[estudo 21 1pedro 5.1-4]

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Transcrição:

O dever dos presbíteros [estudo 21 1pedro 5.1-4] Não é por acaso que Deus escolheu chamar o Seu povo de ovelhas, escreveu W. Phillip Keller. O comportamento das ovelhas e dos seres humanos é semelhante em muitos aspectos... As ovelhas exigem mais atenção e cuidado do que qualquer outra classe de animais. 404 Por exemplo, Deus criou a maioria dos animais com um instinto misterioso para encontrar o caminho de casa. Mas se uma ovelha se perder do aprisco, ela fica desorientada e não consegue encontrar o caminho de volta, como na parábola da ovelha perdida (Lc 15.3-7). Ovelhas precisam de um pastor para guiá-las, protegê-las, sustentá-las e às vezes também resgatá-las do mal. Não é de se estranhar, então, que Jesus comparou as pessoas perdidas, espiritualmente, como ovelhas sem pastor (Mt 9.36; Mc 6.34). Eles não podiam se alimentar espiritualmente e não tinham ninguém para liderá-los e protegê-los (cf. Is 53.6). Pedro estava preocupado com o comportamento da liderança e da igreja diante do fogo ardente das perseguições (4.12). Desta forma, ele estabelece a forma como cada um deve se comportar na igreja, principalmente, em meio às lutas. Pedro sabia que uma igreja sobe ou desce devido à qualidade de sua liderança. Contudo, nenhum líder pode administrar sem apoio dos seguidores. E, mesmo com líderes fortes e seguidores comprometidos com a obra, o pecado e o orgulho, muitas vezes, ficam no caminho e provocam graves problemas. Com esses fatores em mente, Pedro nos dá uma prescrição de uma igreja genuinamente saudável. Diante disto, ele aponta a exigência, a responsabilidade e a recompensa em apascentar o rebanho de Deus. I. A exigência - rogo, pois, aos presbíteros Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade (1Pedro 5.1-2). Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo... (v. 1) A palavra rogo (parakaleo) significa literalmente chamar ao lado ou no sentido geral, 404 W. Phillip Keller. A Shepherd Looks at Psalm 23 [Grand Rapids: Zondervan, 1979], 20 21). 169

incentivar ou obrigar alguém em uma determinada direção. O substantivo correspondente é frequentemente associado com o ministério do Espírito Santo (cf. Jo 14.16-17, 26, 15.26, 16.7). 405 Aqui Pedro dirige o apelo aos Presbíteros, que são líderes da igreja. Rogo, pois, aos presbíteros... eu, presbítero como eles... (v. 1) A palavra Presbítero enfatiza a maturidade espiritual. Há três termos do Novo Testamento usados como sinônimos para se referir a esses homens: Anciãos (presbuterion, cf. 1Tm 5.19; 2Jo 1, 3Jo 1). Bispo (episkopos, cf. 2.25; Fp 1.1; 1Tm 3.2, Tt 1.7) e Pastor (poimēn, cf. Ef 4.11; At 20.17, 28; Tt 1.5, 7). Ancião enfatiza a maturidade espiritual necessária para tal ministério. Bispo afirma a responsabilidade de supervisionar a igreja. Pastor expressa o dever prioritário de alimentar ou ensinar a verdade da Palavra de Deus. É interessante observar que no Novo Testamento, o termo Presbítero é sempre utilizado no plural (Presbíteros, Bispos e Pastores). Em Atos, segundo o relatório de Paulo e Barnabé, havia Presbíteros em cada igreja (At 14.23). Mais adiante, Paulo chamou os Presbíteros da Igreja de Éfeso para se despedir (At 20.17). Em sua carta a Tito, Paulo lembra que havia designado a Tito a responsabilidade de estabelecer Presbíteros em cada cidade (Tt 1.5). Assim, em cada igreja havia um pluralidade de presbíteros ou pastores. 406 Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo... (v. 1) Pedro havia sido uma testemunha dos sofrimentos de Cristo e também um participante da glória que está para ser revelada. Pedro testemunhou os sofrimentos de Cristo durante o Seu ministério terreno, inclusive sua agonia no jardim, Sua prisão e maus-tratos em Seu julgamento. Ele viu as cicatrizes nas mãos do Salvador ressuscitado. Ele testemunhou, pessoalmente, os sofrimentos de Cristo.... e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada (v. 1) Além disso, Pedro teve um vislumbre da glória futura do Salvador no Monte da Transfiguração (Mt 17). Ele escreveu de suas próprias experiências com Jesus Cristo. Ele foi uma testemunha (5.1). A testemunha (martus, em grego) relata o que viu e ouviu. Nós temos um testemunho apostólico registrado no Novo Testamento sob a inspiração do Espírito Santo. Deste modo, um Presbítero que deseja pastorear o rebanho conscientemente deve ser um estudante do testemunho apostólico na Escritura, especialmente no que se 405 MacArthur, J. F., Jr. (2004). 1 Peter. MacArthur New Testament Commentary (p. 263). 406 Um uso singular da palavra em referência aos líderes da igreja ocorre somente em tais casos, como quando o apóstolo João chama-se o mais velho (2Jo 1, 3Jo 1) ou Pedro que se autodenomina um Presbítero velho companheiro, e quando a instrução é dada sobre uma acusação contra um Presbítero específico (1Tm 5.1, 19). 170

