoa deitada. Se a roupa estiver molhada, retire-a imediatamente. O tecido mantém o calor do líquido. Retire da área queimada qualquer roupa apertada. Não se esqueça de que as queimaduras podem causar inchaços; Cubra suavemente a queimadura com um pano limpo de tecido de algodão (lençol, fronha, fralda ou lenço). Evite tecidos sintéticos. É comum ensinar o que se deve fazer. Mas, é importante também esclarecer o que não se deve fazer. Então, em caso de queimadura, NÃO se deve: Nunca passe óleo, manteiga, creme ou loção antiséptica; Não tente retirar pedaços de roupa queimada que tenham grudado na pele; Não mexa na queimadura, principalmente se a pele estiver levantando; Nunca arranque a pele; Não fure a bolha; Não passe material felpudo ou chumaço de algodão. Em caso de queimadura de sol, a pele fica avermelhada, quente, dolorida e podem aparecer bolhas. O procedimento neste caso é: Esfriar a pele com banho frio de banheira ou chuveiro; Se não tiver banheiro ou chuveiro, cubra a pessoa por dez minutos com toalhas umedecidas em água fria; Enxugue a pele delicadamente com toalha macia, felpuda ou pano. Aplique loção de calamina (Caladryl) ou outra loção refrescante. Pode ser usado talco mentolado ou compressas frias de bicarbonato de sódio (1 colher de café para cada litro de água); Mantenha a área coberta e longe do sol por vários dias, até a sensibilidade da pele voltar ao normal. Em caso de Insolação, que é a exposição direta e prolongada ao sol, o organismo sofre um distúrbio no mecanismo de controle da temperatura do corpo, e pode 9

provocar febre alta, acima de 39 graus, pulsação acelerada, enjôo e vômitos, tonturas e até desmaio. Neste caso, os primeiros socorros consistem em: Dar um banho frio de chuveiro ou banheira, ou cubra o corpo da pessoa com toalhas molhadas em água fria; Deitar o paciente em lugar fresco, arejado e à sombra; Molhar seus lábios, para aliviar a secura. Dê pequenos goles de água com sal (1 colher de sal para cada litro de água); Depois, dê bastante água ou refrigerante para hidratar; Jamais dê bebida alcoólica. Procure um médico se a pessoa desmaiar. Fique atento à respiração e à pulsação. As queimaduras por eletricidade são comuns e são graves. É muito importante você saber que, quando uma corrente elétrica atinge o corpo, podem ocorrer queimaduras. Embora os danos sejam visíveis, pode ocorrer uma seqüência de danos internos. As queimaduras por eletricidade geralmente são causadas por raio ou correntes de baixa ou alta tensão elétrica. Um choque elétrico pode causar parada cardíaca e respiratória. Nesse caso, a queimadura em si passa a não ser tão importante. Para salvar a vida da vítima, faça reanimação com a máxima urgência. Em caso de choque elétrico, desligue sem demora a força elétrica, antes de tocar na pessoa. Não seja você a próxima vítima! Se você não souber onde ou como desligar a chave geral de energia, não estando a vítima molhada, puxe-a pelas roupas até desgrudá-la da fonte que provocou o choque. Caso a pessoa esteja presa a um fio elétrico, use um cabo de vassoura para remover o fio. 5.3. Parada cardiorespiratória A parada cardiorrespiratória pode acontecer em decorrência de várias situações, como doenças cardíacas e respiratórias, engasgo, choque, afogamento, alergias e outras. A vítima pode se apresentar com ausência de respiração e pulsação, inconsciência, pele fria e pálida. Os lábios e as unhas ficam azulados. 10

