COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 26/11/2007 SG-Greffe (2007) D/207191 Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) Avenida José Malhoa, n.º 12 P-1099-017 Lisboa Sr. Alvaro Dâmaso Presidente Fax: +351 21 721 2703 Ex.º Senhor, Objecto: Caso PT/2007/0707: Obrigações relacionadas com o mercado para a t erminação de chamadas vocais em redes móveis individuais em I. PROCEDIMENTO Comentários nos termos do Artigo 7(3) da Directiva 2002/21/CE 1 Em 26 de Outubro de 2007, a Comissão Europeia registou uma notificação da Autoridade Reguladora Nacional Portuguesa, Autoridade Nacional de Comunicações («ICP- ANACOM»), relacionada com a alteração das obrigações de controlo de preços no mercado para a terminação de chamadas vocais em redes móveis individuais 2. A consulta nacional 3 decorreu em paralelo a uma consulta ao nível da comunidade europeia. A data-limite para a consulta ao nível da comunidade europeia, nos termos do Artigo 7 da Directiva-Quadro, é 26 de Novembro de 2007. Nos termos do Artigo 7(3) da Directiva-Quadro, as Autoridades Reguladoras Nacionais («ARN») e a Comissão podem apresentar observações sobre os projectos de medidas notificados à ARN em causa. 1 Directiva 2002/21/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 7 de Março de 2002, relativa a um quadro regulamentar comum para as redes e serviços de comunicações electrónicas («Directiva- Quadro»), JO L 108, 24.4.2002, p. 33. 2 Mercado 16 da Recomendação da Comissão 2003/311/CE de 11 de Fevereiro de 2003 relativa aos mercados relevantes de produtos e serviços no sector das comunicações electrónicas susceptíveis de regulamentação ex ante, em conformidade com o disposto na Directiva-Quadro («a Recomendação»), JO L 114, 8.5.2003. 3 De acordo com o Artigo 16 da Directiva 2002/21/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 7 de Março de 2002 relativa a um quadro regulamentar comum para as redes e serviços de comunicações electrónicas («a Directiva-Quadro»). Commission européenne, B-1049 Bruxelles / Europese Commissie, B-1049 Brussel - Belgium. Telephone: (32-2) 299 11 11.
II. DESCRIÇÃO DA PROPOSTA DE MEDIDA A proposta de medida abrange a alteração das obrigações do controlo de preço anteriormente 4 impostas aos operadores de rede de telefonia móvel em. Na notificação anterior, a ICP-ANACOM propôs, entre outros, a imposição de um plano de redução de preços, de dois anos, com base em análises comparativas. Segundo esse plano, as taxas de terminação dos operadores deveriam ser progressivamente reduzidos a partir de Março de 2005 até atingirem a simetria em Outubro de 2006. A ICP-ANACOM declarou ainda que iria definir as modalidades de custo e os preços baseados em custos após uma consulta pública relacionada com esta questão. Na presente notificação, a ICP-ANACOM decidiu reexaminar e actualizar as obrigações impostas na sua decisão de 25 de Fevereiro de 2005. A ICP-ANACOM declara que a análise de mercado apresentada na sua decisão de 25 de Fevereiro de 2005 permanece válida e que, por essa razão, se mantêm as obrigações impostas aos operadores PMS. A ICP-ANACOM considera desnecessária uma nova análise de mercado. No entanto, a ICP-ANACOM impõe, simultaneamente, aos operadores PMS, reduções de preço adicionais que deverão entrar em vigor a partir de 1 de Janeiro de 2008 até 31 de Dezembro de 2008. Desde Outubro de 2006, as taxas de terminação móvel mantêm-se simétricas e estão ao nível de 0,11. O novo plano propõe reduções adicionais com base em análises de comparação e, ao mesmo tempo, introduz o caso de assimetria. O novo plano de reduções propõe a introdução das seguintes taxas de terminação: 0,0800 por minuto para a TMN e a Vodafone e 0,0960 por minuto para a Optimus, desde 1 de Janeiro de 2008, 0,0750 por minuto para a TMN e a Vodafone e 0,0900 por minuto para a Optimus, desde 1 de Abril de 2008, 0,0700 por minuto para a TMN e a Vodafone e 0,0840 por minuto para a Optimus, desde 1 de Julho de 2008, 0,0650 por minuto para a TMN e a Vodafone e 0,0780 por minuto para a Optimus, desde 1 de Outubro de 2008 A ICP-ANACOM justifica a assimetria