refere à cruz ( os sofrimentos do Cristo ) e a vinda do reino de Cristo ( a glória que há de ser revelada ). A cruz é o centro da vida cristã e um Presbítero deve viver pela cruz e ser capaz de ajudar os outros a fazê-lo. Um presbítero deve ser um homem que caminha em estreita colaboração com o Senhor Jesus. II. A responsabilidade pastorear o rebanho de Deus (5.2-3). pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente... (v. 2) A ordem, Pastoreai o rebanho de Deus, traz a mente uma imagem bíblica do Antigo Testamento, onde Deus é o Pastor e Seus filhos o Seu rebanho (Sl 23; Sl 100.3; Is 40.11; Ez 34.1-24.). Ele nomeou copastores para cuidar do Seu rebanho. pastoreai o rebanho de Deus... (v. 2) Pedro adverte aos Presbíteros sobre a responsabilidade de pastorear o rebanho de Deus. Observe que não é o seu próprio rebanho, mas o rebanho de Deus. O Senhor Jesus Cristo veio a Terra para redimir a Sua Igreja (cf. Jo 10.11; Ef 5.25-27b). Cristo adquiriu esse rebanho com o Seu próprio sangue (1.18-19; At 20.28), o que demonstra o valor da igreja. O termo pastorear (poimnion, em grego) é um diminutivo, um termo carinhoso, ressaltando ainda mais a preciosidade da igreja (cf. Jo 10.1-5). 407 Pastorear significa levar o povo de Deus aos caminhos de Deus. A ovelha não pode ser conduzida como o gado. Elas devem ser conduzidas pelo exemplo (5.3). Pastorear o rebanho significa conduzir as ovelhas ao aprisco da Palavra de Deus, onde elas podem se alimentar. O pastor trata dos feridos e disciplina as ovelhas que causam problemas. Além disso, o pastor vai atrás das desviadas e as conduz de volta ao redil. O pastor está sempre alerta para proteger o rebanho dos inimigos. Muitas vezes, esse trabalho envolve grande sacrifício e muito esforço. O exemplo supremo é Jesus, que deu a Sua própria vida por Suas ovelhas. O fato de que o rebanho é de Deus lembra aos pastores que eles não são os donos e que eles devem prestar contas ao proprietário. A chave para pastorear o rebanho de Deus de forma adequada é ter uma atitude correta. Pedro descreve aqui essa atitude com uma série de três contrastes: O que não fazer O que fazer Não por constrangimento (v. 2) Mas espontaneamente (v. 2) Nem por sórdida ganância (v. 2) Mas de boa vontade (v. 2) Nem como dominadores (v. 3) Sendo modelos do rebanho (v. 3) 407 MacArthur, J. F., Jr. (2004). 1 Peter. MacArthur New Testament Commentary (p. 267). 171

A. Não por constrangimento, mas espontaneamente (5.2). Paulo diz que um líder deve aspirar ao cargo (1Tm 3.1). Servir como um pastor não é uma questão de ambição, mas sim do chamado de Deus, como pode ser visto na frase, como Deus quer (v. 2). Um Presbítero deve servir de bom grado, porque Deus o chamou para a tarefa, não com tristeza, porque ele foi forçado a isso. O ponto óbvio é que o Pastor deve ser diligente em vez de preguiçoso, um coração motivado ao invés de forçado e ser fiel e apaixonado por seu dever privilegiado ao invés de indiferente. 408 B. Não por sórdida ganância, mas de boa vontade (5.2) Pastores verdadeiros nunca utilizarão o ministério para roubar o dinheiro das ovelhas. Tal comportamento desprezível é típico de falsos pastores, os charlatões e hereges que se mascaram como servos de Deus, para tornar-se rico e suas vítimas indigentes (Is 56.11; Jr 6.13, 8.10; Mq 3.11). 409 Em sua segunda carta, Pedro caracteriza os falsos mestres em linguagem clara: também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme (2Pe 2.3). Entretanto, Paulo ensinou que Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino (1Tm 5.17). Os Presbíteros que trabalham na pregação e no ensino não devem ser apenas respeitados, eles também devem receber pelo trabalho (1Tm 5.18). Em virtude de seu compromisso de tempo integral, tais anciãos geralmente assumem o papel de líder entre os líderes em uma igreja local (Pastor/docente). Mas eles compartilham a tarefa de pastorear ou supervisionar com os outros homens qualificados para o trabalho. O desejo de ganhar dinheiro sem merecer nunca deve motivar o serviço dos ministros (1Tm 3.3; 6.9-11; 2Tm 2.4; Tt 1.7; 2Pe 2.3). Pelo contrário, eles devem servir a Deus de boa vontade (prothumōs, em grego) por sua vontade, livremente e ansiosamente. Por causa da alta vocação e privilégio (cf. 1Tm 1.12-17). Como Paulo disse aos coríntios: Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma. Se mais vos amo, serei menos amado? (2Co 12.15). Verdadeiros líderes se alegram pelo privilégio de servir a igreja. C. Não como dominadores, mas como exemplos (5.3). Alguns vão para o ministério porque gostam do poder ou status da liderança. A palavra traduzida dominadores (katakyrieuontes, em grego) 408 MacArthur, J. F., Jr. (2004). 1 Peter. MacArthur New Testament Commentary (p. 268). 409 MacArthur, J. F., Jr. (2004). 1 Peter. MacArthur New Testament Commentary (p. 269). 172

