A FOTOGRAFIA AÉREA NO AUXÍLIO AO APRENDIZADO DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL DOUTOR NAPOLEÃO SALLES: UMA APROXIMAÇÃO TEÓRICA À PRÁTICA DO ENSINO DE GEOGRAFIA MICHELE FERNANDA MARCELINO RENZO Aluna e Bolsista do projeto de extensão Fotografia Aérea com Pipa: Uma prática lúdica e interdisciplinar na construção do conhecimento do curso de Geografia Licenciatura - UNIFAL/MG mishelly_geo@hotmail.com EVÂNIO DOS SANTOS BRANQUINHO Professor Adjunto II ICN-UNIFAL/MG esbranquinho@uol.com.br Palavras-chave: Geografia, Ensino; Fotografia Aérea com Pipa; Cidade; Urbano. Introdução Este trabalho tem como referência a experiência da aplicação do projeto de extensão intitulado: Fotografia Aérea com Pipa: uma prática lúdica e interdisciplinar na construção do conhecimento, coordenado pelo professor Evânio S. Branquinho. Projeto que foi aplicado no ano passado e está sendo reaplicado no primeiro e segundo semestres de 2012, na Escola Estadual Doutor Napoleão Salles, localizada na periferia da cidade de Alfenas, sul de Minas Gerais, com alunos do segundo ano do ensino médio. Outro aspecto deste trabalho envolve a análise do livro didático de geografia adotado pela escola, especificamente ao conteúdo da produção do espaço urbano. O ato de ensino-aprendizagem sem dúvida é desafiante, principalmente o papel do professor que tem por objetivo ensinar a aprender e para isso deve dispor de criatividade, de forma a estimular o interesse do aluno. Uma grande preocupação no ensino da Geografia, principalmente no caso da experiência vivida neste projeto com alunos do ensino médio é como a compreensão 1
do conteúdo possa ir além do teórico, ou seja, torná-los capazes de reconhecer processos geográficos no seu cotidiano, nas suas experiências vividas. Isso nos faz refletir como podemos promover um aprendizado, se muitos encontram a dificuldade de correlacionar o teórico com o prático, daí vem outras questões: estamos promovendo ensino ou apenas a memorização? O que estamos fazendo de errado? Esse projeto procura mostrar como podemos ensinar e aprender Geografia, principalmente como professores e futuros professores, devemos pensar que o ato de ensinar-aprender não é feito apenas com teorias, é preciso ter as bases, mas devemos colocá-las em prática e o ensino lúdico como uma forma de espacializar o conhecimento é um caminho possível. A Fotografia Aérea com Pipa (FAP) é uma técnica que possibilita o registro de imagens aéreas em baixa altitude, variando em altura entre alguns metros a algumas centenas de metros, presa à linha uma câmera, que é erguida pela pipa. A FAP entra no contexto escolar com um instrumento lúdico de aprendizado. Objetivos Estudar como se dá interação entre os conteúdos propostos pelo livro didático e pelos os do projeto de extensão. Procurar promover a integração do projeto de extensão com o conteúdo programado do livro didático de geografia, especificadamente sobre o fenômeno das cidades e da urbanização. Construir um conhecimento de forma lúdica deste conteúdo geográfico através do uso da FAP e possibilitar aos alunos uma prática vivenciada. Como também abrir os horizontes dos professores de geografia de como trabalhar a geografia de forma teórica e prática. Fundamentação teórica A princípio este trabalho buscou sua fundamentação teórica nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), para os quais a Geografia não deve ser vista como uma disciplina meramente descritiva e empírica, onde os dados sobre a natureza, a economia e a população são apresentados de forma linear. Cavalcanti (2008) coloca bem o papel da Geografia, dizendo que ela vai adquirindo cada vez mais uma postura multidimensional. 2
A aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do senso comum. Só podemos ensinar e aprender partindo do senso comum e que o aprendiz dispõe. (ALVES, 2002, p. 12). Silva (2010), em sua tese O ensino da geografia na educação básica: os desafios do fazer geográfico no mundo contemporâneo, faz uma análise do ensino da Geografia no nível médio usando como método investigativo a fenomenologia, através de um conhecimento pautado no ser e na sua realidade vivida, sobre o contexto do cotidiano escolar. Ainda em Silva (2010, p.13): A relevância da pesquisa consiste em somar esforços nas discussões sobre ensino de Geografia na educação, especificamente no ensino médio, reconhecendo que a crise nele experimentada é um reflexo dos problemas de ensino e aprendizagens na educação brasileira, crise essa impulsionada pelas mudanças do mundo do trabalho. Percebemos que a partir da década 1990, as críticas enfáticas feitas tanto por pesquisadores, quanto pelos professores da educação básica, forçaram a criação e a implementação de políticas públicas educacionais, no sentido de contornar os problemas de ensinoaprendizagem na educação básica brasileira. [...] os problemas ainda persistem, o que implica em entender como o professor pode trabalhar o