WI: CORRELAÇÃO ENTRE METODOLOGIAS. O CASO PRÁTICO DA USINA DO SOSSEGO

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Transcrição:

WI: CORRELAÇÃO ENTRE METODOLOGIAS. O CASO PRÁTICO DA USINA DO SOSSEGO A. M. Imbelloni 1, A. J. B. Macêdo 1, L. C. R. Machado 2 1 Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente/Universidade Federal do Pará Folha 17, Quadra 04, Lote Especial. Nova Marabá. Marabá/PA. CEP 68.505-080 Tel. 94 2101 5900, fax 94 2101 5901. e-mail: alaineimbeloni7@gmail.com 2 VALE, Diretoria de Cobre, Garoy Mina do Sossego, Canaã dos Carajás, PA, 68537-000. e-mail: luis.machado@vale.com O Work Índex (WI) representa a resistência do minério à moagem e possibilita o cálculo da energia necessária para a moagem do minério. No entanto, a metodologia clássica de determinação é demorada e trabalhosa. Por isso, as usinas de beneficiamento têm utilizado ensaios simplificados para atender as suas necessidades. Nesse contexto, é importante que exista uma correlação entre o WI de Bond, através de ensaios que seguem normas de padronização, com o WI dos testes feitos numa Usina de beneficiamento. A idéia deste trabalho consistiu em comparar os valores de Work Índex encontrados pela metodologia de Bond, a partir de ensaios feitos na Universidade Federal do Pará, com os valores de Work índex obtidos no moinho de Torque, feitos pelo Laboratório de Processo da Usina do Sossego (VALE S/A, localizada em Canaã dos Carajás- PA). Ambas as metodologias trabalharam com amostras de minério de cobre correspondentes, coletadas na alimentação do moinho SAG, representando a alimentação da Usina nos meses de Outubro e Novembro, de 2009, e Janeiro, de 2010. De acordo com a metodologia de Bond, as amostras apresentaram valores de WI entre 18 e 21. Já com a metodologia de Torque, os valores de Work Índex variaram entre 13 e 17. Verificou-se uma correlação linear fraca entre os valores de WI das metodologias utilizadas, apresentando correlação igual a -0,29. No entanto, os resultados de WI de Bond apresentaram forte correlação com o valor do WI operacional da Usina, correlação igual a 0,95. Deste modo, a metodologia no moinho de Torque não se mostrou acurada, no entanto é promissora, necessitando apenas ser revista alguma etapa do ensaio, por se tratar de uma metodologia em desenvolvimento. PALAVRAS-CHAVE: Work índex, Moagem, Metodologia, Energia específica, Correlação linear. 473

1. INTRODUÇÃO A cominuição ou fragmentação é uma etapa muito importante no processamento da maioria dos minerais e divide-se em duas classes distintas: britagem, que é a cominuição inicial, e moagem, que é o último estágio do processo de fragmentação, que visa a obtenção de produtos com granulometria inferior a 10 milímetros (Dutra, 2008). Segundo Beraldo (1987), a cominuição envolve forças de compressão, impacto e atrito e é realizada no beneficiamento de minérios com objetivo de liberar as espécies minerais, visando às operações de concentração subseqüentes, com teores adequados e uma taxa de recuperação razoável do mineral. Os equipamentos mais usados são os moinhos tubulares rotativos (bolas e barras), vibratórios, de rolos e de impacto. A moagem é a área da fragmentação que requer maiores investimentos, maior gasto de energia e é considerada uma operação importante para o bom desempenho de uma instalação de tratamento (Pereira, 2004). Por isso, entre outros, a determinação do Índice de Trabalho (WI) é de extrema importância para o dimensionamento e otimização de circuitos de moagem de minério. O Índice de Trabalho para moinho de bolas representa a resistência do minério à moagem e possibilita o cálculo da energia necessária para se moer o minério. Os Experimentos de Bond são longos e trabalhosos, por isso têm sido utilizados métodos mais rápidos que possam atender a dinâmica de uma usina, fornecendo resultados satisfatórios, garantindo uma estimativa de WI de forma mais rápida e reprodutiva, possibilitando ações de correção e ajuste do cenário de operação de uma planta de beneficiamento, que podem resultar em ganhos de qualidade e operacionalidade. O objetivo deste trabalho foi realizar os ensaios de Work Índex (WI) propostos por Bond, com amostra de minério de cobre, e comparar e correlacionar os resultados dos ensaios com os dos experimentos feitos em moinho de Torque e com os valores de WI operacional da Usina de Beneficiamento de minério de Cobre do Sossego. 2. CONSUMO DE POTENCIA NA MOAGEM: LEIS DA COMINUÍÇÃO A importância da operação de fragmentação é o fato de que a maior parte da energia gasta no processamento de minérios é absorvida pela fragmentação (Luz et all,2004). Os processos industriais de fragmentação de partículas apresentam baixa eficiência com relação à energia aplicada. As leis da cominuição são leis empíricas que relacionam o trabalho elementar necessário para fragmentar a unidade de massa do sólido com uma variação de tamanho ou diâmetro médio das partículas. A Lei de Rittinger ou primeira lei da cominuição, enunciada em 1867, se baseia nas hipóteses das superfícies das partículas, enquanto que a lei de Kick, de 1885, se baseia numa hipótese volumétrica. Já a Teoria de Bond, do ano de 1952, se baseia no tamanho das partículas. Fred C. Bond postulou uma lei empírica, propondo que a energia consumida para reduzir o tamanho de um material é inversamente proporcional à raiz quadrada do tamanho. Bond definiu como tamanho, a abertura da peneira pela qual passa 80% do material. A terceira lei é uma expressão matemática da Lei de Bond, mostrada na Equação 01 (Wills, 2007): 474