Para que a vida possa ser preservada, é necessário manter um fluxo de oxigênio para o cérebro. A bomba que mantém esse suprimento é o coração. Se ele parar, é parada cardíaca, e ocorrerá a morte, a menos que se tomem medidas urgentes. Existe um aparelho chamado desfibrilador, que faz parte do equipamento de muitas ambulâncias, capaz de reabilitar as funções do coração. A manobra de atendimento da parada cardiorrespiratória é conhecida como REANIMAÇÃO. Como proceder quando encontrar a vítima? Se ela estiver de bruços e houver suspeita de fraturas, mova-a rolando o corpo todo de uma só vez, colocando-a de costas para o chão. É muito importante contar com a ajuda de duas ou três pessoas; Verifique se não há alguma coisa no interior da boca que impeça a respiração; Faça um primeiro reconhecimento do estado da vítima; Observe se a vítima ainda está consciente; Não perca tempo e chame por socorro médico imediato. Aproxime sua cabeça e o seu ouvido da boca e do nariz do paciente, ouça e sinta se há respiração. Observe se há movimento no seu peito; Verifique se há pulso. Para isso, pressione levemente com dois dedos o pescoço, logo atrás do pomo-de-adão. Ver figura abaixo: Continue insistindo no seu pedido de socorro. Nunca dê nada à vítima para beber, cheirar ou comer, na intenção de reanimá-la. Quais são os princípios básicos da reanimação? Manter as vias aéreas livres é necessário inclinar a cabeça da vítima para trás e erguer o seu queixo. A posição inclinada faz com que a língua da vítima se erga, deixando livre a passagem do ar. Ver figura a seguir: 11

Manter a respiração a vítima pode não estar respirando. Você pode respirar por ela e, conseqüentemente, oxigenar o sangue dela por meio da respiração artificial, soprando o ar de seus próprios pulmões diretamente para os da vítima. Manter a circulação se o coração estiver parado, aplique compressões cardíacas para forçar o fluxo do sangue através do coração e pelo resto do corpo. Essas compressões devem ser combinadas com a respiração artificial. MASSAGEM CARDÍACA EM ADULTOS Como proceder? Primeiro localize a borda da última costela da vítima. Deslize os dedos até atingir, no centro do tórax, uma saliência chamada apêndice xifóide; Coloque a parte mais saliente da mão a dois dedos acima do apêndice xifóide. Esse é o ponto em que deve ser aplicada a massagem. Veja figura abaixo: 12

Coloque a outra mão sobre a que ficou pousada no tórax; Com você de joelhos, mantenha os braços na posição vertical; Faça 15 compressões, uma após outra, sem violência. A cada 15 compressões, faça duas respirações artificiais, se você estiver sozinho. Caso haja outra pessoa ajudando-o, faça cinco compressões para uma respiração artificial; Mantenha as mãos sempre na mesma posição. RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL Como proceder? Abra as vias respiratórias, virando a cabeça da vítima para trás e levantandolhe o queixo; Com uma mão, feche o nariz da vítima e com outra levante o queixo dela; Respire fundo e coloque a sua boca sobre a da vítima. Assopre firmemente. Faça isso duas vezes; Observe se o peito da vítima se eleva, sinal de que o ar está indo para os pulmões; 13

Nota: o conhecimento teórico das manobras não é o suficiente para você aprender e poder aplicá-las. Por isso, é importante o treinamento. Cada dia mais empresas e serviços médicos, especialmente médicos de família, têm ensinado as manobras na prática. Mesmo assim, apenas com conhecimento teórico, tentar aplicar pelo menos a respiração boca a boca, ainda que incorreta, é melhor do que não tomar atitude alguma. 5.4. Emergências clinicas É importante saber reconhecer algumas situações que indicam a necessidade do socorrista. Os principais sinais e sintomas são: palidez, perda de consciência ou atordoamento, respiração difícil, contraturas musculares, entre outras. Vamos abordar as situações mais comuns: Desmaio É a perda momentânea da consciência. Pode ocorrer, por exemplo, por falta de alimentação, após uma doação de sangue ou quando se presencia alguém sangrando ou sofrendo. Manifesta-se com palidez, transpiração abundante, perturbação visual e pulso fraco. Como proceder? Remova a vítima para um ambiente arejado; Desaperte-lhe as roupas, deixando-a confortável; Coloque a vítima deitada de costas, com as pernas elevadas e a cabeça baixa; Se o desmaio durar mais de dois minutos, procure auxílio médico; Mantenha sempre as vias aéreas livres; Não ofereça nada para cheirar, beber ou comer. Caso a vítima volte a si, após alguns minutos, tente colocá-la sentada e depois, devagar, ajude-a a ficar em pé, sempre amparando-a até ter certeza de que voltou ao normal. Não tenha pressa de colocar a vítima de desmaio em pé após a melhora do quadro. 14