inclui a ideia de uma pessoa forte sobre aquele que é fraco (cf. Mt 20.25; Mc 10.42, At 19.16). Ezequiel advertiu os falsos pastores: A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e se tornaram pasto para todas as feras do campo (Ez 34.4 5). Os líderes devem ser exemplos a serem seguidos (typoi, em grego) traz a ideia de algo que é utilizado como modelo. Os líderes devem conduzir o povo de Deus pelo exemplo de caráter cristão maduro. 410 Assim, a exigência para pastorear a igreja de Deus é um relacionamento íntimo com Cristo e uma atitude correta para com rebanho: liderar espontaneamente (v. 2); de boa vontade (v. 2) e sendo modelos (v. 3) III. A recompensa a coroa da glória Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória (1Pedro 5.4). As recompensas pelo trabalho somente virão quando o Supremo Pastor retornar. O fato de Jesus Cristo ser o Supremo Pastor (archipoimen, o pastor chefe) novamente relembra que os líderes da igreja são apenas copastores, responsáveis perante o Chefe. A palavra manifestar (phaneroo, em grego) significa, literalmente, tornar manifesto ou visível. Hoje, os líderes não podem ver o Supremo Pastor, embora Ele esteja presente. Mas logo Ele se tornará visível, quando Ele voltar em poder e glória, para pastorear as nações com vara de ferro (Ap 2.27; 12.5, 19.15). Assim, a motivação de todo líder na igreja nunca deve ser a de receber o louvor dos homens, mas apenas o desejo de ouvir sobre esse grande dia, Muito bem, servo bom e fiel! Em seguida, compartilhar de Sua glória!... recebereis a imarcescível coroa da glória (v. 4) Ao contrário das recompensas terrenas que se desvanecem, a coroa que os líderes receberão vai durar para sempre. Havia vários tipos de coroas naqueles dias. A palavra coroa (stephanos, em grego) refere-se a uma guirlanda de vitória, o prêmio nos jogos gregos, tecida de hera, salsa, murta, azeitona ou carvalho. Porém, a coroa dos crentes é imarcescível e não pode murchar. 411 A coroa do pastor fiel é uma coroa de glória, uma recompensa perfeita para uma herança que nunca irá desaparecer (1Pe 1.4). 412 Tem a ver 410 Raymer, R. M. (1985). 1 Peter. (J. F. Walvoord & R. B. Zuck, Orgs.)The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 2, p. 856). Wheaton, IL: Victor Books. 411 Jamieson, R., Fausset, A. R., & Brown, D. (1997). Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible (1Pe 5.4). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc. 412 Wiersbe, W. W. (1996). The Bible exposition commentary (1Pe 5.4). Wheaton, IL: Victor Books. 173

não com a autoridade para governar, mas com a honra divinamente conferida (1Pe 1.7). O significado é que a glória que os crentes vão receber não passa como a glória das flores e das realizações humanas (1.24). Nada pode tirar o esplendor da coroa, pois ela não está sujeita a qualquer força que domina este mundo. 413 Conclusão: O escritor e pastor John Sittema no seu livro Coração de Pastor, acertadamente nos diz que Os presbíteros são homens de Deus que recebem dele responsabilidades pesadas e até assustadoras. Deus os chama para dar uma expressão humana ao coração, aos olhos e às mãos do Bom Pastor, Jesus, no seu cuidado diário do rebanho. 414 Em outras palavras, o Presbítero tem a função de demonstrar com a sua vida a maneira como o Senhor Jesus cuidaria de suas ovelhas se estivesse encarnado entre nós. Apascentar o rebanho é uma tarefa muito séria. Tiago estava plenamente consciente desta responsabilidade quando escreveu a seguinte advertência: Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo (Tg 3.1; Ez 3.17-19, 33.7-9; At 20.26-27; 2Tm 4.1-2; Hb 13.17). Tiago não estava tentando desencorajar os pastores realmente qualificados e dispostos, mas lembrando aos gananciosos e corruptos dos elevados padrões de Deus e da recompensa ( sentença ) que receberão diante do tribunal de Cristo (cf. 1Co 3.9-15; 4.3-5, 2Co 5.9-11). Destarte, copastores de Cristo enfrentam uma tarefa difícil, mas a supervisão fiel traz recompensa eterna na forma de um serviço maior e alegria no céu diante da presença do Senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor (Mt 25.23). 413 MUELLER. Ênio R. 1Pedro, Introdução e comentário. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1988, p. 258. 414 SITTEMA, John, Coração de pastor. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, prefácio. 174