(01) Em que: E: energia em kwh para moer uma tonelada curta de minério; WI: Índice de Trabalho (Work índex); A 80 e P 80 - aberturas da peneira pelas quais passam 80% da massa da alimentação e do produto, respectivamente, ( Para Galery (2006), A lei de Bond conduz a estimativas mais realistas e é capaz de prever o consumo de equipamentos que ainda não foram instalados. Baseado em dados em Escala de Planta, é possível obter o mesmo índice equivalente, através da Equação 02: (02) Onde: WI Op : Work índex operacional; E: Consumo médio de energia em kwh; Segundo Chaves e Peres (2006), a lei de Bond tem grande aplicação na moagem de minérios. No entanto, a equação de Bond deve considerar fatores de correção em seu cálculo de potência, os quais são calculados a partir dos desvios das condições específicas em que a equação foi desenvolvida. 3. METODOLOGIAS PARA A DETERMINAÇÃO O ÍNDICE DE TRABALHO DE BOND A metodologia para o teste completo de Bond adotada é descrita na norma NBR 11376. O minério de cobre utilizado para os testes foram amostras da alimentação da usina do Sossego (Vale S/A, Canaã dos Carajás, PA), que foi devidamente amostrado e teve o WI avaliado segundo procedimentos operacionais da Gerência de Processo do Sossego. 3.1.Método de Bond O moinho de Bond é um moinho de bolas padronizado que trabalha em circuito fechado, a seco, regulado para uma velocidade de rotação de 70 RPM. A carga moedora é constituída de 285 bolas de aço com faixa de tamanho padrão (43 bolas/36,5mm; 67 bolas/30,2 mm; 10 bolas/25,4mm; 71 bolas/19,1mm; 94 bolas/15,9mm), com aproximadamente 20, 13 Kg. A amostra de 20 kg de minério foi britada abaixo de 3,36mm passando por secagem em estufa. Em seguida, a amostra global foi homogeneizada e a densidade aparente do minério foi medida em triplicata, e a massa correspondente a 700 mililitros determinada. Essa foi a massa de alimentação inicial do teste (M). 475

Depois, a distribuição granulométrica da alimentação foi definida em peneiras da série Tyler, no intervalo de 1420 a 150 µm. O valor do A 80 foi determinado, e o valor de Mar, definido como a massa de alimentação a ser acrescentada quando em regime, calculada por M/3,5. Este valor corresponde a uma carga circulante de 250%. A abertura da peneira-teste (Am) escolhida foi igual a 150 µm. A massa passante na abertura da malha-teste foi determinada correspondendo ao passante do primeiro ciclo, denominado de Ma 1. O moinho de Bond foi carregado com a carga de bolas padrão, e com a massa de minério (M). O moinho foi descarregado e a massa retida na malha teste (Mr i ) foi determinada por peneiramento. A massa passante na malha teste (Mp i ) foi determinada por diferença: Mp i =Mt i -Mr i. Esta é a alimentação nova a ser acrescentada ao retido do primeiro ciclo, em preparação para o ciclo seguinte. A fração da alimentação que já se encontrava com granulometria abaixo da abertura da malha teste (Ma i ), foi descontada do passante na malha teste, presente no produto de moagem (Mp). Assim foi determinado o Passante líquido do produto. A Moabilidade é um índice que representa a massa de material gerado por número de revoluções do moinho. O equilíbrio fica evidenciado quando a variação do valor da Moabilidade começa a ser desprezível em relação aos ciclos anteriores. Foram realizados vários ciclos, cerca de 9 ciclos por teste, para se chegar ao equilíbrio do sistema. Durante o primeiro ciclo de moagem o número de rotações do moinho foi pré-definido em 150 rotações. No entanto, para os ciclos seguintes o número de rotações do moinho foi definido a partir da Equação 03: (03) Onde: Nr i+1 =Número de rotações para o próximo ciclo; Aar= Quantidade de incremento para se ter uma carga circulante de 250%; Ma i+1 = Quantidade de passante na malha teste do próximo ciclo (g); Mob i = Moabilidade do ciclo anterior. Para cada novo ciclo foi feito a recomposição da alimentação. Esse procedimento é feito para que a massa da alimentação do moinho seja sempre a mesma em todos os ciclos. Quando em regime, o P 80 foi calculado realizando-se a análise granulométrica do produto da moagem. O valor do WI é calculado, utilizando-se a Equação 04: (04) 476