Convulsão ou epilepsia As convulsões são contrações incontroláveis dos músculos. Elas duram poucos minutos, são contrações fortes, com movimentos desordenados e, em geral, acompanhadas de perda de consciência. É comum a recuperação dos sentidos, não apresentando maiores problemas, até cinco minutos. Se persistir por tempo maior, deve-se pedir ajuda médica. Geralmente, durante a convulsão, além da contratura desordenada da musculatura, há salivação abundante e, às vezes, eliminação de fezes e urina. A queda da vítima é quase sempre desamparada, podendo ocorrer ferimentos. Como proceder? Proteja a cabeça da vítima; Afrouxe-lhe as roupas. Deixe-a debater-se livremente; Evite a mordedura da língua, colocando um lenço dobrado entre as arcadas dentárias. Nunca coloque algum objeto entre os dentes da vítima. Ela pode quebrá-los. Cuidado para não ter seus dedos mordidos com violência; Uma vez sem a convulsão, mantenha a vítima em repouso; Após a convulsão, é comum a sonolência. Deixe-a dormir; Oriente a vítima a procurar um médico. Evite comentários sobre o atendimento à vítima de convulsão, durante e após o socorro. Antes do ataque, a pessoa pode saber que vai ocorrer. É conhecido como aura. Ela pode sentir cheiro ou gosto estranho, algumas vezes, alucinações visuais ou sonoras. A vítima, muitas vezes, anuncia que a crise está para ocorrer. Choque O choque que aqui trataremos não é o choque elétrico. O tipo mais comum é o choque em decorrência de grande perda de sangue. A pessoa, após um acidente grave, apresenta um sangramento externo (visível) ou interno (invisível) e, em decorrência disso, entra em estado de choque. 15

O reconhecimento da vítima se faz por palidez, transpiração intensa, pulso acelerado ou fraco, fraqueza e respiração rápida. Como proceder? Deite a vítima no chão e mantenha-a coberta com cobertor ou qualquer outra roupa para protegê-la do frio; Chame logo por socorro médico; Ao transportá-la, deixe-a deitada no plano, no assento traseiro do carro, com as pernas o mais elevadas possível; Não dê água ou alimento. Se você estiver distante do local do socorro médico, faça uma solução de sal e água, com ½ colher (de chá) de sal em ½ copo de água, e, no caminho, vá oferecendo duas colheres (de sopa) da mistura a cada 15 minutos. O atendimento ao paciente com choque deve ser rápido e nunca pode prescindir do auxílio de um serviço médico. Infarto agudo do miocárdio (Infarto do coração) O infarto é uma lesão do músculo do coração causada pela obstrução de uma artéria coronária. As coronárias são as responsáveis pela irrigação do músculo cardíaco. Quando a artéria entope, o músculo deixa de receber oxigênio, parando de funcionar por um tempo. Ocorre morte dos tecidos no local atingido e, dependendo da extensão afetada, pode levar a pessoa à morte. Uma estimativa da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) mostra que, anualmente, cerca de 35 mil mortes por infarto seriam evitadas se os pacientes tivessem recebido os primeiros socorros. Um movimento internacional, lançado pela Associação Americana do Coração, criou o conceito de corrente de sobrevivência, com a intenção de difundir os procedimentos básicos para manter um paciente vivo até que chegue ao hospital. No Brasil, o movimento ainda é pequeno. A idéia é treinar, além dos profissionais de saúde, bombeiros, policiais e funcionários de locais de grande concentração de pessoas, como shopping centers, estádios de futebol, etc. Como reconhecer o infarto? Dor ou forte pressão no peito; 16