proposta com base, principalmente, nas seguintes razões: (i) a Optimus entrou no mercado 6 anos após os outros dois operadores de rede móvel; (ii) a Optimus incorre em custos mais altos resultantes dos baixos volumes de tráfego e, consequentemente, de economias de menor escala; (iii) os desequilíbrios do tráfego levam a Optimus a efectuar pagamentos líquidos significativos aos outros dois operadores de rede móvel e existem fortes efeitos de rede no mercado que causam uma desvantagem competitiva para a Optimus. A ICP-ANACOM afirma que os fortes efeitos de rede são reforçados pela prática de diferenciação de preço dentro da rede/fora da rede da TMN e da Vodafone. Relativamente aos efeitos de rede, a ICP-ANACOM refere 4 Na sua notificação, avaliada pela Comissão Europeia no âmbito do caso PT/2004/0129, a ICP- ANACOM classificou a Telecomunicações Móveis Nacionais, S.A. («TMN), a Vodafone, Telecomunicações Pessoais, S.A. («Vodafone») e a Optimus Telecomunicações, S.A. («Optimus») como tendo PMS (Poder de Mercado Significativo) no mercado para a terminação de chamadas vocais em redes móveis individuais em. A ICP-ANACOM propôs a imposição das seguintes obrigações regulamentares aos operadores PMS: (i) acesso; (ii) não descriminação; (iii) transparência; (iv) separação de contas; e (v) controlo de preços e contabilização de custos. A medida nacional que aplica as obrigações regulamentares supracitadas foi adoptada pela ICP-ANACOM em 25 de Fevereiro de 2005. 2
ainda estudos de mercado que indicam que está a tornar-se cada vez mais importante para os consumidores o facto dos seus contactos pertencerem à mesma rede. Além disso, a ICP-ANACOM faz referência à opinião da Autoridade da Concorrência («AdC»), a Autoridade Nacional da Concorrência, que levantou preocupações no que respeita as diferenças dos preços de venda ao público e as desvantagens de operadores de menor escala ao nível da competição. A AdC declarou que a assimetria proposta pela ICP- ANACOM iria levar, de forma suficiente, a desvantagens competitivas de operadores de menor escala, resultantes das economias de escala e dos efeitos de rede. III. COMENTÁRIOS A Comissão examinou a notificação e faz os seguintes comentários 5 : (1) Imposição de uma modalidade de controlo de preço distinta sem uma nova análise de mercado As obrigações de controlo de preço propostas representam uma mudança substancial relativamente à abordagem adoptada anteriormente pela ICP- ANACOM. Através da medida de Fevereiro de 2005, a ICP-ANACOM impôs um plano de redução aos operadores PMS, mediante o qual os preços de terminação atingiram a simetria em Outubro de 2006. A ICP-ANACOM pretende reintroduzir a assimetria com base na mesma análise de mercado. O plano de redução proposto constitui, na realidade, uma obrigação distinta que, de acordo com o ponto de vista da ICP-ANACOM, visa corrigir os efeitos de rede detectados que posicionam a Optimus numa desvantagem competitiva e que não foram aperfeiçoados desde a decisão da ICP-ANACOM de Fevereiro de 2005. A Comissão relembra a ICP-ANACOM que as taxas de terminação móvel devem ser, normalmente, simétricas e que a assimetria exige uma justificação adequada. Reconhece-se que, em determinados casos excepcionais, uma assimetria poderá ser justificada por diferenças de custo objectivas que estão fora do controlo dos operadores em questão. O facto de um operador de rede móvel ter entrado posteriormente no mercado, e por esta razão possuir uma quota no mercado mais reduzida, pode apenas justificar taxas de terminação mais elevadas para um período de transição limitado. A persistência de uma taxa de terminação mais elevada não seria justificada após um período longo o suficiente para o operador se adaptar às condições do mercado e tornar-se eficiente, e poderia mesmo desencorajar os operadores de menor escala a expandirem a sua quota no mercado. A Comissão observa que a ICP-ANACOM justifica a assimetria das taxas de terminação móvel, para a Optimus, através dos desequilíbrios do tráfego, fazendo a Optimus pagamentos líquidos significativos aos outros dois operadores de rede móvel, bem como através dos fortes efeitos de rede. No entanto, os operadores poderão ser capazes de influenciar os efeitos de rede e os desequilíbrios do tráfego poderão, na realidade, ser ampliados pelo nível assimétrico proposto das taxas de terminação móvel. Por esta razão, a Comissão realça a importância da redução das taxas de terminação móvel para o nível de custos de um operador eficiente que considera apenas as diferenças de custo objectivas, como descrito acima. 5 Nos termos do Artigo 7(3) da Directiva-Quadro. 3