Em que: WI índice de trabalho para moagem (kwh/t); Am abertura da malha de classificação do ensaio ( Mob média dos três últimos valores do índice de moabilidade no estado de equilíbrio; A 80 e P 80 - aberturas da peneira pelas quais passam 80% da massa da alimentação e do produto, respectivamente, ( 1,1 fator de conversão de tonelada curta para tonelada métrica. Conhecendo-se o índice de trabalho, pode-se calcular a energia necessária para moer 1 tonelada de material, aplicando-se a Equação 05: (05) Onde: E: energia necessária para a moagem, em kwh/t; 3.2.Método do Moinho de Torque A metodologia de Torque foi desenvolvida pela equipe de Processo da Usina do Sossego, na busca de se desenvolver uma metodologia rápida para a determinação do Work Índex. O moinho de Torque trabalha em circuito aberto, via úmido. Sua carga moedora consiste de 185 bolas de diferentes diâmetros (42,7 mm = 14 bolas; 33,8 mm = 37 bolas; 25,5 mm = 47 bolas; 19,5 mm = 87 bolas). A amostra global de minério foi britada abaixo de 2 mm e homogeneizada. A massa de alimentação inicial do teste (M) é igual a 2 kg. A análise granulométrica da alimentação foi determinada, calculando-se o A 80. A amostra foi diluída em 0,857 litros de água para perfazer 70% de sólidos. O moinho foi carregado com a polpa e as bolas. No software do moinho de torque, foi inserida a identificação da amostra e o tempo de teste definido em 12,5 minutos. O tempo de moagem foi definido experimentalmente. Depois da moagem, a polpa foi descarregada no recipiente de coleta e procedeu-se a análise granulométrica do produto, calculando-se o P 80 e verificando-se a porcentagem de sólidos. Por fim, o WI foi calculado. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES As amostras de minério de cobre utilizadas nos testes foram coletadas na alimentação do moinho SAG (Semi-autógeno) da usina do Sossego. Essas amostras representam a alimentação dos meses de Outubro e Novembro, de 2009, e Janeiro, de 2010. 477

A amostragem foi feita mensalmente pela equipe do laboratório de Processo da Usina. Cada amostra foi dividida em duas frações: uma para os ensaios no moinho de Bond, e a outra para os testes no moinho de Torque. A amostragem é feita para avaliar o WI de cada mês, uma vez que o tipo de minério que alimenta a usina varia de acordo com a variação geológica do corpo mineral. Essa variação do minério justifica também os diferentes valores de WI apresentados para cada amostra de minério. Foram feitos três testes de WI, com duplicata. O total de teste foi definido levando-se em consideração o tempo para a execução dos experimentos (3 meses) e a disponibilidade de amostras no tempo disponível. O primeiro e o segundo ensaio de Bond utilizaram amostras correspondentes aos meses de Outubro e Novembro, de 2009,respectivamente, enquanto que o terceiro ensaio utilizou a amostra correspondente ao mês de Janeiro, de 2010. A Tabela I mostra os resultados obtidos nos testes de WI. Tabela I- Apresentação dos resultados dos ensaios de Bond. Resultados Mob.(g/rotação) A 80 (µm) P 80 (µm) WI (kwh/t) E (kwh) Outubro/09 1,52 812,35 133,23 21,37 13,92 Novembro/09 1,57 991,69 120,51 18,05 10,71 Janeiro/10 1,36 970,09 104,19 18,29 13,98 As três amostras utilizadas nos testes de Bond e de Torque apresentaram diferentes faixas granulométricas e diferentes geologias, o que pode justificar os diferentes valores de WI para cada mês analisado. Não houve amostragem no mês de Dezembro de 2009, por isso não houve análise referente a este mês. A Figura 01 mostra uma comparação entre as três curvas granulométricas da alimentação dos testes de Bond. Figura 01 - Comparação das três curvas granulométricas da alimentação, representantes dos meses outubro, novembro e janeiro. 478