Dor no peito refletindo nos ombros, no braço esquerdo ou nos dois braços, no pescoço e maxilar; Suor. Há transpiração excessiva; Palidez; Sensação de morte iminente. O paciente manifesta uma ansiedade muito grande e tem a sensação de medo e morte; Síncope ou desmaio; Falta de ar; Enjôo e até vômito. Como proceder quando alguém ao seu lado apresentar esses sintomas? Chamar imediatamente uma ambulância ou levar a pessoa para um prontosocorro mais próximo. Nesse caso, o melhor médico é o médico perto; Se tiver em mãos, dar dois comprimidos de ácido acetilsalicílico (Aspirina ou AAS, por exemplo) para o paciente mastigar. Essa medicação pode desobstruir a artéria, ou seja, desmanchar o coágulo que se formou sobre a placa de aterosclerose e, portanto, preservar o músculo cardíaco; Enquanto espera a ambulância ou no percurso para o hospital, mantenha a pessoa deitada com as costas no chão. Se ela estiver com os olhos fechados, perdeu os sentidos e não está respondendo aos estímulos, pode ter sofrido uma parada cardíaca e/ou respiratória; Se ocorreu parada cardíaca e/ou respiratória, mantenha-se de joelhos ao lado dela e inicie as manobras de reanimação. O infarto do coração é também conhecido como ataque cardíaco. A vida do paciente depende da precocidade do atendimento. Acidente Vascular Cerebral (AVC) - Derrame Cerebral 17

É muito comum as pessoas se confundirem imaginando que o derrame cerebral e o infarto sejam a mesma coisa. Você já sabe que o infarto do miocárdio é um evento do coração. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma doença que acontece no cérebro. O derrame cerebral (AVC) acontece quando o sangue deixa de chegar ao cérebro, quando os vasos ficam obstruídos ou, então, quando ocorre a ruptura de um deles. No caso de entupimento do vaso, o AVC é chamado de isquêmico. Na ruptura do vaso, é o AVC hemorrágico. Este último é sempre mais grave e com mais seqüelas, levando também à maior incidência de morte. Como reconhecer o paciente com derrame? Amortecimento com fraqueza da metade direita ou esquerda do corpo, inclusive metade do rosto; Alteração da fala, que se torna enrolada, até a incapacidade de falar. As alterações da fala são mais comuns quando a paralisia ou as alterações dos movimentos ocorrem na metade direita do corpo; Dor de cabeça repentina e forte, sem uma causa aparente; Alteração da visão, podendo chegar até mesmo à cegueira; Dificuldade de andar, com tontura e, muitas vezes, queda ao solo; Boca entortada para um dos lados e baba; Pupilas desiguais; Perda do controle sobre atividade da bexiga e do intestino. Como proceder? Não hesite em chamar por ambulância ou socorro médico; Se a vítima estiver consciente, deite-a com a cabeça e os ombros ligeiramente erguidos e apoiados; Incline a cabeça para um dos lados. É importante para que possa dar saída à salivação e evitar vômito com aspiração; Se a vítima perder a consciência, fique atento para eventual parada cardíaca e/ou respiratória; 18