A mesmo tempo que a Comissão acolhe o facto de os preços de terminação estarem a diminuir globalmente, a Comissão convida a ICP-ANACOM a reconsiderar a assimetria proposta das taxas de terminação móvel no que respeita à Optimus. Além disso, a Comissão solicita à ICP-ANACOM a garantia de que um novo plano de redução de preços irá ser estabelecido o mais breve possível e que as assimetrias irão ser extinguidas de forma faseada ao longo do tempo. (2) Necessidade de uma abordagem europeia coerente A Comissão considera que uma obrigação de orientação em função dos custos constitui um método robusto para o controlo dos preços nos mercados de terminação de chamadas móveis, em que o nível das taxas de terminação móvel é baseado nos custos de um operador eficiente. A Comissão observa que a ICP- ANACOM ainda não procedeu à implementação da orientação em função dos custos, como previsto durante a sua primeira notificação (PT/2004/0129), mas que tal implementação constitui uma prioridade para 2008. Dada a importância da regulação das taxas de terminação móvel de forma eficaz e coerente, a Comissão encoraja a ICP-ANACOM a trabalhar em estreita cooperação com o Grupo de Reguladores Europeus e a Comissão com vista a alcançar uma abordagem coerente relativamente a este assunto, em toda a UE, e a reavaliar uma análise com base numa abordagem europeia comum assim que esta tenha sido estabelecida. Nos termos do Artigo 7(5) da Directiva-Quadro, a ICP-ANACOM poderá aprovar a proposta de medida resultante e sempre que proceda desse modo, comunicará esse facto à Comissão. A posição da Comissão nesta notificação em particular é sem qualquer prejuízo de qualquer posição que possa tomar relativamente a outras propostas de medidas notificadas. Em conformidade com o ponto 12 da Recomendação 2003/561/CE 6, a Comissão publicará o presente documento no seu sítio web, não considerando confidencial a informação nele contida. Caso V. Ex.ª considere que, de acordo com a regulamentação comunitária e nacional sobre sigilo comercial, o presente documento contém informações confidenciais que pretenda suprimir antes da sua publicação, solicita-se que informe a Comissão desse facto 7, no prazo de três dias úteis a contar da sua recepção, devendo justificar o seu pedido. Receba os meus cordiais cumprimentos, Pela Comissão, Philip LOWE Director-geral 6 Recomendação da Comissão 2003/561/CE de 23 de Julho de 2003, referente às notificações, prazos e consultas previstos no Artigo 7 da Directiva 2002/21/CE, JO L 190, 30.7.2003, p. 13. 7 O seu pedido deverá ser enviado por e-mail para: INFSO-COMP-ARTICLE7@ec.europa.eu ou por fax para o número: +32.2.298.87.82. 4
COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 5/12/2007 SG-Greffe (2007) D/207531 Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) Avenida José Malhoa, n.º 12 P-1099-017 Lisboa Sr. José Amado da Silva Presidente Fax: +351 21 721 2703 Ex.º Senhor, Objecto: Errata da versão portuguesa do Caso PT/2007/0707: Obrigações relacionadas com o mercado para a terminação de chamadas vocais em redes móveis individuais em Queira encontrar abaixo indicadas, as correcções ao texto da carta SG-Greffe D/207191 da Comissão Europeia. Na página 1, ler por favor: Sr. José Amado da Silva Na página 3, primeiro parágrafo, ler por favor: AdC declarou que a assimetria proposta pelo ICP-ANACOM seria suficiente para cobrir as desvantagens competitivas de operadores de menor escala, resultantes de economias de escala e de efeitos de rede. Receba os meus cordiais cumprimentos, Pela Comissão, Philip LOWE Director-geral 5