Os Resultados obtidos utilizando-se a metodologia do Moinho de Torque serão mostrados no tópico de Verificação da correlação entre as duas metodologias consideradas. 5. VERIFICAÇÃO DA CORRELAÇÃO LINEAR ENTRE OS VALORES DE WI A correlação entre os valores de WI obtidos por diferentes metodologias e a correlação entre WI operacional da usina com cada metodologia é demonstrada na Tabela II. Tabela II - Correlação entre os valores de WI. Data Correlação entre valores de WI WI OP WI BOND Outubro/09 15,31 21,37 Novembro/09 11,63 18,05 Janeiro/2010 13,05 18,28 WI TORQUE WI BOND Outubro/09 13,78 21,37 Novembro/09 13,09 18,05 Janeiro/2010 17,2 18,28 WI OP WI TORQUE Outubro/09 15,31 13,78 Novembro/09 11,63 13,09 Janeiro/2010 13,05 17,2 Correlação Linear 0,95-0,29 0,03 Interpretação Correlação Forte Correlação Moderada a Fraca. Correlação Fraca A Tabela II mostra que existe forte correlação linear entre os valores de WI de Bond e WI Operacional da usina. Os três testes de WI foram feitos com duplicata e foi calculado o coeficiente de variação entra os testes e suas respectivas duplicatas, como o mostrado na Tabela III. Tabela III - Coeficientes de variação entre os testes de WI e suas duplicatas. Mês WI BOND Média Coeficiente de Variação Outubro 20,85 21,38 3,47 21,90 Novembro 17.91 18,05 1,18 18,20 Janeiro 18,74 18,29 3,52 17,83 479

6. CONCLUSÃO O ensaio para determinação do Work Índex de Bond é um teste padronizado, laborioso e segue muitas etapas. No entanto, é o método mais utilizado para dimensionamento e otimização de processos de moagem. A metodologia de Bond é bem mais complexa e demorada, enquanto que a metodologia do moinho de Torque é um método simplificado que busca alcançar valores de WI de maneira que se molde à rotina operacional de um laboratório de processo. As diferenças nos procedimentos de cada metodologia causam variações no valor do Work Índex, como mostrado na análise de correlação entre os valores de WI das metodologias de Bond e de Torque. Assim, os valores de WI de Bond apresentaram forte correlação linear com o WI operacional da Usina do Sossego, o que reforça a consistência do método de Bond e boa amostragem da Usina. Não existiu correlação linear entre os valores de WI para as metodologias de Bond e de Torque, como o observado neste estudo. Entretanto, a metodologia com o moinho de Torque pode ser promissora, bastando ajustes nos procedimentos experimentais para se obter uma melhor correlação entre os valores de WI de Bond e WI de Torque. Com uma maior quantidade de dados, todavia, as conclusões serão mais consistentes e tornará possível verificar se existe uma tendência dos valores de WI (de cada metodologia) aumentarem ou diminuírem a correlação, de acordo com ajustes na metodologia de Torque. 7. REFERÊNCIAS Associação Brasileira de Normas Técnicas. Moinho de Bolas. Determinação do Índice de Trabalho: NBR 11376. Rio de Janeiro, 1990. BERALDO, J.L., Moagem de Minérios em Moinhos Tubulares. 1 ed. São Paulo: Edgar Blϋcher, 1987, p. 1-47. CHAVES, A. P.; PERES, A. E. C. Teoria e Prática do Tratamento de Minérios Britagem, Peneiramento e Moagem. 3ª Ed. Volume 3. São Paulo: Signus Editora, 2006. DUTRA, R.; Beneficiamento de Minerais Industriais. II Encontro de Engenharia e Tecnologia dos Campos Gerais, 2008. GALERY, R. Fragmentação de Minérios: Primeira Parte. Notas de Aula. Universidade Federal de Minas Gerais: DEMIN, 2006. LUZ, A. B.;.; ALMEIDA, S. L. M. FIGUEIRA, H.V.O.; Tratamento de Minérios. 4ª Ed. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2004. PEREIRA, P. E. C., Comparação entre Diferentes Testes de Moagem SAG para Determinação da Energia Unitária para a Cominuição de Minérios Sulfetados de Cobre. UFMG, Belo Horizonte, 2004. WILLS, B. A., Mineral Processing Technology: Na introduction to the practical aspects of ore treatment and mineral recovery. 7 ed., The University of Queensland, Austrália, 2007. 480