Em caso de parada cardíaca e/ou respiratória, proceda à reanimação. Ao atender o paciente com derrame, não lhe ofereça bebida ou alimento. 5.5. Resgate e transporte de vítimas É importante estabelecer as diferenças. O resgate é a retirada de uma pessoa de um local que lhe oferece perigo. O transporte ou a remoção da vítima é a atitude tomada após o resgate. O transporte se faz com o encaminhamento da vítima para local onde possa ser atendida com segurança e tranquilidade. O transporte traz consigo sempre o risco de agravamento da lesão. Por isso, nunca remova uma pessoa ferida a menos que esteja correndo perigo imediato ou que necessite de proteção enquanto aguarda socorro médico. Você não deve colocar em risco sua própria segurança ao remover um doente ou acidentado. Como resgatar a vítima? Depende muito de que vítima estamos falando e o que está acontecendo. Vamos ilustrar com situações comuns: Acidente com gás de cozinha Imagine o local impregnado pelo cheiro do gás. CUIDADO! Jamais tente acender a luz ou riscar um fósforo. Se na cozinha houver uma geladeira ou um freezer ligados, desligue-os imediatamente. Saiba que o mecanismo de acionamento dos motores pode emitir faíscas, e a explosão é inevitável. Assim, a providência imediata é desligar o botijão e abrir portas e janelas. Se houver vítimas, elas podem estar inconscientes ou semiconscientes. O melhor é retirá-las do local. Mas se a ventilação for boa, após as medidas descritas acima, as vítimas podem ser atendidas no mesmo lugar, com o objetivo de identificar, o mais rápido possível, a situação em que se encontram. 5.6. Incêndio Este é outro acidente urbano comum. É vital pensar rápido e com clareza. O fogo se espalha muito depressa e é preciso, imediatamente, avisar as pessoas em perigo e chamar os serviços de emergência. Um dos maiores problemas quando se chega ao local é a dificuldade em controlar o pânico. Procure tocar nas portas para verificar a temperatura. Se estiver muito quente, não abra, pois você poderá piorar o incêndio. Procure as indicações de saída de incêndio e, ao encontrá-las, oriente todos a fecharem sempre as portas atrás de si. 19

Se você estiver visitando o local pela primeira vez, siga as instruções dos funcionários do edifício que, teoricamente, já foram treinados para situações como esta. Não tente combater um incêndio, a menos que já tenha chamado um serviço de emergência. Se você ficar preso em um prédio em chamas, vá para uma sala que tenha janelas e feche a porta. Coloque um cobertor, uma toalha ou um casaco na fresta, embaixo da porta, para não entrar fumaça. Abra a janela e peça socorro. No caso de necessidade de passar por uma sala cheia de fumaça, abaixe-se bem, pois o ar ao nível do chão é mais puro. Ao resgatar uma vítima num ambiente com muita fumaça e sem fogo, como, por exemplo, uma garagem, primeiro abra bem as portas para que entre ar. Se o fogo atingir as roupas, deite rapidamente a vítima no chão e use um tecido pesado para abafar as chamas, como, por exemplo, um cobertor, uma cortina ou um tapete. Depois, deixe o lado queimado para cima. Cuidado para não usar materiais inflamáveis para abafar as chamas, como, por exemplo, náilon. Evite também usar tecido poroso. Pode acontecer, ainda, fogo em suas próprias roupas. Pior ainda se não tiver ninguém para socorrê-lo. Nesse caso, enrole-se firmemente em material já descrito e deite-se no chão. Em caso de incêndio, nunca se esqueça de acionar os alarmes instalados nos prédios. 5.7. Afogamento Os acidentes na água são, muitas vezes, até mais perigosos para o resgate que os incêndios. Aqui, há sempre o risco para quem presta socorro à vítima. Se você não é um salva-vidas profissional ou não domina bem a natação, procure uma maneira segura de resgatar a vítima. É possível permanecer fora da água, estendendo a mão para a vítima, ou oferecendo-lhe um pedaço de galho ou pau, uma corda, uma boia ou um remo. Tudo isso pode ser a única opção para trazer a vítima até a margem e salvá-la. Em caso de estar em um barco, procure levar a vítima até a margem, sem tentar resgatá-la para dentro dele. Pode ser perigoso. Não entre na água se não for absolutamente necessário. 20