conteúdo de Geografia e a aprendizagem discente, no sentido de tornar eficaz o conhecimento geográfico para o aluno. Branquinho (2012, p. 3), relata através da experiência adquirida na aplicação do projeto de extensão que é aplicado na mesma escola atualmente, como a FAP contribui para o aprendizado não só da geografia, como de outras ciências através da compreensão do real. Metodologia Vemos a FAP com um grande potencial em sua prática de resgatar o lúdico no ensino-aprendizagem, para transformar um cotidiano esvaziado de significados e trazer uma qualidade e uma percepção diferente para um processo muitas vezes burocratizado e desestimulante. O método de abordagem é apoiado no projeto de extensão referido. As etapas e os procedimentos metodológicos em que procuramos desenvolver a presente pesquisa são respectivamente: - Levantamento bibliográfico referente aos diversos temas envolvidos: a) fundamentos teóricos sobre a construção do conhecimento científico; b) pedagógico, sobre os processos ensino-aprendizagem; c) a história das pipas, da 3
fotografia, do sensoriamento remoto e da FAP; d) geografia, sobre o estudo da paisagem e do meio, cartografia e climatologia. A referência bibliográfica base é o livro didático Geografia espaço e vivência, Lenon Boligian e Andressa Alves. - Trabalho didático e prático apresentar aos alunos da rede a história da fotografia, das pipas e da FAP; os materiais e equipamentos necessários para a FAP, como é a confecção das pipas e equipamentos, assim como as soluções e adaptações de materiais para sua prática. Confeccionar junto com os alunos as pipas, permitindo trabalhar com eles elementos de matemática: cálculo e geometria; assim como a educação artística na decoração das pipas. Trabalhar os conceitos de cartografia (especialmente, localização e escalas), a noção de paisagem, com aplicação de exercícios práticos sobre esses temas. Se as pipas forem confeccionadas com papel, podem ser feitas pelos alunos e professores, se forem confeccionadas com nylon, devem ser costuradas, abrindo a possibilidade dos pais participarem ou outras pessoas que têm essa habilidade. - Trabalho de campo praticando a FAP, verificação prática dos princípios científicos envolvidos: atmosféricos: direção e intensidade dos ventos, para verificar qual o tipo e tamanho de pipa mais indicados; orientação e localização, obtenção das fotografias aéreas. - Análise das fotografias aéreas obtidas análise das paisagens com os alunos: interpretação e comparação dos diferentes ambientes: sociais, naturais, impactos ambientais, estudo das formas, texturas, etc.; trabalho cartográfico; construção de mapas e croquis. Como complemento ao ensino será utilizado o livro didático da rede pública de Geografia do ensino médio, especificamente do segundo período, como ferramenta teórica de grande importância para a introdução de um conteúdo geográfico, para o qual será escolhido um tema dentro do universo geográfico para trabalhá-lo em classe e, posteriormente, com o auxílio da FAP, promover um conhecimento lúdico através da prática vivenciada. Resultados esperados Esperamos que os alunos tenham a oportunidade de construir um conhecimento, especificamente do tema: As cidades e o fenômeno da urbanização enfocado neste trabalho, partindo de seu próprio cotidiano, onde os conteúdos 4
ganham mais significados. Em relação aos professores, que eles adquiram novos conhecimentos e instrumentos didático-pedagógicos para ensino da geografia no cotidiano escolar. Ressalto aqui que este estudo não tem a pretensão de solucionar ou dar fórmulas milagrosas de ensino lúdicas, mas apresentar uma proposta com base na experiência do projeto citado. Referências bibliográficas ALVES, Rubem. Filosofia da ciência introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola, 2002. BOLIGIAN, Levon; ALVES, Andressa. Geografia Espaço e Vivência. São Paulo: Saraiva, vol. 2, 1ª Ed., 2010. BRANQUINHO, Evânio S. Fotografia Aérea com Pipa: Uma prática lúdica e interdisciplinar na construção do conhecimento. Projeto de extensão, Unifal, 2012. Uma proposta de introdução da fotografia aérea com pipa no ensino da geografia. XVII Encontro Nacional de Geógrafos, Belo Horizonte, 2012. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros curriculares nacionais (ensino médio). Brasília, DF, 2000. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf>. Acesso em 05 de jun. de 2012. CAVALCANTI, Lana de Souza. A geografia escolar e a cidade: ensaios sobre o ensino de geografia para a vida urbana cotidiana. São Paulo: Papirus, 2008. CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção do conhecimento. São Paulo: Papirus, 1998. SILVA, Gilcileide Rodrigues da. O ensino de geografia na educação básica: os desafios do fazer geográfico no mundo contemporâneo. São Paulo, 2010. Disponível em:<http://www.tese.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-24092010-152321/p. php>. Acesso em: 07 de junho de 2012. 5