O socorro pode vir de alguém que saiba nadar. Aí, nade até a vítima e só leve-a para a margem se você for treinado ou se ela estiver inconsciente. Ao tirar a vítima da água, mantenha sua cabeça mais baixa do que o peito para evitar o vômito. Observe a figura. Primeiros Socorros em caso de afogamento Ao carregar a vítima, mantenha sempre sua cabeça mais baixa que o corpo; Deite-a sobre um cobertor ou algo parecido; Verifique sua respiração e o pulso; Esteja preparado para a reanimação, em caso de parada cardíaca e/ou respiratória. Não deixe a vítima com a roupa molhada. Proteja-a contra a queda de temperatura. A morte por afogamento ocorre, geralmente, pelo espasmo da garganta, que impede a respiração, e não pelo enchimento dos pulmões de água, como se pensa. Apenas uma pequena quantidade de água penetra nos pulmões. A água que sai em grande quantidade do paciente afogado vem do estômago, e você precisa permitir que saia naturalmente. Não tente forçar a água para fora do estômago. Você pode provocar a aspiração do conteúdo gástrico para os pulmões. Independente do estado da vítima, mesmo que pareça recuperada, leve-a para um hospital. O mínimo de água que entra nos pulmões pode causar irritação com inflamação das vias respiratórias. 5.8. Fraturas, Lesões, entorses, luxações e contusões O esqueleto é a estrutura de sustentação do corpo. Nele se apoiam todos os outros tecidos. É articulado e os músculos fazem com que se mova. Estes movimentos são controlados pela vontade e coordenados por nervos específicos. 21

Os acidentes e distúrbios são muito comuns e, na sua grande maioria, de pequena gravidade. Os entorses, luxações e fraturas são muito dolorosos, e quase sempre exigem cuidados de um médico ortopedista. A fratura é a ruptura do tecido ósseo, enquanto a entorse ou distensão é uma lesão da articulação na qual os ligamentos são torcidos ou distendidos. A luxação é uma entorse mais grave. Aqui se rompem não só os ligamentos, como também se descolam os ossos da articulação. É sempre difícil o diagnóstico sem a ajuda de uma radiografia. O corpo humano é formado por mais de 200 ossos que protegem muitos órgãos internos. Existem, também, mais de 600 músculos que, juntamente com os ossos, são os responsáveis pelos movimentos do corpo. Os ossos são duros e resistentes. Mesmo assim, podem quebrar, e, quando isso acontece, tendem a lesar nervos, músculos ou outros órgãos. As articulações são o encontro de dois ossos, mantendo-se unidos por ligamentos parecido com cordões. SINTOMAS DE ENTORSES E LUXAÇÕES Inchaço local. Aumento da temperatura na região afetada. Dificuldade ou impossibilidade de mover a parte afetada. SINTOMAS DE FRATURA O paciente pode sentir a fratura ranger. Se o ferimento for muito grande, a fratura pode ficar exposta. No caso de entorse, deve o Socorrista: Tirar as roupas ou sapatos que possam comprimir a articulação afetada, o mais rápido possível; Aplicar compressas frias ou gelo para combater o inchaço; Imobilizar a junta na posição mais confortável possível; Ter cuidado para não apertar muito a faixa. Se isso ocorrer, o paciente vai queixar-se de formigamento; Se a dor começar a diminuir, estimule movimentos suaves e progressivos da articulação comprometida. Com relação às luxações, o Socorrista deve proceder da seguinte forma: Procurar manter a articulação afetada numa posição confortável; Se a luxação for de braço, procure prendê-lo junto ao corpo na posição mais confortável. É a conhecida tipóia, feita de faixas largas de ataduras. 22

Em caso de fratura, o procedimento de socorro deve ser o seguinte: Se houver fraturas expostas, cubra-as com um pano limpo e faça a imobilização do membro afetado; Mantenha o paciente aquecido, sem exageros; Procure manter o paciente tranqüilo e faça-o descansar; Evite movimentos desnecessários. Não se esqueça de que a fratura pode provocar hemorragia interna, que se agrava com o movimento; Procure um ortopedista 5.9 Acidentes rodoviários Os acidentes em rodovias podem ocorrer com carros, ônibus, motocicletas, caminhões, bicicletas e até veículos de tração animal. O maior problema nessa situação é com a segurança do local. Você tem como primeira responsabilidade buscar garantir a proteção da área para que todos fiquem fora de perigo. Ao visualizar o acidente, estacione distante do local. Cuidado ao atravessar a rodovia. Se estiver escuro, procure por uma lanterna ou carregue consigo algo que possa refletir a luz. Não se esqueça do triângulo do seu carro. Se puder, busque outros no local e sinalize a estrada. Ao chegar junto aos veículos sinistrados, procure imediatamente desligar a ignição. Se você souber ou se alguém conhecer, procure desligar também as baterias. Como o ambiente é tenso e freqüentemente surgem outras pessoas, alerte-as para não fumar. Procure manter a calma e, se houver caminhão envolvido, cuidado com cargas inflamáveis ou tóxicas. Deve ser redobrado o cuidado se houver combustível vazando e fiação elétrica exposta. Após o reconhecimento do local e dos veículos envolvidos, faça uma avaliação rápida das vítimas. Algumas podem estar conscientes e outras inconscientes. As lesões podem ser desde simples ferimentos até os mais graves e fatais. Procure remover as vítimas apenas se houver perigo iminente ou se forem necessários os primeiros socorros. 23

Em caso de vítimas inconscientes, observe a situação da cabeça e do pescoço, pois é comum fraturas. Procure sustentar sempre com suas mãos a cabeça e o pescoço e numa posição que permita a respiração livre. Se for necessário, faça um colarinho. Se você perceber a necessidade de remover a vítima, procure por ajuda, pois são necessários duas ou três pessoas para orientar os movimentos. Em caso de vítima presa debaixo de um veículo, você só terá sucesso se encontrar ajuda para remover o veículo. Procure continuar calmo e com lucidez para reportar os fatos ao socorro médico e à polícia. Informações são extremamente importantes. Até agora, tudo que já foi descrito sobre ferimentos, esmagamento, fraturas e outras situações poderá contribuir para a redução do sofrimento das vítimas e até salvar sua vida. Como transportar a vítima? É sempre importante tentar remover a vítima com ajuda. Evite removê-la sozinho e avalie a capacidade dos seus auxiliares. Ao tentar levantar a vítima, procure manter as costas retas, abaixando e dobrando os joelhos e mantendo o peso junto ao seu corpo. Se a vítima estiver consciente, use a técnica da muleta humana. Você fica ao lado lesado ou mais fraco da vítima e passa o braço da vítima em volta do seu pescoço. Seu outro braço passa ao redor da cintura da vítima, segurando no cinto ou cós da roupa. Dê passos pequenos e inicie a marcha com o pé do lado de dentro. Se for necessário o arrasto da vítima, coloque os braços dela sobre o peito. Agache-se atrás dela e segure-a pelas axilas. Agora puxe segurando os pulsos com firmeza. 24

O transporte em berço consiste em agachar atrás da vítima, passando um de seus braços em volta do tronco, acima da cintura, e o outro por baixo das coxas. A técnica do transporte longitudinal consiste em um dos socorristas agachar atrás da vítima, passar seus braços por baixo das axilas e pegar firme pelo pulso. O auxiliar agacha-se ao lado da vítima e passa seus braços por baixo das coxas, segurando as pernas. Ambos levantam vagarosamente e procuram caminhar ao mesmo tempo. É muito importante saber que as técnicas do berço, arrasto e longitudinal são as melhores para vítimas inconscientes. Para pacientes conscientes e falando, a muleta humana com um ou dois socorristas é a melhor. Para pacientes conscientes e que não falam, o arrasto, a técnica da cadeirinha e longitudinal são as mais indicadas. A técnica do berço é ideal para crianças. A técnica do arrasto pode agravar lesões na cabeça e no pescoço. 6. REFERÊNCIAS FRANGE, Manual de Primeiros Socorros, Paulo Frange, Ed do Autor 2005, SP-Brasil. CRUZ Vermelha Brasileira. Manual de Primeiros Socorros. 1975. RJ. Brasil PETROBRAS Cartilha de Primeiros Socorros ed. 1985, RJ Brasil 25